sexta-feira, 16 de março de 2012

Espanhol 'gente boa' é deportado e faz mea culpa de seu país



Espanhol 'gente boa' é deportado e faz mea culpa de seu paísFoto: Arquivo Pessoal

PABLO SOTO DESEMBARCOU NO BRASIL PARA ESTUDAR NA UFRJ, MAS SEM VISTO, FOI MANDADO DE VOLTA; NO FACEBOOK, O JOVEM SE SOLIDARIZOU COM AS PESSOAS DA AMÉRICA DO SUL MALTRATADAS NOS AEROPORTOS ESPANHÓIS

16 de Março de 2012 às 18:28
247 – O espanhol Pablo Soto é empreendedor, politizado e estudante matriculado na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na última quarta-feira, porém, ele desembarcou no Aeroporto Internacional Galeão, no Rio de Janeiro, para dar continuidade a um curso de pós-graduação na UFRJ, mas sem o visto de estudante, foi repatriado. O típico ‘espanhol gente boa’ foi alvo das “medidas de reciprocidade” das autoridades brasileiras, criadas como um troco à política de imigração espanhola, que já expulsou muitos brasileiros dos aeroportos do país, muitas vezes em situações similares a de Soto.
No Facebook, Pablo Soto foi solidário às pessoas que já sofreram por causa da rígida política de imigração da Espanha. Segundo reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, o espanhol escreveu a seguinte mensagem em sua página da rede social: “Minha solidariedade com todas as pessoas da América do Sul e de outros países que são maltratadas e impedidas de entrar a cada dia no Aeroporto de Barajas. Sou contra essa política xenófoga do governo de meu país”. Nessa sexta-feira, porém, a mensagem não estava mais no ar.
Para tentar entrar no Brasil, Soto mostrou o documento que comprovava sua matrícula na UFRJ e o detalhamento do curso, como relatou a Folha, mas não foi suficiente. Ele precisava ter o visto de estudante, medida exigida por lei pelo governo brasileiro. No último dia 2,outro espanhol foi mandado de volta para seu país, no mesmo voo em que veio, pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Pablo Ferreirós Bennett, natural da cidade de Alicante, veio ao País participar de uma feira educacional, mas sem o visto de trabalho, não pôde permanecer por aqui.
Os casos acontecem dias depois de uma idosa brasileira de 77 anos ficar retida por quatro dias no aeroporto de Madrid e poucas semanas antes de o Brasil adotar novas medidas de imigração com os espanhois, tratando-os da mesma forma como os brasileiros são tratados na Espanha. A partir de 2 de abril, serão exigidos dos espanhóis, além do passaporte válido por pelo menos seis meses, passagem de volta com data marcada, comprovação de reserva em hotel ou alojamento e dinheiro suficiente para se manter por aqui pelo período declarado.

A TV Cultura não é pública. Ela é tucana




Mino Carta


Uma tevê pública é uma tevê pública, é uma tevê pública e é uma tevê pública, diria a senhora Stein. Pública. Um bem de todos, sustentado pelo dinheiro dos contribuintes. Uma instituição permanente, acima das contingências políticas, dos interesses de grupos, facções, partidos. A Cultura de São Paulo já cumpriu honrosamente a tarefa. Nas atuais mãos tucanas descumpre-a com rara desfaçatez.


A perfeita afinação entre a mídia nativa e o tucanato está à vista, escancarada, a ponto de sugerir uma conexão ideológica entre nossos peculiares social-democratas e os barões midiáticos e seus sabujos. A sugestão justifica-se, mas, a seu modo, é generosa demais. Indicaria a existência de ideias e ideais curtidos em uníssono, ao sabor de escolhas de vida orientadas no sentido do bem-comum. De fato, estamos é assistindo ao natural conluio entre herdeiros da casa-grande. -Nada de muito elaborado, entenda-se. Trata-se apenas de agir com a soberana prepotência do dono da terra e da senzala.


E no domingo 11 sou informado a respeito do nascimento de uma TV Folha. Triunfa nas páginas 2 e 3 da Folha de S.Paulo a certidão do evento, a prometer uma nova opção para as noites de domingo na tevê, com a jactanciosa certeza de que no momento não há opções. E qual seria o canal do novo programa? Ora, ora, o da Cultura. Ocorre que a tevê pública paulista acaba de oferecer espaço não somente à Folha, mas também a Estadão, Valor e Veja. Por enquanto, que eu saiba, só o jornal da família Frias aproveitou a oportunidade, com pífios resultados, aliás, em termos de audiência na noite de estreia.


Até o mundo mineral está em condições de perceber o alcance da jogada. Trata-se de agradar aos mais conspícuos barões da mídia, lance valioso às vésperas das eleições municipais no estado e no País. E com senhorial arrogância, decide-se enterrar de vez o sentido da missão de uma tevê pública. Tucanagens similares já foram cometidas em diversas oportunidades nos últimos anos, uma delas em 2010, o ano eleitoral que viu José Serra candidato à Presidência da República. Ainda governador, antes da desincompatibilização, Serra fechou ricos contratos de assinatura dos jornalões destinados a iluminar o professorado paulista.


Do volumoso pacote não constava obviamente CartaCapital, assim como somos excluídos do recente convite da Cultura. O que nos honra sobremaneira. Diga-se que, caso convidados (permito-me a hipótese absurda), recusaríamos para não participar de uma ação antidemocrática ao comprometer o perfil de uma tevê pública, amparada na indispensável contribuição de todos os cidadãos, independentemente dos seus credos políticos ou da ausência deles.


Volta e meia, CartaCapital é apontada como revista chapa-branca, simplesmente porque apoiou a candidatura de Lula e Dilma Rousseff à Presidência da República. Em democracias bem melhor definidas do que a nossa, este de apoiar candidatos é direito da mídia e valioso serviço para o público. Aqui, engole-se, sem o mais pálido arrepio de indignação, a hipocrisia de quem se pretende isento enquanto exprime as vontades da casa-grande. Há quem se abale até a contar os anúncios governistas nas páginas de CartaCapital, e esqueça de computar aqueles saídos nas demais publicações, para provar que estamos aos préstimos do poder petista.


Fomos boicotados durante os dois mandatos de Fernando Henrique e nem sempre contamos com o trato isonômico dos adversários que tomaram seu lugar. Fizemos honestas e nítidas escolhas na hora eleitoral e nem por isso arrefecemos no alerta perene do espírito crítico. Vimos em Lula o primeiro presidente pós-ditadura empenhado no combate ao desequilíbrio social, embora opinássemos que ficou amiúde aquém das chances à sua disposição. E fomos críticos em inúmeras situações.


Exemplos: juros altos, transgênicos, excesso de poder de Palocci e Zé Dirceu, Caso Battisti, dúbio comportamento diante de prepotências fardadas. E nem se fale do comportamento do executivo diante da Operação Satiagraha. Etc. etc. Quanto ao Partido dos Trabalhadores, jamais fugimos da constatação de que no poder portou-se como os demais.


Hoje confiamos em Dilma Rousseff, de quem prevemos um desempenho digno e eficaz. O risco que ela corre, volto a repetir na esteira de agudas observações de Marcos Coimbra, está no fruto herdado de uma decisão apressada e populista, a da Copa de 2014. Se o Brasil não se mostrar preparado para a empreitada, Dilma sofrerá as consequências do descrédito global.


No mais, desta vez dirijo minha pergunta aos leitores em lugar dos meus botões: qual é a mídia chapa-branca?


PCdoB não vai apoiar Haddad e discute terceira via em São Paulo



PCdoB não vai apoiar Haddad e discute terceira via em São PauloFoto: RenattodSousa/Agência Câmara

“ESTAMOS CONVERSANDO COM CHALITA E CELSO RUSSOMANO E ENTENDEMOS QUE É NECESSÁRIO”, DISSE O VEREADOR NETINHO; PETISTA ESTÁ CADA VEZ MAIS ISOLADO

16 de Março de 2012 às 15:33
247- “O PT não quis fazer [uma chapa] com a gente antes de constituir uma candidatura. Definiram que tinham um candidato sem levar em consideração os nomes da base aliada, passando por cima, inclusive, da Marta Suplicy, que estava muito bem avaliada”.
A entrevista do vereador Netinho de Paula (PCdoB-SP) ao jornal Valor Econômico mostra o quanto o ex-ministro da Educação está isolado na campanha à prefeitura de São Paulo. Netinho declarou que se a Marta fosse o nome do PT, certamente, a aliança PT- PcdoB seria mais fácil.
“Seria mais fácil não só pela experiência dela, de ter enfrentado um candidato como José Serra, mas pela intenção de voto. Mas isso não foi discutido com a gente”, ressentiu-se o vereador, que obteve - na eleição para Senado, em 2010 - 7,7 milhões de votos, sendo 2 milhões só na capital.
Netinho disse ainda que, agora, o PcdoB está do lado “do povo de São Paulo” e que acredita numa aliança entre as siglas médias. “Temos conversado com Chalita (PMDB) e com Celso Russomano (PRB). Entendemos que uma terceira via é necessária. A conversa entre os três partidos já acontece há algum tempo e na semana que vem, os três se reunirão para juntar esforços contra Haddad e o tucano José Serra.

TSE quer a cassação de senadora do DEM que usou ambulâncias em atos



A ministra Nancy Andrighi, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), votou nesta terça-feira pela cassação do mandato da senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE). Para a relatora, ficou provado o uso indevido de bem público para promover a campanha vitoriosa de 2006. Em seguida, o ministro Gilson Dipp pediu vista e interrompeu o julgamento. As informações são do Terra

Maria do Carmo Alves foi eleita em 2006 para um mandato de oito anos, com 50,08% dos votos. O segundo colocado, José Eduardo Dutra (PT-SE), recebeu 47,26% dos votos e ficaria com a vaga no caso de uma possível cassação. Além da perda do mandato de Maria do Carmo, a ministra Andrighi também votou pela cassação de seus suplentes e pela aplicação de multa de R$ 50 mil à senadora, ao seu marido - o ex-governador João Alves - e à coligação.

De acordo com a denúncia, o casal de políticos usou 120 ambulâncias adquiridas pelo governo estadual, então comandado por João Alves, em carreatas por cidades do interior do Estado, na véspera das eleições. De acordo com testemunhas, carros de som e bonecos representando João Alves e Maria do Carmo acompanhavam a carreata, o que foi confirmado em um vídeo exibido na sessão do TSE desta noite.

Em seu voto, Andrighi ressaltou que as carreatas desrespeitaram decisão do tribunal eleitoral local, que havia proibido a divulgação das ambulâncias para fins políticos . "O uso de bens públicos em manifestações eleitorais são reprováveis condutas de agentes públicos e não podem ser toleradas pela Justiça Eleitoral", disse a ministra.

Perdido, Braga pede uma luz ao ex-presidente Lula



Perdido, Braga pede uma luz ao ex-presidente LulaFoto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

ESCOLHIDO POR DILMA PARA O LUGAR DE ROMERO JUCÁ NA LIDERANÇA DO GOVERNO NO SENADO, EDUARDO BRAGA (PMDB-AM) FOI ATÉ O SÍRIO-LIBANÊS, EM SÃO PAULO, PARA ENCONTRAR O EX-PRESIDENTE; O ASSUNTO DA CONVERSA DE 30 MINUTOS NÃO FOI DIVULGADO, MAS O ENCONTRO FALA O BASTANTE POR SI SÓ

16 de Março de 2012 às 16:13
247 - O novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, na manhã dessa sexta-feira. O assunto tratado pelos dois durante os 30 minutos de conversa não foi divulgado, mas a visita de Braga, escolhido por Dilma para pacificar o PMDB no Senado, é eloquente o bastante por si só.
Como bem observou o jornalista Ricardo Kotscho, que atuou como secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência durante o governo Lula, desde que saiu de cena para se tratar de uma pneumonia, o ex-presidente tem feito falta na articulação do governo com sua base aliada, inclusive e principalmente no que diz respeito ao PT. Sem o jogo de cintura de seu antecessor, Dilma seguiu na ofensiva, mas se expôs demais sem o escudo protetor de Lula.
A presidente optou, neste semana, por trocar, numa só tacada, suas lideranças no Senado e na Câmara, algo que seu mentor tinha lhe aconselhado a não fazer. Lula vinha conseguindo segurar Cândido Vaccarezza (PT-SP) na liderança da Câmara até a derrota do governo na votação que julgaria a permanência de Bernardo Figueiredo na presidência da ANTT. Informado por Dilma de que a decisão já estava tomada, um enfermo Lula lavou as mãos.
A coisa ficou feia o bastante para Braga ir ao encontro do ex-presidente em busca de mais legitimidade frente aos pares: agora que a relação com a base desandou de vez, é preciso saber o que fazer, e não se pode desprezar os conselhos de um articulador político habilidoso como Lula, ainda que abatido pela doença.
Desde que recebeu alta no último domingo, Lula tem ido diariamente ao hospital receber medicações contra a pneumonia. Hoje, ele recebeu a última dose do tratamento contra a infecção pulmonar.

George Clooney é preso ao fazer protesto


George Clooney é preso ao fazer protestoFoto: Kevin Lamarque/REUTERS

 

247 - O ator norte-americano George Clooney foi preso nessa sexta-feira ao fazer um protesto em frente à embaixada do Sudão, em Washington, nos Estados Unidos. O astro de Hollywood denuncia supostos crimes de guerra cometidos, segundo ele, pelo governo do país, na região do Cordofão do Sul. Clooney ficou nos jardins da embaixada, uma propriedade privada, e após não atender a três avisos da polícia de Washington para se retirar, foi algemado e levado em uma viatura. Junto com o ator, estavam o deputado Jim Moran e os ativistas John Prendergast, do grupo Enough Project, e Martin Luther King III.


O ator fez um pedido antes de ser detido. “Estamos aqui para pedir duas coisas simples: a primeira questão é que imediatamente precisamos que [o envio] de ajuda humanitária seja permitido para Sudão antes que isso se torne a pior crise humanitária do mundo. O segundo é que o governo de Cartum deve parar imediatamente de matar aleatoriamente seus próprios homens, mulheres e crianças inocentes. Que pare de estuprá-los e fazê-los passar fome. Isso é tudo que pedimos”.

Clooney já havia conversado sobre o problema no país com o presidente Barack Obama, nessa semana. Em um baile de gala realizado em homenagem ao primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, o ator denunciou o governo sudanês ao presidente norte-americano e Obama se comprometeu a levar a questão ao presidente da China, Hu Jintao. A China, compradora de petróleo do Sudão, costuma bloquear ações internacionais contra o governo do Sudão como estratégia para manter a parceria com o país africano.

Na última quinta-feira, 15, George Clooney prestou depoimento ao comitê de Relações Exteriores do Senado norte-americano e usou fotos de satélite para tentar provar que o governo do Sudão está matando seus próprios cidadãos. “É, absolutamente, sem dúvida nenhuma, um crime de guerra o que vemos aqui em primeira mão”, disse o ator.

Sarkozy é “cínico” e sua campanha “repugnante”, dizem jornais americanos



O jornal The New York Times condena a estratégia do presidente Nicolas Sarkozy de atrair eleitores da extrema-direita e afirma que a campanha do presidente francês Nicolas Sarkozy para a reeleição se tornou “desesperada e repugnante”. As críticas são publicadas um dia após outro jornal americano, o Wall Street Journal, qualificar em um editorial o chefe de estado francês de Sarkozy Le Pen, em referência ao líder histórico da extrema-direita francesa.
“A campanha do presidente Nicolas Sarkozy para sua reeleição se tornou ligeiramente desesperada e mais que ligeiramente repugnante”, escreve o diário nova-iorquino em seu editorial.
p>Para o jornal, o presidente-candidato Sarkozy tenta diminuir sua diferença para o rival socialista François Hollande “atacando os imigrantes estrangeiros, as importações estrangeiras e até mesmo a alimentação dos muçulmanos franceses”.
“Sarkozy acredita que talvez seja uma boa tática política ceder às exigências do racismo e da xenofobia”, afirma o jornal.
O The New York Times lamenta que o novo "tom violento" da campanha já tenha se traduzido em uma reação positiva de Sarkozy nas pesquisas porque "quem perde é a sociedade francesa".
"A França passa por um momento difícil, mas Sarkozy poderia fazer uma campanha mais digna”, escreve o diário sustentando que o presidente tem a seu favor o sucesso de sua política interna, em referência à reforma do sistema de aposentadoria, e de sua política externa, com a bem sucedida operação na Líbia.
“Seu principal adversário tem idéias vagas e propostas econômicas totalmente irrealistas”, julga o The New York Times sobre as propostas de François Hollande. Apesar disso, o jornal acusa Sarkozy de ter preferido jogar “baixo”.
Em relação à polêmica sobre a carne halal, consumida pelos muçulmanos de acordo com o ritual da religião islâmica, o jornal afirma que depois de criticar o tema evocado primeiramente pela candidata da extrema-direita Marine Le Pen, Sarkozy acabou se apropriando do assunto para atrair votos. “É cruel e destrutivo submeter a religião ao ridículo”, escreveu o The New York Times.
O jornal conclui que de maneira “lamentável", Sarkozy não tem o menor problema de ser superficial e cruel só para conquistar eleitores do partido extremista Frente Nacional.
Cinismo
Na terça-feira, o Wall Street Journal já tinha denunciado a disposição do presidente francês de endurecer o tratado de Schengen, que garante a livre circulação de pessoas em 27 países europeus, para proteger a Europa e a França do fluxo de imigrantes clandestinos.
A ameaça do presidente de suspender a participação da França no acordo foi qualificada pelo jornal de “retórica anti-imigração perfeitamente cínica”.

Uma morte a cada dois dias



Uma morte a cada dois diasFoto: Thyago Arruda/247 - 20.09.2007

DESDE ABRIL DE 2011, 165 MORADORES DE RUA FORAM ASSASSINADOS NO PAÍS E, EM APENAS 52 CASOS, OS ASSASSINOS FORAM IDENTIFICADOS

16 de Março de 2012 às 12:18
Agência Brasil - De abril de 2011 até a semana passada, 165 moradores de rua foram mortos no Brasil. O número divulgado hoje (15) pelo Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores (CNDDH) representa pelo menos uma morte a cada dois dias.
Segundo a coordenadora do centro, Karina Vieira Alves, as investigações policiais de 113 destes casos não avançaram e ninguém foi identificado e responsabilizado pelos homicídios. O CNDDH também registrou 35 tentativas de homicídios, além de vários casos de lesão corporal.
O Disque 100, serviço mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para receber denúncias sobre violações de direitos humanos, registrou, durante todo o ano passado, 453 denúncias relacionadas à violência contra a população de rua. Casos de tortura, negligência, violência sexual, discriminação, entre outros. As unidades da Federação com o maior número de denúncias em termos absolutos foram São Paulo (120), Paraná (55), Minas Gerais e o Distrito Federal, ambos com 33 casos.
Embora expressivos, os números não traduzem a real violência a que estão expostas as pessoas que vivem nas ruas. De acordo com Karina, muitos dos crimes cometidos contra esta população não são devidamente notificados. Além disso, a falta de dados confiáveis que torne possível comparar a atual situação não permite concluir se a violência contra o grupo vem aumentando ao longo dos últimos anos. “Este é o número de denúncias [notificadas]. Sabemos que há problemas muito graves que não são denunciados”, disse a coordenadora-geral da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, Ivanilda Figueiredo, sobre os números do Disque 100.
Segundo os representantes de entidades de moradores de rua que participaram, hoje (14), da reunião extraordinária do Comitê Intersetorial de Monitoramento da População em Situação de Rua, em Brasília (DF), existe atualmente uma escalada da violência. De acordo com eles, as recentes mortes e agressões a moradores de rua no Distrito Federal e em Mato Grosso do Sul não foram casos isolados e só chegaram ao conhecimento da imprensa porque as famílias das vítimas exigiram providências.
“Eu todo dia recebo e-mails sobre mortes de moradores de rua. Elas estão acontecendo e vão continuar ocorrendo. Por isso, queremos uma ação enérgica do governo federal”, declarou Anderson Lopes, representante paulista do Movimento Nacional de População de Rua. Na opinião do representante mineiro do movimento, Samuel Rodrigues, o país vive um momento triste com os episódios de violência contra a população de rua. “Vivemos um momento bastante triste. Em 2004, o movimento nacional surgiu em função de uma morte. Naquele momento, nós discutíamos os direitos da população de rua. Hoje, estamos aqui discutindo o seu extermínio. Estamos lutando para não morrer”.
A reunião do comitê estava agendada para o fim do mês, mas foi antecipada após um comerciante ter contratado um grupo de jovens para matar dois moradores de rua de Santa Maria (DF). “Temos a responsabilidade de responder diretamente a esta escalada de violência e de mortes que estão ocorrendo nas ruas. Não se trata mais de fatos isolados”, disse a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, se referindo a “ação de grupos de extermínio” agindo no Distrito Federal, em Mato Grosso do Sul, Alagoas, São Paulo, na Bahia e em outros estados. “São grupos que banalizam a violência e que não reconhecem, em quem está [vivendo] nas ruas, a condição humana”.

Em paz, Dilma e Blatter podem até tomar um chope



Em paz, Dilma e Blatter podem até tomar um chopeFoto: Roberto Stuckert Filho/PR

DEPOIS DE TODAS AS CONFUSÕES EM TORNO DA COPA DE 2014, GOVERNO E FIFA SE REÚNEM PARA LIBERAR BEBIDAS NOS ESTÁDIOS; ENCONTRO NO PALÁCIO DO PLANALTO, COM A PRESENÇA TAMBÉM DE PELÉ, ALDO REBELO E RONALDO, É SÓ SORRISOS

16 de Março de 2012 às 12:46
247 – Depois de polêmicas com a Lei Geral da Copa e declarações do secretário-geral da Fifa que causaram mal-estar, a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, se reuniram na manhã dessa sexta-feira para acertar detalhes da Copa do Mundo de 2014 e apaziguar o clima entre o governo brasileiro e a entidade. Também participaram do encontro, que aconteceu no Palácio do Planalto, em Brasília, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, o embaixador brasileiro para o Mundial, Pelé, e Ronaldo Nazário, integrante do Comitê Organizador da Copa (COL).
A reunião entre Dilma e Blatter ocorreu depois de um clima tenso no relacionamento do governo brasileiro com o porta-voz da entidade, o secretário-geral Jérôme Valcke. Ao se referir sobre atrasos nas obras para o Mundial, Valcke afirmou que os organizadores do País precisavam de um “chute no traseiro”, o que causou revolta geral em Brasília. O ministro do Esporte chegou a pedir a substituição do porta-voz. Nesse clima, a Fifa cancelou a viagem do secretário, que estava marcada para o último dia 12. O membro da Federação pediu desculpas às autoridades brasileiras, aceitas posteriormente por Aldo Rebelo.
Antes de encontrar a presidente nessa sexta-feira, porém, o presidente da Fifa deu a entender que Jérôme Valcke não está descartado como porta-voz da entidade. "Ele voltará, tenho certeza", disse Blatter em entrevista ao Jornal da Globo, logo depois de ter descido do avião na noite dessa quinta-feira, em Brasília. Blatter jantou ontem com Rebelo e hoje participará de almoço na casa do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS).

Para Dilma, opinião pública apoia endurecimento com partidos e rejeita a ‘chantagem’ parlamentar


Dilma Rousseff move-se no Congresso de olho nas ruas. Testa os limites dos partidos que apoiam o governo embalada pela avaliação de que a sociedade gosta do que vê.
O blog conversou na noite desta quinta (15) com um senador que atua na crise como bombeiro. Com acesso ao Planalto, teve a oportunidade de analisar a conjuntura política num encontro com Dilma.
Resumiu assim o ponto de vista que vigora na sede do governo: “As impressões que são recolhidas indicam que há uma safisfação de expressiva parcela da sociedade com as posições de Dilma, com o jeito dela de governar.”
Deu um exemplo: “Quando a presidente diz ‘não’ ao PR e o partido reage com rompimento e ameaças, as pessoas aplaudem. Acham que ela está certa, que deve mesmo reagir aos desaforos e não ceder à chantagem.”
Numa das conversas, Dilma foi aconselhada a ajustar os meios sem abrir mão dos fins. Pode priorizar o asfalto, mas não convém negligenciar os tapetes do Congresso. Alega-se que é possível fazer as duas coisas –bater e soprar.
A tática é escorada em apostas arriscadas. Por exemplo: Dilma mandou dizer ao PR que não negocia sob ameaças. Imagina-se que o partido, sem vocação oposicionista, não levará o anunciado “rompimento” às últimas consequências.
Outro exemplo: Dilma não ignorava que José Sarney e Renan Calheiros reagiriam mal à troca de Romero Jucá por Eduardo Braga na liderança do governo no Senado. Ainda assim, optou pelo ‘vai ou racha’.
Avalia-se que, rachando, Renan não arrasta consigo a solidariedade de mais do que oito dos 18 senadores da bancada do PMDB no Senado. Dilma aparelha-se para uma disputa que ocorrerá em fevereiro de 2013: a briga pela cadeira de Sarney.
A presidente não quer que Renan substitua Sarney. Em diálogo privado com o próprio senador, insinuou que ele talvez devesse concentrar suas energias no projeto de tornar-se governador de Alagoas.
Como alternativa a Renan, Dilma esgrime o nome de Edison Lobão. Aqui, outra aposta: acha que, apoiando Lobão, afasta Sarney de Renan. Pode não ser bem assim. Senador licenciado, Lobão ocupa o Ministério de Minas e Energia como preposto do seu padrinho.
A turma de Sarney começa a ruminar uma suspeita: Dilma desejaria empurrar Lobão para a presidência do Senado apenas para livrar os negócios do setor elétrico da influência de Sarney.
O grupo que ainda usufrui do privilégio de virar a maçaneta da sala de Dilma prefere que ela não antecipe para agora uma briga de 2013. Há dois dias, a propósito, a ministra Ideli Salvatti moveu-se para tentar dissolver uma encrenca que se formava na Câmara.
Por ordem de Dilma, Ideli tocou o telefone para o vice-presidente Michel Temer. Disse-lhe que a acomodação de Arlindo Chinaglia (PT-SP) na liderança do governo na Câmara em nada afetava o acordo firmado pelo PMDB com o PT.
Esse acordo, de papel passado, prevê o rodízio das duas legendas na presidência da Câmara. Primeiro Marco Maia (PT). A partir de fevereiro de 2013, quem o PMDB indicar. Temer trabalha por Henrique Eduardo Alves. “Nada muda”, disse Ideli.
De resto, Dilma e Cia. imaginam que o momento seja propício ao “freio de arrumação”. No Senado, há poucas matérias relevantes por votar. Na Câmara, há a Lei Geral da Copa e o Código Florestal.
Trabalha-se com a perspectiva de derrota. Mas o infortúnio já estava desenhado antes dos últimos embates de Dilma com seu condomónio. A presidente tenta postergar as votações até que o veneno da crise atual de dissolva. Os deputados cogitam votar à revelia do Planalto. Dependendo do que vier, Dilma pode vetar.

O alerta de Collor não vale para Dilma


Da Carta Capital
Fogo na base aliada

Por Matheus Pichonelli
Há sinais por todos os cantos de Brasília de que a ampla aliança em torno de Dilma Rousseff na campanha presidencial de 2010 começa a ruir. Há uma semana, o principal aliado, o PMDB, escancarou em carta-motim a sua insatisfação com o espaço reservado ao partido no governo federal.
O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, foi a público dizer que a situação era tensa. E era.
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Aliados como o ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, agora farão oposição ao governo. Foto: Agência Brasil
Outro aliado de primeira hora, o PSB, se afasta da órbita do governo à medida que se aproximam as eleições de 2012 (dizem que até 2014 piora). E até mesmo o PT já espalhou por aí certa irritação com uma suposta desatenção da presidenta aos pleitos da legenda.
Agora é a vez do PR, o Partido da República – resultado da fusão entre o Prona e o PL, sigla do candidato a vice-presidente de Lula em 2002, José Alencar. Pois o antigo aliado, depois de mais de nove anos de serviços prestados, anunciou na quarta-feira 16 que, agora, é oposição.
Por que discorda dos rumos da macroeconomia? Está descontente com a administração dos programas sociais? Por que não se conforma com a política externa?
Não.
O motivo da revolta é um pouco mais nobre: a legenda não se contenta com o espaço deixado por Dilma Rousseff em seu governo. Na divisão do bolo, logo após a eleição, ficou acertado que o PR seguiria à frente do Ministério dos Transportes.
Mas o ministro, Alfredo Nascimento (PR-AM), deixou o cargo sob suspeita de corrupção. Levou junto o chefe do Dnit, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Luiz Antônio Pagot, acusado de comandar um esquema de superfaturamento no órgão. Nascimento é cacique no Amazonas, seu reduto eleitoral, e Pagot, aliado de Blairo Maggi, ex-governador de Mato Grosso e hoje porta-voz dos rebeldes do Senado.
O substituto de Nascimento, Paulo Sérgio Passos, nunca foi o nome preferido dos caciques insatisfeitos. Não tem as costas quentes. Dilma deu de ombros: é ele quem segue no cargo até hoje.
Desde então, os senadores da sigla poderiam votar como quisessem em relação aos interesses do governo na Casa. Levavam a crise em banho-maria e posavam como sigla independente. Até que, durante a semana, cansada das rebeliões protagonizadas pelos aliados no Congresso – o ápice foi o veto a um indicado para um cargo no (adivinha?) Ministério dos Transportes – Dilma limou os antigos líderes do governo nas duas Casas.
No Senado, foi escalado para a liderança do governo o ex-governador do Amazonas Eduardo Braga, do PMDB.
Sai o líder, mas não o partido, e tudo ficava em paz até segunda ordem, certo?
Errado.
Braga é inimigo histórico do ex-ministro e conterrâneo Alfredo Nascimento.
Foi demais para os caciques do PR no Senado, que agora, oficialmente, passarão a defenestrar tudo aquilo que eram favoráveis quando estavam bem acomodados. Esqueça os sorrisos de palanque de dois anos atrás. A guerra agora está declarada.
Tão declarada que muitos adeptos da tese de que a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa, começam a comparar a tensão enfrentada por Dilma à caça encampada pelo Congresso contra Fernando Collor de Mello no começo dos anos 1990. Entre eles o próprio ex-presidente.
O ex-presidente Fernando Collor, senador e conselheiro do governo, ao lado de Aloysio Nunes (PSDB-SP). Foto: Agência Brasil
Hoje senador, Collor (PTB-AL) recorreu à própria história para mandar um alerta à presidenta.
“O diálogo precisa ser reaberto. É fundamental que o Planalto ouça esta Casa e ouça a Casa ao lado. E eu falo como ex-presidente que desconheceu a importância do Senado e da Câmara. O desconhecimento resultou no meu impeachment”, disse o senador alagoano em aparte ao discurso de despedida da liderança do governo feito pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Nas palavras de Collor, reproduzidas pelo site da Agência Brasil, a base do governo está sentindo um “certo gosto de azedume” devido à relação desgastada entre Executivo e Legislativo. Para finalizar, disse torcer para que Dilma faça a coisa certa e evite o descarrilamento do trem.
Tivesse confiscado a poupança da população que a elegeu, Dilma talvez devesse levar em conta o alerta do aliado. Até onde se sabe, a presidenta não circula por Brasília com carro pago com sobras da campanha nem tem conta pessoal paga pelo tesoureiro. Também não mostrou talento de jardinagem na Casa da Dinda.
Collor, embora tenha contado com o apoio da maior parte da mídia, foi eleito por um partido inexpressivo. O PT ainda possui a maior bancada da Câmara e Dilma, até onde se sabe, tem o governo aprovado por 59% da população, segundo pesquisa Datafolha publicada em janeiro. Parte da aprovação se dá justamente pela postura em relação aos ministros que caíram por suspeitas.
A história é outra e o Brasil (por sorte), também. Dilma sabe disso e vai esticar a corda até onde conseguir. Até agora, fez as mudanças nos ministérios do seu jeito e reajustou sua interlocução no Congresso sem pedir licença.
Quem não gostou, agora reclama – e Dilma não parecia desconhecer o terreno onde pisava.
Em entrevista ao site Luis Nassif Online, publicada no domingo 11, a presidenta parecia dar o alerta: “os conflitos – que sempre existirão – têm a ver com os processos pelos quais exercemos o nosso presidencialismo. Tem que ser de coalizão, mas não deixa de ser presidencialismo”. E completou: “Ninguém aqui pode durante muito tempo só defender seus interesses específicos sem que haja reação da parte da sociedade.” (Leia mais AQUI)
O recado parece claro. Quem manda, por enquanto, é ela – e a opinião pública, nesse embate, não parece ter muitas dúvidas sobre de que lado está.