sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Dilma, Lula, Levy e o alarido da esquerda



Não me sinto nenhum pouco confortável com as indicações da presidenta para as pastas da Fazenda e Agricultura. Se analisadas do ponto de vista da campanha tal como proposta durante os acirrados debates com Aécio e Marina que tiveram que responder aos duros questionamentos da então candidata Dilma sobre as consequências da política econômica que seria implementada pelos dois candidatos em caso de vitória, um alinhamento com as expectativas do mercado para lá de prejudicial à classe trabalhadora que vive de salário mínimo, ao consumo, emprego, renda e programas sociais com um anunciado choque fiscal que cortaria gastos e investimentos e teria a inflação como centro da política econômica do governo, seria impensável que eleita, Dilma fosse indicar alguém com o perfil de Joaquim Levy que muito se assemelha aos perfís de Armínio Fraga e de Giannetti.

Se a candidata durante a campanha tivesse sinalizado que seu ministro da Fazenda seria esse que foi indicado, não restam dúvidas de que o resultado das eleições poderiam ter sido outro. Acrescente Kátia Abreu para agricultura, uma inimiga histórica dos movimentos sociais ligados as questões agrária, indígena, quilombolas e a agricultura familiar e teríamos então o afastamento por abstenção desses segmentos da campanha da presidenta. Com o resultado numericamente obtido nas urnas pela presidenta, quem estaria hoje à espera de colocar a faixa seria Aécio.

Muito provavelmente ao ser eleita, a presidenta não contava ou previa o cenário que se desenhou pós eleições com a mídia ainda em campanha pelo terceiro turno, os mercados com as mesmas agitações, setores retrógados promovendo passeatas e protestos à espera de uma interferência militar dos quartéis, clamando pela volta da ditadura, a oposição institucional atuando para desestabilizar o governo que finda, na tentativa de conseguir o impedimento do próximo que se inicia, em um cabo de guerra para desaprovar no congresso a alteração do cálculo do superávit proposto pelo governo para "maquear" as contas públicas que estão desarranjadas em função de medidas necessárias que foram tomadas para evitar a implosão da política econômica que gerou milhões de empregos, permitiu a ascenção social de outros milhões de brasileiros fazendo a difícil travessia da grave crise mundial que ainda assola a economia de vários países e que agora as circustâncias exigem que o remédio seja amargo.

Seria mais amargo se o presidente eleito fosse Aécio. Sendo Dilma, o amargor será medido pela dosagem. Não obstante Levy como ministro da Fazenda, quem ditará as linhas gerais da política econômica será a presidenta eleita. Aceitem isso ou não.

É humanamente impossível que diante do quadro atual de crise econômica, baixo crescimento, com o fantasma da inflação ameaçando assombrar a economia, investimendos ameaçados, congresso conflagrado, disputando cada palmo de poder, mídia fazendo previsões sombrias, oposição recusando aceitar os resultados das urnas e a presidenta sem maioria de esquerda no congresso, esperar que Dilma execute literalmente, neste primeiro momento, o programa de governo proposto em campanha. Seria um suicídio político que ameaçaria a sobrevivência política de seu governo que terminaria antes de começar. O país megulharia no abismo de uma crise política de consequências imprevisíveis.

A presidenta está acuada e a melhor saída é a da pacificação, da conciliação para criar condições de estabilidade política e social que permitam seu governo se iniciar com a tranquilidade que se espera para promover as mudanças prometidas. Isso passa por contemplar os mais diversificados e conflitantes interesses que vão da esquerda à direita o que significa acender uma vela para Deus e outra para o Diabo, até que os setores mais radicais ainda em campanha sejam completamente isolados e o clima árido que permeia o ambiente político fique mais ameno.

Os sinais trocados com as indicações que estão sob questionamentos pela esquerda não partem da vontade pessoal da presidenta é uma imposição das circustâncias e contam com o apoio e respaldo de Lula. De fato, Lula é o maior fiador, quiçá mentor da indicação de Levy para a Fazenda. Pela primeira vez percebemos claramente que a presidenta não está tomando decisões isoladas como sói fazer. São decisões dela ouvindo o ex presidente Lula que fizera o mesmo em seu primeiro mandato quando indicou Paloci e Meireles respectivamente para Fazenda e BC.

Soam injustas as críticas quando direcionadas exclusivamente a Dilma preservando o ex presidente Lula de igualmente recebê-las em maiores proporções uma vez que foi dele o desenho do quadro apresentado se é que as merecem. Se lograrão êxito ou não somente o tempo dirá. O certo é que seria melhor que Maria da Conceição Tavares fosse a indicada para Fazenda ao invés de Levy e Stédile para Agricultura ao invés de Abreu, isso num mundo menos imperfeito, no mundo da real politik a prática difere da teoria.

domingo, 9 de novembro de 2014

Para não perder para Eduardo Cunha governo recua e diz aceitar outro candidato do PMDB



É lamentável que o governo fique refém da chantagem do PMDB e não tenha outra escolha que passe por abdicar do direito legítimo de presidir a câmara por meio de seu partido, o PT, para não ter que entregá-la a Eduardo Cunha, expressão mais repulsiva do político profissional, demagogo, corrupto que está disposto a ser um dos maiores, senão o maior obstáculo ao governo Dilma nesse segundo mandato que ainda nem se iniciou, caso seja eleito presidente da câmara, e que prenuncia maus presságios com as dificuldades geradas por agentes de sua própria base de sustentação política, depois de uma eleição renhida e difícil na qual parte do PMDB fazia oposiçao declarada a candidatura da presidenta. 

Setores do partido que foram derrotados juntos com o candidato da oposição, Aécio Neves, ao qual apoiaram abertamente, insistem em criar uma crise política em torno da disputa pela presidência da câmara que por acordo de rodízio deveria ser ocupada pelo PT, tornando a eleição que seria mera formalidade num cabo de guerra puxado numa ponta por Eduardo Cunha e aliados e, na outra, pelo governo e o PMDB de Temer que nessa demonstração de força e exibição de músculos aparenta ter sido facilmente vencido. 

O governo para não sofrer uma derrota humilhante sinaliza estrategicamente retirar a candidatura do PT e abrir caminho para que o PMDB presida tanto a câmara quanto o senado desde que o partido isole Cunha e impeça que seja o candidato. De todas as maneiras estamos em apuros. Em minha modesta opinião no PMDB não há nada de bom. Numa e noutra situação ficamos naquele paradoxo de se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. O melhor caminho seria construir uma alternativa que não levasse em conta o PMDB. Como essa hipótese não existe, o governo tem que dialogar, buscar meios de frear uma eventual eleição de Cunha que seria um monumental desastre.

Quem poderia nos livrar dessa maldição seria a mídia se de fato sua campanha pela moralização dos costumes políticos fosse verdadeira. Assim poderia trabalhar pelo esclarecerimento da opinião pública ao mostrar que neste momento, a presidenta Dilma se ver obrigada a ter que ceder as ameaças do PMDB, partido que está na base do governo não por acordo programático, mas por interesses outros, menores, envolvendo cargos e verbas que mais tarde resultarão numa sucessão de escândalos de corrupção que são alimentados por esses acordos espúrios, pelos conchavos que garantem a governabilidade por um lado, e por outro faz essa administração descer as raias da política miúda por não dispor de outra alternativa e ter seu campo de escolhas políticas limitado, uma repetição dos mesmos erros cometidos. 

A mídia exerceria um importante papel na defesa do interesse público se colocasse de lado suas questões de preferências partidárias para denunciar a chantagem da qual é vítima não a presidenta da República, mas o estado brasileiro ameaçado por uma malta de salteadores, corruptos empedernidos que estão a criar uma situação de conflito ético que terá desdobramentos futuros para perplexidade do povo que ficará mais uma vez indignado diante do descaso com o qual é tratada a coisa pública quando estourar mais uma daquelas centenas de escândalos de corrupção tantas vezes apurados pela policial federal, fruto desse tipo de ameaça que coloca o governo entre as cordas. 

À imprensa, enquanto partido de oposição que age na defesa de sua própria agenda que é diferente da agenda do governo e do interesse público geral da nação, importa que a atual conjuntura se mantenha para ter mais munição que alimente o denuncismo hipócrita e instale o clima de profunda insatisfação na população para favorecer seu espectro político.

Em harmonia com isso, Eduardo Cunha não tem a menor condição moral de presidir a câmara. Todos sabemos e salta aos olhos que seu passado de transgressão as leis vigentes fique muito bem escondido para além dos holofotes que o colocariam sob o olhar crítico da opinião pública que está mais impaciente e menos tolerante com os maus feitos dos políticos papel que caberia a mídia realizar. 

A câmara não merece passar pelo constrangimento de ser presidida por um tipo como Eduardo Cunha. A doença do antipetismo porém faz a mídia jogar às favas todos seus escrúpulos e se dá por satisfeita de ter um aliado que já declarou que em caso de vitória não permitirá que uma das principais propostas de governo da presidenta Dilma durante a campanha siga adiante, a saber, a regulação econômica da mídia. Somente por isso a Eduardo Cunha a mídia dá uma cobertura tão favorável e distoante do passado que representa. 

Cunha não é um aliado qualquer. É um corrupto respondendo a inúmeros procedimentos judiciais que pelos padrões morais tão decantados pela mídia de mercado, em oposição a "roubalheira petralha", não deveria sequer sonhar pretender presidir a câmara alta do congresso nacional. Mas como a cruzada pseudomoralista da mídia é apenas um disfarce para fazer oposição acirrada ao PT e criar dificuldades políticas ao governo, seu aliado de ocasião atende perfeitamente a esses interesses subalternos em detrimento dos anseios que foram incutidos no povo e que supostamente prezavam valores que protegeriam as instituições de homens inescrupulosos como o próprio que anuncia que disputará a presidência da câmara e nem de longe representa e/ou personifica tais princípios de gestão que a mídia apregoa defender.

Somente a responsabilidade de manter as instituições a salvo dos riscos de uma presidência com Eduardo Cunha chefiando uma coalizão de chantagistas, dispostos a levarem o governo a constantes derrotas no plenário da câmara, obriga-o a recuar do propósito de fazer seu partido disputar as eleições e oferecer ao PMDB, ou a seção do partido que a presidenta considera capaz de agir eticamente, o poder total sobre o legislativo para buscar uma política de redução de danos em nome de um bem maior que evite que se instaure a corrupção como modelo de gestão na câmara alta do parlamento e cada votação de interesse do governo se torne um espetáculo degradante de negociatas, de fisiologismo desbragado, baseado na filosofia franciscana do é dando que se recebe. 

Não há mais espaço na opinião pública que a faça suportar que esse tipo de modelo político na construção das relações do governo com aliados prevaleça. Isso só aumentaria a tensão e traria insatisfações maiores, de proporções imprevisíveis cujo desaguadouro seria as ruas novamente tomadas por manifestações de protestos que dessa vez derrubaria todo sistema.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Certeza da vitória transformada em frustração leva oposição a marchar pelo golpe



Somente depois de passados alguns dias das eleições mais disputadas desde a redemocratização que estou avaliando melhor como foram as semanas que antecederam ao segundo turno sob o ponto de vista de uma retrospectiva que era toda favorável a oposição que tinha a vitória de seu candidato como favas contadas, uma certeza tão firme e inamovível que foi grande o choque da derrota, ainda não completamente assimilada e as manifestações racistas e de preconceitos regionais, com grupos de extrema direita marchando pelas ruas e clamando por uma intervenção militar, bem como pelo golpe do impechment e com a imprensa continuando a manipular informações, a confundir seu leitor e marcar posição com maior radicalismo, sempre recrudescente e indicativa de que não haverá trégua na cobertura de mais quatro anos de governo petista.

Dia sim e outro também são publicadas informações desencontradas sobre aumento de preços, racionamento de energia, demissão de presidentes de autarquias, estatais, de ministério, arrocho fiscal, nomeação de ministro da fazenda, com nome de banqueiro colocado no cardapio para fazer da presidenta uma dissimulada, já que durante o processo eleitoral, ela criticou contudentemente a escolha de Marina de andar com uma banqueira e propor um BC independente e de fazer o mesmo com Aécio por causa da indicação antecipada de Armínio Fraga para ser seu ministro da Fazenda, levando alguns jornalistas que tiveram a oportunidade de entrevistar a presidenta a perguntá-la se esse ensaio não seria aquilo que se poderia chamar de estelionato eleitoral.

Vejam bem, especulações tratadas como verdades acabadas e qualificadas como estelionato eleitoral sem nenhuma confirmação do poder central representada pela autoridade máxima do executivo federal enquanto em São Paulo uma grave crise de desabastecimento de água que afeta milhões de pessoas, escondida do eleitor quanto sua dimensão e consenquências e nenhum jornalista ousou tratá-la como um estelionato eleitoral, embora esteja bem próximo disso se não for realmente.

A presidenta ainda cumprindo as funções de seu primeiro mandato que segue para um término, senão auspicioso, para além das expectativas que foram geradas, pelo menos completará um ciclo dentro do possível, diante de uma conjuntura internacional desfavorável. Isso não impediu de a imprensa fazer pesadas críticas ao governo por segurar o reajuste dos preços administrados, energia, telefone e combustíveis afora outros, mas combustíveis principalmente sob a alegação de que a presidenta estaria a prejudicar a competitividade da Petrobras por impedir que a estatal estivesse sujeita as regras de mercado. Uma armadilha para provocar um desgaste político na imagem da presidenta em época de eleições e sinalizar a falta de boa gestão que teria comprometido a empresa no que diz respeito a sua lucratividade.

Tais cobrança vieram como bombardeio durante os debates tanto partindo de Marina quanto de Aécio que exigiam explicações de Dilma no tocante ao congelamento dos preços administrados, praticamente obrigando que a área econômica do governo fizesse os reajustes reclamados não com parcimônia como anunciado agora, mas num choque tarifário. No momento em que a Petrobras anuncia que os combustíveis sofrerão um reajuste de três por cento,  essa mesma imprensa que tanto exigiu que isso tivesse acontecido antes e num percentual ainda maior, agora critica e acusa a presidenta de praticar estelionato eleitoral, quando a própria Dilma repetidas vezes disse nos debates que tais preços seriam reajustados não no tamanho que a imprensa queria mas conforme não impactasse no resultado geral da econômia e no agravamento do quadro inflacionário para não gerar uma situação de descontrole.

Dias mais duros e difíceis virão pela frente. A presidenta precisará contar com muita habilidade para contornar as armadilhas que estão sendo construídas para capturarem seu governo. O quadro institucional não é um dos melhores. Dilma não pode ceder a agenda dos perdedores, dos derrotados. A agenda vitoriosa foi a dos programas sociais, da geração de emprego e renda. É para essa agenda que a presidenta tem que se voltar mesmo que tenha que fazer concessões que garantam a institucionalidade, promovendo o diálogo como propôs aos que querem contribuir com propostas e idéias ajudando o Brasil a continuar mudando.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O brasileiro em termos morais é uma monumental tragédia



Não acho que manifestação do PSDB que pede a recontagem de votos tenha por finalidade deslegitimar a reeleição de Dilma. Esse pedido foi feito e tem consitência, embora não apresentada na representação mas tem na votação que o partido obteve nos dois turnos em São Paulo com evidentes suspeitas de fraudes cometidas pelos tucanos ou por alguém a mando deles ou ainda com seu conhecimento e conivência. Por isso a apresentação dessa representação, fato inédito numa eleição para presidente depois dos votos computados e um vencedor declarado reeleito. Os tucanos têm plena ciência do pedido que fizeram ao TSE. Mais do que isso, sabem que o sistema de votação por urna eletrônica pode e foi fraudado, em minha opinião por eles, em São Paulo.

Sobre isso de classe média não tolerar mais a corrupção e exigir mudanças de costumes na política não passa de hipocrisia. Basta ver a qualidade do congresso que foi eleito por esses mesmos que clamam mudanças de hábito políticos no Brasil. O brasileiro é socio da corrupção futebol clube. A pratica descaradamente. O que o caracteriza é o falso moralismo. 

De todos os candidatos o único que jamais poderia representar qualquer mudança no campo moral seria Aécio Neves pela sua vida pregressa que dispensa comentários. Qualquer outro candidato com o passado que Aécio tem não chegaria a convenção do partido. Fosse petista sua candidatura seria abatida em pleno voo.

Não obstante, esse mesmo brasileiro tão abespinhado com a corrupção foi lá com sua indignação de um Tartufo e quase o elege. Despejou 51 milhões de votos nas urnas. Imagine se fosse Alckmin como candidato sem o peso de um passado absolutamente reprovável no campo da conduta pessoal ou mesmo o Serra com o "não me meça pela sua régua" e sua santimoniosidade de fancaria, coisa de Fariseu, teria mandado a reeleição da presidenta Dilma para as calendas.

O coxismo é um fenômeno que ainda não foi profundamente estudado mas a sustentação de seus pilares é bastante conhecida e se baseia no faço o que digo mas não faça o que faço. Um movimento típico da moral Rodriguiana muito bem retratada na vida de suas personagens. O brasileiro me dá asco, é um tremendo do hipócrita.

Além do mais desinformado, preguiçoso mental que se guia por aquilo que os outros dizem. Não pesquisa, sente prazer em declarar que detesta política ignorando que esse seu posicionamento é o combustível que alimenta a corrupção do sistema, só aparecendo de quatro em quatro anos para depositar seu voto nas urnas e mesmo assim sem nenhuma reflexão mais balizada para mudar tudo como se nada prestasse, vociferando contra os políticos e vendendo seu voto em troca de dinheiro vivo ou algum tipo de favor, prática que ainda subsiste apesar de todo esforço desse governo para erradicá-la de nossos costumes políticos. 

O brasileiro em termos morais é uma monumental tragédia, uma gigantesca farsa. Claro que falo isso de modo geral, há exceções e somente isso exceções que por sê-las são difícies de as identificarmos. Não seria exagero procurar com uma lanterna em plena luz do dia um homem honesto no Brasil. Se há e deve haver, seguramente não são esses aí que estufam o peito para falar de corrupção. Fuja de tais, são os mais corruptos.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Como o PSDB também acredito em fraude eleitoral mas em São Paulo praticada pelos tucanos



Estamos diante de uma reação estapafúrdia que quer inverter a lógica do vencedor e dá ares de vitória a quem foi vencido. É o que temos vistos nessas manifestações organizadas pela direita hidrófoba liderada por setores que não conseguem conviver com o resultado das urnas que lhes foi desfavorável. A intenção é passar à população a idéia de que a vitória da presidenta Dilma não representa nenhum valor e sua significação bastante precária para impor a agenda que foi proposta durante a campanha e saiu das urnas consagrada pela maioria de votos do eleitor.

Assim todos os dias inventam indicações de ministeriáveis para ocupar pastas no próximo governo de Dilma em desalinho com aquilo que ela combateu durante a campanha e os debates na televisão especialmente em relação a candidata Marina que não fazia questão de esconder Neca Setubal e sua proposta de um BC independente, ao trazer a informação não confirmada de que o presidente do Bradesco é cotado para ser o novo ministro da Fazenda, insistentemente publicada nos jornalões de oposição, o Partido golpista que se contrapõe ao governo Dilma como se fora uma oposição legítima, assim definida pelo voto do eleitor.

Isso é somente uma parte da ofensiva, a outra ou outras mais, passa pela recontagem de votos pedida ao TSE por membros do PSDB apoiados pela imprensa golpista. O inusitado da petição não deixa de ser uma certeza que para muitos ainda é dúvidas até que o sistema seja total e tranparentemente auditado mas a convicção demonstrada pelo PSDB ao apresentar o pedido embora esconda-se na suspeita de indivíduos anônimos que lançam dúvidas sobre o sistema de voto eletrônico a partir das redes sociais, é bastante revelador de uma situação única no estado de São Paulo que tem gerado grandes apreensões e diz respeito a votação de Aécio tanto no primeiro quanto no segundo turnos, especialmente no primeiro turno, quando conseguiu uma ultrapassagem jamais alcançada na história das eleições e contra todas as previsões dos institutos de pesquisas para além do que apontava a margem de erro em tais pesquisas.

Paira no ar um quê de mistério sobre como isso foi possível. Há quem desconfie de fraude eleitoral e essa determinação tucana de mandar auditar todo o sistema só desperta ainda mais a curiosidade de quem está com o pé atrás em relação ao resultado das urnas no primeiro turno em São Paulo. Se os tucanos demonstram tanta certeza de que o sistema não é a prova de fraude, teriam eles fraudado as eleições em São Paulo e a partir da fraude no estado exigem a auditagem de todo sistema?

Assim como os tucanos, eu não confio no sistema de votos por meio de urnas eletrônicas e também como eles acho que as eleições passadas foram fraudadas tanto no primeiro quanto no segundo turnos mas pelos tucanos e em São Paulo. Eles não fariam uma petição dessa sem nenhuma base e embora não apresentem nenhum fato específico, até porque não podem revelar um crime cometido e nem dizer onde cometeram tal crime, contudo lançam suspeitas genéricas para que o TSE se intimide e mande em nome da isenção fazer a auditagem de todo o sistema com o acompanhamento exigido na petição tucana. Isso seguramente baterá com o inevitável jamais admitido pela justiça eleitoral, o sistema pode e foi fraudado nessas eleições e uma auditoria em larga  escala, sem restrições provaria a existência dessas fraudes em escala gigantesca.

A oposição pauta o pós eleição como se tivesse sido a vitoriosa de 26 Outubro. O gran finale desse primeiro capítulo foi a entrada triunfal de Aécio hoje nas dependências do senado federal. Quem o viu seguido de um coro de vivas, hino nacional, alaridos bajulatórios de presidente, esqueceu-se de que foi derrotado, não obstante o kit completo de apoios dados, das grandes corporações a associações de classes, entidades religiosas, artistas, jogadores de futebol, conselhos médicos, mercado financeiro, grande mídia nacional etc..

O lado vitorioso que nessa narrativa está recolhido a um silêncio que só se explica pela cautela do momento que exige distenção que para os ânimos não fiquem ainda mais açulados aos poucos se reorganiza, se reoxigena, traça estratégias para as próximas batalhas que se avinzinham e que serão tão duras quanto todas as que foram enfrentadas nos últimos quatro anos.



domingo, 2 de novembro de 2014

O antipetismo é capaz de Absolver Elias Maluco e condenar Marcola pelo mesmos crimes.






O antipetismo mais do que um sentimento de indignação, de revolta em relação a uma forma de governar, ao modo como é captado da cobertura raivosa e manipulativa feita pela velha mídia pode ser melhor classificado como uma patologia, dessas que atinge além da mente a alma, o estado de espírito, tornando o indivíduo um ser amargurado para além da cordialidade tantas vezes cantada em versos e prosas na literatura nacional que pretendia definir o brasileiro.

Não adianta tentar compreender esse fenômeno sob o ponto de vista racional porque não há racionalidade no antipetismo. Por exemplo, os antipetistas dizem que o PT quer transformar o Brasil numa Venezuela, cercear a liberdade de expressão, de imprensa, introduzir a ditadura do partido único. Contudo as ruas foram conflagradas em Junho de 2013 com dezenas de milhares de antipetistas clamando por um golpe branco, querendo mudar tudo que está aí, dizendo que a alternância de poder é salutar à democracia.

Entretanto, se formos analisar o mapa eleitoral do maior reduto nacional do antipetismo no Brasil, São Paulo, os antipetistas votaram em massa para reeleger um tucano que governará o estado pela quarta vez e quando terminar o mandato para o qual foi reeleito terá completado um ciclo de poder de 24 anos. Neste caso, alternância de poder é apenas um argumento como outro qualquer sem nenhuma consistência, usado ao sabor das circunstâncias para justificar a ira santa contra o PT.

Com a derrota do candidato que apoiaram nas eleições de 26 de outubro passado, o antipetismo recrudesceu, se radicalizou e pela primeira vez mostrou qual é mesmo o sentido de suas intenções. Voltou as ruas atendendo a uma convocação nas redes sociais, três mil doentes de alma ou um pouco menos compareceram e dentre tantas insanidades defendidas, uma especialmente chamou a atenção, o clamor pela volta dos militares ao poder, o retorno 2.0 da ditadura sanguinária que sufocou as liberdades democráticas, que impedia a livre manifestação de pensamento, à liberdade de expressão, o direito à reunião, a liberdade de imprensa, tudo em um só embrulho, exatamente aquilo que dizem que o PT deseja fazer no Brasil, com o agravante de que, por se acharem tolhidos em seu direito de ir e vir, de expressar-se livremente, ainda podem, em que pese o governo bolivariano do PT, tomar as ruas para manifestar-se e até pedir o retorno da didatura a mesma que mergulhou o Brasil numa longa e tenebrosa noite que durou espinhosos e intermináveis vinte e um anos.

Se esta viesse mesmo para saciar-lhes o desejo, adeus liberdade de expresão, manifestação do livre pensar, o direito à reunião, liberdade de imprensa. Ou seja, o que eles dizem que o PT fará e protestam para que não o faça, pedem que os militares não demorem a fazê-lo. Clamam com máxima urgência para que seja imediatamente feito. Um caso de insanidade mental somente explicado pelos manuais de psiquiatria.

As contradições do antipetismo, doença da mente e da alma, não param por aí. Se há algo que dizem não tolerar é a corrupção e falou em corrupção, um alvo certo é o PT, sinônimo de corrupção, a personificação da corrupção brasileira, seus agentes são adjetivados de petralhas. Em todos os escândalos de corrupção no qual o PT enfiou o pescoço, nenhum ultrapassa a cifra dos cem milhões de reais mesmo assim há imensas controversas jurídicas sobre os crimes atribuídos ao partido no campo da discussão jurídica.

Um esquema de caixa dois, praticado por todos os partidos que não absolve o PT dos crimes, foi transformado como o maior escândalo de corrupção da República, construído sobre uma narrativa que não se sustenta, diante dos fatos históricos, pródigos em elencar inúmeros outros casos de corrupção de maior envergadura, em um passado não muito recente que recuando a algumas décadas ainda assim não pode se comparar em termos de alcance e cifras com o chamado mensalão do PT por terem muito mais abrangência e significação. A Capemi na época dos militares, por exemplo, e vários outros que você confere aqui: http://www.brasilbrasileiro.pro.br/escandalos.htm

Quem ver a indignação do antipetismo fica crente de que de fato estão numa cruzada pela moralização dos costumes políticos no Brasil, são brasileiros comprometidos com a causa pública, zelando pelo erário que é abastecido pelos nossos impostos e assim como não querem uma República de Petralhas se recusariam a sequer considerar que uma outra de moldes semelhantes seja implantada no Brasil. É o que qualquer um pensaria à primeira vista, olhando o antipetismo de soslaio. Mas quando vamos examinar detidamente o mapa eleitoral do maior reduto antipetista no Brasil, São Paulo, esse discurso do antipetismo não passa de uma tremenda hipocrisia, um falso moralismo monumental.

O antipetismo é capaz de Absolver Elias Maluco e condenar Marcola pelo mesmos crimes. Senão vejamos, condenam o PT por ser um partido corrupto e votam no PSDB que só a privataria tucana é suficiente como cartão de visitas, a vitrine do que é a prática do PSDB nos governos que dirigem cujo modus operandi é zero investigação, cem por cento cooptação da imprensa, MP, justiça, TCM, TCE, Policias e demais órgãos fiscalizadores de sorte que seus mal feitos nunca são investigados a fundo.

O antipetismo não esconde o cinismo, sua desfarçatez de comparar a conduta pessoal da presidenta Dilma, uma mulher reconhecidamente honesta, com décadas de serviço público prestado ao país sem nenhum envolvimento pessoal com a corrupção, sem jamais confundir o público com o privado, empregar parente e/ou aderente, pedir a terceiros que o façam para disfarçar o nepotismo cruzado com a conduta pessoal de Aécio cuja figura deveria dispensar comentários por falar alto e em bom som sobre si mesma mas que em homenagem ao antipetismo convém aqui dizer de quem se trata.

Um sujeito com fama de Playboy que com dezessete anos já era assessor parlamentar do pai, com pouco mais de vinte, vice presidente da Caixa, depois deputado, governador e senador tudo montado no sobrenome de família, com fama de cheirar pó, bater em mulher, dirigir embriagado com a CNH vencida, se recusar a fazer o teste de alcoolemia, construir dois aeródromos em terras de familiares, empregar parentes, ter uma frota de carros associada a uma rádio de sua propriedade que não bate com a evolução de seu patrimônio, mandar prender jornalista por denunciar um rosário de crimes de corrupção em sua gestão e mantê-lo em tal condição sem jamais ter sido julgado, um preso político silenciado por incomodar com as denúncias graves de corrupção a seu governo e ainda empastelar o Portal Novo Jornal que foi retirado do ar para que tais mal feitos não viessem a público e etc, etc. etc...

O antipetismo é sim uma doença da mente e da alma e como disse capaz de comparar a biografia de Dilma com a de Aécio e escolher Aécio e ainda pousar de vestal, de virgens de bordel, clamar por moralização mesmo votando e protestando pelo impedimento da presidenta para que esse candidato de biografia tão pouco recomendável para um homem que pretende reintroduzir novos costumes morais no país, seja o presidente do Brasil.











  • sábado, 1 de novembro de 2014

    Com ajuda do PMDB oposição ainda não desceu do palanque



    A uma semana após o fim das eleições e a ofensiva oposicionista ao governo reeleito da presidenta Dilma avança despudoradamente tentando colocar em discussão uma agenda que foi derrotada nas urnas para impedir que o governo reeleito dê continuidade ao programa de mudanças que o eleitor escolheu para os próximos quatro anos.

    O PSDB tenta com base em suspeitas genéricas de militantes que trafegam no submundo das redes sociais, fazendo a política rastaquera, de assassinato de reputações, baseada em mentiras e sofismas, melar o processo eleitoral ao requerer com o apoio do candidato derrotado Aécio Neves, a recontagem de todos os votos, sem apresentar especificamente em que casos houve eventuais fraudes que justifiquem colocar sob suspeição a votação por meio das urnas eletrônicas.

    O TSE considera que o pedido é um ataque a todo sistema eleitoral e a democracia brasileira, além de levar a imagem do país a um imenso desgaste internacional. Os tucanos não questionam a votação em primeiro turno obtida por Aécio em São Paulo, algo de extraordinário e histórica que entrará para os anais como a mais espetacular virada já conhecida no sistema de votação brasileiro desde de sua implantação.

    Se fraudes podem ter havido seguramente essa votação de Aécio em primeiro turno e no reduto da alta tucanagem não deveria passar a salvo de suspeitas já que os tucanos querem questionar o sistema. Contudo não se trata especificamente dessa votação de Aécio em primeiro turno mas da votação em geral no segundo turno ainda que não seja apresentado um fato lastreado em indícios verossímeis de que tenha havido fraudes comprováveis.

    Isso faz parte do jus esperniand dos derrotados.

    A postura do PMDB, aliado do governo em tese, é que salta aos olhos pelo tamanho do desavergonhamento, da falta de pudor em querer abertamente chantagear o governo ao impor-lhe uma derrota na câmara que é um ataque a uma das mais legítimas reivindicações das manifestações de Junho de 2013 por mais participação popular nas decisões de governo que seria atendida pela presidenta Dilma mediante um decreto que regulamentaria o processo de participação popular já existente e previsto na constituição, rechaçado pelo congresso por inadvertidamente achar que o elemento de chantagem seria subtraído de suas mãos, sempre que uma negociação dependesse de votação dos congressitas, substituído por tais conselhos, um erro groteco de avaliação por não corresponder ao propósito central de atender as aspirações populares por mais participação que se refere a formulações de políticas públicas e não votação dessas políticas que compete ao congresso.

    Há um cerco conservador ao governo reeleito que precisa ser rompido para que aquilo que foi apresentado e discutido na campanha eleitoral da presidenta Dilma ganhe forma e contornos nítidos quanto a materialização por meio de negociações que permitirão que se realizem. O eleitor votou na proposta que foi consagrada nas urnas e temos que encontrar meios que assegurem que seja efetivamente implementada.

    O PMDB tem que entender que o Brasil clama por mudanças e está cada vez mais impaciente com as práticas retrógradas de se fazer política baseada em chantagem, no fisiologismo que não olha o interesse geral da nação mas apequena-se em busca de nichos de poder, nos quais campeia a corrupção e mergulha o Estado permanentemente num suspense institucional com repetidos escândalos de corrupção pautando o noticiário, impedindo o governo de sair das páginas policiais para ter a tranquilidade de fazer o debate do Novo Brasil que emerge das urnas.