quinta-feira, 20 de outubro de 2011

As garras dos EUA na África



Pepe Escobar

20/10/2010, Pepe Escobar, Asia Times Online 

Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu


O que Gaddafi nunca fez contra Benghazi – e não há qualquer sinal de que algum dia fizesse – o Conselho Nacional de Transição está fazendo contra Sirte. Como a ofensiva assassina dos EUA em Fallujah, no triângulo sunita do Iraque no final de 2004, Sirte está sendo destruída, para “salvá-la”. Sirte, a nova Fallujah, é trazida até vocês pelos “rebeldes” da OTAN. A R2P morreu. RIP.

Desconfie de desconhecidos que trazem presentes. A amazona pós-moderna e secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton finalmente pousou em Trípoli – viajando em jato militar – para homenagear o sinistro Conselho Nacional de Transição [ing. Transitional National Council (TNC)], dos oportunistas/ desertores/ islamistas antigamente conhecidos como “rebeldes da OTAN”. 

Clinton foi saudada na 3ª-feira “no solo da Líbia livre” (palavras dela) por o que oNew York Times antiquadamente descreveu como “uma milícia irregular” (tradução: gangue pesadamente armada que já está fazendo o diabo contra outras milícias armadas pesadamente armadas), antes de reunir-se com o chefe do Conselho Nacional de Transição Mustafa Abdel-OTAN (antigamente conhecido como Jalil). 

O grosso dos presentes dos EUA – US$40 milhões –, além dos $135 milhões já desembolsados desde fevereiro (quase tudo é “ajuda” militar) corresponde a “negócios” arranjados por “contratados” (i.e. mercenários) que tentam surfar na onda dos equipamentos antiaéreos portáteis que, hoje, já estão convenientemente bem guardados em armazéns secretos dos islâmicos. 

Clinton disse aos estudantes da Universidade de Trípoli que “Nós estamos ao lado de vocês”.

Não é capaz de juntar os pontos e perceber que os shabab (jovens) que no início protestavam contra Muammar Gaddafi em fevereiro nada têm a ver, absolutamente, com os oportunistas/desertores/islâmicos do Conselho Nacional de Transição que sequestraram aquelas manifestações. Mas, sim, teve tempo de revelar outra política “secreta” dos EUA: os EUA querem Gaddafi “vivo ou morto”, ao estilo de George W Bush (ou alvo de assassinato premeditado [ing.targeted assassination], ao estilo de Barack Obama). 

A nova Fallujah 

Em exaustivas seis horas e meia em solo da “Líbia livre”, Clinton, é claro, não teve tempo para embarcar num helicóptero e ir a Sirte, para ver com os próprios olhos como a OTAN pratica sua R2P (“responsabilidade de proteger” civis). 

Algumas centenas de soldados e nada menos que 80 mil civis foram bombardeados sem parar durante semanas pela OTAN e os ex-“rebeldes”. Só 20 mil civis conseguiram escapar. Não há comida. Água e eletricidade foram cortadas. Os hospitais estão desertos. A cidade – sitiada – está em ruínas. Os imãs de Sirte emitiram um fatwa (decreto) que libera os sobreviventes para comer cachorros e gatos. 

O que Gaddafi nunca fez contra Benghazi – e não há qualquer prova de que algum dia fizesse – o Conselho Nacional de Transição está fazendo contra Sirte, cidade natal de Gaddafi. Como a ofensiva assassina dos EUA em Fallujah, no triângulo sunita do Iraque no final de 2004, Sirte está sendo destruída, para “salvá-la”. Sirte, a nova Fallujah, é trazida até vocês pelos rebeldes da OTAN. A R2P morreu. RIP. 

E a coisa toda é muito mais imunda. A Líbia é só um ângulo da estratégia de vários vetores dos EUA na África. Michelle Bachmann, a ensandecida aspirante a candidata presidencial dos EUA, durante o debate entre os candidatos Republicanos em Las Vegas, na 3ª-feira, disse tudo, sem querer. Mostrando sensacional conhecimento geográfico, referindo-se à nova intervenção de Obama, dessa vez em Uganda, Bachmann disse: “Obama já nos meteu na Líbia. Agora, está nos metendo na África.” Claro, a Líbia já não é parte da África. Como a Casa de Saud contrarrevolucionária desejava, a Líbia foi transferida para as Arábias (melhor que isso, só se for convertida em monarquia restaurada). 

Sobre “Obama está nos metendo na África” (ver “Obama, rei da África”, 18/10/2011, [1]), aqueles 100 soldados das forças especiais dos EUA em Uganda, chamados de “conselheiros”, devem ser vistos como remix à moda da modernidade líquida, do Vietnã no início dos anos 1960s: lá, tudo também começou com um bando de “conselheiros” – e o resto é história. 

O Exército da Resistência de Deus [Lord's Resistance Army (LRA)] do doido cristão místico Joseph Kony não passa hoje de 400 combatentes esfarrapados (eram mais de 2.000). Estão em fuga – e já nem estão mais em Uganda, mas no Sudão do Sul (hoje, um protetorado ocidental), na República Centro-Africana e ao longo da vasta fronteira com a República Democrática do Congo. 

Assim sendo, por que Uganda? Entram em cena a empresa Heritage Oil PLC, com sede em Londres, e seu presidente, Tony Buckingham, ex – já se pode adivinhar! – “contratado” (quer dizer, mercenário). Eis o modus operandi daHeritage, descrito pelo próprio Buckingham: começam com “um primeiro movimento estratégico de entrar em regiões com vasta riqueza de hidrocarbonetos onde temos vantagem estratégica.”[2] 

Tradução: em qualquer lugar onde haja invasão militar estrangeira, guerra civil, total colapso da ordem civil, onde se escondem os grandes negócios e o alto dinheiro. Daí a presença da Heritage no Iraque, na Líbia e em Uganda.

Lucrando no nevoeiro do pós-guerra, a Heritage assinou sumarentos negócios no Curdistão iraquiano protegida pelo governo central em Bagdá. Na Líbia, aHeritage comprou 51% de uma empresa local de petróleo, a Sahara Oil Services; significa que já está operando diretamente autorizações para explorar petróleo e gás. Pressionados sobre esse assunto, os chefões do Conselho Nacional de Transição tentaram mudar de assunto: disseram que nada teria sido aprovado até aquele momento. 

Não há dúvidas de que a Heritage entrou na Líbia via um ex-comandante aposentado do exército inglês, John Holmes, fundador da Erinys [3] , um dos maiores grupos de mercenários ativos no Iraque, além da Xe Services, ex-Blackwater. Holmes espertamente enviou as garrafas certas de Johnnie Walker Blue Label para Benghazi, endereçadas aos escroques certos do Conselho Nacional de Transição, seduzindo-os com o know-how dos mercenários daHeritage, especialistas em “segurança de campos de petróleo”. 

Mercenário contratado, embarcar! 

A avançada de Obama em Uganda também é gambito clássico do Oleodutostão. Os possivelmente “bilhões de barris” de petróleo das reservas recentemente descobertas na África Subsaariana estão localizados na sensibilíssima região transfronteiras entre Uganda, Sudão do Sul, República Centro-Africana e República Democrática do Congo. 

Acreditem ou não, a Heritage era a principal empresa de petróleo em operação em Uganda em 2009, extraindo petróleo em Lake Albert – entre Uganda e a República Democrática do Congo – e jogando um país contra o outro. Depois, venderam a licença à Tullow Oil, na essência, empresa de fachada, também de propriedade de Buckingham, embolsando $1,5 bilhão no processo e, significativamente, sem pagar 30% dos lucros ao “filho-da-puta amigo de Washington”, o presidente Yoweri Museveni, de Uganda. 

Entra em cena a empresa líbia estatal de petróleo, a Tamoil, parceira de Uganda no projeto para construir um oleoduto crucialmente importante até o Quênia. Uganda carece desesperadamente de um oleoduto em operação, para quando começarem as exportações, ano que vem. A guerra da OTAN contra a Líbia paralisou o gambito do Oleodutostão. Agora, todos os caminhos voltam a abrir-se para os negócios. A Tamoil desaparecerá de cena – mas outros podem também desaparecer. 

Tentando dar jeito na confusão, o parlamento em Uganda – pouco antes de Obama anunciar a “avançada” contra Uganda – congelou todos os contratos de petróleo, o que atingiu diretamente a francesa Total e a chinesa China National Offshore Oil Corporation, mas, mais seriamente, a Tullow Oil. 

Mas agora, com as forças especiais de Obama “aconselhando” não só os ugandenses, mas também os vizinhos, e mancomunadas com a Heritage – que é fachada para uma gigantesca operação petróleo/mercenários – não é difícil adivinhar onde pousarão os contratos de exploração e venda do petróleo de Uganda. 

A amazona firme nas rédeas 

As operações “Unified Protector” [Protetor Unificado], “Odyssey Dawn”[Alvorada da Odisseia] e todas as demais metáforas homéricas ou outras, que se usaram para designar o bombardeio (mais de 40 mil bombas, na última contagem) do Africom (EUA) & OTAN contra a Líbia, levaram ao resultado almejado: a destruição do estado líbio (e grande parte da infraestrutura do país, para delícia dos urubus do capitalismo de desastre). Também levou à consequência letal, não desejada, daqueles mísseis antiaéreos dos quais os islâmicos já se apropriaram – razão mais do que suficiente para “guerra ao terror” no norte da África, afinal tornada eterna. 

Washington não poderia estar menos preocupado com a “responsabilidade de proteger”, R2P; como a viagem de Clinton à Líbia mostra, a única coisa que importa é o pretexto para “garantir segurança” ao arsenal líbio – perfeita fachada para os mercenários norte-americanos e operadores anglo-franceses de inteligência ocuparem as bases militares líbias. 

A regra pétrea é que a Líbia “livre” deve ser controlada pelos “libertadores”. Só falta combinar com as “milícias irregulares” (para nem falar da gangue de Abdelhakim Belhaj e de seus associados da al-Qaeda que, hoje, estão no comando militar de Trípoli). 

Vale a pena lembrar que 6ª-feira passada, o Departamento de Estado dos EUA anunciou que estava enviando “contratados” para a Líbia; e que, no mesmo dia, Obama anunciou a “avançada” em Uganda. E que, dois dias depois, o Quênia invadiu a Somália – mais uma vez, sob o pretexto da “responsabilidade de proteger”, para proteger civis contra jihadis e piratas somalianos. 

A aventura dos EUA na Somália parece, cada dia mais, mistura de Sófocles com os Irmãos Marx. Primeiro, foi a invasão da Etiópia (fracassou miseravelmente). Depois, Museveni mandou milhares de soldados ugandenses combaterem os militantes do grupo al-Shabaab (fracassou em parte: o “governo” apoiado pelos EUA mal consegue manter controle de alguns arredores de Mogadishu). 

Agora, a invasão do Quênia. Bom sinal da inteligência da CIA é que seus agentes já estão há meses em campo, com bandos de mercenários. Não demora, e algum pistoleiro da contrainsurgência em Washington, que reze pelo catecismo do novo chefe da CIA David Petraeus, concluirá que a única solução é mandar um exército de aviões robôs tripulados à distância, os drones MQ-9 Reapers, “dronar” a Somália até não deixar viva alma por lá. 

O grande quadro permanece: é o Africom do Pentágono estendendo seus tentáculos militarizados para tentar dominar o soft power chinês na África, que se pode resumir como: em troca de petróleo e minérios, construiremos o que quiserem que a gente construa, sem nem tentar vender para vocês nossa “democracia para idiotas”. 

O governo Bush acordou para esse “risco” um pouco tarde demais – quando criou o Africom, em 2008. No governo Obama, o clima é de pânico total. Para Petraeus, a única coisa que conta é “a longa guerra” & esteróides – de coturnos em terra a exércitos de aviões-robôs. E quem são Pentágono, Casa Branca e Departamento de Estado, para discordar?

O geógrafo italiano e cientista político Manlio Dinucci é dos poucos a mostrar como funciona o neocolonialismo 2.0: basta examinar o mapa. Na África Central, o objetivo dos EUA é a supremacia militar sobre Uganda, Sudão do Sul, República Centro-Africana e República Democrática do Congo – no céu, com os drones; e em terra, com serviços de inteligência. 

Na Líbia, o objetivo é ocupar uma encruzilhada estratégica absolutamente importante entre o Mediterrâneo, o norte da África e o Oriente Médio, com o lucro extra (nostálgico?) de o ocidente – Paris, Londres e Washington – finalmente voltarem ao comando das bases militares que tinham quando o rei Ídris estava no poder (1951-1969). É indispensável estabelecer controle sobre todo o norte da África, a África Central, o leste da África e – mais problemático – o Chifre da África. 

A pergunta de um trilhão de dólares é como reagirá a China – que planeja seus movimentos estratégicos com anos de antecedência. 

A amazona Clinton deve andar radiante. No Iraque, Washington destruiu meticulosamente o país inteiro ao longo de vinte anos, e acabou de mãos vazias – nenhum contrato substancial de petróleo. Clinton, pelo menos, conseguiu seu exército privado – os “conselheiros” que se instalarão na base dos EUA em Bagdá, maior que o Vaticano.

E, considerando que os novos “conselheiros” africanos de Obama serão pagos pelo Departamento de Estado, Clinton agora já tem seu próprio exército privado africano de mercenários. Depois de novembro de 2012, quem sabe Clinton decida abraçar o negócio dos “contratados”. Em nome da sagrada “responsabilidade para proteger”, R2P, naturalmente.




Notas dos tradutores
[1] Ver também “Guerra sem fim! É a estratégia da política externa dos EUA...”, 18/10/2011, em português. 
[2] Ahram OnlineCairo, 4/10/2011, em “UK firm buys control of Libyan oil field company (em inglês).
[3] Daily News and AnalysisNew Delhi, 23/9/2011, em “Secrets of a UK “super-fixer” in Libya (em inglês).

A rotina golpista de uma imprensa voraz

Difícil calcular a profundidade e os interesses financeiros ocultos neste iceberg da Copa do Mundo do qual só vemos a ponta. É coisa de bilhões (se não tri) de dólares.



Joâo Havelange e seu genro-herdeiro Ricardo Teixeira, colocam os interesses da “famíglia Fifa” ACIMA dos interesses do Brasil. Querem vender bebida alcoólica dentro dos estádios – o que é proibido por lei. Não aceitam a meia-entrada para estudantes idosos – o que é lei. Exigem que as autoridades brasileiras endureçam com os “falsificadores” de bandeiras, chapéu, chaveiro, adesivo, camiseta, boné etc, que contenham símbolos da Copa (tarefa tão impossível quanto acabar com os CDs piratas vendidos em qualquer esquina da país). Confesso que eu não sabia que TUDO que se relaciona à Copa paga royalties à Fifa pelo uso da marca (?!) “Copa do Mundo de Futebol” ou “Fifa WorldCup”.


Dilma disse não à ingerência em nossa soberania por parte da entidade dona do futebol mundial (que tem como sócia a Globo – dona do futebol brasileiro). Também mudou as regras das licitações do chamado PAC da Copa - o que acaba com a festa das empreiteiras – acostumadas a sobrefaturar e formar lobby.

Precisa dizer que a presidenta somou mais um punhado de inimigos ferrenhos aos tradicionais que o PT coleciona desde sua fundação?

Na mais rosada das hipóteses, querem enfraquecer a presidenta para que ceda e mude as leis brasileiras que mexem com sua contabilidade. Confesso também que não tinha ideia que a cada Copa, o país sede deve promulgar um conjunto de leis específicas para o evento.

A fatia brasileira das elites brancas – que passaram a ser chamadas mundialmente de “1%” (veja aqui) têm aquele velho rancor do PT pelas últimas 3 eleições perdidas. E como a sardinha da oposição está longe da brasa das grandes realizações há um bom tempo, conspiram para retirar Copa e Olimpíadas do país buscando desmoralizar o governo Dilma. Dane-se o Brasil que eles NÃO governam! “Passariam como um trator por cima da própria mãe” para conseguir que o PT não some mais estes trunfos às suas gestões. Mais uma vez seu braço direito – o PiG – faz o trabalho sujo de destruir reputações. O bombardeio acerta ministro mirando a presidenta. (Se até o ano da Copa, conseguirem o impedimento de Dilma, vão pagar promessa de joelhos pro resto da vida…).


Como não há leis que garantam o direito de resposta de suas vítimas, tornou-se hábito da Globo, Veja, Folha e Estadão atirar primeiro e perguntar depois. Em sua lógica invertida, todos que compõem o Governo Federal são e sempre serão culpados até provarem sua inocência. Por isso não é nenhuma novidade o que revelaram o ator José de Abreu e o jornalista Paulo Henrique Amorim sobre o ítalo-argentino Roberto Cívita – presidente do grupo Abril – ter avisado o PT que vai derrubar Dilma. Desde 2003, a Abril e rede Globo viram sua fatia das verbas de publicidade institucional do Governo Federal minguarem acentuadamente. (Até FHC, o PiG e sua patota chafurdavam sozinhos nessa grana. Lula mandou distribuir a veiculação em 8 mil veículos de comunicação Brasil afora.)


Com o andar desta carruagem, já tem gente comparando o clima atual com aquele que precedeu o golpe de estado de 64. Verdade seja dita, existem cidadãos que desejam ardentemente que o exército tome o poder e expulse o governo eleito democraticamente. Não fazem ideia do que é viver sob uma ditadura. Mesmo que acontecimentos como a Primavera Árabe berrem aos seus olhos e ouvidos. Já testemunhei essa gente conspirando em 2006, quando Lula liderava com folga nas pesquisas do segundo turno. O mesmo aconteceu em 2010. Cheguei a receber e-mail convocando para assinar petição a ser encaminhada ao exército na qual se exigia o golpe. (Isso me lembra um filme chamado “A Casa dos Espíritos” – baseado no livro homônimo de Isabel Allende. Recomendo demais. Principalmente aos mais desavisados – que nem eram nascidos nas décadas de 60/70.)

Tempos modernos, país continental, finalmente respeitado pela comunidade internacional – não há espaço para golpe de estado no Brasil. Nas décadas de 60 e 70 não existiam os mecanismos de impeachment que temos hoje. Derrubavam-se governos na base da botina esmagando quem estivesse no caminho. Hoje, é possível dar um golpe de estado sem disparar um único tiro. O campo de batalha é a mídia. Por isso o PiG é o Partido da imprensa Golpista. Eles treinam este golpe há 10 anos. Mas o grande obstáculo é a ampla aprovação que Lula, e agora Dilma, receberam do povo. (Segundo o Ibope, Dilma tem aprovação de 71%). Enquanto sua popularidade não despencar, nada feito.

O circo armado contra o ministro dos esportes pode até derrubar. (Saberemos hoje – ou, mais tardar – depois que a Abril defecar sua revista nas bancas de jornal no próximo sábado.) Mas, é preciso salientar que, neste caso, o objeti­vo principal foi desviar outro foco, infinitamente mais grave. Um fato que vai revelar a verdadeira face do governo paulista e colocar em risco suas pretensões para 2012: a denúncia do próprio colega da base de apoio de Alckmin, Roque Barbieri, sobre o mensalão que deve correr solto há 4 mandatos na Assembleia Legislativa de São Paulo. Matéria mil vezes mais explosiva. Envolve 30% dos parlamentares em torno do maior orçamento da união. Entre eles, Bruno Covas, neto do Mário, fundador do PSDB. Sonho de cobertura investigativa de qualquer jornalista do planeta. Menos destes, que trabalham no esgoto das redações do PiG.
 
Mineira da gema que é, Dilma deve cozinhar a Fifa e impor a nossa soberania. Ou seja, quebrar a patente, “abrasileirar” a Copa. Proteger os direitos do cidadão, assegurados por lei e o estado de direito assegurado pela Constituição.

Governo e mídia em impasse


Era inevitável e, como tudo que é inevitável, aconteceu: finalmente o governo Dilma Rousseff e a mídia, sem maior concurso da oposição, chegaram a um impasse. Diferentemente do que aconteceu com os ministros que foram derrubados nestes dez meses do novo governo, porém, o ministro Orlando Silva parece cheio de gás para enfrentar as acusações assacadas contra si.
Também à diferença do que aconteceu com a primeira pedra do dominó ministerial de Dilma que foi derrubada, o ex-ministro Antonio Palocci, o ministro dos Esportes tem o apoio integral de seu partido, enquanto que o ex-chefe da Casa Civil foi minado pelo próprio partido, ao que a mídia e a oposição acederam gostosamente.
Aliás, falando em partido, como o PC do B inteiro foi lançado na lama pelo PM milionário e pela revista que endossou cada uma de suas acusações, agora não se está mais querendo derrubar apenas um ministro, mas um partido aliado. Esse partido, porém, não é como as legendas de aluguel que tiveram ministros derrubados. É o PC do B, o aliado mais fiel do PT há muito tempo.
Então vamos ao impasse: se só a Veja tivesse assinado embaixo das denúncias do acusador de Orlando Silva e de seu partido, não seria nada. Mas a Globo e os jornalões aderiram ao endosso incondicional que a revista deu àquele acusador, inclusive anunciando fartamente as tais provas que ele prometeu apresentar ontem e não apresentou e uma decisão de Dilma sobre o caso que a presidente fez questão de desmentirperemptoriamente.
O governo sabe que se a mídia derrubar outro ministro no grito, sem provas, e expulsando da aliança governista um dos principais partidos, chegará a um ponto de fragilidade irreversível. Se ceder a chantagem tão grosseira, terá que se curvar sempre ou não conseguirá manter ministro algum no cargo, inviabilizando a administração do país.
A mídia continua fazendo ofertas veladas publicamente. Matérias dão a impressão de que pretende aceitar só a cabeça do ministro comunista e não pressionar pela retirada do ministério dos Esportes da área de influência do PC do B, mas o partido sabe que a queda do ministro, como este foi vinculado à agremiação nas acusações, representará prejuízos eleitorais irreparáveis, ano que vem.
Sabendo-se agora, graças ao ator José de Abreu, que o governo “negocia” com a mídia os ataques que dela sofrerá, essa “negociação” entre as partes acaba de mergulhar naquilo que no mundo dos negócios, por exemplo, chamamos de impasse.
A demissão do ministro simbolizará publicamente que ele e seu partido são corruptos e a mídia, após o que disse sobre essa demissão ser fato consumado, não pode aceitar situação inversa porque seria a própria desmoralização. Impasse, pois, é quando os negociadores não têm mais o que perder porque qualquer perda será prejuízo para si e lucro para o outro lado.
Agora a má notícia: em política, a conseqüência mais direta dos impasses freqüentemente costuma ser a guerra.

Dilma afirma que não se pode comemorar "morte de qualquer líder"


Minutos antes de embarcar de volta para o Brasil de Luanda, capital de Angola, a presidente Dilma Rousseff afirmou, sobre notícias da captura e morte do ex-ditador Muammar Gaddafi nesta quinta-feira, que não se pode comemorar "a morte de qualquer líder".

Dilma evitou falar sobre o assunto sob a alegação de que a morte ainda não havia sido confirmada independentemente. "Me avisaram sobre retratos e fotografias, mas não tem nada ainda oficial", disse ela já na base aérea de Luanda.

A presidente, porém, comentou sobre a Líbia e a transição pela qual o país deve passar. "A Líbia está passando por um processo de transformação democrática e é algo que todo mundo deve apoiar e incentivar. O que queremos é que esses países tenham a capacidade interna de viver em paz", afirmou.

Ela se reuniu durante o dia com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos --que, com a morte de Gaddafi, passa a ser um dos dois líderes africanos há mais tempo no poder (32 anos), ao lado do ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Nguema --visitado pelo ex-presidente Lula em 2010. Nguema assumiu a presidência dois meses antes de Santos.

E foi a partir do exemplo de Angola com a guerra civil que Dilma traçou um paralelo com a Líbia. Ela ressaltou que as consequências da guerra vão além da destruição de infraestrutura, mas também representa a perda de oportunidades. "O Brasil vem dizendo que a grande questão é justamente a reconstrução. O Brasil tem feito todos os esforços para que haja uma reconstrução dentro de um clima de paz", reforçou.

"Nós acreditamos que é fundamental que se resolva conflitos pelo método da negociação, porque não é só a guerra que causa danos, causa danos também o pós-guerra e o efeito da destruição na população", afirmou.

PATRIOTA


Antes de Dilma, o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores), também em Luanda para a visita, falou sobre os relatos da captura do ex-ditador líbio. "O Brasil espera que a violência na Líbia cesse, que as operações militares se encerrem e que o povo líbio siga em suas aspirações e anseios no espírito do diálogo e da reconstrução nacional", afirmou.

Dilma foi informada sobre a captura e possível morte de Gaddafi durante uma reunião bilateral com o presidente angolano, José Eduardo dos Santos. Patriota teve a informação às 13h37 local (10h37 em Brasília) e, imediatamente, comunicou aos dois presidentes.

Novo vídeo mostra Gaddafi vivo após ser capturado; veja


Um vídeo divulgado por emissoras de TV árabes mostram o ex-ditador líbio, Muammar Gaddafi, ainda vivo após ter sido capturado em Sirte, sua cidade natal, nesta quinta-feira.

ATENÇÃO: o vídeo a seguir contém imagens agressivas



Comandantes das forças rebeldes da Líbia anunciaram nesta quinta-feira que o ex-ditador, Muammar Gaddafi, foi capturado e morreu devido à gravidade de seus ferimentos durante operações militares em sua terra natal, Sirte, último reduto leal ao regime de 42 anos.

O premiê líbio, Mahmoud Jibril, também confirmou a morte de Gaddafi. "Nós confirmamos que todos os vilões, e também Gaddafi, deixaram nosso amado país. Acredito que seja o momento de começar uma nova Líbia, com uma Líbia unida, um só povo e um só futuro", afirmou ele em uma coletiva de imprensa em Trípoli.

Editoria de Arte/Folhapress

Transição na Líbia entra na fase mais difícil, diz analista


O anúncio da morte do líder líbio, Muammar Gaddafi, nesta quinta-feira, aumentou as discussões sobre o futuro do país, agora que os rebeldes consolidaram a tomada de poder.
"Esta é a fase mais difícil", diz o analista Leslie Gelb, presidente emérito do Council on Foreign Relations (CFR).

Segundo o especialista em política externa, a primeira fase da transição Líbia era ver se os rebeldes conseguiam ter sucesso em sua luta, e a segunda, derrubar Gaddafi.
"A terceira fase é ver se essas pessoas têm condições de governar o país", afirma. "O sucesso até agora é muito limitado comparado aos desafios que há pela frente."

"MATAR UNS AOS OUTROS"


O analista se diz cético quanto ao fim dos confrontos na Líbia e afirma que, conquistado o objetivo comum de derrubar Gaddafi, as divergências entre os diferentes grupos rebeldes que se uniram contra o líder líbio devem começar a surgir com mais força.

"Os grupos que se uniram para lutar contra Gaddafi têm pouco em comum. Acho muito provável que comecem a lutar uns contra os outros, e a matar uns aos outros", diz Gelb.

De acordo com o analista, os Estados Unidos e as outras potências ocidentais que apoiaram a luta contra Gaddafi não têm uma ideia clara de quem são os rebeldes a quem ajudaram. "Não sabemos quem são esses caras que estávamos apoiando. E agora eles estão no poder."

Os Estados Unidos participam dos esforços coordenados pela Otan (aliança militar ocidental) para apoiar os rebeldes líbios, que incluíram inclusive o bombardeio de posições estratégicas para o regime de Gaddafi.

A ação militar na Líbia foi aprovada em março por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, com o objetivo de proteger a população civil de ataques das forças leais a Gaddafi.

DEMOCRACIA


"Os grupos que se uniram para lutar contra Gaddafi têm pouco em comum. Acho muito provável que comecem a lutar uns contra os outros, e a matar uns aos outros"
Leslie Gelb, presidente emérito do Council on Foreign Relations.

Nesta quinta-feira, após o anúncio da morte de Gaddafi, o presidente americano, Barack Obama, disse que a Líbia tem de percorrer um longo caminho rumo à democracia.
Na avaliação do analista do Council on Foreign Relations, porém, não há garantias de que o fim do regime de Gaddafi vá resultar em uma democracia.

"Não há exemplos na História de uma revolução nas ruas que tenha se transformado imediatamente em democracia", diz Gelb.

Ele cita o caso do Egito, onde a queda do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro, após um levante popular, foi celebrada ao redor do mundo como uma transição para a democracia que, meses depois, ainda não se confirmou.

"Hoje em dia poucos estão tão otimistas (como estavam logo após a queda de Mubarak)", afirma.

NOVO REGIME AUTORITÁRIO


Para o analista, é grande a chance de que o poder acabe nas mãos de um novo regime autoritário, e há o risco de que terroristas encontrem mais espaço na "nova Líbia".
Gelb observa que, em seus mais de 40 anos no poder, Gaddafi teve diferentes períodos em seu relacionamento com a comunidade internacional.

Durante muitos anos era considerado o inimigo público número um, mas após renunciar às armas de destruição em massa, foi reintegrado.

"Mas ele sempre matou o seu povo", diz o analista.

"Não está claro para mim por que a França, o Reino Unido e os Estados Unidos decidiram se intrometer [somente agora] antes de saber exatamente a quem estávamos ajudando."

Gaddafi foi morto em troca de tiros entre rebeldes e apoiadores, diz premiê líbio


O premiê da Líbia, Mahmoud Jibril, confirmou a agências de notícias que o ex-ditador da Líbia Muammar Gaddafi foi morto durante uma troca de tiros entre rebeldes e seus apoiadores em sua cidade natal, Sirte, nesta quinta-feira.


As declarações chegam após um pedido da ONG Anistia Internacional, em Londres, para que o governo interino líbio fizesse uma investigação e apresentasse mais detalhes sobre as circunstâncias em torno da morte de Gaddafi.

Reprodução
Reprodução da AL jazeera
Reprodução da emissora de TV Al Jazeera, com sede no Qatar, mostra ex-ditador Muammar Gaddafi morto

Embora inicialmente não houvesse uma versão oficial, um vídeo que mostra o ex-ditador capturado ainda com vida nesta quinta-feira transmitido por emissoras árabes gerou suspeitas de que ele tivesse sido executado pelos rebeldes.

Numa coletiva de imprensa em Trípoli, Jibril disse que relatórios de perícia mostram que a causa da morte foi um tiro recebido durante um tiroteio.

"Gaddafi foi retirado de dentro de uma tubulação de esgoto e não mostrou resistência alguma. Quando começamos a movê-lo ele foi atingido por um tiro no braço direito e quando o colocamos numa picape ele ainda não tinha nenhum outro ferimento", disse o premiê citando o relatório.

ATENÇÃO: o vídeo a seguir contém imagens agressivas



"Quando o carro começou a se mover houve um tiroteio entre rebeldes e as forças de Gaddafi, no qual ele foi atingido por um tiro na cabeça. O médico legista não conseguiu determinar se a bala pertencia aos rebeldes ou às forças de Gaddafi", disse Jibril, acrescentando que o ex-ditador morreu poucos minutos após chegar a um hospital de Misrata.

Jibril disse ainda que o anúncio da liberação da Líbia será feito no sábado (22), em Benghazi, e que Mutassim Gaddafi, filho do ex-ditador capturado nesta quinta, também está morto, embora Saif al Islam ainda esteja foragido.

AVIÕES FRANCESES E DRONE DOS EUA


Em outra indicação sobre as circunstâncias da morte do ex-ditador, o ministro da Defesa da França, Gérard Longuet, anunciou que aviões franceses identificaram e "pararam" o comboio no qual estava o ex-ditador antes que fosse atacado em terra por forças líbias do novo regime.

O comboio, "de várias dezenas de veículos", foi "parado quando tentava fugir de Sirte, mas não foi destruído pela intervenção francesa", explicou Longuet à imprensa.

Editoria de Arte/Folhapress

Depois os combatentes líbios do Conselho Nacional de Transição (CNT) chegaram, destruindo os veículos dos quais "retiraram o coronel Gaddafi", acrescentou o ministro.

Segundo Longuet, um caça Mirage-2000 francês recebeu a ordem do comando conjunto da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) "de impedir o avanço dessa coluna" e após o ataque do avião ao comboio das forças do CNT "foram destruídos os veículos, deixando mortos e feridos, entre os quais, segundo foi confirmado posteriormente, estava o coronel Gaddafi".

Um drone americano Predator também disparou um míssil contra o mesmo comboio. O drone disparou seu míssil Hellfire nas imediações de Sirte "contra o mesmo comboio" que foi atacado pelo caça francês, segundo esta autoridade.

MANDATO DA ONU


Embora tenham reiterado que a meta no país não era a captura do ditador, algo que não estava incluso nas resoluções das Nações Unidas que aprovaram a missão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), as potências ocidentais deixaram transparecer nos últimos meses que persistiriam até que o país estivesse totalmente livre do ex-ditador.

"A Otan e seus parceiros concluíram com êxito o mandato histórico confiado pelas Nações Unidas para proteger o povo líbio. Nós terminaremos nossa missão em coordenação com as Nações Unidas e com o Conselho Nacional de Transição", disse o secretário-geral da aliança atlântica, Anders Fogh Rasmussen.
Na mesma linha, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse mais cedo que com a morte de Gaddafi a Líbia está "totalmente livre" e a missão da Otan "atingiu seus objetivos e deve logo chegar ao seu fim".

Vários países, incluindo os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) criticaram a aliança atlântica e as potências por terem extrapolado os limites dos mandatos da ONU durante a ação na Líbia e mostram hesitação quanto a medidas semelhantes em países como a Síria, onde a repressão do ditador Bashar al Assad aos protestos já teria deixado mais de 3.300 mortos, segundo a ONU.

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Fotos chocantes dos corpos do filho e de Gaddafi mortos


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