sexta-feira, 16 de março de 2012

Gordo caiu, Flores balança e Bendine pode ficar



Gordo caiu, Flores balança e Bendine pode ficarFoto: Divulgação

REABERTURA DA CENTRAL DE DOSSIÊS DO BANCO DO BRASIL FOI A GOTA D'ÁGUA; DILMA JÁ TOMOU A DECISÃO DE DEMITIR RICARDO OLIVEIRA (ESQ.) RESPONSÁVEL PELAS INTRIGAS, E PODE AINDA SUBSTITUIR OS PRESIDENTES DA PREVI (CENTRO) E DO PRÓPRIO BANCO DO BRASIL (DIR.)

16 de Março de 2012 às 08:23
247 - O executivo Ricardo Oliveira, vice-presidente da área de governo do Banco do Brasil, desafiou a autoridade da presidente Dilma Rousseff e está com os dois pés fora da instituição. A informação, antecipada ontem no 247 na reportagem "Banco do Brasil reabre sua central de dossiês" (leia mais aqui) e antes em "Há uma guerra no Banco do Brasil. Seu nome é Ricardo Oliveira" (leia mais aqui), foi confirmada hoje na nota "Gota d'água", que abre o Painel da Folha de S. Paulo, assinado pela jornalista Vera Magalhães. Diz o texto:
"A presidente Dilma Rousseff já avisou a ministros próximos que Ricardo Oliveira será exonerado da vice-presidência de governo do Banco do Brasil e que vai atuar para apear Ricardo Flores do comando da Previ. O Planalto responsabiliza a dupla por alimentar a guerra entre o BB e o fundo de pensão. Eles foram alertados no auge da crise pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) de que seriam demitidos se a troca de acusações prosseguisse. A divulgação de que Flores comprou uma casa com parte dos recursos em dinheiro vivo fez o governo concluir que o recado foi ignorado. O presidente do BB, Aldemir Bendine, será mantido".
Da nota, pode se concluir que, Ricardo Oliveira, conhecido como "Gordo", já caiu. No BB, até as paredes sabem que ele, apaixonado pelas máquinas de inteligência alemã da segunda guerra mundial, é o principal responsável pelos dossiês que atingiram recentemente dois desafetos: o ex-vice-presidente Allan Toledo e, agora, Ricardo Flores. Há quem atribua ao "Gordo" até dossiês preparados contra aliados, como o presidente Aldemir Bendine e o vice Paulo Caffarelli, para tê-los sob seu comando. Bendine já foi acusado, assim como Flores, de comprar um imóvel em dinheiro vivo; Caffarelli de receber a filha do ministro Guido Mantega, Marina Mantega, em seu gabinete.
O que vinha sustentando Oliveira no cargo era sua rede de relações políticas, formada por aliados como o ministro Gilberto Carvalho, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o deputado Paulo Teixeira. Mas com o novo disparo, que ontem atingiu Flores, ficou evidente que ele ignorou a ordem da presidente Dilma.
Sobre Flores, sua situação é delicada, mas não definitiva. Na prática, ele foi alvo das intrigas de Oliveira, e não o autor, desde que se negou, como presidente da Previ, a chancelar a ida de Aldemir Bendine para o comando da Vale -- o "Gordo" pretendia controlar ao mesmo tempo o maior banco do Brasil e a maior empresa exportadora. Além disso, se ele comprou uma casa pagando parte em dinheiro, o mesmo foi feito por Bendine. Ou seja: caindo um, cairia outro.
Curiosamente, Bendine e Flores já foram grandes amigos. Tiveram papel decisivo na crise internacional de 2008, quando ajudaram a ampliar a oferta de empréstimos. Bendine era presidente do BB e Flores o vice-presidente de Crédito. Dois ex-grandes amigos se transformaram em desafetos graças ao trabalho de Ricardo Oliveira, que parece, agora, estar chegando ao fim.

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