domingo, 17 de junho de 2012

Haddad finalmente se move, mas Serra lidera



Haddad finalmente se move, mas Serra lideraFoto: Montagem/247

CANDIDATO DO PT, ENFIM, SE MEXE PARA CIMA; FERNANDO HADDAD MARCA 8% NA PESQUISA DATAFOLHA DIVULGADA NESTE DOMINGO 17, CONTRA 3% NO LEVANTAMENTO ANTERIOR; JOSÉ SERRA MANTEVE DIANTEIRA COM 30% DAS PREFERÊNCIAS; CELSO RUSSOMANO, DO PR, MARCA 20%; NÚMEROS DEVEM ANIMAR PETISTAS

17 de Junho de 2012 às 21:10
247 – Fernando Haddad se moveu – e para cima. Esta é a principal novidade da pesquisa Datafolha apresentada neste domingo 17 durante o programa TV Folha, na Rede Cultura. O líder na corrida para a Prefeitura de São Paulo continua sendo, com folga, o tucano José Serra, que manteve no levantamento apurado entre os dias 13 e 14 de junho os mesmos 30% de preferências que tinha na pesquisa de março.
A maior variação foi a do candidato do PT, que pulou de 3% para 8% agora, ultrapassando Netinho de Paula, do PC do B, que registrou 7% (contra 10% no levantamento anterior) e Gabriel Chalita, do PMDB, que apareceu com 6% contra 7% na pesquisa de março. Soninha Francini, do PPS, também marcou 8%, subindo um ponto percentual sobre a rodada anterior. O vice-líder é o candidato do PR, Celso Russomando, que subiu de 19% para 20%. A margem de erro da apuração é de dois pontos porcentuais. A subida de Haddad coincidiu com a maior presença do ex-presidente Lula em sua campanha. O aumento na pontuação, a quatro meses das eleições, promete dar novo fôlego à campanha petista.

Campanha eleitoral irá obrigar Serra a explicar privataria tucana



“Esse livro é um Lixo. Por que vou comentar lixo?”. Foi assim que o ex-deputado, ex-senador, ex-prefeito, ex-governador e ex-candidato a presidente por duas vezes (2002 e 2010) José Serra respondeu a setores independentes da imprensa que ousaram questioná-lo por conta das denúncias contidas no best-seller A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.
Apesar de a obra ter vendido centenas de milhares de exemplares, tornando-se um inequívoco best-seller, de continuar sendo um sucesso de vendas que segue frequentando à lista dos livros mais vendidos e, também, de ter produzido um requerimento de CPI aprovado pela Câmara dos Deputados, as denúncias contra Serra jamais foram tratadas em profundidade pela grande imprensa.
Todavia, entrevista que o candidato pelo PSOL a prefeito de São Paulo, Carlos Giannazi, concedeu à Folha de São Paulo, a qual foi publicada na edição deste domingo daquele jornal, mostra que a moleza do tucano está para acabar, ainda que pela mão de terceiros.
Abaixo, o trecho em que Giannazi promete cobrar o tucano pelo que a grande imprensa abafou:
– Vou cobrar do Serra o que está escrito no livro “Privataria Tucana”. Ele ainda não explicou isso. Não é apenas um livro, mas um dossiê com provas concretas. Ele disse que era um “lixo”, mas não explicou. Vou ler trechos do livro nos debates para ele explicar se vai fazer o mesmo com a Prefeitura de São Paulo.
Essa parte da entrevista do candidato do PSOL foi extirpada da edição impressa da Folha e só foi reproduzida na íntegra que o jornal publicou exclusivamente na internet. Como se vê, a mídia ainda acredita que pode esconder do eleitorado de São Paulo as denúncias recheadas de documentos comprobatórios contidas no livro da privataria tucana.
O esforço para blindar Serra será em vão. A mídia terá que tratar do assunto nem que seja para defendê-lo, pois não será só Giannazi que levará o assunto aos debates e até ao horário eleitoral gratuito no rádio e na tevê. É certo que o tema frequentará praticamente todas as outras campanhas.
A razão é muito simples: nova pesquisa Datafolha mostra Serra ainda à frente dos outros candidatos, ainda que com vantagem reduzida e com crescimento de Haddad.
Como em toda e qualquer eleição, portanto, o líder das pesquisas vira alvo de todos os outros candidatos, menos dos de mentirinha como Soninha Francine, do PPS, que apenas fará dobradinha com o tucano nos debates e nos programas eleitorais no rádio e na tevê.
Há especulações no sentido de que, até o segundo semestre, a CPI da Privataria Tucana, que já tem número suficiente de assinaturas, pode vir a ser instalada na Câmara dos Deputados.
A CPI tão temida pela oposição e pela mídia tucana estaria sendo guardada para funcionar paralelamente à CPI do Cachoeira, o que, de uma forma ou de outra, irá enfrentar o dilúvio do mensalão, o qual a mesma mídia colocará no ar em pleno processo eleitoral, valendo-se do julgamento do caso pelo STF.
Em um momento em que a mídia tentará carimbar o PT como “partido da corrupção”, dizem que podem surgir elementos adicionais aos do livro da privataria. Isso ocorrerá quando vier à baila, na CPI do Cachoeira, o envolvimento da Veja com o esquema criminoso. Tudo isso a partir de agosto, que, para os tucanos, também deverá ser um mês de muito desgosto.

Juiz que ordenou prisão de Cachoeira é trocado de vara e processo da Monte Carlo fica ‘acéfalo’ 365


Por Josias de Souza
A ação penal em que figuram como réus Carlinhos Cachoeira e outras 80 pessoas vinculadas à sua quadrilha está acéfala. O juiz federal que ordenou a deflagração da Operação Monte Carlo, Paulo Augusto Moreira Lima, não é mais o responsável pela 11Vara da Seção Judiciária de Goiás, onde corre o processo.
Por ordem do desembargador Mário César Ribeiro, presidente do Tribunal Regional Federal da 1Região, sediado em Brasília, o magistrado Moreira Lima passará a dar expediente, nesta segunda-feira (18), noutra frequesia, a 12a Vara da mesma Seção Judiciária de Goiás. Vai substituir o colega Társis Augusto de Santa Lima.
O blog obteve cópia do ato que formalizou a troca. Leva o número 882. Foi assinado, sem alarde, há três dias, na última quinta-feira (14). Anota que Moreira Lima vai à 12a Vara, “com prejuízo de suas funções na 11a Vara”, onde vinha atuando como juiz substituto. Significa dizer que as ações que presidia até então, entre elas a Monte Carlo, já não lhe dizem respeito.
O documento não faz menção às razões do seu deslocamento. Limita-se a informar que a dança de cadeiras decorre do “processo administrativo número 4.319/2012”. Nos subterrâneos, o que se diz é que o próprio magistrado pediu para trocar de ares. Pela lei, os juízes são ‘inamovíveis’.
O processo da Monte Carlo deve ir às mãos do juiz Leão Aparecido Alves. Ainda que ele aceite a incumbência, a ação do caso Cachoeira será empurrada para uma fase de hibernação. O magistrado terá de desbravar 53 volumes. Apenas a transcrição dos grampos telefônicos ocupa 36 volumes. Estão anexados aos autos, de resto, mais de uma centena de relatórios da Polícia Federal.
A análise de todo o material demandará tempo. O caso envolve, além de Cachoeira, uma quadrilha de 80 pessoas. Entre elas seis delegados e dois agentes da polícia civil goiana, dois delegados e um servidor da própria Polícia Federal, 30 policiais militares e um servidor da Polícia Rodoviária Federal.
A mudança no comando do processo ocorre em momento delicado. Na última terça-feira (12), dois dias antes da assinatura do ato de transferência do juiz Moreira Lima, iniciou-se na 3aturma do TRF-1 um julgamento que pode levar à anulação dos grampos telefônicos colecionados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.
Discute-se um habeas corpus ajuizado por Márcio Thomaz Bastos e sua equipe, defensores de Cachoeira. Alega-se na petição que a investigação estaria viciada por ter nascido de uma denúncia anônima. Relator do caso, o desembargador Tourinho Neto deu razão à defesa de Cachoeira.
No seu voto, Tourinho Neto (foto ao lado) anotou que o sigilo das comunicações telefônicas é assegurado pela Constituição. Só pode ser quebrado em casos excepcionais. Para o desembargador, o juiz Moreira Lima autorizou as escutas sem fundamentar adequadamente a decisão. Assim, as provas seriam ilegais e devem ser anuladas.
Integram a 3turma do TRF-1 três desembargadores –Tourinho Neto e outros dois. Um deles, Cândido Ribeiro, pediu vista dos autos, adiando a decisão. O julgamento deve ser retomado nesta semana. Basta que um dos desembargadores siga o voto do relator para que todas as escutas da Monte Carlo sejam enviadas ao lixo.
A perspectiva de anulação das provas deixa desalentados os procuradores da República Daniel de Resende Salgado e Léa Batista de Oliveira, que acompanham o caso Cachoeira pelo Ministério Público Federal. Em privado, a dupla avalia que, prevalecendo o entendimento de Tourinho Neto, ficarão comprometidos os inquéritos e as ações penais abertas contra Cachoeira e seu bando.
O questionamento das provas é apenas parte da guerrilha judicial que assedia a Monte Carlo. Ironicamente, coube a Márcio Thomaz Bastos protagonizar a ofensiva. Ex-ministro da Justiça de Lula, ele vem colecionando êxitos que minam o inquérito feito pela Polícia Federal que já dirigiu.
Graças a Thomaz Bastos, o processo contra Cachoeira encontra-se em banho-maria desde 31 de maio. Nesse dia, o juiz Moreira Lima deveria ter tomado o depoimento do contraventor, de outros seis réus e de 15 testemunhas. Seria a primeira audiência de instrução da ação penal. Julgando um habeas corpus da defesa de Cachoeira, o desembargador Tourinho Neto suspendeu as oitivas.
O magistrado Moreira Lima havia determinado o desmembramento do processo. Desejava acelerar o julgamento dos réus que se encontravam presos, entre eles Cachoeira. Thomaz Bastos alegou que o desmembramento prejudicou a defesa. Por quê? Como a denúncia inclui o crime de formação de quadrilha, o que for declarado por um réu pode influir no destino dos outros. Portanto, todos teriam de ser julgados em conjunto.
Para fundamentar o pedido de suspensão do depoimento de Cachoeira, Thomaz Bastos citou o processo do mensalão, no qual os 38 réus, mesmo os que não têm mandato, estão submetidos ao mesmo foro privilegiado do STF. Ao acolher as alegações, o desembargador Tourinho deu-lhe razão. Anotou:
“Observe-se o que afirmou o ministro Joaquim Barbosa, citado pelas impetrantes, no processo conhecido por mensalão, em que são denunciadas 40 pessoas: ‘o contexto em que tais fatos ocorreram não aconselha esse desmembramento, sob pena de perdermos a sequência lógica e a conjunta em que teriam sido praticados os crimes. Isso para o julgador.’ Para a defesa, seria pior.”
Ironicamente, o trecho citado por Tourinho Neto fora escrito num despacho em que, vinte dias antes, Joaquim Barbosa indeferira um recurso do mesmo Thomaz Bastos. O ex-ministro defende no STF um dos réus do mensalão: José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural.
Como seu cliente não tem mandato eletivo, Thomaz Bastos solicitara que as acusações contra ele fossem apartadas do processo principal e enviadas para a primeira instância do Judiciário.
Quer dizer: o advogado pediu no STF o oposto do que iria requerer no TRF-1 vinte dias depois: o desmembramento dos autos. E utilizou em favor de Cachoeira os mesmos argumentos que o ministro da Corte Suprema usara para negar o que pretendia para José Salgado, o outro cliente.
Como se fosse pouco, os últimos oito réus da Monte Carlo que continuavam presos estão deixando, um após o outro, a cadeia. O próprio Cachoeira obteve na sexta-feira (15) uma liminar ordenando sua libertação. Expediu-a o mesmo desembargador Tourinho Neto, sempre ele.
A ordem só não foi cumprida porque está em vigor um decreto de prisão do contraventor baixado noutra ação penal. Decorrência da Operação Saint Michel. Trata-se, por assim dizer, de um filhote da Monte Carlo.

Rodney King, pivô dos distúrbios de Los Angeles, morre aos 47 anos


DA FRANCE PRESSE, EM WASHINGTON

Rodney King, 47, cujo espancamento pela polícia de Los Angeles originou violentos distúrbios em 1992 na cidade, foi encontrado morto em sua piscina na manhã deste domingo, informaram as autoridades.


O capitão de polícia de Rialto, Randy Deanda, disse à agência France Presse que King foi encontrado "inconsciente" no fundo de sua piscina e declarado morto pouco depois em um hospital local, às 10h11 (horário de Brasília).

King tornou-se símbolo das tensões raciais nos Estados Unidos depois que seu espancamento pela polícia de LA foi filmado. Os policiais envolvidos foram absolvidos em 29 de abril de 1992, causando dias de revoltas mortais em Los Angeles.

Joe Klamar - 30.abr.12/France Presse
Rodney King chega ao lançamento de seu livro "The Riot Within - My Journey from Rebellion to Redemption" em LA
Rodney King chega ao lançamento de seu livro "The Riot Within - My Journey from Rebellion to Redemption" em LA

Ao fazer declarações antes do aniversário de 20 anos das revoltas que deixaram mais de 50 mortos, King disse que o racismo ainda precisava ser vencido no país.

"Sempre haverá algum tipo de racismo. Mas cabe a nós como indivíduos neste país olhar para trás e ver todas as conquistas até agora", disse à CNN.

Questionado sobre o que sentia em relação aos policiais que o espancaram, disse: "eu os perdoei, porque a América me perdoou tantas vezes e me deu tantas chances".

Quarenta anos depois, caso Watergate ainda gera polêmica nos EUA




DA BBC BRASIL

Quarenta anos depois do episódio que lhe deu início, o caso Watergate, que estourou em junho de 1972 e culminou com a renúncia do então presidente americano Richard Nixon dois anos depois, ainda gera controvérsias nos Estados Unidos.

O ex-presidente morreu em 1994, após duas décadas tentando se afastar da imagem dos escândalos, sem ter conseguido pôr fim às brigas em torno de reputações e legados do caso.

Quatro décadas após os seus furos de reportagem no jornal The Washington Post, são os jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein que estão na berlinda, defendendo-se da acusação de ter retocado certos aspectos do seu trabalho de apuração tal e qual relatado no livro Todos os Homens do Presidente, posteriormente transformado em filme.

Entretanto, as críticas aos jornalistas não mudam a questão central do problema: a revelação de que Nixon estava, como disseram os ex-repórteres em um artigo recente, "atentando contra o coração da democracia americana".

O DETALHE QUE MUDOU A HISTÓRIA

Quando apareceu pela primeira vez nas páginas dos jornais, o caso mereceu pouca atenção da imprensa americana. Da noite do dia 16 para 17 de junho de 1972, cinco homens engravatados foram presos ao invadir a sede do Comitê Democrata no edifício Watergate, em Washington.

Presos de luvas de borracha, com walkie-talkies e o número de Casa Branca na agenda, o incidente já dava pistas sobre o tamanho do escândalo.

Além disso, o Watergate era tudo menos um edifício qualquer na cidade: o complexo, inaugurado à beira do rio Potomac poucos anos antes para os ricos e poderosos, incluía salas comerciais, unidades residenciais, um hotel e lojas - e também a sede dos partidos rivais, o Republicano, de Nixon, e o Democrata.

Foi a energia inesgotável de Woodward e Bernstein, e o faro do seu editor, Benjamin Bradlee, que fez o caso sair do anonimato das páginas policiais para se converter no mais decisivo escândalo da Presidência de Nixon.

"Nixon era muito pior do que pensávamos", escreveram Woodward e Bernstein no Post. "Hoje, muito mais do que quando éramos jovens repórteres, registros abundantes oferecem respostas definitivas e evidências sobre o caso Watergate e seu significado."

A QUEDA DE NIXON

Naquele ano eleitoral de 1972, as matérias assinadas pela dupla já apontavam para o que os repórteres chamariam de "uma dominância pessoal do presidente sobre uma campanha maciça de espionagem política, sabotagem e atividades ilegais contra opositores reais ou imaginários".

Mas nem essas denúncias conseguiram evitar a reeleição do presidente no fim daquele ano. Nixon ainda duraria quase um ano e meio no poder, e só sairia depois da humilhação política de ver a Suprema Corte lhe obrigar a ceder as fitas gravadas pelo sistema da Casa Branca, que revelavam seu envolvimento nas táticas sujas.

Sem base no Congresso e com uma comissão parlamentar de inquérito aberta para avaliar seu impeachment, ele renunciou em agosto de 1974.

Receberia o perdão presidencial do seu sucessor e antigo vice, Gerald Ford, mas nunca conseguiria se livrar da imagem de Watergate - reforçada por outros escândalos, como a tentativa de ocultar os documentos do Pentágono mostrando o alcance do envolvimento dos EUA no Vietnã.

CONTROVÉRSIAS

Historiadores ainda debatem o legado de Nixon, um presidente obcecado com a luta contra o comunismo, que governou a maior superpotência ocidental justamente num dos períodos mais tensos da história recente.

Ao longo das últimas décadas, partidários do republicano abraçaram a ideia de que foi a tentativa do presidente de ocultar os fatos de Watergate - mais que os fatos em si - que levaram à sua derrocada.

Mas para Woodward e Bernstein, que agora têm sido alvo de questionamentos, esse mito "minimiza a escala e alcance das ações criminais" do ex-presidente.

Em uma biografia do editor Ben Bradlee recém-publicada nos EUA, um ex-auxiliar e braço direito de Bob Woodward sustentou que o ex-editor ainda tem dúvidas sobre a história contadas pelos repórteres.

FONTES

No livro, Woodward diz que contatava Garganta Profunda (a fonte que posteriormente foi identificada como Mark Felt, diretor-associado do FBI) deixando um vaso com plantas e uma bandeira vermelha em sua janela, indicando que deviam se encontrar em um estacionamento previamente combinado às 2h da manhã. De forma semelhante, Garganta Profunda expressava o desejo de conversar com os jornalistas fazendo sinais no jornal.

Bradlee de fato disse, nos anos 1990, que ainda possui "um temor residual" de que a história de Garganta Profunda "não seja exatamente assim", mas de lá para cá voltou atrás e reafirmou sua confiança nos dois ex-repórteres.

Talvez mais polêmica ainda seja a descoberta de que a fonte "mística" - Z - era na verdade uma jurada do caso. Abordar jurados de casos na Justiça é ilegal e certamente resultaria na dissolução do corpo, se esse fato fosse descoberto na época.

Por anos, Woodward e Bernstein disseram que não tinham abordado ninguém do júri, atitude que lhes renderia a prisão.

Mais recentemente, eles reconheceram que o fizeram, mas alegaram que a jurada nunca ofereceu informação que levasse a nenhuma reportagem, limitando-se a concordar, em linhas muito gerais, com o caminho que a apuração dos jovens e ambiciosos repórteres estava seguindo.

As duas polêmicas têm servido de artilharia para os muitos seguidores que ainda defendem Nixon. Em artigo tentando "desfazer" os mitos de Watergate, o ex-assessor de Nixon Pat Buchanan diz que o público foi "enganado" pelos repórteres e o jornal.

"Se um dos homens de Nixon, com sua aprovação, tivesse rompido o segredo de júri de Watergate, e mentido sobre isto, este assessor teria ido para a cadeia, e isto seria um artigo para um processo de impeachment", sintetizou Buchanan. "Bem vindo a Washington, era de 1972."

Um crítico da grande imprensa americana, Matt Pearce, do Los Angeles Times, observou que "quatro décadas de procurar defeitos e se preocupar com legados e reputações nunca mudou o fato de que Nixon se apunhalou a si mesmo".

E concluiu: "Woodward e Bernstein apenas escreveram sobre isso."

Professor lista cinco mitos sobre caso Watergate


















O escândalo de Watergate, um roubo contra a sede do partido democrata no hotel que deu nome ao caso e desatou a queda do governo do presidente Richard Nixon, é sem dúvida a mais grave crise política dos Estados Unidos mas, quando se completa o 40 aniversário do evento, o que hoje se sabe do fatos está misturado a uma boa dose de mitologia.

Os dois então jovens repórteres do The Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein, que investigaram o caso, se tornaram lendas do jornalismo americano, não só pelo trabalho que lhes deu prêmios como também pela adaptação de Hollywood para seu livro sobre Watergate, Todos os Homens do Presidente.

O filme estreou em 1976 com a atuação estelar de Robert Redford e Dustin Hoffman e, apesar de o final já ser conhecido, foi descrito como a historia detetivesca mais cativante de todos os tempos.

Sem dúvida trata-se do filme mais visto sobre o escândalo, mas, como escreve a seguir o professor W. Joseph Campbell, da Universidade Americana em Washington, serviu para impulsionar e cimentar vários mitos sobre a mídia e Watergate. A seguir, cinco deles:
MITO 1: O Washington Post derrubou governo de Nixon

Esta é a narrativa dominante do escândalo de Watergate há muito tempo. Supõe que Woodward e Bernstein, através de seu aguerrido jornalismo, revelaram os crimes que forçaram a renuncia de Nixon em 1974.

Essa também é a conclusão inconfundível e tácita do filme, que coloca a Woodward e Bernstein no centro de como se desenvolvia o escândalo ao mesmo tempo em que minimiza as contribuições, muito mais decisivas, dos investigadores que conduziram depoimentos em tribunais.

Investigar o caso com a magnitude e da complexidade de Watergate requereu esforços coletivos de fiscais especiais, juízes federais, todos os níveis do Congresso, a Suprema Corte, assim como o Departamento de Justiça e o FBI.

Ainda assim, é muito provável que Nixon teria sobrevivido ao escândalo se não fossem as gravações realizadas em segredo no Salão Oval da Casa Branca. Apenas quando ordenado pela Corte Suprema, Nixon entregou as gravações nas quais aprovava um plano para distrair a investigação do FBI sobre o roubo.

Curiosamente, os protagonistas do Washington Post minimizaram esta narrativa dominante. Woodward, por exemplo, disse uma vez que "a mitificação de nosso papel em Watergate chegou a alturas absurdas, nas quais jornalistas escrevem que eu, sozinho, derrubei Richard Nixon. Completamente absurdo".

MITO 2: O jornal "descobriu" a notícia de Watergate

Não exatamente. Watergate começou como uma notícia saída de um registro policial. Notícias do momento chave do escândalo - o roubo frustrado de 17 de junho de 1972, à sede do Comitê Democrata Nacional no complexo de Watergate em Washington D.C.- começaram a circular nas primeiras horas.

O parágrafo inicial da primeira página do Post sobre o roubo deixou claro que os detalhes vinham dos investigadores da polícia. Lia-se o seguinte: "Cinco homens, um dos quais que afirma ser empregado da Agência Central de Inteligencia (CIA, na sigla em inglês), foram presos às 2:30 a.m., ontem, no que as autoridades descrevem como um plano elaborado para colocar microfones secretos na sede do Comitê Democrata Nacional".

O Post tampouco revelou os elementos cruciais do crescente escândalo, como o sistema secreto de gravações de Nixon. A existência das fitas da Casa Branca foi revelada em 1973 a um comitê de investigação do Senado.

Como Edward Jay Epstein sublinhou em seu brilhante ensaio de 1974, as reportagens de Woodward e Bernstein sobre Watergate eram frequentemente derivadas e se sustentavam nas gravações dos investigadores federais sobre o escândalo.

MITO 3: "Garganta Profunda" aconselhou Woodward a "seguir o rastro do dinheiro"
Esta concisa e muito citada expressão foi supostamente a chave que resolveu as complexidades de Watergate. A realidade é que saiu da licença dramática.

"Siga o rastro do dinheiro" não foi dito pela verdadeira fonte secreta "Garganta Profunda", mas por Hal Holbrook, o ator que interpretou esse papel no filme Todos os Homens do Presidente.

Na vida real, "Garganta Profunda" falava periodicamente com Woodward (algumas vezes em um estacionamento subterrâneo) à medida que se desenvolvia o escândalo. Mas nunca aconselhou Woodward a "seguir o rastro do dinheiro".

Wodward e Bernstein já estavam fazendo isso: umas de suas reportagens mais importantes descreveu como os fundos doados à campanha para reeleger Nixon haviam sido usados para o roubo em Watergate. Mas o esclarecimento do escândalo foi muito mais complicado que seguir a pista do dinheiro. Nixon renunciou não porque malversou fundos doados a sua campanha de 1972, mas sim por obstruir o curso da Justiça.

Além do mais, "Garganta Profunda" teve sua identidade revelada em 2005 como W. Mark Felt, o antigo segundo homem mais importante do FBI. No entanto, Felt não foi nenhum herói.

Felt foi condenado em 1980 por delitos graves relacionados a violações que autorizou nas investigações que realizava o FBI sobre a organização radical Weather Underground. Mas Felt nunca cumpriu a pena. Recebeu um indulto em 1981 do então presidente Ronald Reagan.

MITO 4: As reportagens puseram Woodward e Bernstein em grave perigo

A duras penas, Todos os Homens do Presidente diz exatamente isso. Na cena final do filme, "Garganta Profunda" manifiesta a Woodward que a vida de ambos periodistas "corre perigo".
A advertência, que injetou suspense ao ritmo algumas vezes lento do filme, também foi mencionada no livro de mesmo título. No entanto, ficou claro que era um falso alarme.

Woodward, Bernstein e os editores do Post tomaram precauções por um tempo para evitar a interceptação eletrônica de suas atividades. Mas Woodward descreveu em O homem secreto, seu livro de 2005 sobre Garganta Profunda, que essas medidas começaram a parecer "melodramáticas e desnecessárias. Nunca encontramos evidência de telefones grampeados ou de que alguma de nossas vidas estivesse em perigo".

Em outra ocasião, Woodward disse que a "pressão mais sinistra" que ele e Bernstein sentiram durante Watergate "foi escutar repetidamente" a Casa Branca de Nixon "desmentir a informação que estávamos publicando" à medida que se aprofundava o escândalo.

MITO 5: Watergate aumentou a matrícula em escolas de jornalismo
É um mito subsidiário atrativo o de que as aventuras de Woodward e Bernstein, como dramatizadas por Redford e Hoffman, fizeram o jornalismo parecer elegante e sedutor. Tão sedutor que supostamente multidões de estudantes americanos invadiram as escolas de jornalismo.

É um mito que ainda sobrevive, apesar de ser completamente repudiado pela pesquisa séria. Um destes estudos, financiado pela fundação midiática Freedom Forum, indicou em 1995 que o "crescimento da educação jornalística" foi o resultado "não de eventos específicos como Watergate... mas em grande parte pelo interesse que as mulheres expressaram pela disciplina, que compareciam em números sem precedentes às universidades".

O estudo concluiu inequivocamente que os "estudantes não se lançaram às aulas nas universidades porque queriam seguir os passos de Woodward e Bernstein - ou de Robert Redford e Dustin Hoffman".

Uma pesquisa similar, publicada em 1988, declarou: "Se afirma muito frequentemente e equivocadamente que as investigações de Woodward e Bernstein apresentaram modelos exemplares para estudantes e levaram a uma explosão nas matrículas em escolas de jornalismo".

O que o estudo descobriu foi que o número de matrículas dobrou entre 1967 e 1972, o ano do roubo em Watergate.

W. Joseph Campbell é professor na Escola de Comunicação da Universidade Americana em Washington D.C. Autor de cinco livros, incluindo "Getting It Wrong: Ten of the Greatest Misreported Stories in American Journalism" (ou "Entendendo errado: Dez das principais histórias mal contadas no jornalismo americano", na tradução livre), escreve também o blog sobre mitos do jornalismo "Media Myth Alert".

Resposta de Leandro Fortes a turma de Gilmar Mendes



Aos muitos amigos que se pronunciaram em público e em particular, recomendo não entrar no jogo do Bajulador Jurídico, muito menos no do … Um escreveu para o outro, numa espécie de subtabelinha, para me desqualificar, uma vez que se tornou impossível desqualificar a matéria que fiz sobre as fraudes na escolinha de Gilmar Mendes, o IDP. O Bajulador Jurídico faz assessoria de imprensa para Mendes, no pior sentido da expressão. Ele me ligou, na quinta-feira à noite, fazendo mimimimi para dizer que uma sobrinha dele não era sobrinha dele. Eu disse que não iria conversar a respeito porque o acho um tremendo picareta. Mas isso ele não contou no confuso texto que fez publicar.


Logo em seguida, o sujeito surtou. Ao que parece, não dormiu a noite toda. Ficou fazendo essa apuração maluca na qual descobriu, entre coisas hilárias e fantásticas:


1)   Que cheguei a Brasília me apresentando como sargento da Aeronáutica (!)


2)   Que era aliado dos tucanos porque trabalhei em O Globo e na revista Época (?!)


3)   Que fui demitido dos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo por “inépcia”(??)


4)   Que fui denunciado por policais federais por conta do Dossiê Cayman (!?)


5)   Que deixei de herança à revista Época uma condenação de 40 mil reais (???)


6)   Que investi contra três profissionais respeitáveis: Policarpo Junior, da Veja; Renato Parente, do TST; e Eumano Silva, da revista Época (opa, será que achei uma fonte do Bajur?)


7)   E, finalmente, que meu apelido entre meus muitos “ex-amigos” seria “sargento Demóstenes” (hahahahaha!)


Bom, só para que a versão do hospício não fique por aí, boiando que nem merda, uns rápidos esclarecimentos:


1)   Nunca fui sargento da FAB, mas bem que poderia tê-lo sido, com muito orgulho. Fui aluno (não cadete) da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, entre 1982 e 1984, entre os 16 e 18 anos de idade, onde fiz meu ensino médio. Cheguei a Brasília em 1990, vindo de Salvador, já jornalista formado e repórter com alguma experiência;


2)   Nunca fui aliado de tucanos, até porque nunca fui aliado de partido algum. Essa é uma concepção binária típica assessores financiados por esse mundinho da política de Brasília;


3)   Fui demitido do Estadão porque levei um furo quando era setorista da Polícia Federal, em novembro de 1990, quando tinha 24 anos. Era isso que acontecia com repórter que levava furo, naquela época. Ao contrário de hoje, que repórteres produzem fichas falsas, usam informações de quadrilhas e, em seguida, são promovidos; de O Globo, fui demitido, com muito orgulho, por um chefete que foi colocado na redação de Brasília, em 1998, para impedir qualquer crítica à criminosa reeleição de FHC. Na certa, ele não sabia que eu era aliado dos tucanos…


4)   Escrevi o único livro sobre o caso do Dossiê Cayman, “Cayman: o Dossiê do Medo” (Record, 2002), depois de meses de apuração que me levaram aos Estados Unidos e à Jamaica, onde recolhi os depoimentos dos três brasileiros envolvidos na fraude. Os policiais que me processaram, dois delegados bastante atrapalhados, o fizeram porque descobri que eles não tinham ido ao exterior investigar nada, mas abafar o escândalo e descobrir o que os falsários de Miami sabiam, de fato, sobre o dinheiro desviado das privatizações – o que depois ficou esclarecido pelo livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. A propósito, fui absolvido das acusações dos dois policiais, mais tarde apelidados, dentro da PF, de “Fucker & Sucker”;


5)   A única herança que deixei à revista Época foi um sem número de excelentes matérias jornalísticas feitas com extrema dedicação e zelo pelo bom jornalismo;


6)   Nunca “investi” contra ninguém, muito menos contra profissionais respeitáveis. Sobre Policarpo Junior, citei-o em reportagens, como centenas de outros repórteres, ao me referir aos 200 telefonemas trocados entre ele e Carlinhos Cachoeira. Sobre Renato Parente, revelei que ele falsificou, por 20 anos, o próprio currículo, no qual mentia dizendo ter uma formação superior que nunca teve, apenas para ocupar, de forma fraudulenta, cargos comissionados nos tribunais superiores, entre os quais, o STF, onde assessorou Gilmar Mendes. Eumano Silva foi flagrado pela PF negociando matérias com o araponga Idalberto Matias, o Dadá, para prejudicar uma concorrente da Delta, empresa-mãe do esquema de Carlinhos Cachoeira. Era coisa, aliás, que também provocava demissão, em épocas outras.


7)   “Sargento Demóstenes” é uma tentativa infantil de Márcio Chaer de tentar emplacar um apelido em mim, depois que popularizei o dele, Bajulador Jurídico, e de seu irmão de fel, o …


Forte abraço.


Leandro Fortes