quinta-feira, 28 de julho de 2011

A face verdadeira dos rebeldes líbios.




Vejam o que são os “rebeldes” líbios

por Timothy Bancroft-Hinchey
Veja por si mesmo neste documentário, filmado por Flavio Signore e Leonor Massanet na Líbia recentemente e passado a Pravda.Ru, o que são os "rebeldes" na Líbia e pergunte-se se estes são civis desarmados sendo atacados por forças do governo. Não? Então, faça algo. A OTAN envolveu-se num conflito interno com base em informações falsas.
As Resoluções do CSNU 1970 e 1973 são, portanto, nulas, por essa razão e também porque não houve nenhuma tentativa de explicar todas as cláusulas para os diplomatas russos e chineses, que pediram para que fossem esclarecidos vários pontos. Não receberam resposta. Para além destes dois fatos, o lado da OTAN violou as condições das resoluções, cometendo crimes de guerra. O Conselho de Segurança deve, portanto, convocar e votar por unanimidade caso este acto de agressão vá continuar ... caso contrário, sem unanimidade, deve parar. Assim dita a lei.

Se o que você está prestes a ler o/a revolta, se o que você está prestes a ver com seus próprios olhos, faz você levantar questões quanto à legitimidade da campanha
da OTAN, apoiando os terroristas armados na Líbia que eles chamam de "civis desarmados", se você acha que a OTAN tomou o lado errado, se você acha que as Forças Armadas da Líbia têm o direito de responder de forma medida contra uma insurreição por milhares de terroristas armados, selvagens racistas, que massacraram os negros nas ruas e estupraram mulheres e meninas, então por favor não apenas se sente lá na sua cadeira e diga "Ai, que terrível". Faça algo. Espalha a notícia, mude a opinião pública, escreva aos seus políticos, dizendo que se eles estão de acordo com isso, então na próxima eleição haverá consequências. Levante a questão jurídica contra os líderes da OTAN, vê que se no seu país há possibilidade de os prender por crimes de guerra.

O vídeo a seguir foi feito por Flavio Signore e Leonor Massanet recentemente, quando eles falaram com as pessoas em Zawiya no oeste da Líbia, libertada das garras dos terroristas pelas Forças Armadas da Líbia. Vamos ver quem são esses terroristas, e ver se alguém pode afirmar que são civis desarmados sendo atacados por Gaddafi, como alega a midia ocidental. Por quê, então, é que a OTAN apoia esses terroristas?

O trabalho chama-se: Grupos Armados destroem a Praça Ashuhador em Zawia:
Grupos armados destruyen la plaza de Ashuhador en Zawia

Autores: Flavio Signore y Leonor Massanet



Neste vídeo você pode ver e ouvir civis falando sobre os horrores que sofreram, crimes perpetrados não por "civis desarmados sendo atacados por Gaddafi," mas por terroristas armados que tomaram esta cidade no oeste da Líbia entre Tripoli e a fronteira da Tunísia:

“Os grupos armados entraram na cidade, incendiaram e destruíram vários lugares e eles começaram a matar pessoas”.

“Eles usaram armas contra civis desarmados”

“Sofremos muito quando eles estavam aqui”

“Eles entraram em nossas casas e fizeram coisas horríveis com nossas esposas”

“Agora estamos de volta ao normal, as pessoas estão a trabalhar e a Universidade está aberta novamente. As coisas voltaram ao normal”.

Relatório da Leonor Massanet e Flavio Signore (resumo):

“Pelo que foi supostamente cometido em Zawiya e em outros lugares, a ONU emitiu a Resolução 1973, que autorizou a intervenção militar ocidental. As contas das testemunhas que encontramos nesta cidade completamente contradizem a versão oficial até agora espalhada pela mídia ocidental”.

“Após o cerco de 20 dias e os ultrajes contra direitos civis e humanos cometidos em Zawiya pelos rebeldes, as Forças Armadas da Líbia vieram e libertar a cidade”.

Conta uma testemunha ocular:

“Em 22 de fevereiro, as pessoas que nós sabemos agora foram dos grupos da Al-Qaeda e wa Altakfir Alhejara (extremistas islâmicos), entraram na praça de Ashuhador em Zawiya, destruindo e queimando casas e prédios ... as pessoas se esconderam em suas casas até que o exército veio para libertá-las”.

“Os civis nos mostraram um filme feito com um telefone celular de matança cruel e terrível, as pessoas terem suas cabeças cortadas com facas, como se fossem animais sendo abatidos. Os extremistas, após cada abate, gritaram Allahu Akhbar! As pessoas dizem que não foram líbios, eles eram barbudos e tinha roupas distintivas”.

“Nos primeiros dias do conflito, estávamos todos despreparados e 90% daqueles que vieram eram estrangeiros, que saqueavam. Eles destruíram o Congresso do Povo, onde tomamos nota do que precisamos, os escritórios de segurança social, o cartório, o congresso geral, todas as seções, o escritório que elabora planos para empresas e assim por diante”.

“Qualquer um que apoiou o líder, eles cortaram sua garganta em público e usaram nossas mesquitas para organizar festas.

“Então NATO veio e bombardeou a periferia da nossa cidade”.

Eu descanso o meu caso.

Mais informações sobre a Líbia a partir de: Notícias da Líbia (em espanhol)

Moloch e a pedra de Sísifo

 





Segue, abaixo, um trecho da conferência de Günter Grass à Associação Alemã de Jornalistas, publicada na íntegra na edição dominical do jornal espanhol El País.
O mito (grego) de Sísifo é mais um de seus congêneres a ilustrar o inconformismo humano diante da vontade dos deuses, estes nem sempre ao par com nossas expectativas sobre o quê é ou como deveria ser a vida.
Sísifo (o mais solerte e audacioso dos mortais”) [1] consegue enganar a Morte (duas vezes!) até que esta, finalmente, o captura e, pela ousadia, o condena a rolar eternamente um bloco de pedra montanha acima. Eternamente por quanto ao chegar no cume da montanha o bloco, sempre, volta a rolar montanha abaixo...

Günter Grass, na mencionada conferência, remete à Sísifo por conta de uma citação de Albert Camus relativa à importância da luta: Há que imaginar-se a Sísifo, feliz”.
Certo. É uma interpretação. Boa e plausível. Afinal é Camus.
Contudo, a pedra de Sísifo pode significar, também, a própria Morte e, neste caso, seu contínuo rolar sugere algo como o samsara dos hindus.
Daí, talvez -de uma interpretação subjetiva- a preferência pela imagem do deus Moloch para ilustrar esta breve apresentação de palavras selecionadas de Günter Grass.
Ao citar Moloch (e não Murdoch...) Grass, claramente, o faz dentro de um contexto no qual a mais conhecida das características de Moloch parece-lhe servir a contento, no sentido da audiência melhor introjetar sua crítica a uma característica dos deuses contemporâneos: engolir os rebentos da sociedade que os louva.

Com a palavra Günter Grass.
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[1] Junito de Souza Brandão Mitologia Grega vol. I p. 226 3a. edição ed. Vozes Petrópolis RJ 1987

(Nobel de Literatura 1999)
Excertos [1]

...representações de interesse, ou lobbies, em uma sociedade considerada pluralista...
Esses lobbies, com sua ganância, existem e visam a República... grupos da indústria farmacêutica ... seguros de saúde... até hoje impedem uma reforma socialmente sustentável na Saúde Pública .
Não em último lugar estão os todo-poderosos bancos, cuja atividade extorsiva toma como refém o Parlamento e o Governo. Os bancos apresentam-se como um destino inevitável. Eles têm vida própria. Seus conselhos de administração e os principais acionistas estão organizados como uma sociedade paralela. Ao final as conseqüências de uma gestão financeira baseada no risco hão de recair sobre o contribuinte. Somos nós a responder pelos bancos cujas bocas bilionárias jamais se dão por saciadas.
Naturalmente também os jornais e revistas, isto é, os jornalistas, estão expostos a essa onipotência. Não há necessidade de nenhuma censura à moda antiga, basta, apenas, a mera concessão ou negação de anúncios para chantagear uma imprensa cuja existência (de qualquer modo) encontra-se ameaçada. No entanto, a despeito dos pactos-de-silêncio subliminares, será necessário chegar ao fundo das coisas através de um jornalismo consciente e informar o público sobre o ilegítimo exercício de poder dos lobistas.

Também não é aceitável que políticos (de alto nível inclusive) tão logo deixem seus mandatos públicos, passem a ocupar cargos de direção e generosamente remunerados em consórcios, associações ou grupos de interesse privado. ... saber que o Sr. X -que por muito tempo trabalhou em um Ministério Federal e em seguida no Banco Central- atenderá ao elogioso convite que lhe faz uma associação nacional de empresários... ora! A condição de insider do Sr. X beneficiará ainda mais um grupamento já poderoso. Esta e outras mudanças de posições ilustram situações claramente abusivas.

O desvio desagregador em direção a uma sociedade de classes com uma maioria a empobrecer e uma minoria rica separando-se aos poucos; incapacidade e impotência dos parlamentares eleitos diante do poder concentrado dos grupos de interesse e o arrocho imposto pelos bancos tornam urgente a realização de algo até agora impronunciável: colocar em discussão o modelo do sistema. ... trata-se de, a partir de toda a sociedade, formular questões reivindicativas? É aceitável -mesmo em um sistema capitalista democrático- que uma economia financeira em larga medida dissociada da economia real possa ameaçar a sociedade com as crises que fabrica? Devemos aceitar como válidas para nós questões de fé como: mercado, consumo e lucro?

Para mim, em qualquer caso, está claro que o sistema capitalista, fomentado pelo neoliberalismo e sem alternativa, tal como agora se apresenta, se degenerou em uma máquina de destruição do capital e, distante da (em outros tempos) bem sucedida economia social de mercado, tornou-se um Moloch: consome os rebentos da economia real apenas para satisfazer um apetite a-social e impossível de ser refreado por qualquer lei.
Então, surge a pergunta: o modelo de sociedade que escolhemos, isto é, a democracia parlamentar... ?ainda tem a força e a vontade necessárias para evitar o processo de desintegração ao qual encontra-se submetida? Ou, doravante, deverá ser relegada qualquer tentativa de reforma e de controle dos bancos e seus métodos de administrar o capital, quero dizer: obrigá-los a trabalhar para o bem comum...

Uma coisa parece certa: se as democracias ocidentais demonstrarem-se incapazes de realizar as reformas fundamentais necessárias para enfrentar os perigos concretos e iminentes (bem como os previsíveis), não poderão suportar o quê, nos próximos anos, será inevitável: crises a produzir outras crises, aumento incontrolável da população mundial, fluxos de refugiados desencadeados pela falta de água, fome, empobrecimento, e mudanças climáticas provocadas pela ação humana. E, entre tantas ocorrências desastrosas, uma quebra da ordem democrática propiciaria e neste sentido não nos faltam exemplos- um vazio que poderá ser ocupado por forças cujos possíveis perfis ultrapassam nossa imaginação, por mais que sejamos gatos escaldados e marcados pelas consequências ainda visíveis do fascismo e do stalinismo.

Suponho que essas idéias possam ser adequadas para definir o trabalho dos jornalistas.
... a existência da humanidade sobre este planeta azul é fato recente e nossa continuidade depende do que fizermos ou deixarmos de fazer. Somos responsáveis pelo planeta e nossa condição de vida. O temos espoliado e desfigurado muito, de modo a deixar para nossos descendentes uma herança inevitável. De tal modo que se impõe reconhecermos e identificar essas e outras verdades.

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[1] de conferência proferida em Hamburgo (02. 07. 2011) e publicada na íntegra no jornal espanhol El País Domingo p.10/11(24.07.2011). Traduzidos da versão espanhola realizada por Miguel Saénz.

Enviado por Homero Mattos Jr.

Israel e a primavera Árabe


Israel tenta pegar carona na Primavera Árabe

28/7/2011, *M K Bhadrakumar, Asia Times Online
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Depois de ter permanecido na sombra por quase oito meses, tentando entender o significado e avaliar os riscos da Primavera Árabe, Israel de repente voltou à cena, na 3ª-feira. Em movimento sem precedentes, o presidente israelense Shimon Peres convocou a imprensa árabe e anunciou que Israel apóia a mudança de regime em Damasco, Síria.

Até agora, Israel dedicara-se, atentamente, a não se identificar com a Primavera Árabe. Preferiu concentrar-se mais no que viria depois de mudados os regimes, do que em promover revolucionários nas barricadas. No caso da Síria, até se chegou a suspeitar que Israel estivesse secretamente envolvida na preservação do regime do presidente Bashar al-Assad, vendo-o como uma espécie de barreira de proteção, entre Israel e o dilúvio (a ascensão de um governo da Fraternidade Muçulmana).

Na 3ª-feira, Peres, num só golpe, apagou qualquer vestígio de ambigüidade estratégica. “Assad tem de sair. Quanto antes sair, melhor para o povo sírio” – disse Peres. O presidente israelense saudou os manifestantes anti-Assad: “É fácil [para os Sírios] sair à rua e protestar. Mas e quando o exército [sírio] atira contra o próprio povo? É espantoso. A coragem e a firmeza são prova da honra dos sírios”.

Peres insistiu em que a mudança de regime em Damasco trabalha a favor da paz entre árabes e israelenses. Mostrou-se absolutamente confiante de que o regime que suceda Assad em Damasco firmará um tratado de paz com Israel: “Os que buscam a paz prevalecerão”.

É novidade absoluta.

Por que Israel optou por expor a própria ambigüidade estratégica em relação à Síria? Israel, afinal, sabe, é claro, perfeitamente, que qualquer mudança de regime em qualquer ponto do mundo árabe, sob as atuais condições, sempre, e necessariamente trabalhará contra os interesses de Israel. O Egito é caso típico em que, se e quando o governo de transição passar o poder a governo eleito, não haverá como algum governo eleito deixar de considerar o forte desejo popular de que uma nova política externa egípcia opere para distanciar o país, ao mesmo tempo, de EUA e Israel.

Uma grande maioria de egípcios exigirá que seu governo eleito distancie-se de qualquer modalidade de cooperação próxima com Israel, em questões econômicas e de segurança. Israel assiste, com ansiedade, a possibilidade de que se construam laços de simpatia entre o Egito e o Irã. O chefe da inteligência militar israelense major-general Aviv Kochavi fez, recentemente, declaração espantosa: disse que o Irã estaria financiando secretamente a Fraternidade Muçulmana no Egito. Em resumo: para Kochavi, Israel não se poderia dar o luxo de ser otimista em relação ao resultado de uma mudança de regime na Síria.

O cálculo de Peres parece ser diferente. O que transparece é que Israel, agora, completou uma avaliação ‘fria’ e concluiu que, de fato, são mínimas as possibilidades de que haja qualquer tipo de mudança de regime em Damasco. Patrick Seal, arabista e autor conhecido, resumiu bem, semana passada:

“A situação em Damasco não chegou à massa crítica. Damasco não se levantou contra Assad, os serviços de segurança não deixaram de apoiar Assad, a economia não entrou em colapso. O regime parece fraco, mas a oposição parece ainda mais fraca. Quanto mais tempo passar, e mais mortos houver, mais difícil será encontrar uma solução. É indispensável encontrar solução negociada. Se não se conseguir isso, haverá guerra civil.”

Israel também parece estar decepcionada por não ver nem sinal de ação internacional concertada contra a Síria, como aconteceu na Líbia. No mínimo, as humilhações e baixas que Muammar Gaddafi lhes está impondo na guerra da Líbia parecem ter ensinado as potências ocidentais a avaliar mais objetivamente a ideia de abrir novo flanco de guerra na Região, dessa vez na Síria, pelo menos em futuro próximo.

Os BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – com o Líbano – estão contendo qualquer movimento das potências ocidentais, impedindo até uma discussão no Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria. Recente visita a Damasco, do secretário-geral da Liga Árabe Nabil Elaraby, mostrou que, sim, os ventos regionais já sopram a favor de Assad.

A Turquia, outra vez, contra Israel

Por algum tempo, recentemente, Israel acalentou esperanças de reaquecer os laços hoje moribundos que a ligaram à Turquia, no campo da segurança; e de construir um movimento de pinça ascendente, contra a Síria, pelo norte e pelo sul. As coisas até pareceram estar andando bem nas últimas semanas, rumo a uma normalização das relações Israel-Turquia, com diplomatas dos dois lados trabalhando para neutralizar a amarga lembrança do ataque israelense contra o comboio humanitário que tentava chegar a Gaza vindo de Istambul, ano passado; naquele ataque, morreram nove cidadãos turcos.

Mas a coisa novamente desandou. Transpiraram notícias de que Ancara insiste na exigência de que Israel apresente desculpas formais, o que dificilmente acontecerá porque, se acontecer, implicará expor o exército de Israel a acusação também formal, de prática de crime. Os turcos agora ameaçam punir Israel.

“A bola está no campo israelense. Se pedir desculpas, tudo bem. Se não, teremos de recorrer ao Plano B” – disse um alto funcionário da Turquia à Agence France-Presse. Acrescentou que a Turquia considera acusar e processar formalmente os comandos israelenses que atacaram o comboio humanitário; e que analisa também a possibilidade de “diminuir ainda mais a representação diplomática e adiar o reconhecimento de novos enviados que Israel mande à Turquia”.

O ministro turco das Relações Estrangeiras fez declaração em que critica o recente movimento de Israel, de construir novas colônias nos territórios palestinos ocupados.

Antes, no sábado, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ao falar numa conferências de enviados palestinos em Istambul, disse, na presença de Mahmoud Abbas, da Autoridade Palestina: “A menos que recebamos pedido formal de desculpas pela morte de nove cidadãos turcos, até que suas famílias sejam indenizadas e até que o bloqueio de Gaza seja completamente levantado, as relações entre Turquia e Israel não serão normalizadas”. E ameaçou visitar Gaza.

Ancara sabe que são exigências humilhantes que, ainda que o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu desejasse atender, num espírito de realpolitik ou pragmatismo, não seriam aceitas pela opinião pública em Israel. Pode-se concluir que os turcos estão trabalhando exclusivamente para dificultar o mais possível, para Israel, o trabalho de recompor as relações entre os dois países. Repentinamente, os turcos parecem ter perdido o ímpeto na direção de “normalizar” as coisas com Israel (como os norte-americanos desejam), na atual conjuntura.

A secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton visitou a Turquia há dez dias e fez inúmeras declarações elogiosas ao grande destino da Turquia como líder no Oriente Médio. O novo diretor da CIA-EUA, David Petraeus, também passou pela Turquia, na viagem de volta aos EUA, ao deixar o comando no Afeganistão. Tudo levava a crer que a Turquia morderia o fruto-tentação de aceitar alguma proposta para agir como cabeça de ponte, numa intervenção concertada, contra a Síria.

Mas Ancara avaliou cuidadosamente as vantagens de pôr-se como agente instigador de uma mudança de regime em Damasco. E parece ter chegado à conclusão de que os perigos que se criariam para sua própria integridade territorial ultrapassam em muito qualquer vantagem geopolítica que Washington possa prometer. Em palavras mais simples: não interessa à Turquia ser vista como ‘aliada’ de Israel nesse momento. E assim, desmoronam quaisquer esperanças que Israel acalentasse de começar a romper seu isolamento regional, reinventando um eixo Israel-Turquia, contra a Síria.

O que preocupa Ancara é que os desenvolvimentos na Síria parecem estar tomando rumo perigoso na direção de guerras religiosas, sem qualquer tipo de contenção possível, como as guerras religiosas que devastaram o Líbano nos anos 1980s – o que seria terrível, em país tão próximo da Turquia.

A sequência de eventos disparados pelo terrível assassinato de três famílias da tribo Alawi, mortos por extremistas salafitas na cidade de Homs, próxima da fronteira turca, é prova das consequências gravíssimas que adviriam de qualquer desvio incontrolado que aconteça nos movimentos democráticos na Síria – que, nos últimos meses, têm sido patrocinados por Ancara.

Uma onda de ressentimento anti-salafitas varre a Região, entre xiitas e alawitas. As paixões sectárias e religiosas ameaçam como vírus adormecido. Ancara é suficientemente sensível para saber que há extremistas salafitas, muitos dos quais ligados à al-Qaeda e veteranos calejados da guerra do Iraque, infiltrados nas manifestações de rua na Síria.

Se irromper na Síria uma guerra civil semelhante a que houve no Líbano, será apenas questão de tempo, e a Turquia também se incendiará. Os xiitas e alawitas na Turquia (cerca de 20% da população turca) envolver-se-ão instintivamente na guerra síria. Na sociedade turca, as tensões entre alawitas e salafitas são visíveis, bem à superfície.

Os grupos alawitas na Turquia formaram uma organização guarda-chuva conhecida como Fundação Alawi-Bektashi, que regularmente distribui manifestos para sensibilizar a comunidade mundial sobre alegadas “violações de direitos dos alawitas, casos de tratamento desigual e discriminatório” e “crimes de ódio” cometidos por salafitas associados à comunidade Fetullah Gulen.

O último desses manifestos alawitas, intitulado “A comunidade Gulen contra os alawitas” detalha que a comunidade Gulen de salafitas na Turquia está empenhada em “guerra negra de propaganda contra os alawitas”, acusados de ter “tomado o judiciário e o exército. Na Turquia há um secularismo sectário. Uma elite alawita governa como quer as massas sunitas”, e por aí vai.

Reação dos curdos

Mas o risco contra o qual a Turquia tem realmente de precaver-se é a quase inevitável reação dos curdos, cujos primeiros sinais começam a aparecer. O apoio da Turquia à oposição síria já expôs alguns sinais da proximidade entre os curdos e Damasco.

Se for empurrada para as cordas, Damasco pode retaliar contra a interferência turca, garantindo a cidadania síria aos colonos curdos que vivem no nordeste da Síria, sobretudo em Qamishli, o que sem dúvida será causa de graves dores de cabeça para Ancara, no longo prazo.

Bem visivelmente, os partidos curdos já se estão separando dos salafitas no norte da Síria, e sinalizam a disposição para trabalhar a favor do regime sírio. Há quem diga que, se a situação deteriorar, Damasco poderá ficar sem alternativa senão armar os grupos curdos para oporem-se aos salafitas.

Em resumo, Ancara sabe que patina sobre gelo muito fino, se contribuir para empurrar o regime sírio na direção de uma posição sem volta. A verdade mais simples é que os curdos como fazem invariavelmente adotarão a posição que Ancara adote. Abudllah Ocalan, líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, viveu muitos anos exilado na Síria.

A questão da interferência da Turquia na Síria já levou os destacados líderes curdos Jalal Talabani (que é presidente do Iraque) e Massoud Barzani (que é presidente da Região Curda) a manifestarem apoio a Damasco. (O primeiro-ministro do Iraque, Nuri al-Maliki, também manifestou solidariedade ao regime sírio, ao assinar acordo para fornecer 150 mil barris de petróleo à Síria.).

Noutro momento, foi vitória histórica da “diplomacia coercitiva” da Turquia que, em 1998, Ancara tenha reunido tropas na fronteira síria, ameaçando invadir o país e, com isso, conseguiu literalmente obrigar Damasco a aceitar a “desmilitarização” das regiões de fronteira com a Turquia – e a expulsar Ocalan.

Agora, no contexto de uma possível interferência turca na atual situação, Damasco já enviou forças especiais para a região da fronteira com a Turquia, depois de 13 anos de “desmilitarização” daquela área.

Além disso, Damasco optou por mandar para a fronteira a 15ª Divisão de seu exército, formada predominantemente de sunitas e comandada por oficiais sírios sunitas – esvaziando o fácil pressuposto dos turcos, de que os oficiais sunitas do exército sírio estariam a ponto de desertar e abandonar o regime de Assad.

Em termos gerais, Israel acertou ao avaliar que os turcos começam a entender a mensagem de Assad, e preparam-se para alinhar-se ao lado do regime sírio.

Ancara já começa a baixar o tom da retórica anti-Síria e gradualmente está retomando sua velha plataforma de “zero problemas” com os vizinhos difíceis.

Ironia, nesse processo, é que Ancara também está sendo compelida a retomar termos mais amigáveis com o Irã e lançou ofensiva militar concertada contra guerrilheiros curdos no norte do Iraque, depois que 13 soldados turcos foram mortos, dia 14 de julho, na província de Diyarbakir, no leste da Turquia.

Em movimento brilhante, de timing impecável, o exército do Irã iniciou operações dia 16 de julho contra os rebeldes curdos nas montanhas Kandil no norte do Iraque. Paralelamente, os militares turcos também iniciaram operação no território iraquiano próximo da fronteira, na província de Hakkari, no leste da Turquia.

Ancara está fazendo o que pode, declarando que as operações iranianas e turcas não foram coordenadas. Talvez não, no plano oficial. Teerã não desmentiu. Mas os israelenses são suficientemente espertos e sabem perfeitamente bem o que está acontecendo – que alguém está trabalhando para refrescar a memória dos turcos, obrigando-os a considerar que ainda há um problema curdo não resolvido; que Ancara tem de prestar atenção aos curdos; e que, quanto a isso, Turquia, Síria, Iraque e Irã têm interesses comuns.

Evidentemente, Israel concluiu que o eixo Síria-Irã permanece intacto em larga medida, apesar da descomunal pressão que faz a Arábia Saudita, para que Assad rompa com Teerã; que o regime sírio absolutamente não está à beira do colapso, apesar da pressão organizada que sofre da Turquia, da Arábia Saudita, da França e dos EUA; e que o Qatar – o qual, dentre os estados árabes do Golfo Persa, sempre é o mais rápido – já adivinhou que a Primavera Árabe na Síria será disputa duríssima, muito mais dura que na Líbia; e que Doha de modo algum planeja entrar em luta de pesos muito mais pesados que ela.

Interessante observar que o Qatar fechou sua embaixada em Damasco e deu o fora, depois dos ataques às embaixadas dos EUA e França e à sede da rede al-Jazeera na capital síria. Mais importante que isso, Israel constata que a Turquia já começou a retroceder, na trilha que poderia levá-la a intervir na Síria.

Em resumo, o espectro que ronda Israel é que, se os tumultos na Síria começarem a arrefecer, a atenção da comunidade internacional inevitavelmente voltará a concentrar-se na questão palestina. Abbas ainda não desistiu de obter da ONU que reconheça o Estado da Palestina, na próxima sessão da Assembleia Geral, em New York, em setembro.

A surpreendente declaração do presidente Peres é esperta tentativa para (re) incendiar a questão síria. Interessa muitíssimo a Israel que, no caso de que irrompa na Síria outra guerra civil nos moldes da guerra do Líbano, árabes, curdos e turcos ponham-se a matar-se uns os outros.

Em nenhum outro momento da Primavera Árabe, que raiou no Maghreb em dezembro passado, cobrando a vida de um vendedor de rua em Túnis, alguém previu que chegaria o dia de Israel apresentar-se como garota-propaganda da democracia no Levante, embora para expandir a guerra. O Oriente Médio é caixinha inesgotável de surpresas.

Embaixador*M K Bhadrakumar foi diplomata de carreira; serviu no Ministério de Relações Exteriores da Índia. Ocupou postos diplomáticos em vários países, incluindo União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão, Kuwait e Turquia.

O uso político da imprensa


Do Blog do Azenha


do deputado Paulo Pimenta, via e-mail
Na última sexta (22), o Jornal O Estado de São Paulo fez mau uso do jornalismo, ao trazer uma matéria tendenciosa aos seus leitores sobre a BR 448 no Rio Grande do Sul e a construção de moradias para as famílias que viviam no local por onde está sendo construída a rodovia.
Na corrida por manchetes, o Jornal Estado de São Paulo elaborou um grande factóide: “Petista do Dnit liberou R$ 30 milhões para prefeito aliado construir casas”.
No texto, o Jornal O Estado de São Paulo, sob tom de denúncia, tratava por irregularidade as exigências feitas pelo Governo Yeda Crusius para a construção da BR 448 no Rio Grande do Sul. Entre elas, a licença ambiental elaborada pela FEPAM, que só autorizaria a obra a partir da remoção com segurança das famílias da Vila Dique, local por onde passará a rodovia. O DNIT fez o repasse dos recursos para a Prefeitura de Canoas, que cedeu as áreas para a construção das novas residências.
Com um jornalismo superficial, sem comprometimento com a informação e por falta de conhecimento, o Jornal O Estado de São Paulo agiu de má-fe ou deixou-se manipular e usar politicamente, algo imperdoável no meio.
Dizia: “O dinheiro do contrato, celebrado em 2010 pelo prazo de dois anos, não é para melhoria de estradas. É destinado à construção de 599 unidades habitacionais para 2 mil sem-terra que ocupam a chamada “Vila do Dique”, um terreno próximo à construção da BR-448, obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que liga Porto Alegre a outras cidades gaúchas. Dos R$ 30 milhões previstos, R$ 28 milhões são do Dnit”.
O que o Jornal O Estado de São Paulo omitiu é que a própria Constituição Federal previu a desapropriação nos casos de “necessidade ou utilidade pública” e “interesse social”. Aliás, talvez saiba sim! Talvez o equívoco tenha ocorrido por falta de disposição em sair do ar-condicionado das modernas redações e procurar conhecer mais de perto a realidade dos brasileiros. Hoje, as matérias são feitas por telefones, emails, a quilômetros de distância. E os eventuais equívocos não são por culpa dos avanços tecnológicos.
Ao ignorar alguns dos princípios básicos do jornalismo, como falta de apuração criteriosa e ao omitir de seus leitores o outro lado da história, para que os próprios fizessem suas análises, e não os induzindo a certas conclusões, o Jornal O Estado de São Paulo fez o que o próprio jornal e a grande imprensa brasileira vivem condenando: a falta de transparência e a omissão de quem pode contribuir para uma melhor formação no país.
Veja a verdade:
 

O Que É o Mecanismo Mandrake?








 

Capítulo 10 do livro The Creature of Jekyll Island, de G. Edward Griffin

Esta será a lição financeira mais importante de sua vida!
























O mecanismo Mandraque é o método pelo qual o Sistema da Reserva Federal cria dinheiro a partir do nada; o conceito de usura como o pagamento de juros em pretensos empréstimos; a verdadeira causa do tributo oculto chamado de inflação; o modo como um banco central cria os ciclos de expansão rápida e estouro da bolha.








Nos anos 1940s havia um personagem de revista em quadrinhos chamado Mandrake, o Mágico. A especialidade dele era criar coisas a partir do nada e, quando apropriado, fazê-las desaparecer. É adequado, portanto, que o processo a ser descrito nesta seção seja nomeado em sua honra.



Nos capítulos anteriores, examinamos a técnica desenvolvida pelos cientistas políticos e financeiros para criar dinheiro a partir do nada para o propósito de emprestá-lo. Essa não é uma descrição totalmente exata, pois implica que o dinheiro é criado primeiro e então aguarda que alguém o tome emprestado.
Por outro lado, os livros-texto sobre bancos dizem frequentemente que o dinheiro é criado a partir da dívida. Isto também é enganoso, porque implica que a dívida existe primeiro e então é convertida em dinheiro. Na verdade, o dinheiro não é criado até o instante em que é tomado emprestado. É o ato de tomar emprestado que faz o dinheiro aparecer. A propósito, o ato de pagar a dívida é que faz o dinheiro desaparecer. Não existe uma frase curta que descreva perfeitamente este processo. Portanto, até que uma frase seja inventada ao longo do caminho, continuaremos a usar a expressão "criar dinheiro a partir do nada" e, ocasionalmente, acrescentaremos "para o propósito de emprestá-lo", quando for necessário clarificar melhor o significado.



Assim, vamos ver agora o quão longe esse processo de dinheiro/criação de dívida foi levado — e como ele funciona.



O primeiro fato que precisa ser considerado é que nosso dinheiro hoje não tem lastro algum em ouro ou prata. A fração não é 54%, nem 15%. É 0%. Nosso dinheiro percorreu o caminho de todas as moedas fracionárias anteriores na história e já se degenerou em dinheiro totalmente fiduciário. O fato que a maior parte dele esteja na forma de saldo no talão de cheques, em vez de notas de papel, é uma mera tecnicidade; e o fato de os banqueiros falarem sobre "coeficientes de reserva" é para esconder a situação. As assim chamadas reservas às quais eles se referem são, na verdade, títulos e outros certificados da dívida do Tesouro.


Nosso dinheiro é totalmente fiduciário.



O segundo fato que precisa ser claramente compreendido é que, a despeito do jargão técnico e dos procedimentos aparentemente complicados, o mecanismo real pelo qual o Sistema da Reserva Federal cria dinheiro é bastante simples. Ele faz isso exatamente do mesmo modo como os ourives do passado faziam, exceto, é claro, que estes estivessem limitados pela necessidade de guardar alguns metais preciosos em reserva, enquanto que o Fed não tem esse tipo de restrição.



A Reserva Federal é cândida e incrivelmente franca com relação a esse processo.
Um livreto publicado pelo Banco da Federal Reserve de Nova York diz:


"A moeda não pode ser resgatada, ou permutada, por ouro do Tesouro, ou por qualquer outro ativo usado como lastro. A questão de quais bens exatamente 'lastreiam' as notas da Federal Reserve tem pouca importância, exceto contábil."


Adiante na mesma publicação, somos informados que: "Os bancos estão criando dinheiro com base na promessa de um tomador de empréstimos pagar (a Nota Promissória)... Os bancos criam dinheiro 'monetizando' as dívidas privadas das empresas e das pessoas físicas.".
Em um livreto intitulado Modern Money Mechanics, o Banco da Reserva Federal de Chicago diz:


"Nos Estados Unidos nem o papel-moeda nem os depósitos têm valor como commodities. Intrinsecamente, a nota de um dólar é apenas um pedaço de papel. Os depósitos são meramente informações contábeis. As moedas têm certo valor intrínseco como metal, porém geralmente muito menos do que seu valor de face."



O que, então, torna esses instrumentos — cheques, notas e moedas — aceitáveis em valor de face no pagamento de todas as dívidas e outros usos monetários? Principalmente, é a confiança que as pessoas têm que poderão trocar esse dinheiro por outros ativos financeiros, ou por bens e produtos reais sempre que quiserem. Isto parcialmente é uma questão de lei; a moeda foi designada "meio legal de pagamento" pelo governo — isto é, ela precisa ser aceita.



Nas letras miúdas de uma nota de rodapé em um boletim do Banco da Federal Reserve de St. Louis, encontramos a seguinte explicação surpreendentemente cândida:


"Os sistemas monetários modernos têm uma base fiduciária — literalmente dinheiro por decreto do governo — com as instituições depositárias atuando como agentes fiduciários, criando obrigações contra si mesmas com a base fiduciária atuando em parte como reservas. O decreto aparece nas notas do dólar: 'Esta nota é um meio legal para pagamento de todas as dívidas públicas e privadas.'"



Embora nenhum indivíduo possa se recusar a aceitar esse dinheiro para o pagamento de uma dívida, os contratos poderiam facilmente ser redigidos de forma a evitar o uso do dinheiro nas transações diárias. Entretanto, uma explicação vigorosa sobre o porquê do dinheiro ser aceito é que o governo federal o requer como pagamento dos impostos devidos. A expectativa da necessidade de zerar essa dívida cria uma demanda pelos puros dólares fiduciários.



O dinheiro desapareceria sem as dívidas



É difícil para as pessoas compreenderem o fato que toda a base monetária (a quantidade de dinheiro no país, tanto na forma de notas, moedas e depósitos em contas bancárias) está lastreada por nada, exceto dívidas, e causa ainda mais perplexidade visualizar que, se todos pagassem tudo o que tomaram emprestado, o dinheiro deixaria de existir.



É verdade, não haveria um único centavo em circulação — todas as moedas e todas as notas de dinheiro seriam devolvidas aos cofres dos bancos — e não haveria um único dólar nas contas correntes nos bancos de ninguém. Em suma, todo o dinheiro desapareceria.



Marriner Eccles era um governador (diretor) do Sistema da Reserva Federal em 1941. Em 30 de setembro daquele ano, ele foi convidado a dar um testemunho diante do Comitê de Bancos e Moeda da Casa dos Representantes. O propósito da oitiva era obter informações sobre o papel da Federal Reserve em criar as condições que levaram à depressão nos anos 1930.



O congressista Wrigth Patman, que era o presidente do comitê, perguntou como o Fed obteve o dinheiro para adquirir dois bilhões de dólares em títulos do governo em 1933.
Eis o diálogo que ocorreu:



Patman: — A partir do quê?


Eccles: — A partir do direito de emitir dinheiro para crédito.


Patman: — E não há nada por trás dele, certo? Exceto o crédito do nosso governo.


Eccles: — É assim que funciona nosso sistema monetário. Se não houvesse dívidas no nosso sistema monetário, não haveria dinheiro algum.



Deve-se compreender que, embora o dinheiro possa representar um patrimônio para indivíduos selecionados, quando ele é considerado como um agregado da base monetária total, ele não é um ativo de forma alguma. Uma pessoa que tome emprestado $1.000 pode pensar que aumentou sua posição financeira nessa quantia, mas na verdade isso não é verdade. O ativo de $1.000 em dinheiro está compensado por sua dívida no empréstimo de $1.000 e sua posição líquida é zero. As contas bancárias são exatamente o mesmo em uma escala muito maior. Acrescente todas as contas bancárias no país e seria fácil assumir que todo aquele dinheiro representa um gigantesco conjunto de ativos que suportam a economia. Todavia, cada fraçãozinha desse dinheiro é devida por alguém. Algumas pessoas não devem nada. Outras, devem várias vezes mais do que seu patrimônio. Quando tudo é somado, o saldo nacional é zero. O que pensamos ser dinheiro e apenas uma grande ilusão. A realidade é dívida.



Robert Hemphill foi o Gerente de Crédito do Banco da Reserva Federal em Atlanta. No prefácio de um livro de Irving Fisher, intitulado 100% Money, ele escreveu o seguinte:


"Se todos os empréstimos bancários fossem pagos, ninguém poderia ter depósitos nos bancos, e não haveria um único dólar ou moedas em circulação. Esta é uma ideia chocante. Somos totalmente dependentes dos bancos comerciais. Alguém tem de tomar emprestado cada dólar que temos em circulação, em dinheiro, ou em crédito. Se os bancos criarem dinheiro sintético de forma ampla, somos prósperos; caso contrário, passamos fome. Estamos totalmente sem um sistema monetário permanente. Quando se obtém uma compreensão completa do quadro, a situação absurdamente trágica da nossa situação sem saída é quase inacreditável — mas é assim que as coisas são."


Com o conhecimento que o dinheiro está baseado em dívidas, não deve ser surpresa saber que o Sistema da Reserva Federal não está nem um pouco interessado em ver uma redução da dívida no país, independente das declarações públicas em contrário.
Aqui está a conclusão das próprias publicações do Sistema. O Banco da Reserva Federal da Filadélfia diz:


"Um grande e crescente número de analistas, por outro lado, agora considera a dívida nacional como algo útil, se não uma bênção real... Eles acreditam que a dívida pública não precisa ser reduzida em absolutamente nada."


O Banco da Reserva Federal de Chicago acrescenta:



"A dívida — pública e privada — está aqui para ficar. Ela exerce um papel essencial no processo econômico... O que é necessário não é a abolição da dívida, mas um uso prudente e um gerenciamento inteligente."


O que há de errado com um pouco de dívida?



Há certo apelo fascinante para esta teoria. Ela dá àqueles que a expõem uma aura de intelectualidade, a aparência de serem capazes de compreender um princípio econômico complexo que está além da compreensão dos meros mortais. Para aqueles que não estão acostumados a raciocinar de forma acadêmica, oferece o conforto de pelo menos soar moderada. Afinal, o que há de errado com uma dívida pequena, usada com prudência e gerenciada de forma inteligente? A resposta é nada, desde que a dívida esteja baseada em uma transação honesta. Há muito de errado com ela se estiver baseada em uma fraude.



Uma transação honesta é aquela em que um tomador de empréstimo paga uma quantia combinada pelo uso temporário do patrimônio de um emprestador. Esse patrimônio poderia ser algo com valor tangível. Se fosse um automóvel, por exemplo, então o tomador do empréstimo pagaria "aluguel". Se fosse dinheiro, então o aluguel é chamado de "juros". De ambas as formas, o conceito é o mesmo.



Quando vamos até um emprestador — seja um banco ou uma pessoa — e pedimos um empréstimo em dinheiro, estamos dispostos a pagar juros porque reconhecemos que o dinheiro que estamos tomando emprestado é um ativo que queremos usar. Parece justo pagar um aluguel para a pessoa que é proprietária daquele ativo. Não é fácil adquirir um automóvel e não é fácil adquirir dinheiro — dinheiro real, claro. Se o dinheiro que estamos tomando emprestado foi obtido pelo esforço e talento de alguém, essa pessoa tem todo o direito de receber juros pelo empréstimo. Mas o que devemos pensar do dinheiro que é criado por uma mera canetada ou por uma rápida digitação no teclado de computador? Por que alguém deveria receber juros pelo empréstimo desse dinheiro?



Quando os bancos colocam crédito na sua conta corrente, estão meramente fingindo emprestar dinheiro a você. Na realidade, eles não têm nada a emprestar. Até mesmo o dinheiro que os depositantes com saldo positivo colocaram em suas contas foi originalmente criado a partir do nada em resposta ao empréstimo tomado por outra pessoa. Portanto, o que dá aos bancos o direito de cobrar juros sobre nada? É irrelevante que os homens em toda a parte sejam forçados pela lei a aceitar esses certificados de nada para poderem obter bens e serviços reais. Estamos falando aqui, não sobre o que é legal, mas o que é moral. Como Thomas Jefferson observou no tempo de sua batalha prolongada contra um banco central nos EUA: "Ninguém tem o direito natural ao negócio de emprestar dinheiro, senão aquele que tem dinheiro a emprestar.".



Terceira razão para abolir o sistema


Séculos atrás, a usura era definida como qualquer juro cobrado em um empréstimo. O uso moderno redefiniu como juro excessivo. Certamente, qualquer quantia de juros cobrada para um pretenso empréstimo é excessivo. Portanto, o dicionário precisa de uma nova definição:


Usura: cobrança de qualquer juro sobre um empréstimo de dinheiro fiduciário.


Portanto, vamos olhar para a dívida e para os juros sob essa luz. Thomas Edison resumiu a imoralidade do sistema quando disse:


"Aqueles que não lançam uma única pá de areia sobre um projeto de construção, nem contribuem com um quilograma dos materiais receberão mais dinheiro... do que aqueles que forneceram todos os materiais e fizeram todo o trabalho."



Isto é um exagero? Vamos considerar a aquisição de uma casa de $100.000 em que $30.000 representam o custo do terreno, os honorários do arquiteto, as comissões de vendas, alvará de construção, etc., e $70.000 é o custo da mão de obra e dos materiais de construção. Se o comprador fizer um pagamento de entrada de $30.000, então precisará tomar emprestado $70.000. Se um financiamento foi concedido a uma taxa anual de 11% por um período de trinta anos, a quantia de juros pagos será de $167.806. Isso significa que a quantia paga para aqueles que emprestaram o dinheiro é cerca de duas vezes e meia maior do que aquilo que foi pago àqueles que forneceram a mão de obra e todos os materiais de construção. É verdade que esse valor representa o valor-tempo daquele dinheiro ao longo de trinta anos e facilmente poderia ser justificado com base no fato que o emprestador merece ser recompensado por ceder o uso de seu capital por tanto tempo. Mas isso assume que o emprestador realmente tinha algo a entregar, que ele ganhou o capital, poupou e então o emprestou para a construção da casa de outra pessoa. Entretanto, o que devemos pensar a respeito de um emprestador que não ganhou o dinheiro, não o poupou, e, na verdade, simplesmente o criou a partir do nada?



Qual é o tempo-valor de nada?



Como já mostramos, cada dólar que existe hoje, seja na forma de moeda, saldo na conta bancária ou até dinheiro em cartão de crédito — em outras palavras, toda nossa base monetária — existe somente porque foi tomado emprestado por alguém; talvez não você, mas alguma outra pessoa.



Isso significa que todos os dólares americanos em todo o mundo estão produzindo juros diariamente para os bancos que os criaram. Uma porção de todo empreendimento comercial, todo investimento, todo lucro, toda transação que envolva dinheiro — e isso inclui até as perdas e o pagamento de impostos — uma porção de tudo o que é caracterizado como pagamento para um banco.



O que os bancos fizeram para ganhar esse rio de riqueza que flui perpetuamente? Eles emprestaram seu próprio capital obtido por meio do investimento dos acionistas? Emprestaram a poupança feita com os esforços de seus depositantes? Não, nenhuma dessas alternativas foi a principal fonte de renda deles. Eles simplesmente brandiram a varinha mágica chamada dinheiro fiduciário.



O fluxo dessa riqueza não-ganha sob o disfarce de juros pode somente ser vista como usura da mais alta magnitude. Mesmo se não houvesse outras razões para abolir o Fed, o fato de ser o instrumento supremo da usura já seria mais do que suficiente.



Quem cria o dinheiro para pagar os juros?


Uma das questões que mais causa perplexidade associada com esse processo é: "De onde vem o dinheiro para pagar os juros?" Se você tomar emprestado $10.000 de um banco a 9%, então você deve $10.900. Mas o banco somente fabrica $10.000 para o empréstimo. Parece, portanto, que não há um modo de você — e de todas as outras pessoas com empréstimos similares — poderem pagar sua dívida. A quantidade de dinheiro posta em circulação simplesmente não é suficiente para cobrir a dívida total, incluindo os juros. Isto levou alguns à conclusão que seria necessário para você tomar emprestado os $900 para os juros, porém isso, por sua vez, leva a ainda mais juros. A suposição é que, quanto mais você toma emprestado, mas precisará tomar e essa dívida baseada em dinheiro fiduciário é uma espiral infinita que leva inexoravelmente a mais e mais dívidas.



Esta é uma verdade parcial. É verdade que não há dinheiro suficiente criado para incluir os juros, mas é uma falácia dizer que o único modo de pagar é tomando mais emprestado. A suposição deixa de levar em conta o valor de troca do trabalho. Vamos assumir que você pague seu empréstimo dos $10.000 com prestações de cerca de R$900 por mês e que cerca de $80 disso representem juros. Você encontra certa dificuldade para conseguir efetuar os pagamentos, de modo que decide procurar um segundo emprego, em tempo parcial.



O banco, por outro lado, está agora ganhando $80 de lucro a cada mês com o empréstimo que você contraiu. Como essa quantia está classificada como "juros", ela não é extinta como a porção maior, que é uma devolução do empréstimo. Portanto, essa receita com juros é um dinheiro que pode ser gasto na conta do banco. O banco decide então que o piso de sua agência será encerado uma vez por semana. Você responde ao anúncio no jornal e é contratado a $80 por mês para fazer o serviço. O resultado é que você ganha o dinheiro para pagar os juros sobre o dinheiro que tomou emprestado, e — este é o ponto — o dinheiro que recebe é o mesmo dinheiro que você anteriormente pagou. Desde que você faça o serviço para o banco a cada mês, os mesmos dólares vão para o banco como juros, então saem como salário para você, e então voltam para o banco como pagamento pelo empréstimo.



Não é necessário que você trabalhe diretamente para o banco. Independente de como você ganhe o dinheiro, sua origem foi o banco e seu destino final é um banco. O circuito pelo qual o dinheiro circula pode ser grande ou pequeno, mas o fato permanece que todo juro é pago eventualmente por esforço humano. O significado desse fato é ainda mais chocante que a suposição que dinheiro suficiente não é criado para pagar os juros. É que o total desse esforço humano no fim é para o benefício daqueles que criaram o dinheiro fiduciário.



Isto é uma forma de servidão feudal, em que a grande massa da sociedade trabalha como vilões para uma classe governante de nobreza financeira.



Compreendendo a Ilusão...


Isto realmente é tudo o que se precisa saber sobre a operação do cartel bancário sob a proteção do Sistema da Reserva Federal. Entretanto, seria uma pena parar aqui sem examinar as roldanas, espelhos e alavancas que fazem o mecanismo mágico funcionar. É um sistema realmente fascinante de mistério e de enganação.



Vamos, portanto, voltar nossa atenção para o processo real pelo qual os mágicos criam a ilusão do dinheiro moderno. Primeiro, ficaremos de longe, para termos uma visão geral das ações que acontecem. Em seguida, nos aproximaremos para examinar cada componente em detalhe.



O Mecanismo Mandrake: Uma Visão Geral


Toda a função desta máquina é converter dívida em dinheiro. É simples assim. Primeiro, o Fed pega todos os títulos do governo que o público não comprou e preenche um cheque ao Congresso em troca deles. (O Fed também adquire outras obrigações da dívida, mas os títulos do governo constituem a maior parte de seu inventário). Não há dinheiro para pagar esse cheque. Esses dólares fiduciários são criados neste momento para este propósito. Chamando esses títulos de "reservas", o Fed então os usa como base para criar nove (9) dólares adicionais para cada dólar criado para os títulos. O dinheiro criado para os títulos é gasto pelo governo, enquanto que o dinheiro criado sobre esses títulos é a fonte de todos os empréstimos bancários feitos para as empresas e pessoas físicas do país. O resultado desse processo é o mesmo que criar dinheiro nas impressoras de uma gráfica, porém a ilusão está baseada em um truque contábil, em vez de em um truque gráfico.
A conclusão é que o Congresso e o cartel bancário entraram em uma parceria em que o cartel tem o privilégio de receber juros sobre o dinheiro que cria a partir do nada, uma perpétua comissão paga por cada dólar americano que existe no mundo.



O Congresso, por outro lado, tem acesso a fundos ilimitados sem ter de dizer aos eleitores que seus impostos estão sendo elevados por meio de um processo inflacionário. Se você compreende este parágrafo, pode-se dizer que compreende o Sistema da Reserva Federal.
Agora, uma visão mais detalhada. Existem três modos gerais em que a Reserva Federal cria dinheiro fiduciário a partir da dívida:



Um é fazendo empréstimos aos bancos-membro por meio daquilo que é chamado de Janela de Desconto.
O segundo é compra


ndo títulos do Tesouro e outros certificados da dívida por meio daquilo que é chamado Comitê do Mercado Aberto.



O terceiro é mudando o assim chamado coeficiente de reserva que os bancos-membro têm de manter. Cada método é meramente um caminho diferente para o mesmo objetivo: pegar as notas promissórias e convertê-las em dinheiro que possa ser gasto.



A Janela de Desconto


A Janela de Desconto é meramente a linguagem dos banqueiros para uma janela de empréstimo. Quando os bancos ficam com pouco dinheiro, a Reserva Federal está a postos como o "banco dos banqueiros" para emprestar dinheiro. Existem muitas razões para os banqueiros precisarem tomar empréstimos. Como eles mantêm "reservas" de somente 1% ou 2% de seus depósitos no cofre de dinheiro, e 8 a 9% em títulos, a margem operacional deles é extremamente estreita. É comum para eles experimentarem saldos negativos causados por demanda incomum dos clientes por dinheiro, ou um número incomum de cheques de alto valor sendo compensados por outros bancos ao mesmo tempo. Algumas vezes, eles fazem empréstimos ruins e, quando esses antigos "ativos" são removidos de seus livros contábeis, a "reserva" deles também decresce e pode, na verdade, se tornar negativa. Finalmente, existe o motivo do lucro. Quando os bancos tomam emprestado da Reserva Federal a uma taxa de juros e emprestam para seus clientes a uma taxa mais alta, há uma óbvia vantagem. Mas isso é meramente o início.



Quando um banco toma emprestado um dólar do Fed, esse dinheiro se torna uma reserva de um dólar.



Como os bancos são obrigados a manterem reservas de somente 10%, eles na verdade podem emprestar até 9 dólares para cada dólar que tomaram emprestado.



Vamos examinar a matemática. Assuma que o banco receba $1 milhão do Fed a uma taxa de 8%. O custo anual, portanto, é $80.000 (0.08 x $1.000.000). O banco trata o empréstimo como um depósito em dinheiro, o que significa que ele se torna a base para fabricar $9.000.000 adicionais para emprestar a seus clientes. Se assumirmos que ele empresta esse dinheiro a uma taxa de 11%, o retorno bruto seria $990.000 (0.11 x $9.000.000). Subtraia disso o custo do banco de $80.000 mais uma porção apropriada de encargos, e você terá um retorno líquido de aproximadamente $900.000. Em outras palavras, o banco toma emprestado um milhão de dólares e pode praticamente dobrá-lo em um ano. Isto é alavancagem! Mas não esqueça a fonte dessa alavancagem: a fabricação de outros $9 milhões que são adicionados à base monetária do país.



A Operação do Mercado Aberto


O método mais importante usado pela Reserva Federal para a criação do dinheiro fiduciário é a compra e venda de títulos no mercado aberto. Entretanto, antes de avançarmos para isto, uma palavra de advertência. Não espere que aquilo que vem a seguir faça sentido. Apenas esteja preparado para saber que isto é como eles procedem.
O truque está no uso de palavras e frases que têm significado técnico bem diferente do que aquilo que implicam para o cidadão mediano. Portanto, mantenha seus olhos nas palavras. Elas não têm o objetivo de explicar, mas de enganar. A despeito das primeiras aparências, o processo não é complicado. É apenas absurdo.


O Mecanismo Mandrake: Uma Visão Detalhada

começa com...

          Dividas do governo

O governo federal pega uma folha de papel, desenha traços complexos em volta das laterais e chama aquilo de título, ou nota do Tesouro. O título é meramente uma promessa de pagar uma quantia especificada, a uma taxa de juros especificada, em uma data especificada. Como veremos nas etapas seguintes, essa dívida eventualmente se torna o alicerce para quase toda a base monetária do país. Na realidade, o governo criou dinheiro, mas ainda não tem a aparência de dinheiro. Converter essas notas promissórias em notas de dinheiro e saldo em contas bancárias é a função do Sistema da Reserva Federal. Para produzir essa transformação, o título é entregue ao Fed, onde então é classificado como um...



Ativo em Títulos


Um instrumento da dívida do governo é considerado um ativo porque se assume que o governo honrará sua promessa de pagar. Isto é baseado na capacidade do governo de obter o dinheiro que precisar por meio da tributação. Portanto, a força desse ativo é o poder de tomar de volta aquilo que ele dá. Portanto, a Reserva Federal agora tem um "ativo" que pode ser usado para se contrapor a um passivo. Ele então cria esse passivo exigível produzindo outra folha de papel e permutando-a com o governo em troca pelo ativo. Essa segunda folha de papel é um...



Cheque da Reserva Federal


Não há dinheiro em conta alguma para cobrir esse cheque. Qualquer outra pessoa que fizesse isso seria mandada para a cadeia. Mas, o procedimento é legal para o Fed, pois o Congresso quer o dinheiro, e este é o modo mais fácil de obtê-lo. (Elevar os impostos seria suicídio político; depender do público para comprar todos os títulos da dívida seria irrealista, especialmente se as taxas de juros estiverem artificialmente baixas; e imprimir grandes quantidades de dinheiro na Casa da Moeda seria óbvio e controverso.). Deste modo, o processo fica misteriosamente ocultado no sistema bancário. Entretanto, o resultado final é o mesmo que colocar as impressoras da Casa da Moeda para funcionar e simplesmente fabricar dinheiro fiduciário (dinheiro criado por ordem do governo, sem qualquer valor tangível que sirva de lastro) para pagar as despesas do governo. Todavia, em termos contábeis, os livros estão "equilibrados" porque o passivo do dinheiro é compensado pelo "ativo" da nota promissória. O cheque da Reserva Federal recebido pelo governo é então endossado e enviado para um dos bancos da Reserva Federal, onde agora se transforma em um...



Depósito do Governo



Uma vez que o cheque da Reserva Federal tenha sido depositado na conta do governo, ele é usado para pagar os gastos do governo e, assim, é transformado em muitos...



Cheques do Governo


Esses cheques se tornam os meios pelos quais a primeira onda de dinheiro fiduciário inunda a economia. As empresas e pessoas físicas que recebem esses cheques os depositam em suas próprias contas-correntes, onde eles se transformam em...



Depósitos em Bancos Comerciais


Os depósitos em bancos comerciais imediatamente assumem uma personalidade dividida. Por um lado, eles são passivos para o banco, pois pertencem aos depositantes. Mas, enquanto permanecem no banco, também são considerados ativos, pois estão à disposição. Mais uma vez, os livros contábeis estão equilibrados: os ativos compensam os passivos exigíveis. Mas o processo não pára aqui. Por meio da mágica da reserva bancária fracionária, os depósitos passam a servir a um propósito adicional e mais lucrativo. Para realizar isso, os depósitos disponíveis são agora reclassificados nos livros e são chamados de...



Reservas Bancárias


Reservas do quê? São para pagar os depositantes se eles quiserem encerrar suas contas correntes? Não. Esta é a humilde função que elas serviram quando foram classificadas como meros ativos. Agora que receberam o nome de "reservas", elas se tornam a varinha mágica para materializar quantias ainda maiores de dinheiro fiduciário. É aqui que está a verdadeira ação: no nível dos bancos comerciais. Eis como funcional. Os bancos estão autorizados pelo Fed a manterem somente 10% de seus depósitos em "reserva". Isto significa que se receberem um depósito de $1 milhão na primeira onda de dinheiro fiduciário criado pelo Fed, eles têm $900.000 mais do que precisam manter à disposição ($1 milhão menos a reserva de 10%). No jargão dos banqueiros, esses $900.000 são chamados de...
Reserva Excedente
A palavra "excedente" é uma indicação que essa assim chamada "reserva" tem um destino especial. Agora que ela foi transformada em "excedente", é considerada como disponível para oferecer empréstimos. Portanto, no tempo devido, essa reserva excedente é convertida em...
Empréstimos Bancários
Mas espere um minuto. Como pode esse dinheiro ser emprestado quando pertence aos depositantes originais que ainda podem livremente preencher seus cheques e gastar o dinheiro como quiserem? A resposta é que, quando os novos empréstimos são feitos, eles não são feitos com o mesmo dinheiro absolutamente. Eles são feitos com dinheiro novinho em folha, criado do nada para esse propósito. A base monetária do país simplesmente aumenta na proporção de 90% dos depósitos bancários. Além disso, esse novo dinheiro é muito mais interessante para os banqueiros do que o antigo. O antigo dinheiro, que eles receberam dos depositantes, requer que os bancos paguem juros ou prestem serviços pelo privilégio de usar o dinheiro. Mas, com o novo dinheiro, os bancos recebem juros, o que não é mau, considerando-se que não custou nada para eles criar esse dinheiro. Mas este ainda não é o fim do processo. Quando essa segunda onda de dinheiro fiduciário entra na economia, vai direto para o sistema bancário, exatamente como aconteceu com a primeira onda, na forma de...



Mais Depósitos em Bancos Comerciais


O processo agora se repete com números ligeiramente menores a cada rodada. O que era um "empréstimo" na sexta-feira retorna ao banco como um depósito na segunda-feira. O depósito é então reclassificado como uma "reserva", e 90% daquilo se torna uma reserva "excedente" que, mais uma vez, se torna disponível para um novo "empréstimo". Portanto, o $1 milhão da primeira onda de dinheiro fiduciário gera $900.000 na segunda onda, e isto gera $810.000 na terceira onda ($900.000 menos a reserva de 10%). São necessários cerca de 28 passagens pela porta giratória dos depósitos se tornando empréstimos, os empréstimos se tornando depósitos, os depósitos se tornando mais empréstimos, até que o processo atinja o efeito máximo, que é...



Dinheiro Bancário Fiduciário = Até 9 Vezes a Dívida do Governo


A quantia de dinheiro fiduciário criado pelo cartel bancário é aproximadamente nove vezes o valor da dívida original do governo que tornou todo o processo possível. Quando a dívida original é adicionada a esse número, finalmente temos...



Dinheiro Fiduciário Total = Até 10 Vezes a Dívida do Governo


A quantia total de dinheiro fiduciário criado pela Reserva Federal e os bancos comerciais juntos é aproximadamente dez vezes o valor da dívida pública subjacente. À medida que esse dinheiro recém-criado inunda a economia em busca de bens e serviços, ele faz o poder de compra de todo o dinheiro, antigo e novo, declinar. Os preços sobem porque o valor relativo do dinheiro decresceu. O resultado é o mesmo que se esse poder de compra tivesse sido tirado de nós na forma de impostos. A realidade desse processo, portanto, é que ele é uma...



Tributação Oculta = Até Dez Vezes a Dívida Pública


Sem perceber, o povo americano pagou ao longo dos anos, além do imposto de renda e dos impostos sobre o consumo, um imposto completamente oculto igual a muitas vezes a dívida pública! E isto ainda não é o fim do processo. Como nossa base monetária é puramente uma entidade arbitrária com nada por trás dela exceto dívidas, sua quantidade pode diminuir, bem como subir. Quando as pessoas se afundam em dívidas, a base monetária do país se expande e os preços sobem, mas quando elas pagam suas dívidas e se recusam a contrair novos empréstimos, a base monetária se contrai e os preços caem. Isto é exatamente o que acontece em tempos de incerteza política e econômica. Essa alternação entre um período de expansão e um período de contração da base monetária é a
          causa subjacente das...

Expansões Rápidas, Estouro da Bolha e Depressões


Quem se beneficia com tudo isto? Certamente não o cidadão mediano.
Os únicos beneficiários são os cientistas políticos no Congresso, que desfrutam o efeito da receita ilimitada para perpetuar seu poder, e os cientistas financeiros dentro do cartel bancário chamado Sistema da Reserva Federal, que têm sido capazes de colocar a população, sem que ela saiba, debaixo da canga do feudalismo moderno.


Coeficientes de Reserva


Os números apresentados anteriormente estão baseados em um coeficiente de "reserva" de 10% (um coeficiente de expansão do dinheiro de 10 para 1). Entretanto, deve-se lembrar que isso é totalmente arbitrário. Como o dinheiro é fiduciário, e não tem qualquer lastro em ouro ou prata, não existe limitação real, exceto aquilo que os políticos e os administradores das finanças do país decidam que seja apropriado para o momento. Alterar esse coeficiente é o terceiro modo como a Reserva Federal pode influenciar a base monetária do país. Portanto, os números precisam ser considerados como transientes.
A qualquer tempo que houver uma "necessidade" de mais dinheiro, o coeficiente pode ser aumentado de 20 para 1, ou 50 para 1, ou até mesmo a exigência de reservas pode ser eliminada totalmente. Não há virtualmente limites para a quantidade de dinheiro fiduciário que pode ser fabricado dentro do sistema atual.


A Dívida Pública Não É Necessária Para Haver Inflação


Como a Reserva Federal está a postos para "monetizar" (converter em dinheiro) virtualmente qualquer quantia da dívida pública, e como esse processo de expandir a base monetária é a causa principal para a inflação, é tentador saltar para a conclusão que a dívida pública e a inflação são apenas dois aspectos do mesmo fenômeno. Entretanto, isso não é necessariamente verdade. É totalmente possível ter uma sem a outra.



O cartel bancário detém um monopólio na fabricação de dinheiro. Consequentemente, o dinheiro é criado somente quando as Notas Promissórias são "monetizadas" pelo Fed ou pelos bancos comerciais. Quando os indivíduos particulares, empresas ou instituições adquirem os títulos do governo, precisam usar dinheiro que anteriormente ganharam e pouparam. Em outras palavras, nenhum dinheiro novo é criado, porque eles estão usando fundos que já existiam. Portanto, a venda de títulos do governo para o sistema bancário é inflacionária, mas a venda para o setor privado não é. Esta é a razão principal por que os EUA evitaram uma grande inflação durante os anos 1980, quando o governo federal aumentou a dívida pública em um ritmo maior do que nunca antes na história. Mantendo as taxas de juros elevadas, esses títulos se tornaram atraentes para os investidores privados, inclusive investidores estrangeiros. Pouco dinheiro novo foi criado, porque a maioria dos títulos foi comprada com dólares já existentes. Logicamente, este foi um ajuste temporário, no máximo.



Hoje, esses títulos estão continuamente amadurecendo, atingindo o tempo de renovação, e estão sendo substituídos por outros títulos que incluem a dívida original mais os juros acumulados. Eventualmente, esse processo precisará chegar ao fim e, quando isso acontecer, o Fed não terá escolha, senão comprar de volta literalmente toda a dívida dos anos 1980 — isto é, substituir todo o dinheiro privado investido anteriormente por dinheiro fiduciário recém-fabricado — mais uma quantia adicional substancial para cobrir os juros. Aí então compreenderemos o significado da palavra inflação.



Por outro lado, a Reserva Federal tem a opção de fabricar dinheiro mesmo se o governo federal não entrar profundamente em dívidas. Por exemplo, a tremenda expansão da base monetária que levou ao colapso da Bolsa de Valores em 1929 ocorreu em um tempo em que a dívida pública estava sendo paga. Em todos os anos de 1920 a 1930, a receita do governo federal excedeu as despesas, e havia relativamente poucos títulos do governo sendo oferecidos. O crescimento gigantesco da base monetária foi possível convertendo-se os empréstimos dos bancos comerciais em "reservas" na janela de desconto do Fed e com a compra por parte do Fed dos aceites bancários, que são contratos comerciais para a compra de produtos.



Agora, as opções são ainda maiores. A Lei do Controle Monetário de 1980 tornou possível para a Criatura da Ilha Jekyll monetizar virtualmente qualquer instrumento de dívida, inclusive Notas Promissórias de governos estrangeiros. O propósito aparente dessa legislação é tornar possível o socorro financeiro aos governos que estão tendo dificuldades em conseguir pagar os juros dos empréstimos contraídos junto a bancos americanos. Quando o Fed cria dólares fiduciários para dar aos governos estrangeiros em troca de seus títulos podres, o caminho do dinheiro é ligeiramente mais longo e mais sinuoso, mas o efeito é similar à compra de Títulos do Tesouro dos EUA. Os dólares recém-criados vão para os governos dos países estrangeiros, voltam depois para os bancos americanos, onde se transformam em reservas em dinheiro. Finalmente, eles fluem de volta para a base monetária dos EUA (multiplicados por 9) na forma de empréstimos adicionais. O custo da operação é mais uma vez suportado pelo cidadão americano por meio da perda do poder de compra. Portanto, a expansão da base monetária, e a inflação que ocorre, não mais requerem déficits federais. Enquanto alguém estiver disposto a tomar emprestados dólares americanos, o cartel terá a opção de criar esses dólares especificamente para comprar os títulos dos governos desses países estrangeiros e, fazendo isso, expandir a base monetária.



Entretanto, não devemos nos esquecer que uma das razões pelas quais o Sistema da Reserva Federal foi criado originalmente, foi para possibilitar ao Congresso gastar sem que o público saiba que está sendo tributado. O povo americano tem mostrado uma incrível indiferença a essa tosquia, que somente pode ser explicada pela falta de compreensão de como o Mecanismo Mandrake funciona. Consequentemente, no tempo presente, esse contrato amigável entre o cartel bancário e os políticos corre pouco risco de ser modificado. Portanto, como uma questão prática, embora o Fed possa também criar dinheiro fiduciário em troca da dívida comercial e de títulos dos governos de países estrangeiros, sua principal preocupação continuará sendo suprir o Congresso.



A implicação desse fato causa perplexidade em nossa mente. Como nossa base monetária, atualmente, pelo menos, está vinculada à dívida pública, pagar essa dívida faria o dinheiro desaparecer. Até mesmo uma redução séria da dívida paralisaria a economia. Portanto, enquanto a Reserva Federal existir, os EUA estarão, e precisarão estar, endividados.
A compra de títulos dos outros governos está se acelerando no atual clima político do internacionalismo. A base monetária americana está cada vez mais baseada nas dívidas de outros países, bem como na dívida pública interna, e esses países também serão impedidos de pagarem suas dívidas, mesmo se estiverem em condições de fazer isso.


A Expansão Leva à Contração


Embora seja verdadeiro que o Mecanismo Mandrake seja responsável pela expansão da base monetária, o processo também funciona da forma reversa. Exatamente como o dinheiro é criado quando a Reserva Federal compra títulos ou outros instrumentos da dívida, ele é extinto pela venda desses mesmos itens. Quando eles são vendidos, o dinheiro é dado de volta para o Sistema e desaparece da memória eletrônica do computador de onde veio. Então, o mesmo efeito das ondas secundárias sucessivas que criou o dinheiro por meio do sistema dos bancos comerciais faz com que o dinheiro seja retirado da economia. Além disso, mesmo se a Reserva Federal não contrair deliberadamente a base monetária, o mesmo resultado pode, e frequentemente ocorre, quando o público decide resistir à disponibilidade de crédito e reduzir seu endividamento. As pessoas somente podem ser tentadas a tomar empréstimos; elas não podem ser forçadas a isso.



Existem muitos fatores psicológicos envolvidos em uma decisão de entrar em dívidas que podem se contrapor à fácil disponibilidade de dinheiro e a uma baixa taxa de juros: uma desaceleração econômica, a ameaça de agitação civil, o temor de uma guerra iminente, um clima político instável, para citar apenas alguns. Embora o Fed possa tentar injetar dinheiro na economia para torná-lo disponível em abundância, o público pode estorvar essa ação simplesmente dizendo: "Não, obrigado". Quando isso acontece, as antigas dívidas que estão sendo pagas não são substituídas por novas que tomem seus lugares, e a quantia geral de dívida dos consumidores e das empresas se reduz. Isso significa que a base monetária também se reduzirá, porque, atualmente, dívida é dinheiro. E é essa exata expansão e contração da base monetária — um fenômeno que não poderia ocorrer se estivesse baseada na lei da oferta e da procura — que está no centro de praticamente todas as expansões rápidas e estouro da bolha que têm sido uma praga para a humanidade em toda a história.



Em conclusão, pode-se dizer que o dinheiro moderno é uma grande ilusão conjurada pelos magos das finanças na política. Estamos vivendo em uma era de dinheiro fiduciário e é triste observar que todos os países na história que adotaram esse tipo de dinheiro eventualmente foram economicamente destruídos por ele. Além disso, não há nada em nossa atual estrutura monetária que ofereça alguma certeza que estaremos imunes desse mórbido destino.



Correção. Existe algo. O Congresso ainda tem o poder de abolir o Sistema da Reserva Federal.



Resumo


O dólar americano não tem valor intrínseco algum; ele é um exemplo clássico de dinheiro fiduciário sem limites na quantidade que pode ser produzida. Seu valor reside basicamente na disposição do público de aceitá-lo e, para essa finalidade, a lei requer que ele seja aceito como meio de pagamento.



É verdade que o dinheiro é criado a partir do nada, mas é mais exato dizer que ele está baseado em dívidas. Portanto, de certa forma, nosso dinheiro é criado a partir de menos do que nada. Toda a base monetária desapareceria se todas as dívidas fossem pagas.
Portanto, no Sistema da Reserva Federal, nossos líderes não podem permitir uma redução drástica na dívida pública ou no endividamento dos consumidores. Cobrar juros sobre empréstimos fictícios é usura, e isso se tornou institucionalizado dentro do Sistema da Reserva Federal.



O Mecanismo Mandrake, por meio do qual o Fed converte dívida em dinheiro pode parecer complicado a princípio, mas é simples se você lembrar que o processo não tem o objetivo de ser lógico, mas de confundir e de enganar. O produto final do Mecanismo é a expansão artificial da base monetária, que é a causa raiz para o tributo oculto chamado de inflação.



Essa expansão então leva à contração e, juntas, produzem o ciclo destrutivo da expansão rápida e estouro da bolha, que tem sido uma praga na história da humanidade onde quer que dinheiro fiduciário tenha existido.



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