terça-feira, 1 de abril de 2014

Dar as costas ao golpismo cafajeste de Bolsonaro é uma vitória da democracia que ele tenta destruir


Jair Bolsonaro é, ele mesmo, tudo o que aponta de errado no Brasil.
Seu discurso na Câmara em defesa da ditadura foi recebido de costas por deputados e manifestantes, que cantaram o Hino Nacional. Só teve tempo de dizer que os presentes “seriam torturados com algumas verdades”. Amir Lando, do PMDB de Rondônia, que presidia a sessão, interrompeu-a por falta de decoro. Lando chegou a reclamar que aquilo não era democracia.
Como não?
A humilhação de Bolsonaro é fruto da democracia que ele repudia em seu fascismo primitivista. E Bolsonaro só existe por causa dela. Só por causa dela, democracia, ele é livre para ofender e enxovalhar os inimigos que enxerga em sua paranóia.
Na saída do plenário, ainda brindou uma repórter da RedeTV com sua truculência. Ao ser questionado se houve golpe militar, xingou-a de idiota, analfabeta, ignorante e mandou-a entrevistar Luiza Erundina.
O discurso que Bolsonaro não proferiu cospe sobre torturados, mortos e suas famílias. “Foram 20 anos de pleno emprego, segurança e respeito aos humanos direitos”, diz a certa altura (a nota taquigráfica está em seu site).
Para seu eleitorado, que vive do medo como ele, passa por corajoso. Na verdade, é um covarde e um ex-terrorista — acusações que ele faz a torto e a direito. Em 1987, quando capitão, ficou famoso ao preparar um plano para explodir bombas em quarteis e outros locais no Rio de Janeiro. Um de seus alvos era a Adutora de Guandu, que abastece o estado.
Sempre falastrão, contou a uma repórter da Veja, na ocasião, que faria aquilo para “mostrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro Leônidas” [Pires Gonçalves, titular da pasta do Exército à época].
Chamado a dar explicações, negou tudo. Mas tinha deixado um croqui do tal plano com a jornalista. O que aconteceu? Nada. Foi absolvido, contra todas as provas. (Um ano antes, passara quinze dias em detenção por liderar uma manifestação por melhoria dos soldos sem a autorização de seus superiores. Também foi absolvido.)
Platão dizia que a ditadura surge da democracia e as piores formas de tirania e escravidão vêm da mais plena liberdade. Virar as costas para Jair Bolsonaro não é nada perto do que um golpista cafajeste e psicótico como ele seria capaz se tivesse os meios — mas é uma vitória para qualquer democrata.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/dar-as-costas-ao-golpismo-cafajeste-de-bolsonaro-e-uma-vitoria-da-democracia-que-ele-tenta-destruir/

O exótico professor da USP que tomou um esculacho por elogiar o Golpe

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Maravilhoso o esculacho dirigido por alunos ao professor Carlos Gualazi, da Faculdade de Direito da USP. (aqui, o vídeo.)
É o melhor fecho para as lembranças e os debates em torno dos 50 anos do Golpe de 64. Felizmente, a cena foi gravada num vídeo que se tornou viral na internet.
Gualazi pediu para ser esculachado ao fazer, ou tentar fazer, o elogio da “Revolução”. Estava vestido a rigor para a ocasião, com uma vistosa gravata borboleta.
Ele já tinha avisado os alunos. E estes se prepararam adequadamente. Ele começa a ser apupado pelos presentes à sala de aula. Logo em seguida, estudantes invadem a sala, alguns encapuzados, e todos cantando um clássico da resistência. “Podem me prender, podem me bater, que eu não mudo de opinião.”
A reação de Gualazi foi cômica. Ele ainda buscou, num triunfo da esperança, colocar ordem na classe. Tirou o capuz de uma aluna, ficou num empurra-empurra com um aluno e opôs sua voz francamente minoritária à da turma em ampla maioria.
Gualazi, 67 anos, é uma figura singular. Ele tem um verbete na Wikipedia escrito evidentemente por ele mesmo. Nele está registrada, com visível orgulho, sua segunda carreira: a de músico profissional. Você vê ali até a foto de um cd do professor.
Mas um aviso na Wikipedia alerta o leitor de que, por “consenso”, foi pedida a “eliminação” do verbete.
Não sei exatamente o que é este consenso, mas coisa boa para Gualazi não é.
O esculacho deu duvidosa notoriedade a ele. A fama poderia vir antes, se alguém prestasse atenção a um livro de história que ele escreveu em parceria com Jânio Quadros.
Nele, Jânio explica com clareza torrencial o que o levou à renúncia de 1961. Ainda hoje, historiadores e jornalistas tentam decifrar um gesto que, num livro coescrito por Gualazi, é objeto de justificativa minuciosa.
A história, nas palavras do próprio Jânio:

“Quando assumi a Presidência, eu não sabia da verdadeira situação político-econômica do país. A minha renúncia era para ter sido uma articulação: nunca imaginei que ela seria de fato aceita e executada. Renunciei à minha candidatura à Presidência, em 1960. A renúncia não foi aceita. Voltei com mais fôlego e força. Meu ato de 25 de agosto de 1961 foi uma estratégia política que não deu certo, uma tentativa de governabilidade.

Também foi o maior fracasso político da História republicana do país, o maior erro que cometi (…). Tudo foi muito bem planejado e organizado. Eu mandei João Goulart (vice-presidente) em missão oficial à China, no lugar mais longe possível. Assim, ele não estaria no Brasil para assumir ou fazer articulações políticas.

O livro em que Jânio se confessou
O livro em que Jânio se confessou

Escrevi a carta da renúncia no dia 19 de agosto e entreguei ao ministro da Justiça, Oscar Pedroso Horta, no dia 22. Eu acreditava que não haveria ninguém para assumir a Presidência. Pensei que os militares, os governadores e, principalmente, o povo nunca aceitariam a minha renúncia e exigiriam que eu ficasse no poder. Jango era, na época, semelhante a Lula: completamente inaceitável para a elite. Achei que era impossível que ele assumisse, porque todos iriam implorar para que eu ficasse (…). Renunciei no Dia do Soldado, porque quis sensibilizar os militares e conseguir o apoio deles.

Era para ter criado um certo clima político. Imaginei que, em primeiro lugar, o povo iria às ruas, seguido pelos militares. Os dois me chamariam de volta. Fiquei com a faixa presidencial até o dia 26. Achei que voltaria de Santos para Brasília na glória. Ao renunciar, pedi um voto de confiança à minha permanência no poder. Isso é feito freqüentemente pelos primeiros-ministros na Inglaterra. Fui reprovado. O país pagou um preço muito alto. Deu tudo errado”.

Era para ser um furo histórico e nacional, mas ninguém leu. Ter participado ativamente da confissão de Jânio não tirou Gualazi da obscuridade.
Ele parecia condenado à sombra, até que decidiu fazer o elogio do golpe.
O resto é um vídeo que vai ficar para a história do Brasil nos 50 anos do golpe.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-exotico-professor-da-usp-que-tomou-um-esculacho-por-elogiar-o-golpe/

Datafolha faz “pesquisa Enem”. Entrevistado tem de responder a 60 perguntas!


Autor: Fernando Brito
datafolhao
Abri o questionário da pesquisa Datafolha registrada no TSE e me deparei com uma prova de vestibular.
São três perguntas de identificação e nada menos que 47 de opinião.
E algumas delas, perguntas duplas ou triplas.
Mais de 60 questões, no total.
É uma festa inquisitória…
De candidato a presidência a racionamento de água e energia, passando por sequestro-relâmpago, Copa do Mundo, refinaria de Pasadena, caio diabo  na “prova” do Datafolha.
Como a pesquisa Datafolha é feita na rua, com abordagem aos passantes, imagine você o que acontece com uma pesquisa deste tipo…
É como pedir para a desafortunada vítima dos pesquisadores para fazer uma prova do Enem, ali, de pé na calçada, esperando o ônibus!
Se você acha que estou exagerando, abra aqui o questionário e confira.
Já adivinhou quem terá mais dificuldade em completar o questionário quilométrico?
Claro, os mais pobres, a pessoas mais simples.
Tome de rigor científico, portanto, no levantamento.
E tem gente que acredita que isso é sério…
http://tijolaco.com.br/blog/?p=16140

Dilma endossa a democratização pela metade




Celso Lungaretti
CELSO LUNGARETTI

Dilma, por mais que futuramente tente explicar seu endosso à igualação entre vítimas e algozes, jamais o conseguirá justificar. Wanda morreu

"Assim como respeito e reverencio os que lutaram pela democracia, enfrentando a truculência ilegal do Estado (...), também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização."

Esta frase é a mais infeliz que a presidenta Dilma Rousseff já pronunciou, até por haver omitido duas palavrinhas que fazem toda a diferença: pela metade. Como consequência das concessões que os dirigentes oposicionistas fizeram em nosso nome, tivemos uma redemocratização pela metade, autoritária, manipulada, juridicamente capenga, oportunista e que deixou feridas abertas até hoje.

Trata-se, também, de uma afirmação reveladora: atesta que, nos pronunciamentos de Dilma, seu presente de candidata à reeleição pesa muito mais do que seu passado de revolucionária e presa política.

Ela quer evitar a qualquer preço que o tiroteio ideológico atrapalhe sua campanha eleitoral -a ponto de, por medida provisória, haver transferido a divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, de maio para dezembro (depois das eleições...), quando deveria é ter recomendado sua antecipação, a fim de que o povo brasileiro ficasse conhecendo melhor a abominação que está completando 50 anos neste dia da mentira.

Uma coisa é o reconhecimento de que, não tendo os torturadores e seus mandantes sido punidos, como deveriam, em 1985 e anos seguintes, a oportunidade de se fazer justiça passou. Hoje esses octogenários e septuagenários posariam de vítimas, enquanto a direita hedionda faria um novelão a respeito das agruras dos ogros reformados, que ela apresentaria como inofensivos velhinhos.

O pior é que, enquanto arcaríamos com um custo altíssimo ao darmos ensejo a tal chantagem emocional, nossos benefícios seriam mínimos, quiçá inexistentes: o letárgico Judiciário brasileiro certamente manteria os processos inconclusos o tempo suficiente para que morressem um a um os carrascos de outrora. A grande maioria, aliás, já está no inferno.

Então, desde 2008 (vide aqui) eu venho propondo que desistamos da quimera de vermos os Ustras, Curiós e Malhães pagando seus pecados na prisão ou sendo obrigados a ressarcir o Estado pelos direitos a indenizações que, com suas atrocidades, eles geraram. Tenho sugerido que nos contentemos em expô-los à execração pública, para que as crianças fujam deles como do bicho papão e seu exemplo inspire nojo e horror nos pósteros. É para isto que servem as comissões da verdade.

Outra coisa, bem diferente, é endossarmos a falácia de que ditaduras, em plena vigência do arbítrio, tenham o direito de anistiar seus dirigentes e seus esbirros, concedendo-lhes habeas corpus preventivo para garantir sua impunidade eterna.

Se assim fosse, Hitler e toda a sua quadrilha poderiam ter-se colocado a salvo de punições, anistiando a si próprios, digamos, em meados de 1944, quando o desembarque dos exércitos aliados na Normandia tornou a derrota alemã uma questão de tempo.

Mas, claro, os juízes do tribunal de Nuremberg desconsiderariam tal impostura, assim como nosso Supremo Tribunal Federal tinha o dever de pulverizar a anistia imposta de 1979, só não o fazendo por ser uma corte eminentemente política.

As nações civilizadas são unânimes em rechaçarem tal saída pela tangente. A ONU a repudia inequivocamente. Ficamos, portanto, ao lado de povos primitivos, aqueles que estão mentalmente ancorados na Idade Média e são dóceis presas do autoritarismo. Ainda não chegamos nem a 1789.

Não se pode respeitar um pseudo acordo político que se negociou com o Congresso Nacional:
desfigurado por regras eleitorais que inflavam artificialmente a bancada situacionista;

traumatizado pelos estupros recentes, pois havia sido amiúde fechado e tivera seus parlamentares cassados com a maior sem cerimônia, a bel-prazer dos tiranos;

intimidado pelas constantes ameaças de "chamar o Pires" (o presidente João Baptista Figueiredo utilizava o ministro do Exército Walter Pires como espantalho para dissuadir os que o contrariavam, lembrando-lhes que a qualquer momento poderia impor novo fechamento político);


e chantageado com o condicionamento da libertação de presos políticos e permissão de volta dos exilados à aceitação, por parte dos oposicionistas, do perdão aos torturadores, assassinos, estupradores e mutiladores de cadáveres.

Se isto é pacto, pertence à categoria dos firmados com Mefistófeles. Goethe explica.

Já Dilma, por mais que futuramente tente explicar seu endosso à igualação entre vítimas e algozes, jamais o conseguirá justificar. Wanda morreu.


 http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/135189/Dilma-endossa-a-democratiza%C3%A7%C3%A3o-pela-metade.htm

Pasadena e o jogo sujo da mídia



Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

matéria da Folhadeste domingo sobre Pasadena é uma obra-prima de manipulação com objetivo eleitoral. O título é “Para entender Pasadena”, só que não explica nada. Não traz nenhuma informação nova. Bloqueia todas as informações, já publicadas inclusive pelo Valor, que pertence ao mesmo dono da Folha, que podem trazer um pouco de luz ao caso.

Por exemplo, o Valor já explicou que a Astra, ao adquirir Pasadena, investiu US$ 300 milhões numa trading criada especificamente para operar junto à refinaria. Essa informação é fundamental para se entender que a Astra não gastou apenas US$ 42,5 milhões.

A Petrobrás comprou a refinaria mais a trading da Astra.

A matéria saiu diretamente da fábrica eleitoral da oposição. É cheia de adjetivos. Não fala nada sobre o funcionamento da refinaria, chamada apenas de “sucata”. Não dá a informação que Pasadena fica no corredor petrolífero mais importante do mundo, o canal de Houston, ao qual é ligada por pipelines aos terminais da baía de Houston que dá no Golfo do México.

Há toda uma logística ao redor de Pasadena que a tornam um patrimônio estratégico para a Petrobrás. Tanto que, quando o mercado começou a farejar que a refinaria poderia ser vendida, por causa das dificuldades financeiras vividas pelo seu proprietário, Henry Rosenberg, especulava-se que seria comprada por uma grande empresa do ramo, como a Tosco Corp., Valero Energy Corp., Ultramar Diamond Shamrock. Ou então a estatal da Noruega, a Statoil, ou o Kwait. É o que diz essa matéria do Oil Daily.

A Folha não se dá nem ao trabalho de publicar dados sobre a refinaria. Seus leitores não são informados sobre a sua capacidade de estocar 6 milhões de barris, nem que pode processar mais de 100 mil barris diariamente.

Outra informação já dada por toda a grande mídia, a de que a Astra investiu mais de US$ 80 milhões para modernizar Pasadena também é escondida.

Ora, se a Astra investiu US$ 300 milhões numa trading que seria (como foi) o braço comercial de Pasadena, e gastou mais de US$ 80 milhões para modernizar a refinaria, então não era uma “sucata”! O leitor da Folha não recebe essas informações.

A Folha também omite de seus leitores a informação de que consultoras internacionais e o Citibank aconselharam o negócio, e que a decisão foi unânime no então Conselho de Administração, inclusive por parte de executivos prestigiados como Fabio Barbosa, hoje presidente da Abril e Jorge Gerdau.

Essas são informações conhecidas e já publicadas na grande mídia, que a Folha omite. Nem me refiro às informações exclusivas do Cafezinho, que traçam um histórico da refinaria, provando que ela sempre funcionou e sempre foi cobiçada pelas empresas do setor.

A Folha capricha na estratégia da manipulação. O valor de US$ 42,5 milhões pago pela Astra é um dado incompleto, porque não fala quanto a belga pagou pelos estoques, omite os US$ 300 milhões investidos na trading, omite os US$ 84 milhões investidos no “revamp” (modernização do maquinário), e ignora os passivos da refinaria.

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/2014/03/pasadena-e-o-jogo-sujo-da-midia.html

Aécio diz em público o que Serra cochichava: quer o fim do modelo Lula no petróleo


Autor: Fernando Brito
prometi
Uma pessoa presente à palestra de Aécio Neves hoje, numa associação de empresários, relata que, ao prometer “reestatizar” a Petrobras, Aécio Neves admitiu rever o modelo de partilha do petróleo da camada pré-sal, instituído por Lula e que garante não apenas que o Estado brasileiro fica com parte da produção como assegura que a Petrobras seja a operadora única, com pelo menos 30% de qualquer consórcio privado que receba o direito de explorar o óleo.
Não é, a rigor, novidade.
O tucano já havia defendido a volta ao modelo de concessão de Fernando Henrique Cardoso em outubro do ano passado.
É o mesmo que José Serra havia prometido a Patrícia Pradal, executiva da Chevron, numa reunião privada, que vazou com os telegramas do Wikileaks.
Não seria de esperar outra coisa de um candidato que, pela primeira vez desde 2002, resolveu se assumir como “fernandista”.
À medida em que os dias forem se passando, a mistificação em torno da CPI da Petrobras vai deixar claro o pano de fundo de toda essa história.
Enquanto isso, a campanha de desgaste da Petrobras, além de prejudicar a empresa e o país, vai servindo para todo tipo de esperteza no mercado de capitais contra os pequenos investidores.
Aliás, Aécio estava atacado e disse que “tanto faria” enfrentar Dilma ou Lula nas eleições.
São provocações pueris de Aécio, contra-atacando a ânsia dos últimos dias de Eduardo Campos, que tentou se mostrar mais anti-Lula do que ele.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=16117

chuva, é o colapso do Sistema Cantareira


Autor: Fernando Brito
cantadenovo
Termina o mês de março e, felizmente para São Paulo, a chuva voltou com força.
No site do Climatempo eu peguei este gráfico aí de cima, mostrando que a média de chuvas de março, até ontem, já havia sido superada.
cantE por que, então, o Cantareira não pára de baixar, tendo atingido hoje meros 13,1%  do total, que a Sabesp apresenta como 13,4%, porque conta o pequeno Juqueri (Paiva Castro), que é apenas um poço de bombeamento.
Mas porque está acontecendo isso: mais chuva e menos água?
É porque o Cantareira não funciona mais como um sistema.
A ideia central de um sistema integrado é utilizar o potencial conjunto da reserva para manter suas unidades equilibradas.
E Cantareira, deliberadamente, não funciona mais assim.
A Sabesp está “juntando” toda água possível no Reservatório Atibainha em lugar de mantê-lo num nível mais baixo e preservar as condições operacionais do Jaguari-Jacareí, o maior dos reservatórios, já sofre o fenômeno hidráulico de perda de carga. Isso quer dizer que seu túnel de escoamento não pode mais operar em capacidade máxima e, antes que essa capacidade se esgote, toda a água possível está sendo levada para o Atibainha, onde estão sendo instaladas as bombas.
De 1° a 31 de março, o Jaguari-Jacareí caiu de 11,68%, para 6,19% de sua capacidade. Perdeu 40 bilhões de litros de água, 25 dias de consumo da Grande SP.
No mesmo intervalo, o Atibainha, que será drenado, passou de 41,8% para 54,5% de sua capacidade. Este ganho de pouco mais de 12% representam mais 11,7 milhões de litros de água, algo como mais de sete dias de água.
O sistema, portanto, teve uma perda de 18 dias de reserva, porque as variações dos outros reservatórios são inexpressivas.
Os outros 13 dias foram supridos pelas chuvas abundantes, que somaram 193 mm, enquanto em março de 2013 atingiram apenas 133 mm.
O nível do sistema, em 2014, com mais chuva, caiu de 16,6% para 13,4%. E em 2013, com 30% menos de chuva, subiu 5,1% no mesmo período.
E isso sem o corte no fornecimento feito ao longo deste março e a transferência de parte da região servida pelo sistema para o abastecimento por outros reservatórios.
Há vários fatores para explicar isso, desde a temperatura mais alta, o déficit hídrico do solo, a perda de cobertura vegetal e o nível baixo dos reservatórios aumentando a absorção das áreas superficialmente ressecadas e a evaporação.
Como o gráfico mostra, também, que o problema poderia ter sido previsto desde meados do ano passado.
São Paulo está numa corrida contra o tempo até as bombas de recalque funcionarem.
Dependendo das chuvas, e da capacidade do túnel do Jaguari-Jacareí operar, tem entre 80 e 120 dias de água.
Então começará outra, esperando a volta das chuvas em novembro/dezembro.
E uma corrida maluca, como um maratonista que quer dar tudo de si  nos primeiros oito ou dez quilômetros.
Vai chegar ao final com a língua de fora. Se chegar, é claro…
E a linha de chegada é a eleição, em nome da qual Alckmin evita o que teria a obrigação de fazer, estabelecer um racionamento.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=16115