domingo, 29 de julho de 2012

Segurança de Serra agride repórter da Jovem Pan FM

Um segurança do candidato tucano à prefeitura de São Paulo, José Serra, agrediu na terça-feira (24) com um soco e um chute o repórter André Guilherme Delgado Vieira, da rádio Jovem Pan FM, que fazia a cobertura da agenda do tucano. A confusão só não foi parar na delegacia porque o segurança foi retirado do local.



Serra concedia entrevista coletiva quando o segurança mandou que o repórter, que estava gravando as declarações, se afastasse. Diante da negativa do radialista, o segurança lhe deu um soco no braço. O repórter protestou e, depois, foi atingido por um chute na perna. Diante da agressão, o jornalista revidou e deu uma cabeçada no segurança. "Eu disse a ele que a Marcela - assessora de imprensa do Serra - ainda estava lá e que o candidato continuava falando e que eu iria continuar no local. De repente, levei um soco nas costas, na altura dos rins e uma agressão na virilha com algum objeto que não vi qual era. Ele ainda me deu um chute na canela. Como doeu muito, revidei e dei uma cabeçada nele", relatou o ocorrido o repórter.



André disse que ficou com medo depois do incidente. "Fiquei com medo, pois não sei se ele é PM e também porque revidei a agressão", declarou.
O segurança foi levado para dentro do carro da escolta do tucano e não quis se identificar, porém soube-se mais tarde que se chamava Issardi. O coordenador de comunicação da campanha de Serra, Fábio Portela, admitiu a truculência e telefonou para o repórter para tentar se desculpar pela agressão. O episódio está sendo visto como cerceamento à liberdade de imprensa. Não se pode esquecer que, no primeiro dia de campanha, Serra já havia chamado um eleitor de "bosta" durante uma caminhada da campanha.

Diego Hypólito e a falácia do perdedor


Diego Hypólito momentos antes de cair de cabeça no ginásio de Londres. Chamá-lo de perdedor é desqualificar injustamente o atleta que desbravou a ginástica olímpica masculina no Brasil. Foto: AFP
Diego Hypólito caiu de novo. Dessa vez, de cara. Repetiu em Londres 2012 a falha que o desconsagrou quatro anos antes em Pequim e foi desclassificado antes da final nos Jogos Olímpicos.
Na saída do ginásio londrino, os olhos marejados e a fala embargada mostraram um atordoamento impressionante do ginasta brasileiro: “Caí de novo, decepcionei de novo. Quero pedir desculpa de novo por esse fracasso e essa competição horrorosa. Não sei o que aconteceu comigo. Tantas pessoas me deram apoio e me incentivaram. Cheguei aqui e caí, caí de cara. Estou decepcionado e bravo comigo.”
A entrevista dá dimensão de quanto Hypólito se cobra na carreira, que agora já entra na reta final (dificilmente chegará até o Rio 2016). Mas ele acaba sendo injusto consigo mesmo ao se vender como um perdedor. Não é.
Diego Hypólito desbravou a ginástica artística masculina no Brasil, onde tínhamos zero tradição na modalidade. Levou o ouro 17 vezes no Mundial da categoria. Em Pequim 2008, mesmo com o erro, ficou na sexta colocação. Os futuros ginastas olímpicos brasileiros já saberão melhor o que fazer e que erros não cometer ao preparerem-se para uma olimpíada. Basta perguntarem a Hypólito, basta estudar seus erros, que foram decisivos, e seus acertos, que foram muitos.
A má fama de Diego Hypólito hoje em dia faz parte de uma certa cultura brasileira que exige ídolos fenomenais e atira pedras em quem rasteiramente julga perdedor, mesmo que não seja. É preto ou branco, embora o mundo seja quase sempre cinza.
Talvez o primeiro grande nome dessa leva de atletas tenha sido o goleiro Moacir Barbosa, um dos ícones do Vasco chamado de Expresso da Vitória no fim dos anos 1940. Acusado de “frangar” no gol uruguaio que derrotou o Brasil na final da Copa de 1950, só deixou de ser vilão quando idoso. Repetia nas entrevistas antes de morrer: “No Brasil, a maior pena é de trinta anos, por homicídio. Eu já cumpri mais de quarenta por um erro que não cometi.”

Rubens Barrichello é um outro exemplo. Revelação do automobilismo brasileiro quando Ayrton Senna morreu, foi alçado pela tevê e grande parte da mídia ao novo Senna, coisa que ele não era — sobretudo porque foi contemporâneo e parceiro de equipe do alemão Michael Schumacher, o maior campeão da história da Fórmula 1. Barrichello foi melhor talvez que 80% dos pilotos da história. Competiu por 19 anos, recorde na modalidade, e chegou a ser vice-campeão. Não é pouca coisa. Mas a expectativa que a mídia colocou sobre ele, a de ser o novo Senna, transformou-se em frustração — em parte, por culpa dele, que vestia essa carapuça mesmo quando todo mundo sabia que não superaria Michael Schumacher. Virou sinônimo de perdedor, o que não reflete o que foi sua carreira na maior categoria do automobilismo.
Hypólito entra nessa lista. Inflado pela mídia esportiva, sobretudo no rádio e na televisão, por muito tempo exigiram dele nada menos que o ouro olímpico. Queriam fazer dele o novo Gustavo Küerten. Ele teve músculos para isso, teve elasticidade, teve a técnica, só não teve os nervos, que o derrubaram duas vezes em olimpíadas. É seu ponto fraco como atleta. Acontece. Seguirá como um dos bons nomes do esporte brasileiro, um desbravador de uma categoria olímpica que no futuro tem tudo para nos render medalhas. Chamar Hipólito de perdedor é não entender absolutamente nada de esporte e, mais que isso, descontar no atleta as próprias frustações na vida.

A outra tese do mensalão



A outra tese do mensalãoFoto: Divulgação

ENQUANTO JORNAIS E REVISTAS SEMANAIS TENTAM JULGAR A AÇÃO PENAL 470 NO LUGAR DO STF, A EDITORA MANIFESTO, DO CONSAGRADO JORNALISTA RAIMUNDO RODRIGUES PEREIRA, LANÇA O LIVRO “A OUTRA TESE DO MENSALÃO”; LEIA O PONTO DE VISTA DOS EDITORES; NOS PRÓXIMOS DIAS, PUBLICAREMOS OS DEMAIS CAPÍTULOS

29 de Julho de 2012 às 21:05
Por Armando Sartori, Marcos Heleno Fernandes Montenegro, Sérgio Miranda, Raimundo Rodrigues Pereira e Roberto Davis
A outra tese do mensalão
Com a faca no pescoço. Ou sem a faca?
No final do ano passado, o jornalista Augusto Nunes relembrou no site da Veja.com um detalhe significativo da primeira plenária do Supremo Tribunal Federal que tratou do caso do mensalão, a sessão de aceitação da denúncia que abriu o inquérito naquela corte. Nas palavras de Nunes: “Às nove e meia da noite de 28 de agosto de 2007, o ministro Ricardo Lewandowski chegou ao restaurante em Brasília ansioso por comentar com alguém de confiança a sessão do Supremo Tribunal Federal que tratara da denúncia do então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre o escândalo do mensalão. Por ampla maioria, os juízes endossaram o parecer do relator Joaquim Barbosa e decidiram processar os 40 acusados de envolvimento na trama. Sem paciência para esperar o jantar, Lewandowski deixou a acompanhante na mesa, foi para o jardim, na parte externa, sacou o celular do bolso do terno e, sem perceber que havia uma repórter da Folha de S.Paulo por perto, ligou para um certo Marcelo.
Como não parou de caminhar enquanto falava, a jornalista não ouviu tudo o que ele disse durante a conversa de dez minutos. Mas qualquer uma das frases que anotou valia manchete.” Depois desta abertura, num texto mais longo, Nunes cita algumas das frases de Lewandowski: “A tendência era amaciar para o Dirceu”, “A imprensa acuou o Supremo”, “Todo mundo votou com a faca no pescoço”, “Não ficou suficientemente comprovada a acusação”.
Ao relembrar a história, Nunes ataca Lewandowski por sua declaração de que o julgamento poderá ser realizado apenas em 2013, pois ele terá de proferir um voto paralelo ao de Barbosa, será o revisor oficial do voto deste na sessão plenária e terá de ler os 130 volumes dos autos um a um – em suas próprias palavras –, porque não poderá “condenar um cidadão sem ler as provas”. Nunes disse, em seu comentário, que Lewandowski “se puder, vai demorar seis meses para formalizar o que já está resolvido há seis anos: absolver os chefes da quadrilha por falta de provas”. E concluiu, com uma espécie de conclamação ao público da Veja.com, o qual ele chama de “o Brasil decente”:“Para impedir que o STF faça a opção pelo suicídio moral, o Brasil decente deve aprender a lição contida na conversa telefônica de 2007. Já que ficam mais sensatos com a faca no pescoço, os ministros do Supremo devem voltar a sentir a carótida afagada pelo fio da lâmina imaginária.”
Em sua catilinária, Nunes repete o que a grande mídia mais conservadora diz desde meados de 2005, quando o escândalo começou, a partir de duas entrevistas de denúncia na Folha de S.Paulo. O denunciante, o então deputado federal e atual presidente do PTB, Roberto Jefferson, falou de uma mesada, um “mensalão”, paga regularmente a deputados de partidos da base aliada do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que votassem com o governo. Nunes e outros editorialistas de mesma opinião querem o julgamento do mensalão imediatamente e a condenação dos acusados, especialmente de José Dirceu, apontado como o “chefe da quadrilha”, porque acham ter sido o caso mais do que bem apurado – por eles –, e é preciso pôr os que consideram culpados na cadeia.
Felizmente, no Brasil ainda não é assim. O julgamento será feito não pela mídia, mas nos termos da lei, numa sessão plenária do STF, instituição em que corre o processo. Depois da aceitação da denúncia, em 2007, foi aberta a Ação Penal nº 470, e os réus foram ouvidos e apresentaram suas testemunhas. No segundo semestre do ano passado, todos – acusação, defesa e relator – expuseram suas considerações finais.
Faltam, agora, o voto inicial de Barbosa e o voto do revisor, Lewandowski, para o julgamento começar, o que talvez aconteça ainda neste semestre.
O que está em discussão, efetivamente? A nosso ver, examinando o conteúdo do processo, Nunes não tem razão, mesmo que sua opinião seja mais ou menos a mesma de uma autoridade indiscutível no caso, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para quem o mensalão é “o maior crime político da história da República”.
Não é estranho que Gurgel e Nunes tenham opiniões parecidas. No Brasil, está acontecendo este fenômeno na política. Alguns políticos, e mesmo procuradores e magistrados, processam o que a mídia investiga. E como ela investiga mal, vê-se algo como neste caso: o procurador-geral, num dos aspectos centrais da Ação Penal nº 470, tentar sacramentar o julgamento já feito pela grande mídia mais conservadora. Como diz Nunes, o caso “já está resolvido há seis anos”.
No País, felizmente, a grande mídia ainda não tem o poder legal de decidir quem deve ou não ser condenado e preso. Os julgamentos ainda não são feitos a partir do que a mídia mais conservadora escreve, embora ela se empenhe nesse sentido. Os julgamentos são realizados com base nos autos. Ainda existe o devido processo legal, que obriga a provar as acusações com depoimentos, fatos, laudos periciais. E, a nosso ver, os termos da denúncia do procurador-geral usados para justificar sua pretensão de ter revelado o maior crime de nossa história alinhavam um conjunto de indícios precários, alguns manifestamente ainda não investigados quanto à sua ligação com a tese principal da acusação.
Para entender a história, é preciso ver que, a rigor, a denúncia trata de dois delitos de tipos diferentes. Um deles teve sua investigação feita e concluída basicamente pelo Congresso e pela Polícia Federal. Vários dos delinquentes confessaram suas práticas ilegais – quem deu dinheiro, o esquema Delúbio/ Marcos Valério e quem recebeu dinheiro: dezoito deputados e mais cerca de 20 pessoas ligadas a eles, todas réus no processo. E o caso está pronto para ser julgado. É o referente ao chamado “caixa 2” praticado abusivamente pelo Partido dos Trabalhadores a partir da vitória de Lula no primeiro turno das eleições de 2002, quando os grandes empresários inclinaram-se por sua candidatura e, como de hábito, despejaram contribuições clandestinas nos cofres de sua campanha com vistas a receber, depois de sua posse, os favores devidos pela ajuda eleitoral. Afinal, quem paga a orquestra escolhe a música.
O segundo, de acordo com o procurador-geral, é o grande e histórico crime de o PT ter formado uma “organização criminosa” com apoio do governo federal e da mais alta direção do partido a fim de violar as mais diversas leis, principalmente pela corrupção do processo legislativo com o suborno de deputados e senadores para que votem com o governo. O primeiro delito é público e notório. E confesso. Delúbio Soares, o tesoureiro nacional do PT, e o publicitário Marcos Valério, um dos donos de empresas cujo crédito foi usado na história, expuseram-no amplamente em vários depoimentos no Congresso Nacional durante as investigações do caso feitas em três CPIs. As afirmações dos dois foram confirmadas posteriormente por cerca de duas dúzias de políticos e seus auxiliares, que receberam dinheiro do esquema e foram ouvidos também tanto nas CPIs como em inquéritos específicos da Polícia Federal.
Resumidamente, no primeiro semestre de 2003 o PT tomou dois empréstimos praticamente iguais em bancos mineiros, um no Rural e outro no BMG, totalizando, à época, 5 milhões de reais, e as empresas de Marcos Valério emprestaram dos mesmos bancos um total cerca de oito vezes maior, no mesmo período. E o dinheiro foi repassado aos dirigentes de partidos da base aliada: ou diretamente a deputados e senadores, ou a seus dirigentes ou prepostos. Isto está absolutamente claro desde o final de 2005, com os trabalhos da principal CPI que tratou do caso, a comissão mista do Senado e da Câmara que cuidava de uma denúncia específica sobre corrupção na estatal dos Correios e acabou voltando-se para o mensalão.
O outro crime é, até o momento, uma criação política. Não existe, nos autos, prova de que no final de 2002 José Dirceu tenha assumido o comando de um bando composto de 15 pessoas: ele, Delúbio, Genoíno e Silvio Pereira – os principais dirigentes do PT na época –, Valério, sete associados dele, a então presidente do Banco Rural e mais dois diretores deste banco. Há vários indícios fortes de que os bancos emprestaram dinheiro a Delúbio e às empresas de Marcos Valério sabendo que o dinheiro ia para o PT. Mas não há qualquer prova nos autos de que o dinheiro tenha sido usado para outro propósito
que não o financiamento de campanhas políticas. E, mais ainda, parece completamente estapafúrdia a história de que o dinheiro tenha sido para a compra de votos no Congresso, não só porque a maior parte do dinheiro foi para o PT, especialmente para pagar as dívidas de campanha assumidas por Duda Mendonça, mas porque nenhum dos 79 parlamentares da base aliada ouvidos formalmente nos autos da Ação Penal nº 470, inclusive os 18 que confessaram ter recebido dinheiro, admitiu a prática da compra de votos, e alguns afirmam sequer ter ouvido falar disso. E a procuradoria não apresentou nenhuma prova de que isso aconteceu. O professor de ética e filosofia política da Universidade de São Paulo, Renato Janine Ribeiro, escreveu em sua crônica semanal no jornal Valor Econômico, no último dia 23 de janeiro, que o principal partido político da oposição, o PSDB, estaria terceirizando o seu papel, transferindo-o para a grande mídia, que, por sua vez, adota o escândalo como forma de monitorar o governo. Disse ele: “Um dirigente da Associação Nacional de Jornais disse, há dois anos, que, na falta de uma oposição consequente, a grande imprensa assumiu o papel de opositora.” “A frase é infeliz”, diz Ribeiro. “O papel da imprensa não é fazer oposição, mas dizer a verdade”, lembra bem o professor.
Os articulistas da mídia mais conservadora não investigaram, em seu papel de vanguarda da política oposicionista, direito a história do mensalão. E querem que o STF sacramente o que eles dizem desde 2005. O STF não tem tradição de fazer isso. Como diz o ex-deputado Roberto Jefferson, o STF desconsiderou todo o teor político que levou ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello pelo Congresso em 1992 quando julgou improcedentes todos os 103 processos movidos na corte naquela ocasião alegando supostos crimes que foram a julgamento, mas não tinham as devidas provas nos autos. E o órgão deve agir também assim, agora. Deve punir com rigor ou encaminhar para o foro competente todos os delitos já provados, inclusive o grande escândalo de ”caixa 2” praticado e confessado pelo PT. E deve desqualificar ou reencaminhar à procuradoria, para mais investigação, o suposto grande crime político do qual ela não forneceu qualquer prova decente nos autos.
Além disso, a grande mídia conservadora blefa quando acha que pode fazer “o Brasil decente” pressionar a ponto de fazer o STF votar “com a faca no pescoço”. Acha que tem muita força. Não teve antes, quando de certo modo deixou de pedir o impeachment do presidente Lula. Hoje, parece querer sacramentar a condenação do PT e a de um de seus maiores líderes, José Dirceu, por um suposto grande crime contra as instituições da República. Mas mesmo isso o STF deve negar-lhe. E por uma razão simples, do devido processo legal: não há prova nos autos.

Folha e Merval admitem a farsa do mensalão, e pede ao STF voltar a aplicar o AI-5



Na hora da verdade, o jornal "Folha de São Paulo" e o colunista do jornal "O Globo" Merval Pereira já começam a pipocar diante do julgamento do mensalão.

Em editorial, a Folha admite que mentiu nos últimos 7 anos de investigações, pois não foi possível provar as acusações centrais: nem compra de votos, nem a origem pública do dinheiro.

Essa é a grande farsa do mensalão. Se a denúncia fosse de caixa-2 de campanha, coisa admitida por todos, e que todas as provas apontam para isso, seria um processo honesto. Mas quiseram carregar nas tintas para forjar uma crise política, e inventaram a estória da compra de votos e de que doações de campanha por caixa-2 de empresas privadas seria dinheiro público.

Agora, tudo indica, não haverá como condenar a maioria dos acusados.

O que pede a Folha, então? Com outras palavras, pede ao STF que aplique os critérios de um monstrengo criado pela ditadura, o AI-5. Aquele dispositivo na mão do ditador para cassar algum adversário político que incomodava, inventando alguma acusação sobre ele como desculpa, dizendo para o distinto público que era "moralização" da política e "combate à corrupção".

Merval Pereira faz a mesma coisa. Admite que o julgamento é político. Dissimula em texto burilado o pedido para o STF também aplique o AI-5 em nome da "moralidade pública".

Se a Folha e Globo ainda fossem apenas fascistas, mas pelo menos tivessem honestidade de propósitos, seria questão de divergência política. O problema é que a preocupação com moralidade e combate à corrupção passam longe nestes veículos de comunicação, pois tem uma enorme má vontade em aprofundar no mensalão tucano, na privataria tucana e na CPI do Cachoeira, quando aponta para José Serra (PSDB-SP).

Esses órgãos de imprensa querem apenas expurgar trabalhistas e socialistas da política brasileira, para recolocar no Planalto os demotucanos velhos de guerra, governos dóceis aos interesses econômicos dos barões da mídia.

A mentira de Merval

O colunista do Globo contou uma mentira ao argumentar que Eduardo Azeredo (PSDB-MG) responde a processo por responsabilidade e Lula não, devido a decisão política do Procurador-Geral.

A verdade é que Azeredo foi incluído no processo do mensalão tucano porque há cheques para ele e recibos, que são provas materiais. Contra Lula, vasculharam à vontade e não acharam nada.

Serra foge de rejeição a Kassab



Do Estadão

Rejeição a Kassab faz Serra abandonar discurso da ‘continuidade’ na campanha

Para não ir na contramão do eleitorado, que desaprova a atual gestão, candidato tucano à Prefeitura passa a reconhecer falhas que precisam ser corrigidas na cidade e vai usar TV para mostrar projetos tocados quando era prefeito e governador

Serra não gostou quando Kassab se deu nota 10 - Evelson de Freitas/AE-6/6/2012
Evelson de Freitas/AE-6/6/2012
Serra não gostou quando Kassab se deu nota 10
 
A equipe de José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo decidiu evitar uma campanha de “continuidade” em relação ao prefeito Gilberto Kassab (PSD), seu aliado. Diante da avaliação negativa da atual gestão pelos paulistanos, a propaganda eleitoral do tucano na TV deve apresentar sua própria experiência administrativa como solução para os problemas do município.

O tucano admite publicamente a existência desses problemas e pretende apresentar um rol de realizações passadas para convencer os eleitores de que ele “é o melhor nome” para resolvê-los.

Na prática, Serra não vai se descolar do prefeito - que assumiu o cargo em 2006, quando o tucano renunciou para disputar o governo do Estado - e vai manter a defesa da atual administração. No entanto, vai se apresentar como um gestor com um estilo próprio de governar e capaz de lançar “projetos inovadores”.
 
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“O fato é o seguinte: eu estou sendo candidato para resolver problemas. Os problemas estão aí, existem”, disse o candidato em entrevista à TV Bandeirantes na última segunda-feira. 

Com esse discurso, Serra vai tentar evitar ficar na contramão do eleitorado paulistano, que atribuiu nota 4,4 à gestão de Kassab em pesquisa divulgada na semana passada pelo Datafolha.

Nota dez. No início do mês, o tucano se irritou quando o prefeito deu “nota dez” à própria gestão. A interlocutores Serra disse que o autoelogio era uma “estupidez” que abriu espaço para críticas de opositores.

Embora desembarque do discurso da continuidade, a campanha não apontará falhas da atual administração ou problemas do município. O foco da TV estará sobre as realizações de Serra na Prefeitura (2005-2006) e no governo do Estado (2007-2010).

Em vez de exibir imagens de regiões que sofrem com enchentes, por exemplo, como costumam fazer candidatos de oposição, o programa apresentará projetos de canalização de córregos lançados por Serra.

Autoria. As obras tocadas por Kassab terão espaço durante a campanha, mas o objetivo é manter a defesa da atual gestão sem personalizar seu governo.

“Trata-se de uma proposta de continuidade do que o próprio Serra já fez. Não há necessidade de personalizar a gestão Kassab”, disse reservadamente um colaborador do candidato tucano. 

Pesquisas conduzidas pelo PSDB revelam que os eleitores rejeitam a figura de Kassab, apesar de avaliarem como positivas algumas realizações de seu governo, como a Lei Cidade Limpa e o combate ao comércio ambulante irregular.

Discretamente, Serra vem assumindo um discurso de independência em relação ao prefeito. Nas últimas semanas, trocou o plural que refletia uma única gestão (“nós fizemos”) pelo singular que marca uma imagem de liderança (“eu fiz” e “eu criei”).

“Eu fui eleito (em 2004). O Kassab era vice e completou minha gestão. Depois, ele se reelegeu por conta própria e fez seu mandato, mas permaneceu na linha que nós tínhamos fixado”, disse Serra a candidatos a vereador na semana passada.

O discurso da continuidade foi um dilema nas duas eleições presidenciais que Serra disputou. Em 2002, candidato à sucessão do governo mal avaliado de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), escondeu o aliado e adotou como slogan a frase “continuidade sem continuísmo”. Em 2010, foi o principal candidato de oposição ao PT, mas tentou até colar sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Bastidores. Até agora, Kassab tem atuado principalmente nos bastidores: costurou a adesão de partidos à coligação, mobiliza cabos eleitorais e participa de eventos fechados com empresários.
Em entrevista publicada ontem pelo Estado, o prefeito admitiu que não vai aparecer na propaganda de rádio e TV. No entanto, deve participar de eventos de campanha em locais fechados.

Por sua vez, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), já foi visto ao lado de Serra em dois eventos desde o início do mês. Embora enfrente críticas na área de segurança, Alckmin tem boa avaliação nas pesquisas e sua imagem é usada para destacar uma eventual parceria entre os dois caso Serra seja eleito.

Ciro Gomes se diz decepcionado com Aécio



Ciro Gomes se diz decepcionado com AécioFoto: Edição/247

NA SUA VISÃO, O SENADOR MINEIRO FORÇOU A MÃO AO ROMPER A ALIANÇA COM O PT, NA SUCESSÃO EM BELO HORIZONTE; PARA O EX-PRESIDENCIÁVEL, ANTAGONISMO ENTRE TUCANOS E PETISTAS FAZ COM QUE A ESCÓRIA NÃO SAIA DO PODER NO BRASIL

29 de Julho de 2012 às 12:48
247 – Com a língua sempre afiada, o ex-presidenciável Ciro Gomes concedeu importante entrevista à Agência Estado (leia mais aqui). Disse que na eleição municipal de 2008, Aécio Neves fez um “gesto generoso” ao romper a polarização estéril entre PT e PSDB, imposta por São Paulo. O resultado foi a eleição de Marcio Lacerda, eleito pelo PSB, o mesmo partido de Ciro, que hoje é o prefeito melhor avaliado nas capitais, segundo pesquisa recente do Instituto Datafolha.
Segundo Ciro, no entanto, Aécio forçou a mão ao romper a aliança com o PT, em Belo Horizonte. E isso prejudica seu projeto presidencial, em 2014.
Surpreendentemente, Ciro propôs também um diálogo maior entre PT e PSDB. “Esta confrontação estéril, despolitizada, entre o PT e o PSDB de São Paulo tem provocado muita coisa ruim no Brasil. Quando Fernando Henrique Cardoso tomou posse, ele era claramente uma novidade importante para o País. O PT se recusa a apoiar o Fernando Henrique e ele se abraça com o PFL e o PMDB. Não propriamente com os partidos, mas com a escória desses partidos. Em seguida o Lula ganha a Presidência da República. O PSDB então, incrivelmente, se recusa a dialogar com Lula. E Lula se obriga a confraternizar, de novo, com a escória da política brasileira. De maneira que o que muda do PSDB para o PT é só a escória que não sai do poder no Brasil.”

Não, não é piada: Andressa agora quer ser deputada



Não, não é piada: Andressa agora quer ser deputadaFoto: Fotoarena/Folhapress

E A BANDEIRA DA ESPOSA DO CONTRAVENTOR CARLOS CACHOEIRA É O COMBATE À CORRUPÇÃO; ELA, QUE É SUSPEITA DE SER LARANJA DO BICHEIRO, JÁ HAVIA DITO TAMBÉM QUE, APÓS A LIBERDADE DO MARIDO, IRÁ LUTAR PELA LEGALIZAÇÃO DO JOGO

29 de Julho de 2012 às 13:53
247 – Os 15 minutos de fama obtidos com a Operação Monte Carlo e com a prisão do marido, Carlos Cachoeira, podem render mais do que uma eventual capa da Playboy ou de outras revistas masculinas a Andressa Mendonça. Seus planos são mais altos. De acordo com reportagem do Estado de S. Paulo (leia mais aqui), a loura de rostinho angelical sonha com um mandato de deputada federal.
Até aí, nada demais, num parlamento repleto de excentricidades. O que choca, no caso Andressa, é a bandeira que ela pretende levantar numa eventual campanha: o combate à corrupção. Isso mesmo, a esposa de um dos maiores contraventores do País, e que pode ser sua laranja, segundo suspeitam a Polícia Federal e o Ministério Público, quer combater o malfeito.
Andressa vem de uma família que tem certo pedigree político. Seu pai, Lair Mendonça, é vereador em Goiatuba, com três mandatos consecutivos. Aos amigos mais próximos, a musa da CPI estaria dizendo que não caiu de paraquedas na política. Participou da campanha do ex-marido, Wilder Morais, e tem ideias próprias. Até recentemente, ela dizia que, após a libertação de Cachoeira, lutaria pela legalização do jogo no Brasil.

Não foi Marina quem conduziu a Bandeira Olímpica, foi o Brasil


Algumas polêmicas são tão inúteis quanto é possível que sejam. Por exemplo, um certo incômodo que causou a escolha de Marina Silva para conduzir a Bandeira Olímpica durante a abertura das Olimpíadas da Grã Bretanha. Esse incômodo não tem o menor sentido.
A escolha de uma personalidade política, porém, não foi a mais adequada. Até porque os outros escolhidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) não eram políticos e, ao convidarem política de um país para receber a honraria, entraram em terreno incerto.
Os outros escolhidos foram Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, o ex-boxeador Muhammad Ali, o fundista etíope Haile Gebreselassie, o maestro argentino Daniel Barenboim e quatro ativistas de direitos humanos, alguns ganhadores do prêmio Nobel.
Todavia, o que parece é que o COI cometeu apenas uma gafe ao querer homenagear o Brasil, próxima sede dos Jogos Olímpicos.
Há milhares de Marinas Silvas espalhadas pelo mundo. Ou seja: pessoas que lutaram contra a pobreza, a ignorância e a adversidade e se tornaram expoentes na defesa de boas causas. O que se depreende é que cabia um lugar ao Brasil, daí a escolha dela.
Marina não foi escolhida entre tantos brasileiros por sua ação política, mas por seu simbolismo em um mundo que tem na defesa do meio ambiente uma das suas causas mais urgentes. A mim pareceu isso.
Sejamos claros: há pessoas que claramente pareceram ter sentido desagrado por Lula não ter sido escolhido. Sobre isso, francamente acho que não faria sentido. Haveria certo desagrado de outros ex-chefes de Estado que estariam à altura de ser homenageados.
A escolha poderia não ter recaído sobre uma personalidade política? Poderia, mas será que vale a pena pagar mico semelhante ao que pagou repórter da Globo ao perguntar a um dirigente do Instituto de Estudos Políticos de Paris por que escolheu Lula e não FHC para homenagear?
Ora, foi ridículo o que fez a mídia àquela época. O Science Po escolheu Lula assim como o COI escolheu Marina. Não cabe perguntar por que nas duas situações. Quem escolhe, nesses casos, é quem concede a homenagem. Ponto.
Ora, bolas, que se dê a Marina a honraria. Apesar de sua atuação política dúbia e questionável durante a campanha eleitoral de 2010, não se pode negar a ela o mérito de sua belíssima trajetória de vida.
Alguns parecem sugerir que teria havido má intenção na escolha de Marina. Não se pode descartar nada, obviamente. Grupos de pressão brasileiros como a mídia podem ter feito gestões para materializar essa escolha. Todavia, se isso ocorreu foi uma idiotice.
Aliás, se a pressão por Marina ocorreu mesmo, só não foi um furo n’água como ataque político porque algumas pessoas passaram recibo…
Particularmente, senti orgulho ao ver o Brasil ter sido um dos raros países que tiveram cidadãos escolhidos para a homenagem. É óbvio que a escolha tem relação com o fato de que sediaremos os próximos Jogos Olímpicos e todos sabem a quem isso se deve.
Muito melhor do que perder tempo com essa bobagem teria sido refletir sobre quem mais está perdendo com as Olimpíadas de 2012. Afinal, as atenções do mundo se voltaram para Londres na sexta-feira e não foi a Globo que transmitiu o evento.

Valerioduto: confira a íntegra dos documentos




CartaCapital publica a íntegra dos documentos que registram o caixa 2 da campanha de reeleição do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998. Há uma lista de doadores e outra de beneficiários.
Neste último grupo, constam meios de comunicação, institutos de pesquisa e fornecedores de vários serviços de campanha que não necessariamente sabiam da movimentação ilegal de recursos. Podem ter recebido sem conhecer a origem do dinheiro que pagou por seus serviços. De qualquer forma, a contabilidade assinada e registrada em cartório pelo publicitário Marcos Valério de Souza mapeia o fluxo dos recursos não-registrados oficialmente. A diferença é colossal. Azeredo declarou ter gasto 8 milhões de reais, mas os números apontados pelo publicitário chegam a 104 milhões.
Também é possível acessar um documento intitulado Declaração para fins de prova judicial ou extrajudicial datado de 12 de setembro de 2007 e assinado por Marcos Valério de Souza. Nele, o publicitário declara um repasse de 4,5 milhões de reais a Azeredo.
Todos os papéis estavam em posse do advogado Dino Miraglia Filho, de Belo Horizonte, e foram entregues à Polícia Federal.
Certos assessores de imprensa disfarçados de jornalistas tentam desqualificar a lista pinçando nomes de empresas citadas e perguntando se elas se corromperiam por tão pouco. Não sabemos afirmar (nem esta é a questão, a não ser para a estratégia diversionista de certos assessores de imprensa). Mas achamos que se abre uma nova linha de investigação do valerioduto.
Confira abaixo a íntegra dos arquivos (em PDF):
Documentos de pagamento

Cachoeira S.A.: investigados da CPI movimentaram R$ 29 bilhões



Três relatórios confeccionados pelo PSDB a partir de documentos da CPI do Cachoeira mostram que os envolvidos com o bicheiro movimentaram R$ 29 bilhões entre 2002 e 2012. Oitenta por cento dessas operações ocorreram a partir de 2008. Pela construtora Delta, passaram, no mínimo, R$ 24 bilhões. Cerca de R$ 7 bilhões deles tiveram origem ou destino numa conta da empreiteira no HSBC. A análise sobre a Delta não está completa. Falta contar as transações feitas por meio do Bradesco, que não enviou os dados à comissão. Um dos levantamentos, encomendado pelo senador Álvaro Dias, aponta os dez maiores depositantes da Delta. Seis são órgãos públicos do Rio de Janeiro – secretarias do governo estadual, as prefeituras da capital e de Duque de Caxias e o Tribunal de Justiça (a lista completa abaixo). Outro relatório, este da
Polícia Federal, estimou a fortuna dos investigados: R$ 167 milhões. O valor se refere a 74 terrenos, 58 apartamentos, 51 carros, 36 fazendas, 32 motos, 21 empresas, 18 prédios, 13 casas, quatro caminhões e salas comerciais. Nas fazendas, foram apreendidas 3.415 cabeças de gado. O documento traz uma informação curiosa: o bando tinha uma predileção pelos esportivos Porsche. Seus integrantes tinham quatro deles.

Igor Paulin, Leonel Rocha e Marcelo Rocha

Haddad fala ao 247: "Serra foi um não prefeito"



Haddad fala ao 247: Foto: Edição/247

AO 247, CANDIDATO FERNANDO HADDAD À PREFEITURA DE SÃO PAULO FINALMENTE ABRE BATERIAS CONTRA ADVERSÁRIO TUCANO; “SERRA PRECISA DE UM 0800 PARA GOVERNAR A CIDADE, NÃO TEM VONTADE NEM VOCAÇÃO, SÓ TERCEIRIZA”, DISPAROU; O POSTULANTE DO PT NÃO SE PREOCUPA COM SEUS ATUAIS 7% NO DATAFOLHA; “QUEM DEVE ESTAR PREOCUPADO É ELE, COM REJEIÇÃO DE 37%”; LEIA ENTREVISTA

29 de Julho de 2012 às 06:38
Marco Damiani  e Leonardo Attuch _247 – Minutos depois de chegar de uma caminhada pela populosa rua 25 de março, no centro de São Paulo, onde, no passado, trabalhou no balcão da loja de tecidos de seu falecido pai, o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo parecia cansado. Fernando Haddad, afinal, vem cumprindo uma agenda de quem corre atrás. Ele já andou por todos os bairros da capital, faz diariamente corpo a corpo com eleitores e passa horas a fio, fiel ao cacoete de professor universitário, mergulhado em estatísticas sobre os problemas paulistanos. Não teve mais nenhum fim de semana livre. No entanto, para muitos, seus índices de intenção de voto não correspondem ao esforço: na mais recente pesquisa Datafolha, marcou apenas 7% de preferências.
“Encaro minha posição atual nas pesquisas com naturalidade”, iniciou Haddad ao 247, em seu gabinete na sede do diretório municipal do PT, onde figura na parede um enorme mapa da cidade de São Paulo. “Quatro anos atrás, a esta altura da eleição, o Kassab tinha apenas 8 pontos no Ibope e 11 no Datafolha. O que mudou foi o horário eleitoral na televisão”, lembra.
Quando a propaganda gratuita começar, em 21 de agosto, o candidato do PT aposta em quatro fundamentos para crescer. “Vou mostrar a minha biografia, as realizações dos governos Lula e Dilma, aos quais pertenci, quem são meus apoiadores e qual é o meu partido”, enumera. “Esse conjunto será muito forte a meu favor”.

"Quando o programa eleitoral começar, vão saber quem eu sou e também a quais governos e projetos servi"
ATAQUES A KASSAB - Nessa alquimia de crescimento, ao que se viu pela primeira vez nesta entrevista ao 247, entrará também a crítica mais dura à gestão de Gilberto Kassab na Prefeitura e disparos efetivos contra o candidato tucano José Serra. “Dependendo de como se entende esse pacto de não agressão firmado entre dois candidatos (o próprio Serra e Celso Russomano, do PRB, respectivamente o primeiro e segundo colocados no último Datafolha, com 30% e 26%), eu ‘tô’ dentro. Não estou na eleição para agredir ninguém”, explica Haddad. “Mas é óbvio que isso não significa abrir mão da crítica”.  
E, finalmente, lá veio a crítica. “Hoje, no Brasil, poucos prefeitos gozam de tamanho desprestígio como Kassab. Ele fez uma gestão pífia na cidade. Nos últimos dez anos da prosperidade experimentada pelo País, São Paulo não aproveitou nada, parou no tempo e até andou para trás”, avalia Haddad. “Kassab tem pouca vocação para administrar, lhe falta visão estratégica para o planejamento urbano”. Ele tem usado esse discurso em suas andanças. “Quando falo com os eleitores, friso que a vida deles melhorou da porta de casa para dentro, com a melhor condição para a compra da própria casa e de uma série de bens. Mas da porta para fora, a vida dele piorou no transporte coletivo, na cidade mal cuidada, nos desperdícios que ocorrem na saúde municipal, enfim, em muitos aspectos”.
247 recordou a Haddad que o PT procurou o apoio de Kassab ao próprio Haddad. “O que houve de concreto foram dois fatos”, rebateu o candidato. “Kassab visitou o presidente Lula e manifestou interesse em nos apoiar, no caso de Serra não ser candidato”, disse. “Quanto a mim, eu sempre trabalhei com a hipótese de o Serra ser candidato, por isso nunca considerei seriamente o apoio de Kassab. Depois, quando ele apareceu, como cortesia, ao aniversário do PT, levou uma vaia estrondosa. Não sei se meus adversários vão querer usar aquela imagem, mas terão de dar o áudio também. Ficou claro, com a vaia, que ele não combina com a nossa militância. Não iria dar certo e eu  nunca pensei nessa possibilidade”.  
Nesse ponto, com vinte minutos de conversa, o petista já superava o  cansaço e se aqueceu. “O horário político na televisão vai ajudar a população a entender porque São Paulo teve tanto piora em qualidade de vida. Serra, primeiro, e Kassab, em continuação, simplesmente não investiram na cidade”.  
0800 PARA SERRA - Chegou o momento de falar sobre o líder nas pesquisas. “Para São Paulo, Serra foi um não prefeito”, diz Haddad. “Ele nem tentou governar, só atuou pensando na sua próxima eleição. Ele é outro que não tem visão metropolitana”, avança. “Para governar a cidade, Serra vai precisar de um 0800, para terceirizar tudo, porque não se interessa”. O ex-ministro da Educação é leitor assíduo dos artigos de José Serra no jornal O Estado de S. Paulo. “Nenhum dos textos deles fez referência a São Paulo. Zero. Ele só fala na questão nacional, que é apenas o que lhe interessa. Sobre a cidade cuja administração está em julgamento agora, nenhuma palavra”.
Haddad acha que o discurso miúdo será notado pelo eleitor. “São Paulo quer um prefeito que se interesse de verdade por sua cidade, não um prefeito que queira usá-la. Nossa cidade não merece isso. O que o paulistano quer é a retomada da condição de degustar a cidade, aproveitar a vida urbana, se encontrar aqui dentro. É para isso que as cidades existem, não para promover sofrimento, mas integração”.

 "Marta foi a melhor prefeita de São Paulo e devo a ela meu ingresso na vida pública; as portas estão abertas"
FOTO PARA A HISTÓRIA – Haddad parece tranquilo diante de um assunto que já lhe rendeu muita dor de cabeça: o apoio do ex-governador Paulo Maluf, com direito a fotografia história nos jardins da mansão do procurado pela Interpol Dr. Paulo. “Desde que minha candidatura se consolidou, eu decidi que iria buscar o apoio dos partidos da base aliada do governo Dilma”, justifica, apontando para o fato de o PP de Maluf apoiar o governo federal. “Estava tudo certo, com data anunciada, para o PP apoiar o Serra, mas na véspera desse ato o ministro da Integração ... me ligou e disse que via condições para o PP estar conosco. Esse contato evoluiu rapidamente e fechamos o acordo político, o mesmo que Serra queria fazer. Considero que agimos certo ao ter o apoio de mais um partido da base aliada, que tem em São Paulo Maluf como representante”.
- E o uso político que vai sendo feito da foto entre o sr., Lula e Maluf?
-  Não me arrependo, ao contrário, fechamos uma aliança política às claras. O adversário queria ter feito o mesmo. Não cabe a mim avaliar se isso será usado na campanha. 
"Desde que começou esse processo, tomamos a decisão de buscar o apoio da base aliada ao governo federal"
ERUNDINA E MARTA – Mesmo sem arrependimentos, o apoio de Maluf custou a Haddad a renúncia de sua vice Erundina. “Eu jamais cometeria a indelicadeza de não informar antecipadamente a ela sobre nossa conversa com o PP, mas ela preferiu sair. O que me conforta muito é que, depois da saída, Luiza disse que continuará apoiando a minha candidatura, inclusive com todo o seu grupo político. É isso o que importa”.
Sobre a senadora Marta Suplicy, o candidato diz que a liderança dela está preservada e todas as portas de sua campanha abertas para ela participar. “Marta já foi deputada, nossa candidata a prefeita duas vezes, foi pré-candidata ao governo e teve o apoio do partido em 2010 para a sua eleição ao Senado. Ela é uma liderança efetiva. Eu entrei na vida pública por uma atenção dela, quando fui trabalhar com o secretário de Finanças João Sayad”, elencou. “O convite foi dele, mas foi ela quem aceitou a minha presença. Fizemos um grande trabalho na reestruturação das finanças de São Paulo, que dá frutos até hoje. Neste momento, boa parte da equipe de Marta trabalha comigo. Então, quando quiser, ela tem todas as portas abertas para participar da nossa campanha”.
"Temos que respeitar a Erundina. Mas ela, mesmo abrindo mão da vice, continuou e continua nos apoiando"
O PIOR E A MELHOR – Dos tempos de subsecretário de Finanças, Haddad tem lembranças fortes. A gestão dele sucedeu à administração do prefeito Celso Pitta. “Pisávamos em terra arrasada. Me lembro de ter verificado todas as contas correntes da Prefeitura e dizer ao Sayad, na primeira semana de governo, o quanto havia em caixa: 60 milhões de reais”, recorda, dando uma pequena risada. “Ora, numa cidade como São Paulo, isso não dá nem para uma semana”. Hoje, calcula o candidato do PT, o prefeito Kassab trabalha com cerca de R$ 8 bilhões entesourados. “Eles não investem, mas a saúde financeira da Prefeitura ainda é reflexo daquele trabalho de reestruturação que nós fizémos lá atrás”, reivindica Haddad.
- Quais foram o melhor e o pior prefeito que São Paulo teve em sua história?
- Porque vi de perto o tamanho do estrago, responde Haddad, Celso Pitta. Não sobrou nada para governar, foi preciso reconstruir tudo. Sobre o melhor, posso dizer que Marta foi uma boa prefeita. Ele fez uma gestão que terminou muito bem avaliada.
 "Se forem usar esta cena na campanha, tem também o áudio; Kassab levou uma estrondosa vaia"
AÇÕES NO MINISTÉRIO – O candidato do PT vai colocar no caldeirão da campanha, é claro, suas realizações como ministro da Educação dos governos Lula e Dilma. “Aproveitei a oportunidade de participar de um momento de profunda transformação do Brasil”, diz ele. Orgulha-se, especialmente, da criação do Pró-Uni, o programa de bolsas de estudo em universidades particulares, e do Enem. “O Pró-Uni, que não existia, hoje já beneficiou um milhão e quarenta mil estudantes, o que é a população inteira de um pequeno país”, compara. “Ele melhorou a vida da nossa juventude, e isso me dá muito orgulho”. Quando ao Exame Nacional do Ensino Médio, apesar da repercussão negativa de dois episódios de vazamento de provas, é outra marca de gestão que pretende explocar. “O Enem está acabando com o fantasma do vestibular, é reconhecido nacionalmente. A seleção para o ensino superior ficou muito mais justa. No Rio de Janeiro, por exemplo, cinco universidades já não têm mais vestibular para, no lugar, classificar alunos apenas pelo Enem. Ele sem dúvida é uma vitória”.
LULA E DILMA – Como principais cabos eleitorais, Haddad confia no prestígio do ex-presidente Lula e no da presidente Dilma Rousseff. “Trabalhar com eles foi importantíssimo. Lula é um motivador, um animador que coloca o máximo de pressão por resultados em sua equipe. A presidente Dilma também tem essa característica. Eles mudaram o Brasil para melhor e estarão ao meu lado nessa campanha. Serão mais uma importante diferença a meu favor”.

 "O Pró-Uni colocou mais de 1 milhão de jovens nas universidades, dos quais mais de 140 mil São Paulo"