domingo, 24 de abril de 2011

Os grandes financistas internacionais controlam o mundo!









Entreouvido na Vila Vudu, ao final da leitura desse artigo:“Nooooossa! O cara é comunista e novaiorquino... E nem o aiatolá-lá diria melhor! Só falta, agora, então, o pessoal-lá encher a Praça Tahrir-Únion-lá-deles, e não arredar pé! Inch’Allah!”

















Aqui estamos hoje, ante os portões de um dos nossos templos das finanças. É templo no qual se cultuam o lucro e a ganância, onde o valor de cada um se determina pela habilidade para acumular dinheiro e poder à custa dos outros, onde se reescrevem, manipulam e desrespeitam-se as leis, onde o progresso humano é definido como um moinho sem fim de consumo, onde o crime e a fraude são ferramentas usuais dos negócios.



As duas forças mais destrutivas que há na natureza humana – a ganância e a cobiça – movem os financistas, os banqueiros, os mandarins corporativos e os líderes dos dois principais partidos políticos dos EUA, os quais, ambos, se beneficiam dos lucros que obtêm desse mesmo sistema. Os dois partidos se autocolocam no centro da criação. Os dois partidos desdenham o clamor que sobe dos que estão abaixo, humilhados e calados. Nos roubaram nossos direitos, nossa capacidade e esterilizaram nossa capacidade de resistir. Querem nos converter em prisioneiros em nossa própria terra. Veem os seres humanos e o mundo natural como commodities, como bens a serem explorados até a exaustão ou o colapso. O sofrimento humano, as guerras, a mudança no clima, a miséria, tudo isso é o preço que estamos pagando para preservar os lucros das finanças planetárias. Nada é sagrado. O Deus do Lucro é o Deus da Morte.



Os fariseus da alta finança, que nos veem aqui, espiando de seus cubículos e cantos de corredores fingem virtude. O único sentido da vida, para eles, é o benefício próprio. O sofrimento dos pobres não os preocupa. As seis milhões de famílias norte-americanas lançadas ao relento, arrancadas de casa, não os preocupa. As dezenas de milhões de aposentados cujas economias para a velhice foram varridas do mundo por causa da fraude e da desonestidade em Wall Street, não os preocupa. O fracasso da contenção das emissões de carbono não os preocupa. Nenhuma justiça lhes tira o sono. A verdade não os preocupa. Crianças com fome não os preocupam.



Raskolnikof, personagem de Dostoyevsky em “Crime e Castigo” entendia que o mal radical que vive nos anseios humanos não seria vulgar, mas superior, extraordinário, a ambição que arrasta homens e mulheres a servir a sistemas de autoglorificação e à mais nua ganância. Raskolnikov no romance acredita – como os que vivem nesse templo das finanças – que a humanidade dividir-se-ia em dois grupos. No primeiro, gente comum. E gente comum seria submissa e covarde. Pouco faria, a gente comum, além de reproduzir-se e gerar mais gente comum, condenada a trabalhar, envelhecer e morrer. E Raskolnikov despreza essa gente, que vê como formas inferiores da humanidade.



No segundo grupo, para Raskolnikov, estariam os seres extraordinários. Para ele, seriam os Napoleões do mundo, os que rompem leis e costumes, os que rasgam as convenções e as tradições e fazem avançar o mundo, o qual, depois deles, seria melhor, mais glorioso. Raskolnikov diz que, embora vivamos nesse mundo, podemos nos libertar das consequências de viver entre gente vulgar, consequências que nem sempre nos favorecerão. Os Raskolnikovs do mundo investem a mais absoluta, total, absoluta fé no intelecto. Veem com o mais absoluto desdém os atributos da compaixão, da empatia, da justiça, do amor à verdade. E essa visão ensandecida do que sejam os homens e as mulheres leva Raskolnikov a matar uma velha usurária e roubar-lhe seu dinheiro.



Os sacerdotes desses templos corporativos, em nome do lucro, matam com crueldade muito maior que Raskolnikov. As corporações mataram 50 mil pessoas, ano passado, porque não podiam pagar para ter assistência médica adequada.



Mataram centenas de milhares de iraquianos, afegãos, palestinos e paquistaneses, e viram, entusiasmados, multiplicar-se por quatro o valor das ações de empresas que fabricam e vendem armas.



Fizeram do câncer epidemia, nos campos de carvão de West Virginia, onde as famílias respiram ar poluído, bebem água envenenada e assistem à destruição das Montanhas Apalache, convertidas em deserto pelas empresas de exploração de carvão, que ganham bilhões.



E depois de saquearem o Tesouro dos EUA, as mesmas corporações exigem, em nome da contenção de gastos, que o país destrua os programas de comida para crianças, de calefação e assistência médica para os idosos e doentes, e que se ponha fim à educação pública nos EUA, ainda excelente. Exigem que toleremos que convertam os EUA em nação de desnutridos, que deixemos milhões sem emprego, que condenemos dezenas de milhões de norte-americanos à miséria e abandonemos nossos doentes mentais ao sofrimento, à degradação e à morte. Todos esses, nos EUA, gente comum, foram condenados pelos sacerdotes do lucro e da ganância, como se fossem refugo. Assim exige o deus Mercado.



Quando Dante entra na “cidade dos danados”, último degrau antes de entrar no Inferno, ouve os gemidos e gritos dos que “viveram sem jamais ter merecido nem louvor, nem censura infamadora”[1], os rejeitados pelo Paraíso e pelo Inferno, que dedicaram a vida exclusivamente a si mesmos, a procurar a felicidade só para eles mesmos. São os “normais”, talvez “boas pessoas”, os que jamais fizeram outra coisa além de procurar o prazer e a própria segurança, muitas vezes sem perturbar os demais, mas orientados só para eles mesmos. Gente que jamais defendeu causa alguma, que jamais arriscou coisa alguma, que ‘seguiu vivendo a vida’. Gente que jamais pensou sobre a própria vida, jamais sentiu a ânsia de pensar sobre o mundo à volta, que não olhou e não viu o mundo à volta. A esses, Dante reserva o castigo eterno de jamais sair de onde está, em dor perene, nem no inferno nem no paraíso, nem cá nem lá.



Os que vivem à caça dos arco-íris de purpurina da sociedade de consumo, que compram sem questionar a pervertida ideologia do consumo, são, como ensina Dante, moralmente covardes. São doutrinados pelos sistemas corporativos de informação e permanecem passivos, enquanto os que fazem leis, os que aplicam as leis e os que fazem tudo isso funcionar – o legislativo, o judiciário e o executivo dos governos dos EUA – nos roubam toda a capacidade para resistir. Democratas ou Republicanos. Liberais ou conservadores. Nada faz diferença alguma, nesse lado do mundo.



Barack Obama serve aos interesses da finança e das corporações com a mesma dedicação e assiduidade com que George W. Bush serviu àqueles mesmos patrões. E investir nossa energia e nossa fé num desses partidos políticos, ou esperar seja o que for das instituições que há nos EUA, como se fossem instrumentos de reforma, é nos deixar iludir pelas sombras dos píxels das telas de televisão, que vemos, reproduzidas, como se estivéssemos na caverna de Platão.



Temos de enfrentar o canto de sereia da cultura do consumo e reencontrar, e repor no centro das nossas vidas os valores da compaixão e da justiça. Para isso é preciso coragem, não só coragem física, mas também coragem moral, para conseguir ouvir o que nos diga nossa consciência.



Se estamos aqui para salvar os EUA, o planeta, nossa casa e nossa vida, temos de aprender a não exaltar valores de individualismo e temos de aprender a ver a vida do nosso vizinho, do nosso próximo. O autossacrifício vence a doença da ideologia corporativa. O autossacrifício põe abaixo os ídolos da ganância e da cobiça. O autossacrifício exige que nos levantemos contra o abuso, as guerras, a injustiça imposta a nós pelos mandarins do poder corporativo. Há profunda verdade no alerta bíblico: “Quem se agarra à própria vida a perderá” (João 12:25).



Quem diz “vida” não diz “minha vida e só”. Nunca haverá justiça no mundo, se nosso vizinho sofrer injustiça. E ninguém terá de volta a liberdade, até que nos disponhamos a sacrificar nosso conforto e abracemos a plena rebelião.



Obama desertou e nos abandonou. O Congresso desertou e nos abandonou. A Suprema Corte desertou e nos abandonou. A imprensa desertou e nos abandonou. A universidade desertou e nos abandonou. A democracia eleitoral desertou e nos abandonou. Nenhuma estrutura, nenhuma instituição da sociedade dos EUA sobreviveu a salvo da contaminação pelas grandes corporações das finanças. O que significa que, agora, depende só de nós. Desobediência civil, que trará dias difíceis e sofrimento, que trará dias muito difíceis, mas esse é o espírito do autossacrifício pelo bem de todos. Desobediência civil é a única via que nos restou.



Os banqueiros e gerentes financeiros, as elites corporativas e governamentais, são a versão moderna dos judeus bíblicos que se prostraram ante o bezerro de ouro. A faísca de qualquer dinheiro os hipnotiza, os arrasta cada vez mais depressa rumo à destruição. E eles querem nos prender ao altar deles. Querem que nos ajoelhemos ante os altares deles. Enquanto nos deixarmos inspirar pela ganância, pela cobiça, continuaremos como até aqui, cúmplices silenciosos dos gananciosos, dos que cobiçam só para eles a riqueza que é de todos.



Mas se nos levantarmos contra a religião do lucro e do capital, se exigirmos que a sociedade e os governos atendam às carências e necessidades dos cidadãos e do mundo que nos cerca, muito mais do que às carências e necessidades do Deus Mercado, se aprendermos a falar em tom renovadamente simples, se aprendermos a ser simples e a desejar vida simples, se amarmos o nosso próximo como amamos nós mesmos, romperemos as cadeias que hoje nos prendem e faremos visível, outra vez, a esperança.




Operação alvorada de assalto as riquezas minerais e dinheiro do fundo soberano líbio.















O objetivo da guerra na Líbia não é apenas o petróleo, cujas reservas (estimadas em 60 bilhões de barris) são as mais importantes da África e cujos custos de extração estão entre os mais baixos do mundo. Nem, tampouco, o gás natural, cujas reservas são estimadas em cerca de 1500 bilhões de m3. Na mira dos "voluntários" da operação “Protetor unificado” também estão os fundos soberanos, os capitais que o Estado líbio investiu no estrangeiro.



Os fundos soberanos geridos pela Libyan Investment Authority (LIA) são estimados em cerca de 70 bilhões de dólares, que sobem a mais de 150 se se incluírem os investimentos estrangeiros do Banco Central e de outros organismos. E poderiam ser ainda mais importantes. Ainda que sejam inferiores aos da Arábia Saudita ou do Kuwait, os fundos soberanos líbios caracterizam-se pelo seu crescimento rápido. Quando a LIA foi constituída em 2006, ela dispunha de 40 bilhões de dólares. Em apenas cinco anos ela efetuou investimentos em mais de uma centena de sociedades norte-africanas, asiáticas, europeias, norte-americanas e sul-americanas: holdings, bancos, imobiliárias, indústrias, companhias de petróleo e outras.



Na Itália, os principais investimentos líbios foram os efetuados na UniCredit Banca (de que a LIA e o Banco Central líbio possuem 7,5%), na Finmeccanica (2%) e na ENI (1%): estes investimentos e outros (inclusive 7,5% na Juventus Football Club) têm um significado menos econômico (montam a cerca de 4 bilhões de dólares) do que político.



A Líbia, depois de Washington a ter apagado da sua lista dos “Estados bandidos”, tentou restabelecer um lugar no plano internacional apoiando-se na “diplomacia dos fundos soberanos”. Quando os Estados Unidos e a União Europeia aboliram o seu embargo de 2004 e as grandes companhias de petróleo retornaram ao país, Trípoli pôde dispor de um excedente comercial de cerca de 30 bilhões de dólares por ano que destinou em grande parte a investimentos no estrangeiro. A gestão dos fundos soberanos, nas mãos de ministros e altos funcionários criou, entretanto, um novo mecanismo de poder e corrupção que provavelmente escapou ao controle do próprio Kadafi – o que se confirma pelo fato de que em 2009 este propôs que os 30 bilhões de dividendos petrolíferos fossem “diretamente para o povo líbio”. Isto agravou as fraturas internas do governo líbio.



Foi nestas fraturas que se apoiaram os círculos dominantes estadunidenses e europeus que, antes de atacar a Líbia militarmente para apossar-se da sua riqueza energética, apropriaram-se dos fundos soberanos líbios. Esta operação foi favorecida pelo próprio representante da Libyan Investment Authority, Mohamed Layas. Como revela um telegrama diplomático publicado pela Wikileaks, em 20 de Janeiro Layas informou o embaixador estadunidense em Tripoli de que a LIA havia depositado 32 bilhões de dólares em bancos estadunidenses. Cinco semanas mais tarde, a 28 de Fevereiro, o Tesouro estadunidense “congelou-os”. Segundo as declarações oficiais, esta é “a maior soma de dinheiro alguma vez já bloqueada nos Estados Unidos”, que Washington mantém “em depósito para o futuro da Líbia”. Ela servirá na realidade para uma injeção de capitais na economia estadunidense, cada vez mais endividada. Alguns dias mais tarde, a União Europeia “congelou” cerca de 45 bilhões de euros de fundos líbios [NR].



O assalto aos fundos líbios terá um impacto especialmente forte na África. Neste continente, a Libyan Arab African Investment Company efetuou investimentos em mais de 25 países, dos quais 22 na África sub-sahariana, programando aumentá-los nos próximos cinco anos, sobretudo nos setores mineiro, manufatureiro, turístico e no das telecomunicações. Os investimentos líbios foram decisivos na realização do primeiro satélite de telecomunicações da Rascom (Regional African Satellite Communications Organization) que, colocado em órbita em Agosto de 2010, permite aos países africanos começarem a tornar-se independentes das redes de satélites estadunidenses e europeias, realizando assim uma economia anual de centenas de milhões de dólares.



Ainda mais importantes foram os investimentos líbios na realização de três organismos financeiros lançados pela União Africana: o Banco Africano de Investimento, cuja sede é em Trípoli; o Fundo Monetário Africano, com sede em Yaundé (Camarões); o Banco Central Africano, instalado em Abuja (Nigéria). O desenvolvimento destes organismos devia permitir aos países africanos escaparem ao controle do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, ambos instrumentos de dominação neo-colonial, e devia assinalar o fim do franco CFA, a moeda que 14 ex-colônias francesas são obrigadas a usar. O congelamento dos fundos líbios assesta uma pancada muito dura em todo o projeto. As armas utilizadas pelos “voluntários” não são apenas as da operação “Protetor unificado”.



22/Abril/2011



[NR] O Banco Comercial Português congelou no offshore da Madeira uma conta de 14 milhões de euros da LAP Overseas Unipessoal, a qual é subsidiária da Libya Africa Investment Portfolio que por sua vez é subsidiária da LIA.



(*) Geógrafo e geopolitólogo. O artigo original, em italiano encontra-se em Il Manifesto (Itália) e foi copiado pela Rede Voltaire Esta tradução encontra-se em: Resistir.



A infraestrutura líbia que os E.U.A estão destruindo com seus bombardeios "humanitários".

Grande Rio Artificial: aqueduto subterrâneo de 5 m de diâmetro e 3.500 km de extensão




Revolução líbia constrói o maior aqueduto do planeta



Governo líbio transformou o deserto em um local fértil promovendo o acesso à água da população, das municipalidades, da indústria e agricultura





Aqueduto em construção



No dia 14 de julho de 2004 foi inaugurado o projeto líbio “Grande Rio Artificial”, um gigantesco aqueduto subterrâneo de 5 metros de diâmetro e 3.500 quilômetros de extensão. Um projeto que revolucionou o acesso à água da população, das municipalidades, da indústria e agricultura do país. O Festival da Juventude comemorativo da finalização do projeto, que se deu com a colocação do último tubo, teve a participação de delegações de mais de vinte países. Entre as organizações presentes estavam a Nasyo (Organização dos Jovens e Estudantes Não Alinhados), a Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), União Internacional dos Estudantes, Associação dos Estudantes da Ásia e da Juventude do Movimento Pan-Africano. Do festival participaram 5 mil estudantes das escolas e universidades líbias coordenados pela União Geral dos Estudantes da Grande Jam-ahiryia (denominação da República da Líbia). O entusiasmo dos jovens se expressava em palavras de ordem entoadas pelos jovens que se apresentaram com danças e canções regionais.



A oitava Maravilha



A convite do governo, Mauro Bianco, membro do secretariado nacional do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, coordenador da Juventude Revolucionária 8 de Outubro e vice-presidente da Nasyo, participou do festival. O projeto também foi denominado pelo povo como a 8a Maravilha do Mundo. “Essa obra é um marco, um salto de qualidade na vida das pessoas”, afirmou Mauro ao falar em nome de todas as delegações estrangeiras presentes ao ato inaugural. “Ela abre possibilidades econômicas inimagináveis; uma revolução no mais profundo significado da palavra, muda a economia do país e representa um salto de séculos à frente realizado em pouco tempo”, acrescentou.



“Um trabalho impressionante que é a prova da capacidade de um povo que determina seu próprio destino. Essa foi a grande conquista da revolução Al Fatah liderada pelo grande líder Muamar Kadafi. Vocês têm todas as razões para se orgulharem desta obra gigantesca de seu governo e de seu líder. Esse rio está mudando a vida e a qualidade de vida de toda população e abrindo caminho para um progresso sem precedente na Líbia e em toda a África. Os benefícios não serão apenas para os líbios mas para toda a humanidade”, enfatizou Mauro, destacando ainda que, “além de toda a infra-estrutura que se criou para construir o rio trouxe aos líbios um desenvolvimento tecnológico e um avanço no conhecimento científico absolutamente novos”.



Incentivo aos povos





Festa de Inauguração



“Essa obra combateu a fome gerando milhares de empregos e multiplicando a produção agrícola numa região absolutamente desértica, mas que se comprovou fértil depois de irrigada. Ela é um incentivo para os povos pelos avanços impressionantes embasados em conquistas democráticas inéditas de um povo que conquistou a independência nacional numa luta titânica na qual morreu aproximadamente metade da população”, afirmou.



Quanto à força do povo, demonstrada na construção da obra, o líder Muamar Kadafi destacou, quando inaugurou a primeira parte do projeto - após um investimento de US$ 5 bilhões, em 1º de setembro de 1991, no 22º aniversário da revolução: “A Líbia completou este trabalho em circunstâncias difíceis. O fez sob um bloqueio econômico imposto pelo imperialismo antipovo e antiprogresso. Foi completada sem a ajuda dos bancos mundiais”.



“A revolução agrícola permitirá ao povo líbio garantir sua vida, comer livremente seu alimento que normalmente era importado do exterior, isto é liberdade, independência, é revolução. Essa obra demonstra que o povo líbio é um povo amante da paz usando sua própria capacidade para superar o subdesenvolvimento”, acrescentou Kadafi.



No festival inaugural as presenças mais destacadas foram: o ministro da Juventude e dos Esportes, Ali Al Sharri; o prefeito de Sirt (cidade onde o ato se deu e onde se encontram dois dos lagos formados pelo transporte de água); e o presidente da União Geral dos Estudantes da Grande Jamahiryia, Abluhaim Ammr.



Iniciado em 1984, o projeto utiliza água depositada por milhares de anos em gigantescos lençóis no coração do deserto de onde é agora transportada para as regiões costeiras do país atendendo a demanda crescente do povo - uma população de 5 milhões - das cidades, da indústria e da agricultura.



Geradores de energia



Este projeto comporta o maior aqueduto e tubulação subterrânea do planeta com 5 metros de diâmetro enterrado sob a superfície de uma imensa região desértica. Acresce-se a isso a gigantesca infra-estrutura que permite sua operacionalização. Estações geradoras de energia elétrica com potência de 15 megawatts com turbinas acionadas a gás instaladas nas origens do aqueduto, em Sarir e Tarzebo, seguem-se na superfície extensas redes e linhas de distribuição com subestações ao longo da rota do aqueduto.



As escavações ao longo dos 3 mil e quinhentos quilômetros do projeto, foram de 6 metros de largura por 7 de profundidade para a colocação dos tubos. O acesso a eles, seja para conservação ou manutenção corretiva eventual, é através de 3 mil válvulas.



Como resultado da obra estão sendo irrigadas 135 mil hectares e produzidas plantações com um resultado já atingido de 270 mil toneladas de grãos por ano e de 760 mil toneladas de forragem para alimentação animal, além de frutas, legumes e verduras em abundância.



No futuro o rio subterrâneo se estenderá com novos braços para chegar a todas as aldeias e comunidades do país.



Mil litros de água para cada Líbio por dia

Para o projeto foram abertos mil e trezentos poços, alguns com profundidade que chega a 500 metros. Com isso se estabeleceu em direção à região costeira um fluxo de 6,5 milhões de metros cúbicos por dia. Para se ter uma idéia do salto de qualidade no acesso à água, isso significa uma disponibilidade média de 1000 litros de água por dia para cada líbio.



Para chegar a seu destino, a água leva 9 dias de jornada desde o momento em que se desloca dos lençóis subterrâneos até os lagos artificiais, de 3 mil metros de diâmetro cada, ao longo da costa.



A manutenção preventiva é garantida por bases de técnicos instaladas ao longo do aqueduto e interligadas por sistemas modernos de comunicação que empregam tecnologia de fibra ótica e de microondas.



O envolvimento de Serra com Daniel Dantas.


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Os Amigos da Presidente Dilma


Época publica as relações "jumentais" de Daniel Dantas com José Serra



Pena que a revista Época das Organizações Globo não mostra os e-mails mais tenebrosos, mas mesmo assim o que foi publicado já é suficiente para entender muito bem o que se passava ali.



Em um email, do lobista Roberto Amaral para o serrista Andrea Matarazzo, comenta uma entrevista de Serra à revista Veja em 2002, classificando as posições de Serra como "jumentais".



Segue a reportagem:







O consultor, o motorista e Niger





ÉPOCA obteve os e-mails de Roberto Amaral, consultor do Opportunity, de Daniel Dantas, enviados ao secretário particular de José Serra

Wálter Nunes e Guilherme Evelin com Danilo Thomaz

Duas semanas atrás, ÉPOCA revelou segredos dos e-mails do consultor Roberto Figueiredo do Amaral – o ex-diretor da construtora Andrade Gutierrez que trabalhou, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, para o Opportunity, a marca dos fundos de investimento comandados pelo financista Daniel Dantas. As mensagens de Amaral a que ÉPOCA teve acesso foram enviadas entre 2001 e 2002, período em que ele assessorava Dantas na maior disputa societária da história do capitalismo brasileiro: a briga do Opportunity contra fundos de pensão e sócios estrangeiros pelo controle de empresas de telefonia. Elas revelam detalhes de como Amaral trabalhava e de como ele conduzia a defesa dos interesses de seus clientes. Vários dos e-mails eram endereçados aos ajudantes de ordens do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC negou a ÉPOCA tê-los recebido). Um outro personagem também chamou a atenção dos investigadores da Polícia Federal. Eles suspeitam que alguns e-mails eram dirigidos ao secretário particular de José Serra, então candidato à Presidência da República pelo PSDB.



Os e-mails foram apreendidos na casa de Amaral em dezembro de 2008, no curso da Operação Satiagraha. Desencadeada para investigar acusações de crimes financeiros contra Dantas e o Opportunity, a Satiagraha gerou um sem-número de controvérsias e diversas provas recolhidas na investigação foram questionadas pelos réus. A autenticidade das mensagens de Amaral foi atestada por uma perícia da PF e, desde junho de 2009, elas estão na Procuradoria-Geral da República, para onde foram remetidas pelo Ministério Público Federal em São Paulo, por conter alusões a autoridades com foro no Supremo Tribunal Federal. O procurador-geral Roberto Gurgel deverá decidir se há nelas indícios que justifiquem a instauração de uma nova investigação policial. O advogado de Amaral, José Luiz de Oliveira Lima, afirma que seu cliente não discute o conteúdo dos e-mails, pois eles teriam sido apreendidos de forma ilegal, “desprezando princípios processuais e constitucionais”. No momento, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) discute a legalidade das provas obtidas pela PF na Satiagraha.



Ao analisar os e-mails, a PF e o Ministério Público Federal de São Paulo concluí­ram que Amaral recorria a codinomes e a mensagens cifradas para evitar a identificação de seus interlocutores. Segundo escreveu o procurador da República Rodrigo de Grandis, em denúncia aceita pela Justiça, Dantas era tratado por Amaral como “DD”. (Dantas negou, por meio de sua assessoria, ter sido autor dos e-mails.) Quando escreve a – ou sobre – Andrea Matarazzo, o então embaixador do Brasil na Itália, Amaral sempre se refere a ele como “Conde” (leia as mensagens ao final do texto) . Um outro nome frequente é “Niger”, em geral associado a e-mails enviados ao endereço luizpauloarcanjo@uol.com.br. Trata-se, de acordo com os investigadores da PF, do endereço eletrônico que era usado por Luiz Paulo Alves Arcanjo, secretário particular e motorista de Serra. Nos e-mails remetidos por Amaral a luizpauloarcanjo@uol.com.br, ele escreve como se falasse diretamente com Serra, menciona assuntos de interesse de Dantas e exige providências no âmbito do governo em relação a eles. Serra negou a ÉPOCA, por escrito, ter recebido ou tomado conhecimento desses e-mails (leia suas respostas) . Não há nenhuma prova de que ele tenha intercedido em favor das pretensões de Amaral. Em duas ocasiões, porém, as ações do governo FHC coincidiram com essas pretensões.



A primeira foi no começo de maio de 2002. No dia 30 de abril de 2002, Amaral enviou às 15h39, de seu endereço eletrônico rdo@uol.com.br, um e-mail a luizpauloarcanjo@uol.com.br. No e-mail, ele protesta contra a nomeação do economista Andrea Calabi para uma das cadeiras do Conselho de Administração do Banco do Brasil (BB), efetivada cinco dias antes. Ligado a Serra, Calabi fora presidente do BB e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas estava fora do governo FHC desde 2000. Naquele momento, Calabi era conselheiro da Telecom Italia e atuava na mediação da disputa societária que os italianos e a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB, travavam contra Dantas pelo controle da Brasil Telecom. Ainda que a Telecom Italia e a Previ fossem aliadas, haveria um conflito potencial de interesses se Calabi assumisse posição em ambos os conselhos. Mas também não era de interesse de Dantas que ele mantivesse um posto estratégico no banco patrocinador da Previ. Amaral terminou seu e-mail com o texto a seguir grifado: “Cabe a vc resolver este assunto. Assim não dá. Estou engajado na sua campanha. Não preciso disto e isto é uma bofetada na minha cara”. Oito dias depois da mensagem, Calabi deixou o Conselho do BB. Ficou na função apenas duas semanas.







IDEIA DO SERJÃO

De acordo com amigos de Roberto Amaral (à esq.), foi o ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta quem deu a Serra (à dir.) o apelido de “Niger”. “Era uma referência àquela cerveja de Ribeirão Preto, escura e amarga”, dizem

A segunda ocasião aconteceu no início de junho de 2002. A frequência das mensagens enviadas por Amaral ao endereço eletrônico atribuído pela PF ao secretário particular de Serra aumentou de intensidade nos dias anteriores e posteriores à atribulada intervenção na Previ, decretada pelo Ministério da Previdência em 3 de junho de 2002. A intervenção tinha como objetivo declarado enquadrar a Previ numa norma legislativa sobre a composição de seus conselhos (deliberativo e fiscal), que ela não seguia e resistia a aplicar. A intervenção também interessava a Dantas, pois afastaria da Previ diretores que a haviam levado a uma posição de confronto com o Opportunity nas empresas de telefonia. Entre eles estavam diretores ligados ao PT, eleitos pelos funcionários do BB.



À 1h27 de 1o de junho de 2002, Amaral enviou a L.P., o rótulo por meio do qual os s programas de correio eletrônico identificam o endereço luizpauloarcanjo@uol.com.br, uma reportagem que informava a intenção do governo de adiar a intervenção na Previ. O título do e-mail era imperativo: “Mate a cobra e mostre o pau”. Seu texto faz recomendações: “O maior inimigo do bom é o ótimo. A intervenção tem que sair e já. O PT cada dia vai criar um fato novo de dentro da Previ. Por ser PT, simplesmente. Um situação é ele criar dentro da Previ. Outra escorraçado de lá e com um monte de pepinos para explicar. (...) A eleição está para você – sei o que estou dizendo e tenho 35 anos de janela – mas atos como este podem levá-lo para o brejo. Aja, por fv, e rápido”. Dois dias depois da mensagem, a intervenção na Previ saiu. No dia 4 de junho, Amaral enviou a L.P. um e-mail com cópia de uma notícia sobre a intervenção. O título era: “Vc é a pessoa de respostas mais rápidas que conheço”.



Vinte e quatro minutos depois de ter enviado esse e-mail, Amaral o reencaminhou ao endereço atribuído a Dantas pela PF. Acrescentou um comentário: “DD: Email para o Niger”. Um dia antes, Amaral enviara ao mesmo endereço uma mensagem em que tecia comentários sobre a intervenção na Previ: “Os objetivos de Niger são os mesmos que os nossos. Ele, Niger, desencadeou a intervenção. Ele vai querer que o interventor aja. Nós queremos que o interventor aja. Niger conhece bem o interventor”.



A referência a Niger nos e-mails encaminhados a luizpauloarcanjo@uol.com.br, segundo Amaral disse a interlocutores de sua confiança, tem uma explicação. Niger era um apelido malicioso que Sérgio Motta, o Serjão, ministro das Comunicações do governo FHC, dera ao amigo Serra. O apelido foi inspirado na cerveja Niger, famosa pelo gosto amargo e produzida em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, até meados da década de 90.



ÉPOCA procurou Luiz Paulo Arcanjo, o secretário particular de Serra, para comentar os e-mails enviados por Amaral. Arcanjo acompanha Serra, pelo menos, desde a década de 90. Foi seu assessor no Senado, nos ministérios do Planejamento e da Saúde, na prefeitura de São Paulo e no governo de São Paulo. Hoje, Arcanjo dá expediente no escritório político de Serra. É descrito como um funcionário da mais estrita confiança do ex-governador, aquele a quem outros assessores recorrem quando precisam localizar Serra. Questionado se usava o e-mail luizpauloarcanjo@uol.com.br, Arcanjo disse: “Pode ser, pode ser”. Depois, encerrou a conversa. Serra respondeu às perguntas de ÉPOCA por e-mail. Afirmou que, numa campanha eleitoral, “milhares de e-mails, bilhetes e faxes são enviados a assessores, assistentes e secretários de candidatos”. Negou que Arcanjo tenha sido intermediário das mensagens de Amaral e que ele as tenha recebido ou respondido.









A sequência dos e-mails sobre intervenção na Previ

No início de junho de 2002 as mensagens enviadas por Amaral para luizpauloarcanjo@uol.com.br (endereço eletrônico que era usado por assessor de Serra, segundo a PF) passaram a ser mais frequentes. Amaral tratava nos emails da possibilidade de o Ministério da Previdência intervir na direção da Previ, que não havia se enquadrado a uma norma legislativa que regulamentava a composição do seus conselhos deliberativo e fiscal. A intervenção seria benéfica para Daniel Dantas, que queria ver fora do fundo de pensão diretores ligados ao PT que levaram a Previ a confrontar o Opportunity na briga pelo controle de empresas de telefonia.