sábado, 15 de março de 2014

DIRCEU, ÍCONE DA GERAÇÃO DE 68, CHEGA AOS 68 PRESO



Sem provas e em "off", Veja aponta regalia de Dirceu



Quando pensamos que todo estoque de canalhice da Veja atingiu o limite máximo e nada mais há para se fazer em matéria de degradação de jornalismo marrom, eis que somos surpreendidos com uma Capa que é o suprassumo da mais sórdida campanha persecutória para impedir a progressão do regime penal para o qual Dirceu foi condenado e ilegalmente permanece preso em regime diverso, o fechado, não obstante decisão da mais alta corte de justiça pelo regime semiaberto com a intenção descarada de manter Dirceu preso e se possível transferido para um presídio de segurança máxima.

Se o juiz da vara de execuções penais de Brasília julgar que Dirceu deve continuar mantido preso no regime fechado com base no que publica Veja, definitivamente chegamos ao fosso do que concebemos como justiça. 

O OFF é um recurso excepcionalmente utilizado pelo jornalista para proteger sua fonte que concorda em dá declarações se tiver garantido o anonimato. A liberdade de imprensa assegura que o jornalista não pode revelar sua fonte mesmo sob ordem judicial. 

Diz o artigo 5º, inciso 14: “É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. 

Assim, mesmo que as declarações apresentadas na revista tenham sido realmente dadas pelas fontes nas quais se baseiam a matéria não podem servir como prova para embasar decisão judicial contrária a Dirceu sem antes se fazer uma rigorosa apuração dos fatos relatados. 

Aí está o busílis da questão. A pretexto de apurar o teor da matéria publicada em Veja, o juiz da VEP pode protelar a decisão de avaliar o pedido de Dirceu de trabalhar durante o dia e dormir na prisão a noite como determina sua sentença. 

Como Veja é useira e vezeira em distorcer, manipular e até inventar informações, a matéria tem cheiro de mais uma daquelas armações da revista. A salvo da obrigação de revelar quem deu as informações para a matéria publicada, o repórter da revista pode muito bem a ter inventado com o propósito declarado de influir na decisão do juiz da VEP. Uma matéria encomendada com objetivos escusos, próprios do jornalismo de esgoto que a Veja pratica. É a degradação total de uma revista que tanto apregoa ética e moral.



Sem provas e em "off", Veja aponta regalia de Dirceu

 Reportagem deste fim de semana sobre José Dirceu, por quem Veja nutre um estranho fascínio, é mais um exemplo da esculhambação da imprensa e da Justiça no País; todo o texto está ancorado em relatos de supostos servidores da Papuda que teriam falado sem se identificar, o que configura o chamado "off" no jornalismo; essas "fontes" teriam dito que Dirceu vem tendo direito a picanha e lanches do McDonald's na Papuda, além de um podólogo para tratar uma unha encravada; reportagem de Veja será usada numa manobra para enviar Dirceu a um presídio de segurança máxima, contrariando a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal, que lhe garante o regime semiaberto


247 - A revista Veja, que já invadiu um quarto de hotel em Brasília, numa operação feita em parceria com o bicheiro Carlos Cachoeira, entrega, neste fim de semana, mais uma armação jornalística a seus leitores, com o objetivo de manipular o Poder Judiciário. O alvo, mais uma vez, é o ex-ministro José Dirceu, por quem Veja nutre um estranho fascínio, tantas as capas que lhe foram dedicadas. Desta vez, a reportagem trata de supostos privilégios que Dirceu estaria recebendo na Papuda.

Em resumo, os privilégios seriam picanha, lanches do McDonald's, visitas fora de horário e acesso a um podólogo, para tratar uma unha encravada. As provas... bem, as provas, elas não existem. Todo o texto de Veja está ancorado em declarações em "off" de supostos servidores da Papuda. 

Ou seja: supostas fontes que se mantêm no anonimato. "Nas últimas semanas, VEJA ouviu funcionários da Papuda que, sob a condição de anonimato, revelaram detalhes do regime especial a que estão submetidos os mensaleiros. 'Aqui já teve até picanha e peixada feitas exclusivamente pra eles', conta um servidor", diz um trecho da reportagem.

Notícias desse naipe, sem nenhuma comprovação factual, atingem seus objetivos. Foi a suspeita de uso de um celular no presídio, lançada na imprensa mas negada por uma sindicância interna, que impediu a análise do pedido de trabalho externo de José Dirceu. Foi também uma nota sobre uma feijoada o argumento usado pelo juiz Bruno Ribeiro, filho de um dirigente do PSDB no Distrito Federal, para mandar Delúbio Soares de volta para a Papuda.

Com a capa desta semana, Veja tem alguns objetivos. Um deles é garantir a volta de José Genoino à prisão. "Numa conversa entreouvida por um servidor, um médico que atendia Genoino revelou ter escutado do próprio petista a admissão de que deixara de tomar alguns remédios para provocar uma arritmia cardíaca e, assim, poder pleitear a prisão domiciliar", diz Veja. A prova? Mais uma vez, uma "conversa entreouvida".

No caso de Dirceu, o que move a publicação é mais grave. Veja pretende manipular a Justiça para que um réu condenado ao semiaberto e recentemente inocentado da acusação de formação de quadrilha seja enviado a um presídio de segurança máxima – o que contraria a própria decisão do Supremo Tribunal Federal. "A Justiça está analisando um pedido do Ministério Público para que, diante da impossibilidade de controlar os privilégios concedidos aos mensaleiros pelo governo petista de Brasília, todos eles sejam transferidos para um presídio federal."

Nos próximos dias, o Brasil saberá se uma reportagem da insuspeita Veja, em off, será acolhida como prova pelo Poder Judiciário. Esculhambação? Sim, esculhambação total.

 http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/133288/Sem-provas-e-em-off-Veja-aponta-regalia-de-Dirceu.htm

A boa vida de suspeito








O conselheiro do Tribun al de Contas de São Paulo Robson Marinho, mesmo acusado de receber propina no escândalo da Alstom e ter conta bloqueada na Suíça, mantém intacto seu cotidiano de trabalho e padrão de vida altíssimo

Pedro Marcondes de Moura (pedro.marcondes@istoe.com.br)

As denúncias de recebimento de propina no caso Alstom não foram suficientes para abalar a rotina do conselheiro do Tribunal de Contas de São Paulo Robson Marinho. Nem mesmo a divulgação do documento de abertura de sua conta na Suíça bloqueada com US$ 1,1 milhão e do depoimento revelador de um executivo confirmando o pagamento de suborno fez o conselheiro deixar de sair diariamente ao final das manhãs de sua casa, uma mansão de cerca de mil metros quadrados no bairro do Morumbi, zona sul da capital paulista, rumo ao trabalho no centro da cidade. Em seu gabinete no quinto andar do TCE, recebe relatórios diários de técnicos que o auxiliam nos votos. Durante as sessões no plenário, Marinho continua a julgar processos que envolvem desde superfaturamentos e fraudes em licitações públicas até casos referentes ao Metrô de São Paulo. Na vida pessoal, o ex-chefe da Casa Civil do ex-governador do PSDB Mário Covas mantém um padrão invejável. Mora com a mulher, Maria Lúcia, num local onde os imóveis variam de ­­R$ 3,5 milhões a R$ 15 milhões e é dono de uma ilha privada na baía de Paraty, com 70 mil metros quadrados de área total, e de um prédio de sete andares em São José dos Campos.

Para se chegar à residência de Marinho no bairro do Morumbi, adquirida em 1999, o convidado precisa passar por uma segurança reforçada. A identificação para um dos três guardas que trabalham operando a cancela da pequena rua de mão única é obrigatória para evitar visitas indesejadas. Um outro personagem do escândalo do propinoduto tucano, no entanto, já teve sinal verde para atravessar aquela guarita. Trata-se de Arthur Teixeira, denunciado pelo Ministério Público Federal como lobista das empresas Alstom e Siemens no cartel dos trens. Explica-se: Teixeira já foi dono do imóvel que hoje pertence a Marinho. O lobista comprou a residência em 1987 e morou lá até 1996. Naquele ano, Teixeira fez uma permuta com o ex-presidente do banco Barclays no Brasil Ademar Lins de Albuquerque, que vendeu a casa a Marinho três anos depois. Graças às coincidências que envolvem a negociação, o Ministério Público apura a ligação entre Marinho e Teixeira.

Embora integrantes do tribunal ouvidos por ISTOÉ revelem constrangimento com a situação de Marinho, eles alegam que nada podem fazer para apeá-lo do cargo. O máximo que aconteceu foi uma articulação para evitar que Marinho fosse reconduzido à presidência do tribunal, posto que já ocupou por duas oca­siões. “O que podemos fazer? Não há uma solicitação da Justiça pedindo o afastamento nem podemos fazer uma representação segura baseada em uma acusação não oficial”, diz um integrante do TCE. O advogado de Marinho, Celso Vilardi, recusa-se a comentar as novas provas até ter acesso a elas. No Tribunal, onde chegou alçado pelo ex-governador Mário Covas em 1997, Marinho mantém seu estilo autoritário. Trata, frequentemente, funcionários de forma áspera e é acusado de não aceitar os argumentos dos técnicos de seu gabinete ao formular seus votos. Nos habituais lanches da quarta-feira, na sala da presidência, Marinho tenta mostrar que tem mais conhecimento do que os colegas. Isso acaba gerando incômodo. “Ele quer mostrar que sabe mais do que todos e acaba provocando atritos”, disse um funcionário do TCE. Durante as sessões, costuma elevar o tom de voz quando tem o voto contrariado. Suas discussões mais ríspidas se davam com o conselheiro hoje aposentado Eduardo Bittencourt. De acordo com fontes ouvidas por ISTOÉ, apesar de fazer eloquentes discursos, Marinho – formado em direito – adquiriu fama de ter um conhecimento jurídico raso que, muitas vezes, atrapalha os debates e até o impossibilita de defender os próprios argumentos. Na vida pessoal, Marinho é considerado vaidoso. Pessoas próximas dizem que ele pinta regularmente os cabelos e se submeteu a cirurgia plástica para esconder marcas do envelhecimento – o conselheiro tem 64 anos.

As acusações de recebimento de propina contrastam com o seu combativo passado contra a ditadura militar. Robson Marinho foi vereador aos 18 anos pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), presidente da Assembleia Legislativa, deputado na Constituinte e prefeito de São José dos Campos. Em sua gestão à frente do município no interior paulista de 1983 a 1986, outro personagem do caso Alstom ocupava um cargo de alto escalão. Trata-se do então secretário de Obras, Sabino Indelicato, réu no escândalo da gestão tucana. Os dois mantêm uma estreita amizade de mais de 30 anos. Inclusive, são sócios na construtora e incorporadora Piaget. Promotores brasileiros consideram que há indícios de que Indelicato também tenha feito intermediação da propina da Alstom para Marinho. Para isso, simularia a prestação de serviços à multinacional francesa pela empresa Acqua Lux. A mesma desconfiança é compartilhada por investigadores suíços diante de transferências dele para Marinho no país europeu. A defesa de Indelicato diz que os serviços prestados à multinacional francesa foram de fato realizados. Já Marinho não quis falar com a reportagem.

Se a relação entre Indelicato e Marinho é inequívoca, também não há como desvincular o conselheiro do TCE dos cardeais tucanos. O ex-governador Mário Covas e o conselheiro Robson Marinho mantinham um relacionamento estreito a ponto de um frequentar a casa do outro e dividir a mesa de carteado. Não à toa, o conselheiro o acompanhou na saída do PMDB para fundar o PSDB. Também foi Covas que alçou Marinho ao Tribunal de Contas de São Paulo. Em meio às disputas internas do tucanato, Marinho também acompanhava Covas na hora de rivalizar com as alas mais próximas ao ex-governador José Serra e a Fernando Henrique Cardoso. Na eleição que marcou a chegada do PSDB paulista ao poder em 1994, Marinho teve papel crucial. Amealhou o apoio de prefeitos do interior e manteve contato com empresários financiadores da campanha. Como prova de reconhecimento, recebeu de Covas o principal cargo de sua gestão: a chefia da Casa Civil. E foi a partir desse posto que consolidou sua – até agora – estável carreira.

http://istoe.com.br/reportagens/352401_A+BOA+VIDA+DE+SUSPEITO

O sabotador da república

Como o deputado Eduardo Cunha acumulou força política para esfacelar a base de apoio de Dilma e impor derrotas em sequência ao Planalto no congresso


Claudio Dantas Sequeira (claudiodantas@istoe.com.br) e Izabelle Torres (izabelle@istoe.com.br)
Francis J. Underwood, o protagonista da série “House of Cards” interpretado pelo ator Kevin Spacey, é um ambicioso senador que, sentindo-se traído pelo presidente dos EUA, inicia um ardiloso plano de vingança. O jogo bruto de Underwood, que se tornou o símbolo máximo de político inescrupuloso, parece ter se materializado em Brasília nas últimas semanas. Na versão nacional, o papel de vilão vem sendo desempenhado, sem o charme do ator Kevin Spacey, pelo líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Desde o início do ano, Cunha cumpre uma rotina parlamentar dedicada unicamente a esgarçar a aliança com o PT, engessar o governo de Dilma Rousseff e, quem sabe, inviabilizar sua reeleição. “Se ela não sabe o que é respeito, vai aprender da pior maneira”, repete Cunha a qualquer interlocutor que o aborda nos corredores do Congresso Nacional. Se a série americana virou mania entre líderes políticos, como Barack Obama e Fernando Henrique, a novela de Cunha promete manter em alta a audiência do noticiário político-eleitoral. Para suspender seu roteiro, Cunha cobra uma fatura alta: mais cargos, com mais poder e mais verbas.
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PROTAGONISTA
Eduardo Cunha: sem o charme do ator Kevin Spacey, que interpreta
Francis Underwood, de House of Cards, mas com o mesmo jogo bruto, conseguiu
impor uma enorme derrota à presidenta Dilma no plenário da Câmara, na terça-feira 11
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Usando uma escala de valores nada republicanos, parecida com a de Underwood, o deputado carioca vem colecionando sucessos. Na última semana, depois de não ser atendido em mais um pedido por postos na máquina pública – o que foi encarado por Dilma e seus auxiliares como crua chantagem –, Cunha articulou um levante no Congresso. Emparedou a presidenta e jogou o governo petista numa crise política sem precedentes. Além de comandar os rebeldes da bancada do PMDB na Câmara, dona de 75 assentos, conseguiu atrair insurgentes de outras legendas aliadas do PT, que também acumulam queixas contra o estilo Dilma de governar. Cunha impôs sucessivas derrotas ao Planalto. Na principal delas, por 267 votos a 28, o chamado “blocão”, que reúne as siglas rebeldes, conseguiu instalar na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara uma investigação sobre denúncias na Petrobras. Como não tem status de CPI, a apuração não irá muito longe, mas pode momentaneamente se refletir sobre o valor das ações da estatal, o que é ruim para o País.
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ÁGUA NA FERVURA
Depois de se reunir com o vice Michel Temer, Dilma Rousseff
antecipou o anúncio de seis novos ministros
Outro revés forçado pela turna de Cunha tem um potencial maior para gerar dores de cabeça a Dilma. Nas comissões da Casa, os peemedebistas, com o apoio da oposição e aliados queixosos, conseguiram aprovar a convocação de quatro ministros e o convite a mais seis, a fim de prestar esclarecimentos sobre questões que, na melhor das hipóteses, podem constranger o governo. Entre eles a presidenta da Petrobras, Graça Foster, e o delegado Romeu Tuma Jr., que acusa o PT de implantar no País um estado policialesco. Foram convocados os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), Aguinaldo Ribeiro (Cidades), Jorge Hage (CGU) e Manoel Dias (Trabalho), este denunciado por ISTOÉ por suspeita de envolvimento em esquema de cobrança de propinas por cartas sindicais e desvio de verba por meio de ONGs. Na sexta-feira 14, meditando sobre as feridas institucionais, um cacique petista definiu assim o atual cenário político: “Este é o pior momento dos três mandatos do PT.”
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O ARTICULADOR
Eduardo Cunha em ação na quarta-feira 12 na Câmara:
ele liderou os insurgentes contra Dilma
A metodologia de Cunha 
Eduardo Cunha já demonstrou inúmeras vezes sua capacidade de articulação, ao apadrinhar indicações de ministros, dirigentes de estatais e funcionários do segundo ao quarto escalão. Quando é contrariado, tenta dar o troco lançando mão do que há de pior nas práticas políticas: a ameaça e a chantagem. No governo Lula, cansou de utilizar esse expediente. Mas, normalmente, era driblado por uma articulação política eficaz. Desta vez, Cunha se aproveitou da fragilidade dos operadores políticos do governo para obter sucesso em sua empreitada.
No Rio de Janeiro, Eduardo Cunha controla o PSC,
partido que, durante a semana, anunciou oficialmente
o desembarque do governo Dilma
O líder do PMDB não se move por instinto. Metódico, ele cultiva há anos o mesmo modo de operar. Diariamente, recebe líderes empresariais e autoridades no apartamento da SQS 311 ou no número 50 da avenida Nilo Peçanha, no Rio, onde funciona seu escritório político. Chega a gastar R$ 15 mil da conta parlamentar só em telefonia. Os pedidos que atende são ecléticos: vão desde os de empreiteiras e empresas de telefonia até os de companhias prestadoras de serviço no setor elétrico. Dependendo da negociação, e do desejo do freguês, Cunha providencia a anulação de normas, inclui nas Medidas Provisórias as emendas-submarino (como são chamados no Congresso os adendos oportunistas que nem sequer precisam tratar do mesmo assunto da MP) e agiliza a aprovação de leis. É o trabalho de uma espécie de despachante com mandato parlamentar. Em troca desses favores, Cunha obtém apoio financeiro para suas campanhas e também as de quem o apoia no Rio de Janeiro, seja do PMDB, seja de legendas aliadas. Assim, cria uma bancada própria. Na política carioca Cunha controla o PSC, partido que, durante a semana, anunciou oficialmente o desembarque da aliança governista, e outras legendas nanicas. Em Brasília, seu poder amplia-se como nunca.
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Efeito dominó
Quando perdeu os cargos que controlava na diretoria internacional da Petrobras e em Furnas, no primeiro ano do governo Dilma, Cunha lançou ameaças públicas que não se concretizaram. Ele mesmo avaliou que as baixas dos apadrinhados poderiam ser recompensadas mais adiante, uma vez que vários setores do PMDB perderam indicações na primeira dança das cadeiras. Mas, para sua irritação, isso acabou não acontecendo. Com o aval do ex-presidente Lula e de Rui Falcão, presidente do PT, Dilma bloqueou dinheiro de emendas e impediu a aprovação de dispositivos legislativos que atendessem aos interesses do deputado carioca. No embalo, os articuladores políticos do governo, tendo o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, à frente, também deixaram de atender a muitos pleitos de outros aliados, evitando reuniões e audiências solicitadas reiteradamente pelas legendas da base. Dessa forma, criou-se uma legião de insatisfeitos. “Por várias vezes a ministra Ideli Salvatti (de Relações Institucionais) reunia os líderes para dizer que não haveria acordo. Ora, então para que convocá-los?!”, lembra um deputado do PMDB. Depois da confusão armada na semana passada, Rui Falcão comentava com interlocutores que ia propor à presidenta a troca de toda a articulação política do governo. A ideia é buscar uma saída honrosa para Ideli, que poderá se lançar candidata a deputada federal. Também para tentar jogar água na fervura da crise, na quinta-feira 13 a presidenta Dilma antecipou o anúncio de seis ministros. Após conversar com o vice-presidente Michel Temer, indicou Vinícius Nobre Lages, ligado ao senador Renan Calheiros, para o Ministério do Turismo; Gilberto Occhi, do PP, para as Cidades; o petista Miguel Rossetto para o Desenvolvimento Agrário; Neri Geller, da cota do PMDB, para a Agricultura; Clélio Diniz (PT) para a Ciência e Tecnologia; e Eduardo Lopes, do PRB, para a Pesca.
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ARMISTÍCIO
No PMDB do Senado, o clima por ora é de paz com o governo,
depois das novas nomeações. Resta saber até quando
As mudanças podem servir de atenuante, mas não é certo que resolverão de vez os problemas, pois eles ultrapassam as fronteiras do Congresso. Uma das raízes da querela com o PMDB é a falta de acordo para a montagem dos palanques regionais. Desde o domingo 9, a presidenta Dilma iniciou gestões para reverter essa situação. Primeiro reuniu-se com o vice, Michel Temer, a quem expressou a vontade de chegar a um acordo. Na segunda-feira 10, recebeu os demais caciques da legenda, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e os líderes no Senado, Eduardo Braga (AM) e Eunício Oliveira (CE). Também participaram do encontro Temer e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Mais tarde, juntaram-se ao grupo o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RR), e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Nas conversas, Dilma sinalizou apoio do PT a candidatos do PMDB em seis Estados: Maranhão, Pará, Sergipe, Alagoas, Tocantins e Paraíba. Avisou, porém, que o cenário no Rio de Janeiro é inegociável e que entregaria o sexto ministério à legenda, caso Eunício Oliveira desistisse de lançar-se candidato ao governo do Ceará contra os irmãos Cid e Ciro Gomes, fechados com o PT e o Palácio.
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O problema é que as promessas eleitorais não chegaram a entusiasmar o PMDB. Para piorar, depois da reunião com os líderes, quando tentou isolar Eduardo Cunha, a presidenta declarou, no Chile, que “o PMDB só lhe traz alegrias”. A afirmação foi tida como provocativa e ajudou Cunha a reunir insatisfeitos. “Ela verá quantas alegrias o PMDB ainda lhe trará”, disse o deputado em tom ameaçador. Não há ânimo para um rompimento total, mas o clima de tensão não tem prazo para se dissipar. Ao justificar uma ruptura com o governo, Eduardo Cunha diz que o PMDB exige respeito.
Relação desgastada
O fato é que o governo tanto resistiu a se curvar aos desejos de aliados que quando o fez já era tarde. A dificuldade de relacionamento entre Legislativo e Executivo vinha se evidenciando ao longo dos últimos meses, mas atingiu seu ponto mais crítico no início deste ano, com o anúncio de que dos mais de R$ 19 bilhões prometidos para emendas parlamentares sobrarão pouco mais de R$ 6 bilhões. Os cortes atingem a alma da política eleitoral, pois as emendas são o cartão de visita de quem tem mandato. Ao tesourar as emendas, Dilma comprou uma briga com todos os partidos. Eduardo Cunha soube enxergar esse flanco e passou a trabalhar nos bastidores para ampliar o coro dos descontentes.
Dilma sinalizou apoio do PT a candidatos do PMDB em
seis estados: Maranhão, Pará, Sergipe, Alagoas, Tocantins
e Paraíba. 
Mas as promessas não entusiasmaram
Para piorar, a tentativa do governo de se aproximar do PMDB do Senado, aquele que não age sob a orientação de Eduardo Cunha, fracassou. Foram dois os principais motivos. O primeiro é que os senadores, orientados por Temer, não toparam isolar a bancada da Câmara e ignorar o descontentamento generalizado dentro do partido. Além disso, os senadores demonstram insatisfação com o governo desde outubro, quando Dilma vetou, sem se preocupar com afagos, a indicação do senador Vital do Rego (PMDB-PB) para comandar o Ministério da Integração Nacional. A pasta é desejada por senadores do Nordeste pelo forte apelo político e por concentrar obras grandiosas e eleitoreiras, como o Canal do Sertão e a distribuição de recursos para obras emergenciais.
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DENÚNCIA
Entre os convocados para prestar explicações na Câmara está o ministro
do Trabalho, Manoel Dias, acusado de favorecer uma indústria de sindicatos no órgão
Como não conseguiu isolar o PMDB da Câmara, cujo porta-voz do descontentamento é Eduardo Cunha, o governo se enfraqueceu ainda mais. Com o aval dos colegas para seguir empatando a vida do governo no Congresso, Cunha se aproximou de integrantes de outros partidos dispostos a mandar recados de insatisfação ao Planalto. O blocão multipartidário que ele criou para reunir e ampliar o coro dos descontentes mostrou sua força ao longo da semana e, quem diria, transformou a oposição ao governo em coadjuvante nos ataques à atuação dos ministros. “Se os próprios aliados estão querendo convocar todo mundo do governo, nos poupa trabalho. Estamos assistindo a uma implosão e ao movimento de independência dos parlamentares. Até aliados dizem que há corrupção em ministérios”, disse o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), ao perceber que todos os requerimentos da oposição recebiam apoio de partidos da base.
Cientes da existência de um artefato com potencial para explodir às vésperas das eleições, os oposicionistas comemoraram a convocação de quatro ministros e o envio de convites a outros seis, que terão de enfrentar a fúria dos insatisfeitos com o governo em sessões especiais de diferentes comissões da Casa. Na avaliação de parlamentares do próprio PT, é hora de promover uma mudança de cultura. “Acho que precisamos rever os erros e procurar saídas”, teoriza o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), desgastado com o Planalto e prestes a jogar a toalha da liderança do governo Dilma na Câmara. Não se sabe ao certo como e quando a crise política terá um desfecho. No ano eleitoral, ainda há cartas a serem baixadas em tempos de House of Cunha.  
Fotos: montagem sobre fotos: Roberto Castro/AG. ISTOÉ; Pedro Ladeira/Folhapress, Beto Barata/Folhapress, Sergio Lima/Folhapress; Givaldo Barbosa/ag. O Globo 
http://istoe.com.br/reportagens/352400_HOUSE+OF+CUNHA

Sobre o programa "Mais Ricos" do Metrô



São Paulo há décadas deixou de ser a cidade dos trilhos. Esta falência, somada ao fato de que os ricos estão usando mais o metrô, não passou despercebida... Jurandir merece uma resposta.
Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, o secretário de Transportes Metropolitanos Jurandir Fernandes surpreendeu ao falar na “São Paulo dos trilhos”. Oras, a terra da garoa tem três vezes menos trilhos que há cem anos. Conforme Rolnik e Klintowitz:
Até a década de 1920, o modo predominante de transporte era coletivo e sobre trilhos – bondes e trens. Segundo Mário Lopes Leão (1945), a cidade tinha, em 1933, uma rede de bondes com 258 km de extensão, três vezes maior do que a extensão atual do metrô. O sistema de bondes nessa época era responsável por 84% das viagens em modo coletivo, realizando aproximadamente 1,2 milhão de viagens/dia, em uma cidade que tinha, então, 888 mil habitantes (Vasconcellos, 1999, p.158).
As responsabilidades do partido de Jurandir perante este declínio são enormes. Além da construção das autopistas “Rodoanel Mário Covas” e “Nova Marginal” pelo governo estadual, o ex-presidente Fernando Henrique privatizou o sistema de trilhos e deixou uma mínima malha para a empresa estadual de trens, a CPTM. Desta forma, hoje ela é incrivelmente menor do que aquela construída pelos barões do café, quando chegava-se de trem a Campinas, Piracicaba, Mato Grosso e, na outra extremidade, a Santos. O sistema era incrivelmente pontual e possuía (para poucos, é verdade) vagões de altíssimo conforto.
Para além deste novo “dado”, o secretário traz outras novidades:
“A boa notícia é que, nos últimos cinco anos, houve um aumento considerável da participação do transporte sobre trilhos entre os modos de viagem da população na região metropolitana de São Paulo. As viagens realizadas por metrô cresceram 45% e as de trem, 62%. Nos ônibus municipais de São Paulo, o aumento foi de apenas 8%.”
Há que se verificar em detalhes em que medida este aumento foi resultado de esforços do governo estadual. Justifico:
  • O grande boom de passageiros se deu há dez anos graças à implantação do Bilhete Único, uma iniciativa do poder municipal. Portanto, o aumento de passageiros pode estar relacionado (ainda que de maneira marginal) a remodelações realizadas pela prefeitura. Não custa lembrar que o corte de linhas frequentemente atribuído ao prefeito Fernando Haddad iniciou-se na gestão Kassab. Como a distribuição atual das linhas privilegia o modelo tronco-alimentador, onde ônibus vão até as periferias e seguem para um terminal ou estação de metrô, a baldeação é forçada; 
  • Segundo este mesmo raciocínio, o Bilhete Único Mensal pode aumentar a quantidade de passageiros do sistema metroferroviário, mas isso não significa que os méritos sejam do governo estadual, uma vez que a proposta foi executada e implantada pelo poder municipal. De fato, desta vez, o governo estadual implantou imediatamente o Bilhete Mensal, de maneira a se colar à política e dividir os frutos eleitorais com o PT. Mas isto só demonstra como o PSDB está a reboque de políticas do PT e que carece de criatividade política (para dizer o mínimo).
No entanto, o governo do estado possui mecanismos para influir no aumento da quantidade de passageiros nos trens e metrôs, sobretudo daqueles endinheirados, do qual o Secretário se alegra:
“A população de menor renda passou a utilizar mais o carro para realizar suas viagens na Grande São Paulo. Na outra, ponta, famílias com renda mais alta estão usando mais o transporte público [...] O comportamento das classes mais altas sugere uma tendência mundial de cada vez mais se libertar do transporte individual para realizar as viagens de ida e de volta ao trabalho. Nos grandes centros urbanos, os carros são incompatíveis com a qualidade de vida.”
E os mecanismos adotados pelo estado com vistas a aumentar esse número de passageiros ricos são muito interessantes. O principal é construir metrô apenas nos bairros nobres. Há anos que o metrô só se expande no Quadrante Sudoeste da cidade (Av. Paulista e, sobretudo, Av. Berrini). Que esta orientação é elitista, Flávio Villaça já demonstrou:
“A Região de Grande Concentração das Camadas de Mais Alta Renda da Região Metropolitana, (situada dentro do Quadrante Sudoeste) tem o melhor sistema viário da metrópole, não só em termos de vias expressas, semi-expressas e avenidas, mas também em termos de túneis, viadutos, vias perimetrais, etc.. Ao produzir o sistema de transportes sobre trilhos o poder público vem prosseguindo nesse favorecimento da minoria mais rica em detrimento da maioria mais pobre.”
O segundo mecanismo mais importante é construir metrô a ritmo de tartaruga. A implantação de metrôs, já lembrou o professor Csaba Deák, pode ser um importante instrumento para combater a especulação imobiliária, desde que feita rapidamente e em várias direções da cidade. A estratégia utilizada pelo Governo do Estado é a oposta da levantada pelo professor da USP. E ela pode significar que o poder público esteja indo deliberadamente devagar com as obras para possibilitar que o mercado imobiliário se adeque e tenha tempo para construir nos arredores. Logo, se grandes torres de apartamentos forem construídas em torno das novas estações, mais pessoas afluirão para o sistema. Mas esta não é uma política adequada porque:
  • O estado cria uma extrema valorização destes imóveis e, por conseguinte, o público-alvo de tais empreendimentos é previsto, ou seja, faz parte de um projeto de gentrificação;
  • a malha se concentra onde o mercado possui interesse; e
  • explicaria o lento ritmo de expansão da rede metroferroviária nas duas últimas décadas.
Isso sem falar nas denúncias de corrupção que, se confirmadas, significariam um modelo de “rouba, mas não faz”, numa esdrúxula comparação com outro político paulista.
Por fim, o discurso de comemoração acerca da alta de usuários no sistema contrasta com as reiteradas afirmações de que aquelas mesmas pessoas causaram as panes do metrô no mês passado. Em entrevista à TV Globo, ele afirmou:
“Algumas pessoas incitaram, com palavras de ordem, que as pessoas pulassem nas linhas. Inclusive tocaram fogo entre a estação Sé e Parque Dom Pedro. Para que? Queriam inviabilizar o metrô no dia seguinte.”
Além de acusar de que houve uma orquestração dos protestos, o Secretário afirmou ainda que “safados” causaram um incêndio e teriam desligado a energia das vias. Sobre as duas primeiras acusações, nenhuma prova foi apresentada. Sobre o corte de energia, ele foi realizado por funcionários do Metrô para poderem descer com segurança aos trilhos. Isto foi comprovado por um documento da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
A demanda por transportes no Brasil é altamente reprimida e milhões de pessoas andam a pé por não terem dinheiro para pagar a tarifa. Portanto, se os ricos estão usando mais o sistema, isto só significa que eles têm muito mais liberdade de escolha do que os pobres. E se o sistema está mais cheio, há que se verificar as razões. Aqui procuramos ter um início de conversa. 
http://jornalggn.com.br/noticia/sobre-o-programa-mais-ricos-do-metro

Ei, Dilma! Ei, Amorim! Tem general propondo golpe militar: reajam!




Não dá mais pra fingir que nada está acontecendo...

 “Há uma clara insubordinação à Constituição e ao governo, que deveria ser respondida. É espantoso que o Ministério da Defesa e o Ministério da Justiça permaneçam mudos.”

por Pedro Pomar e Rodrigo Vianna

Independentemente das avaliações que faça sobre o alcance real da latente rebelião da extrema-direita militar (e civil) frente à Comissão Nacional da Verdade (CNV) e à própria existência da gestão Dilma, o governo federal não pode se omitir diante da propaganda e convocação de um golpe militar, ou seja, de um movimento armado que pretenda derrubá-lo.

Trata-se de um governo constitucionalmente eleito e em pleno exercício de suas atribuições. Não pode admitir que generais, da ativa ou da reserva, se dêem ao direito de disparar mensagens pelas redes sociais (e presumivelmente por outros meios) convocando colegas de farda e apoiadores civis a derrubar o governo.

Pois bem: é exatamente isso que vem acontecendo.

Um general de brigada reformado, Paulo Chagas, acaba de postar mensagem no blogue Sociedade Militar em que prega um golpe militar, utilizando como pretexto a recente decisão do STF de absolver os réus da AP 470 do crime de formação de quadrilha!

“A debacle [derrocada, ruína] da Suprema Corte, desmoralizada por arranjos tortuosos que transformaram criminosos em vítimas da própria Justiça, compromete a crença dos brasileiros nas instituições republicanas”, diz o general Chagas, para quem esse fato soma-se “às muitas razões que fazem com que, com frequência e veemência cada vez maior, os Generais sejam instados a intervir na vida nacional para dar outro rumo ao movimento que, cristalinamente, está comprometendo o futuro do Brasil”.

Prossegue o militar golpista, agora fazendo alusão aos acontecimentos da Venezuela: “Os militares em reserva se têm somado aos civis que enxergam em uma atitude das Forças Armadas a tábua da salvação para a Pátria ameaçada, quando não são eles próprios os alvos do clamor daqueles que já identificam nas imagens dramáticas da capital venezuelana a cor fúnebre do nosso destino”.

Acrescenta, adiante, que ao “exercerem seu direito legal de opinar e criticar, os militares da reserva diferem entre si na forma, na intensidade e na oportunidade de uma eventual intervenção militar que venha a dissuadir as pretensões mais ousadas dos dissimulados adeptos da versão ‘bolivariana’ do comunismo de sempre, todavia, são coincidentes e uníssonos no rebatimento de acusações mentirosas que, divulgadas de forma criminosa, visam a criar na sociedade o receio de ter os militares como fiadores da democracia”. O que seria uma “eventual intervenção militar”, se não um golpe de Estado?

Civis ingratos?

O general também se queixa daqueles civis que segundo ele desejam uma ação militar, mas não saem em defesa da Ditadura iniciada em 1964: “Todos querem que os Generais ‘façam alguma coisa’, mas ainda são poucos os que se dispõem a fazer o que está ao seu alcance. Poucos são os que adotam atitudes concretas e manifestam-se pública, individual e coletivamente, em defesa dos governos militares, escrevendo para os jornais ou protestando contra a hipocrisia e as más intensões [sic] das ‘comissões da verdade’”.

Prossegue o general, conclamando maior apoio civil ao golpismo: “No momento atual, a causa da democracia não dispensa o concurso de ninguém. Seria portanto uma importante contribuição se todos os civis que têm as Forças Armadas como última razão da liberdade e a garantia dos fundamentos constitucionais pusessem suas opiniões a público, em artigos, manifestações, textos, ‘cartas do leitor’ e outros recursos do gênero e não apenas em comentários restritos à leitura dos poucos profissionais da mídia que ainda ousam remar contra a correnteza ou dos escribas de mídias sociais que, mesmo comprometidos com a causa, têm apenas seu limitado e débil sopro para tentar enfunar as velas da embarcação”.

Causa da democracia? “Última razão da liberdade”? Ora, o Brasil vive um período de relativamente ampla liberdade política, pelo menos nos marcos da institucionalidade. Tanto é que até provocadores de extrema-direita como o deputado federal Jair Bolsonaro, ex-capitão do Exército, movimentam-se à vontade. Mas voltemos ao texto do general.

“As pessoas de bem, informadas, estão com medo do futuro, acuadas até para reagir e para manifestarem-se pacificamente”, continua Chagas. “Não basta, portanto, pedir uma atitude dos militares, é preciso que os civis esclarecidos e convencidos do perigo ostentem massivamente suas posições e opiniões e que contribuam para magnetizar a agulha que definirá o novo rumo a ser tomado”.

Nova “Marcha com Deus”, novo golpe?

O militar não explica por que as “pessoas de bem” estariam “acuadas”. Quem as está acuando? Mas o “novo rumo” proposto fica claro no trecho final de seu texto: “As ‘Marchas da Família com Deus Pela Liberdade’, programadas para o mês que inicia, são um bom começo para esta soma de esforços e para reafirmar o que, há cinquenta anos, fez com que o Brasil fosse visto e admirado como a ‘Nação que salvou a si própria’!”.

Em suma, o general está propondo um novo golpe. Novamente contra um governo legítimo, como ocorreu em 1964 contra João Goulart. E as mensagens de apoio que ele vem recebendo, na linha expressa de “Eu apoio a intervenção militar”, e mesmo de um ex-fuzileiro naval que se coloca “à disposição”, sugerem que sua mensagem foi devidamente compreendida.

Quando dezenas de generais das três Armas assinaram e divulgaram virulentos manifestos contra o governo, em 2012, o ministro da Defesa, Celso Amorim, anunciou que haveria punições. Não houve. De lá para cá, generais da ativa e da reserva continuam a a rosnar ameaças, a dar declarações a propósito de assuntos que não lhes dizem respeito, e a proferir insultos contra a CNV. Caso o governo continue fingindo que nada acontece, estará incorrendo novamente em grave omissão.

Há uma clara insubordinação à Constituição e ao governo, que deveria ser respondida. É espantoso que o Ministério da Defesa e o Ministério da Justiça permaneçam mudos. Parece que a Defesa foi “capturada” pelas Forças Armadas, como se costuma dizer de agências nacionais que passam a ser controladas pelos interesses econômicos que deveriam ser fiscalizados e controlados por elas.

Desse modo, permite-se ao fascismo fardado e civil articular-se à vontade e crescer, criando ameaças reais à sociedade brasileira. A Polícia Federal, que vem sendo utilizada para reprimir povos indígenas, e a Agência Brasileira de Informação (Abin), sempre tão atenta aos movimentos sociais de esquerda, não conseguem enxergar o perigo fascista?

O governo petista, também nesse tema, parece submeter sua ação inteiramente ao cálculo eleitoral: se a extrema-direita é minoritária, para que gastar capital político confrontando o discurso golpista?

No próximo dia 22, a extrema-direita promete sair às ruas. Para o general Chagas, a tal “Marcha” seria apenas “um bom começo”. Para a esquerda e os democratas em geral, será o momento decisivo para avaliar: Dilma e Celso Amorim fazem bem ao fingir que nada está acontecendo? Ainda que as Marchas do dia 22 reúnam pouca gente, parece absurdo que um governo legítimo e as forças políticas que o apóiam assistam inertes ao avanço do golpismo.

Aliás, a reação ao golpismo deveria reunir também os setores democráticos da oposição – gente séria que, à esquerda ou ao centro, não aceita que o país caminhe de volta para uma ditadura militar.

http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/ei-dilma-ei-amorim-tem-general-propondo-golpe-militar-reajam-3.html

A nota do PSDB sobre as ações de Aécio no Google





NOTA

Integrantes do PSDB, em especial o presidente do partido, senador Aécio Neves, têm sido vítimas da ação de quadrilhas virtuais que criam e divulgam falsas denúncias e calúnias nas redes sociais com o objetivo de impedir o livre debate de ideias na internet.

Visando manipular o ambiente político, lesando o direito do cidadão de acesso a livre informação, a ação organizada desses grupos segue mecanismo idêntico: Primeiro, publicam falsas informações e ataques pessoais, e, em seguida, criam uma rede de compartilhamentos que finge ser espontânea e que, na verdade, é artificial e  comandada de forma organizada. As vítimas que recorrem à Justiça, instância de defesa dos cidadãos e da sociedade, sofrem novas calúnias e acusações de censura à internet.

O presidente do PSDB tem sido alvo deste tipo de ação que não deixa à vitima nenhuma condição de resposta.

Duas falsas acusações preponderam na internet, alimentadas por técnicas ilegais, tais como uso de robôs que alimentam buscas automáticas para ranquear termos caluniosos e difamatórios nas pesquisas relacionadas. Também são utilizadas  outras técnicas ilegais que são repudiadas e condenadas pelas empresas de mecanismos de buscas e que ferem as Diretrizes para Webmaster.

A primeira, busca a vinculação com drogas forjando uma falsa acusação de enorme gravidade. Outra ação disseminada é uma falsa acusação de que teria havido desvio de recursos da área da saúde durante o seu governo em Minas. Tal acusação jamais existiu.

Na tentativa de dar credibilidade à calunia, é informado o número de uma ação   diversa proposta pelo Ministério Público de MG e que questiona apenas critérios contábeis adotados na prestação de contas do Estado. (A exemplo de outros estados brasileiros, antes da regulamentação da Emenda 29, parte dos investimentos em saneamento feito por empresas públicas foi computado como gasto em saúde). Nunca houve, no entanto, a acusação de desvio de recursos públicos, como atesta certidão anexa emitida pelo Tribunal de Justiça de MG.

A divulgação da falsa acusação gerou mais de 20 mil resultados de buscas com o mesmo conteúdo apenas no Google, causando evidentemente imensos danos morais.

O caminho tradicional prevê que se entre com uma ação contra cada um dos milhares de sites ou blogs que publicaram as falsas e difamatórias afirmações. Como fazer isso? Como entrar com ações contra sites anônimos criados, muitos deles, deliberadamente fora do Brasil para fugir à legislação?

Na impossibilidade de entrar com ações em separado e acolhendo sugestão de advogados, foi proposta uma única ação em que foi solicitado aos provedores a retirada desse conteúdo falso e difamatório. Observe-se que a ação não solicita a retirada de noticias sobre a existência da ação verdadeira mas, apenas, do  falso conteúdo  forjado.

Não existe outro caminho para evitar que pessoas de boa fé entrem em contato com falsas acusações. As pessoas têm o direito de ter acesso à verdade.

Não se trata, portanto, de interferir no legítimo direito de opinião e crítica de cada cidadão. Opinião é direito sagrado. Difamação e calúnia são crimes. E por mais que a estratégia das quadrilhas virtuais seja a de confundir uma coisa com outra, na prática são questões diferentes. A livre opinião é instrumento de defesa das sociedades democráticas. O estímulo à calúnia e à difamação de adversários são armas dos regimes totalitários.

O PT montou uma máquina de espalhar mentiras e destruir reputações na internet e isso precisa ser denunciado.

Dessa forma, atendendo a ponderações do partido e adotando a mesma iniciativa tomada por outros agentes políticos, o senador Aécio Neves decidiu recorrer a medidas previstas na legislação brasileira e à Justiça para se defender de campanhas difamatórias. Pedidos semelhantes de retirada de conteúdo foram feitos, recentemente, por exemplo, por diversos políticos e ministros.

http://jornalggn.com.br/noticia/a-nota-do-psdb-sobre-as-acoes-de-aecio-no-google

Advogados Ativista responde a Veja


































A reposta dos advogados ativistas
 

 
A revista Veja entrou em contato com so Advogados Ativistas para que fosse concedida uma entrevista. Apesar de ter sido avisado que não falamos com este veículo de comunicação, a publicação insistiu e nos mandou algumas perguntas, deixando claro que a matéria sairá com ou sem as nossas respostas.
 
Os jornalistas que realizam um trabalho sério têm a nossa admiração e respeito, o que se traduz na ótima relação do grupo com eles. Porém, é intolerável que publicações mal intencionadas queiram, mais uma vez, desinformar, mentir e difamar aqueles que realizam trabalhos relevantes. 

Portanto, achamos por bem responder publicamente as perguntas que nos foram enviadas, para que uma possível matéria que cite o Advogados Ativistas já tenha seu contraponto. Segue abaixo:
 
Veja: Como surgiram os Advogados Ativistas? 

AA: Advogados Ativistas sempre existiram, apenas uma parte deles se uniu.
 
Veja: Há lideranças? 

AA: Não.
 
Veja: Quais são as causas mais emblemáticas pelas quais o movimento já lutou desde junho de 2013? 

AA: Principalmente a defesa da Democracia e da Constituição, as quais vêm sendo incessantemente violadas.
 
Veja: Quais são suas bandeiras? 

AA: Não carregamos bandeiras.
 
Veja: O que é necessário fazer para participar?  

AA: Não ser leitor da Veja é um bom começo.
 
Veja: Hoje há quantos advogados ativistas? 

AA: O suficiente.
 
Veja: Os senhores atuam apenas em São Paulo ou em outras cidades brasileiras? Se sim, em quais? 

AA: Através da internet somos capazes de levar informação para qualquer lugar.
 
Veja: Em redes sociais do grupo há publicações, como fotos de protestos em cidades como o Rio de Janeiro. Vocês viajam para atuar em causas fora da cidade? 

AA: Advogados Ativistas possuem amigos em muitos lugares. Se for preciso viajar, viajaremos.
 
Veja: Como vocês se mantém? 

AA: Somos advogados, ora.
 
Veja: Quanto tempo do dia se dedicam ao ativismo? 

AA: Não o quanto gostaríamos, mas quando o fazemos a dedicação é total.
 
Veja: Pode definir o conceito de advocacia “pro bono”? 

AA: É a advocacia gratuita para o bem do povo. Bastava jogar no Google, essa foi fácil. 
 
Veja: Quais os obstáculos que enfrentam para garantir o direito de ampla defesa dos manifestantes? 

AA: A Veja, por exemplo, é um dos obstáculos, pois criminaliza qualquer forma de pensamento diferente do seu. 
 
Veja: Os senhores declararam que sofreram intimidação na OAB-SP no último protesto em São Paulo, de que forma isso aconteceu? 

AA: Sofremos intimidação de um grupo inexpressivo, o qual falou indevidamente em nome da classe. Como explicado pelo Presidente da Ordem, a atitude destes não reflete o pensamento da entidade. Assunto superado.
 
Veja: Advogados ativistas já deram declarações de que a OAB-SP não está cooperando com o trabalho de vocês e se portando de maneira governista. Como é a relação entre os senhores e a entidade? Os senhores publicaram um artigo afirmando que a entidade criminaliza a ação de vocês. De que maneira isso acontece? 

AA: A política de relação com outros grupos ou entidades é discutida internamente. No entanto, informamos que o Presidente da OAB/SP, em conjunto com o Presidente da Comissão de Prerrogativas, apresentaram nota pública em defesa de nosso trabalho, disponibilizando, inclusive, amparo emergencial caso cada um de nós tivesse seu ofício prejudicado.
 
Veja: Os senhores já receberam honorário de algum cliente que atenderam nas manifestações? 

AA: Nao visamos lucro algum, mas podemos começar a receber quando a Veja informar quem paga a tal "Bolsa Manifestação".
 
Veja: Quais são as principais orientações do Manual do Manifestante? Por quais mudanças ele já passou desde a primeira versão? 

AA: O Manual está disponível na página do Advogados Ativistas e é de fácil compreensão. Recomendamos a leitura.
 
Veja: Os senhores declararam que já sofreram ameaças de morte. Pode descrever em quais situações e como essas ameaças se deram? 

AA: A investigação está em andamento. É um trabalho para a polícia.
 
Veja: Os senhores foram apontados como advogados de Humberto Caporalli e Fabricio Proteus, apontados pela policia como adeptos à tática black bloc. Qual a posição dos senhores sobre os black blocs? 

AA: Não generalizamos estereótipos e tão pouco criamos inimigos fictícios, isso é trabalho da Veja.
 
Veja: Na confusão das manifestações e porta de delegacias, é possível distinguir os manifestantes adeptos e não adeptos da tática black blocs? 

AA: Não entendemos no que se aplica ao grupo esta pergunta.
 
Veja: Os senhores prezam pelo direito de se manifestar e defendem todos sem restrições? 

AA: Ao contrário do que algumas pessoas (e a Veja) pregam, de acordo com a Constituição todos tem Direito a Defesa. Veja só que coisa (com o perdão do trocadilho).
 
Veja: Já se recusaram a defender algum manifestante? 

AA: Nunca, inclusive se algum repórter da Veja for preso em alguma manifestação pode nos contatar que iremos defende-lo, já que o direito de defesa é para todos, mesmo que este veículo propague o contrário. 

Leia mais clicando aqui: http://jornalggn.com.br/noticia/veja-prepara-mais-um-assassinato-de-reputacao