sábado, 5 de maio de 2012

EXCLUSIVO VEJA: CACHOEIRA MONITOROU ZÉ DIRCEU


A lente do espião financiado e o veneno do contraventor Carlos Cachoeira revelam, na Operação Monte Carlo, a briga velada entre dois caciques do PT: José Dirceu e Antônio Palocci. Foi num apartamento do Hotel Naoum, em Brasília, que José Dirceu foi monitorado recebendo um time de primeira grandeza do Partido dos Trabalhadores para articular a queda do “companheiro” ministro chefe da Casa Civil, marcando a primeira crise do governo Dilma.
A Revista Eletrônica Quidnovi revela com exclusividade uma conversa entre Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres, na qual o contraventor confidencia ao político que financiou o araponga Jairo Martins de Souza para fazer as filmagens clandestinas no apartamento de José Dirceu no Hotel Naoum.
 
O conhecido araponga da Abin, denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PDT-RJ) , em 2005, no escândalo dos Correios,  que culminou com o Mensalão do PT, sempre foi financiado por Cachoeira, que mantinha o esquema de arapongagem para se cacifar junto às autoridades fazendo chantagens.
 
Só para se ter uma noção dos  valores do serviço de Jairo, pelos Correios e pela cassação do deputado André Luiz (PMDB-RJ) foram duas camionetes blindadas: uma para a esposa de Jairo e outra para o próprio ( “presente “ de Cachoeira) e a extorsão de R$ 1 milhão em cima do deputado Roberto Jefferson, que pagou e ficou calado até hoje.
 
Já se sabe que o espião Jairo Martins de Souza entrou no quarto de Zé Dirceu no Hotel Naoum, mexeu na pasta pessoal do ex-ministro, e não se tem notícias se algum documento ou objeto foi subtraído. Ou, se o araponga plantou alguma escuta ambiente.
 
A gravação que chegou ao Supremo Tribunal Federal, durante a Operação Monte Carlo, mostra o diálogo entre o senador Demóstenes Torres e o contraventor Carlinhos Cachoeira  comentando o estrago que o vídeo feito  por Jairo no Hotel Naoum no início de 2011 iria provocar dentro do Governo Federal. O  vídeo foi apresentado no ano passado numa matéria da Revista Veja.
 

Carlinhos diz no áudio da Operação Monte Carlo, revelado agora  com exclusividade pelo Quidnovi,  que o jornalista Policarpo Junior, de Veja, procurou Jairo, fonte da Revista  em diversas matérias, e pediu a fita para publicar o furo. Cachoeira  explica ao senador Demóstenes que recomendou ao araponga que Policarpo Junior teria que pegar a fita com ele: Cachoeira.  A intenção era estreitar  uma relação de fonte com o jornalista.
 
Cachoeira comenta ainda com o senador que a matéria só seria veiculada duas semanas após a entrega da fita e isto “seria ótimo para a oposição. “ Demóstenes concorda e ambos falam do golpe de Dirceu sobre Palocci e comentam ainda que Dirceu está sempre envolvido nas grandes questões nacionais.
 
Neste troca-troca de informações entre o senador e o contraventor,  Demóstenes conta a Cachoeira que o colega de Senado Blairo Maggi (PR-MT), da base aliada do PT, estava abastecendo a oposição com o objetivo de derrubar o Governo Dilma.
 
No momento em que o país atravessa uma de suas maiores crises morais e éticas e que conversas vêm à tona e  começam a causar reboliços, talvez estejamos diante de um dos áudios mais esclarecedores do modus operandi do bando de Cachoeira. Num processo que tem mais de 300 mil escutas, com certeza ainda teremos outras revelações, mesmo a CPMI só podendo abrir os documentos do inquérito em sala absolutamente fechada.
 
Aparentemente,  o  que podia ter vazado do processo já está circulando livremente pelas mãos da imprensa, de empresários e advogados. Mas, como ultimamente temos sido surpreendidos e atropelados por fatos estarrecedores, quem sabe, como diriam os antigos, ainda tenha muita sujeira embaixo do tapete.


 
O Quidnovi revela com exclusividade o áudio da conversa entre o contraventor Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres comentando o plano de José Dirceu para derrubar o então ministro chefe da Casa Civil Antônio Palocci.
 
 

Vejam agora algumas imagens do vídeo feito por Jairo no Hotel Naoum e  clique aqui para ouvir a conversa de Demóstenes e Cachoeira.
 
 
 
Veja abaixo a transcrição do diálogo entre Demóstenes e Cachoeira feito pela Polícia Federal.
 
 
 
Veja abaixo a transcrição do diálogo entre Demóstenes e Cachoeira feito pela Polícia Federal.
 
 


Veja: é ou não o momento de uma autocrítica?



Veja: é ou não o momento de uma autocrítica?Foto: Reprodução

PELA TERCEIRA VEZ CONSECUTIVA, INTERNAUTAS EMPLACAM UM PROTESTO CONTRA A REVISTA VEJA NO TT; DESTA VEZ, É #VEJAPODRENOAR; A REVISTA, QUE FOI CAPA DE CARTA CAPITAL NESTE FIM DE SEMANA, EVITA RECONHECER SEUS ERROS

05 de Maio de 2012 às 18:34
247 – Não se pretende discutir aqui qual foi o grau de coabitação entre a revista Veja e o bicheiro Carlos Cachoeira na última década. Os grampos da Operação Monte Carlo já vazarem e cabe aos leitores tirar suas próprias conclusões.
A discussão, agora, é outra. Até que ponto uma marca resiste a tantos ataques e tanta degradação? Neste sábado, pela terceira vez em menos de um mês, um protesto contra a revista Veja se torna o assunto mais comentado no Twitter no mundo.
Primeiro, foi #VejaBandida. Depois, #VejaGolpista. Agora, é a vez de #VejaPodreNoAr. Na visão dos que defendem a publicação, trata-se de um movimento organizado por militantes petistas – ou “petralhas amestrados” como diriam na Editora Abril.
Mas é um público que cresce a cada semana e que tende a continuar crescendo enquanto a publicação da Editora Abril decidir não encarar de frente a discussão que dela se cobra. Até que ponto é legítima a relação com fontes criminosas que se valem desse mesmo relacionamento para ampliar seus negócios e interesses políticos? Até que ponto se deve estimular a indústria da arapongagem, premiando autores de filmes e fitas ilegais com reportagens que atendem a seus interesses?
Na Inglaterra, essa discussão foi levada a sério por jornalistas e parlamentares. Rupert Murdoch, o maior empresário de comunicação do mundo, teve de depor numa CPI e um jornal centenário – o News of the World – saiu de circulação. Neste fim, de semana, Veja foi também o tema de capa da revista Carta Capital (leia mais aqui) e Roberto Civita foi comparado a Rupert Murdoch.
A comparação, para quem conhece Roberto Civita, que em outros tempos o envaideceria. Mas hoje alimenta o temor de que ele venha a ser convocado pela CPI do Cachoeira.

Veja as fotos de Carolina Dieckman que vazaram na internet


Carolina Dieckmann "estava sendo chantageada", diz advogado da atriz


Estefani Medeiros
Do UOL, em São Paulo

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, contratado para cuidar do caso do vazamento de fotos de Carolina Dieckmann, disse que a atriz estava sendo chantageada e que as fotos em que aparece nua divulgadas nesta sexta (4) na internet, realmente foram furtadas de seu computador pessoal.

"A atriz estava sendo chantageada há cerca de 20 dias, uma pessoa disse que estava em posse das fotos e queria R$10 mil em troca. A Carolina já tinha avisado a Globo e a polícia do caso", contou em entrevista por telefone ao UOL. A assessoria de imprensa da atriz também foi procurada, mas ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. 
Castro, que está no Rio especialmente para cuidar do processo, diz que "a primeira providência a ser tomada é uma ação inibitória, que punirá sites e páginas sensacionalistas que não retirarem as imagens do ar com indenização".

"Está sendo aberto um inquérito para descobrir o criminoso, que pode ser julgado por leis civis e criminais. Isso inclui furto, dano moral, injúria, difamação", explica. "A Carolina tem um filho adolescente, nunca aceitou posar nua, essas fotos eram pessoais", relata Castro.  
Conhecido como Kakay, o advogado escolhido pela atriz é famoso por assumir casos políticos polêmicos, como o de Demóstenes Torres, e também por representar presidentes, governadores, parlamentares e ministros em Brasília. No Rio, um departamento policial especializado em crimes virtuais, a DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes de Informática) está a frente da localização sob supervisão do delegado Gilson Perdigão. 
Entenda o caso
Uma série de fotos que retratam a atriz Carolina Dieckmann nua cairam na internet na tarde da sexta-feira (4). As 36 imagens estão hospedadas em um site de compartilhamento. Procurada pela reportagem do UOL, a assessoria de imprensa da atriz não comentou imediatamente, e disse que não conhecia as imagens. Informou que se pronunciaria "o mais breve possível".
Em uma das fotos, a atriz posa sentada em um vaso sanitário. Em outra, está deitada numa banheira, coberta por água. Ela usa o próprio celular para fazer algumas das imagens. Em outras, é clicada por outra pessoa, que não aparece.
O nome de Carolina Dieckmann foi para o topo dos assuntos mais comentados do Twitter brasileiro logo após a publicação das imagens. Até a noite desta sexta, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) do Rio de Janeiro não recebeu boletim de ocorrência relacionado ao caso. 

O Segredo de Demóstenes



por Paulo Moreira Leite, em seu blog na Época

sugerido pelo Julio Cesar Macedo Amorim

Confesso que não dá para ficar espantado com as delinquências do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Sem ser preconceituoso, pergunto: o que se poderia esperar de um contraventor a não ser que se dedicasse à contravenção?

Que fosse rezar ave-maria depois de pagar aposta no jacaré e no leão? Mas há motivo para se espantar com o sucesso de Demóstenes Torres. Como ele conseguiu enganar tantos por tanto tempo?

A resposta não se encontra no próprio Demóstenes, mas em quem se deixou ser enganado. O senador é um produto típico do radicalismo anti-Lula que marcou a política brasileira a partir de 2002. A polarização política criada em certa medida de modo artificial foi um campo fértil para políticos sem programa e aproveitadores teatrais.

Demóstenes contribuiu com sua veemência e sua falta de freios para criar um ambiente de intolerância política no Congresso, reeditando o velho anti-comunismo da direita brasileira, da qual o DEM é um herdeiro sem muitos disfarces.

Num país onde a oposição se queixava de que não havia oposição, Demóstenes apresentou-se. Contribuía para estimular o ódio e o veneno, com a certeza de que nunca seria investigado. Aliás, não foi.

Caiu na rede de seu amigo e parceiro Cachoeira. Se aquele celular fajuto de Miami fosse mesmo à prova de grampos, é provável que até hoje o país estivesse aí, ouvindo Demóstenes e seus discursos… Quem sabe até virasse uma estrela da CPI…sobre Carlinhos Cachoeira.

Nunca se fez um balanço da passagem de Demóstenes pela secretaria de Segurança de Goiás, nunca se conferiu a promessa (doce ironia!) de acabar com o jogo do bicho no Estado nem as razões de seu afastamento do PSDB de Marconi Perillo.

Demóstenes dava até entrevistas contra as cotas e escrevia textos citando Gilberto Freyre. Pelo andar da carruagem, em breve seria candidato a Academia Brasileira de Letras e um dia poderíamos ouvi-lo tecendo comentários sobre a obra de Levi-Strauss, sobre a escola austríaca de economia…

O senador foi promovido, tolerado e bajulado por uma única razão: necessidade.

Nosso conservadorismo está sem quadros e sem votos. Lembra a conversa de que “faltam homens, faltam líderes”? Vem desde 64…

A dificuldade de construir um programa político autêntico e viável para enfrentar a competição pelo voto está na origem de mais um embuste.

Já tivemos Jânio Quadros, Fernando Collor… Felizmente Demóstenes não chegou tão longe.

Mas todos foram mestres na arte de esconder seu real programa político e oferecer a moralidade como salvação suprema.

O carinho, a atenção, a boa vontade com que Demóstenes foi tratado mostra que teria um longa estrada pela frente. Não lhe faltavam sequer intelectuais disponíveis para oferecer um verniz acadêmico, não é mesmo? Há um problema de origem, porém.

A história da democratização brasileira é, basicamente, a história da luta da população mais pobre para conseguir uma fatia melhor na distribuição de renda. Este era o processo em curso antes do golpe que derrubou Jango. A luta contra o arrocho e contra os truques para escamotear a inflação esteve no centro das principais manifestações populares contra o regime.

Desde a posse de José Sarney que o sucesso e o fracasso de cada presidente se mede pela sua competência para para responder a esse anseio.

Aquilo que os economistas chamam de plano anti-inflacionário, estabilização monetária e etc, nada mais é, para o povão, do que defesa de seu quinhão. O Cruzado e o Real garantiram a glória e também a desgraça de seus criadores apenas e enquanto foram capazes de dar uma resposta a isso.

Essa situação também explica a popularidade de Lula, ponto de partida para o Ibope-recorde de Dilma. E aí chegamos à pior notícia. O conservadorismo brasileiro aposta em embustes porque não quer colocar a mão no bolso. Quer votos mas não quer mexer – nem um pouquinho – na estrutura de renda. Quer embustes, como Demóstenes.

Fiquem atentos. Quem sabe o próximo Demóstenes apareça na CPI do Cachoeira, do Cavendish … e do Demóstenes. O conservadorismo preocupa-se apenas com seu próprio bolso. Para o povo, oferece moralismo.

Nova cara do PSDB: Leréia diz ser mais limpo que Eduardo Azeredo e Cícero Lucena



Políticos envolvidos em grandes escândalos de corrupção formam a "elite" do tucanato. A "nova" velha cara do PSDB.
Os tucanos José Serra, Marconi Perillo e Carlos Leréia em panfleto tipo "santinho" da campanha eleitoral de 2010
Da coluna "Parnorama Político" de Ilimar Franco:

PSDB enquadrado
Foi assim. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), e o líder na Câmara, Bruno Araújo (PE), pediram ao deputado Carlos Leréia (GO) que se licenciasse do partido devido às suas ligações com o contraventor Carlos Cachoeira. Leréia reagiu: "Peraí. Deixa eu ver. Vocês querem se livrar de mim porque sou amigo do Cachoeira há 30 anos. E o (deputado) Eduardo Azeredo (MG) que é réu na Justiça? E o (senador) Cícero Lucena (PB) que foi preso? E vocês querem expulsar a mim?". 


Comento:

Faltou citar outros tucanos ilustres:

José Serra (PSDB/SP) é reú pelo rombo nos cofres públicos do Banco Econômico, durante o governo FHC.


Marconi Perillo (PSDB/GO) também é réu no STF por outros escândalos pré-Cachoeira.

Os senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA) também já foi preso. O senador Mário Couto (PSDB/PA) foi denunciado duas vezes pelo Ministério Público do Pará por desvio de dinheiro público na Assembléia Legislativa, quando ele presidiu a casa.

Há dezenas ou centenas de outros casos.

O PSDB apoia a lei da Ficha Limpa, certo?

Errado! O senador tucano Cássio Cunha Lima (PSDB/PB) só está no senado porque o STF considerou que a lei da ficha limpa não valia para as eleições de 2010. Se o partido tivesse coerência, independente de quando começou a vigorar a lei, não admitiria a posse de um senador que estaria impedido hoje pela lei da ficha limpa. Na melhor das hipóteses, exigiria que o suplente assumisse.
http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2012/05/nova-cara-do-psdb-lereia-diz-que-e-mais.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/Eemp+(Os+Amigos+do+Presidente+Lula)

Reinaldo Azevedo ataca aos que defendem a mídia na CPI de Cachoeira


Reinaldo Azevedo: “O jornalismo precisa tomar cuidado para não servir ao crime organizado e aqueles que querem desmoralizar a democracia”

Reinaldo Azevedo: “O jornalismo precisa tomar cuidado para não servir ao crime organizado e aqueles que querem desmoralizar a democracia”Foto: Divulgação

CALMA, LEITORES MAIS APRESSADOS. NÃO SE TRATA DE UM MEA CULPA DO BLOGUEIRO EM RELAÇÃO À PARCERIA ENTRE VEJA E CARLOS CACHOEIRA, MAS SIM DE UM NOVO ATAQUE AOS QUE DEFENDEM UM CAPÍTULO SOBRE A MÍDIA NA CPI

05 de Maio de 2012 às 15:15
247 – Como todos sabem, a parceria editorial de uma década entre Carlos Cachoeira e a revista Veja, definida como “coabitação” pelo ex-presidente Fernando Collor, não gerou benefício econômico algum ao contraventor. Cachoeira, Demóstenes, Dadá, Jairo Martins e a construtora Delta, que compõem aquilo que se definir com precisão como “crime organizado”, jamais tentaram instrumentalizar a maior revista semanal do Brasil. Veja, portanto, nunca esteve a serviço do crime – sempre, a serviço do Brasil. Além disso, Dadá e Jairo, com seus grampos ilegais, nunca representaram qualquer ameaça à democracia. Eram apenas cinegrafistas amadores, em busca do bem comum.
Dito isso, o jornalismo não pode servir ao crime organizado e àqueles que querem desmoralizar a democracia. É a tese de Reinaldo Azevedo, exposta em um novo artigo, publicado neste sábado. Leia mais uma versão de O Grito:
SIM, O JORNALISMO PRECISA TOMAR CUIDADO PARA NÃO SERVIR AO CRIME ORGANIZADO E ÀQUELES QUE QUEREM DESMORALIZAR A DEMOCRACIA
Uma coisa vocês não podem negar a este escriba, não é? Desde o primeiro dia, apontei a ação dos petistas — encabeçados por Lula, José Dirceu e Rui Falcão — para usar as tramoias de Carlinhos Cachoeira e seu grupo para tentar melar o processo do mensalão e para intimidar a imprensa. A coisa agora é escancarada! Ontem, Rui Falcão (ver posts abaixo) perdeu qualquer restinho de pudor e declarou que a “mídia” será o próximo alvo do governo. Tudo indica que falou apenas em nome da banda heavy metal do PT, não do Planalto. Trato do assunto em outro post. Muito bem. “Melar” o mensalão compreende, entre outras coisas, um esforço para desmoralizar ministros do Supremo Tribunal Federal e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. A imprensa independente — aquela que não é financiada com dinheiro público nem é subordinada a uma rede criminosa montada na Internet (isso ainda vai dar o que falar, anotem aí) — tem de tomar cuidado para não fazer, involuntariamente, o serviço da bandidagem. Infelizmente, aqui e ali, isso está acontecendo. Dado o pano de fundo, exporei aqui um caso emblemático. Antes de fazê-lo, no entanto, é preciso proceder a uma digressão para esclarecer algumas coisas.
Começa a digressão
Já escrevi aqui — e Eurípedes Alcântara, diretor de Redação da VEJA, divulgou uma Carta de Princípios a respeito da ética no jornalismo — que a qualidade moral da fonte não faz a qualidade da informação. Uma pessoa decente e muito bem-intencionada pode induzir um repórter ao erro. Um bandido pode dar uma informação relevante. O importante é o jornalista saber para quem está trabalhando. Não tenho receio nenhum de debater abertamente o que alguns vagabundos andam dizendo sobre VEJA. O inquérito que veio a público demonstra que o profissional da revista trabalhava a serviço da verdade e do interesse público. Quanto mais isso fica evidente, mais a corja radicaliza na retórica. A reportagem recebeu informações de Cachoeira? Também dele, a exemplo de uma penca de jornalistas. Ou algum repórter investigativo de Brasília se oregulha se só falar com beartos e beatas??? Matérias foram feitas só com informações do dito-cujo? Isso é uma piada, uma fantasia! Tanto as reportagens de VEJA eram fundamentadas, com dados inquestionáveis, que muitas delas estão, sim, na raiz da demissão de ministros e servidores. Mas atenção! Quem demite é a presidente Dilma Rousseff. VEJA não tem esse poder. Se a primeira mandatária tomou tal decisão, encontrou certamente razões muito fortes para tanto. Não deve ter sido só para não deixar chateada a equipe da revista, certo?
Jornalista não tem de fazer um tribunal de moral e cívica antes de falar com a fonte. Tem é de ter a certeza de que não trabalha para ela, mas para o interesse público. E tem de apurar muito bem os fatos, reitero, para não servir a bandidos, como fizeram, querendo ou não, os que sustentavam a veracidade do Dossiê Cayman. Naquele caso, sim, em vez de apuração, decidiu-se dar crédito à conversa de vigaristas. Tentaram, por exemplo, fazer de Luiz Antonio Pagot uma pobre vítima do inexistente complô VEJA-Cachoeira. Gravações que vieram a público, conforme demonstrei aqui, mostram o ex-chefão do Dnit se entendendo com a turma de Cachoeira. Vale dizer: aquela acusação era só uma vingança dos ressentidos com VEJA. Ressentidos por quê? Alguns porque perderam a boquinha. Outros porque não se conformam com o fato de o Brasil ser uma democracia — não é mesmo, Rui Falcão?
Vale dizer: o que dizem Cachoeira e seus rapazes — ou os seres mais impolutos — não pode ir parar nos sites, revistas e jornais sem que se verifique a veracidade das acusações. Ou se corre o risco de, sob o pretexto de combater a bandidagem, agredir instâncias do estado de direito. Como quer José Dirceu. Como quer Lula, Como quer Rui Falcão. Fim da digressão.
Agora o caso
Ontem, o Estadão Online publicou um texto de Ricardo Brito, da Agência Estado, cujo título era: “Grupo de Cachoeira tentou interferir em habeas corpus”. O busílis era o seguinte: o prefeito de Piraquê (TO), Olavo Júlio Macedo, estava preso, e a turma o queria solto. Gleyb e Eney, dois homens do esquema do contraventor, conversam a respeito do caso e dizem que será julgado o habeas corpus. Muito bem. Transcrevo em vermelho um parágrafo da reportagem. Leiam com atenção. Volto em seguida:
Às 15h30 daquele dia, Gleyb disse, em telefonema a um interlocutor não identificado pela PF, que estava no Senado para se encontrar com Demóstenes Torres (sem partido-GO), suspeito de envolvimento com Cachoeira. Às 16h44, o integrante do grupo de Cachoeira afirmou, em nova ligação, que iria passar em um ministério e no Supremo.
Um minuto depois, Gleyb pergunta, numa ligação para Eney, se há “mais alguma coisa” para conversar. O advogado responde que é preciso manter contato no Supremo, visando liberar o prefeito cujo habeas corpus estava com Gilmar Mendes.
Voltei
O que o trecho sugere? O óbvio! Que Demóstenes e o tal Geyb foram falar com Gilmar Mendes em favor do prefeito. Isso se deu no dia 9 de junho do ano passado. O senador ainda era uma referência de severidade e correção até para seus adversários. Ouvido, o ministro diz que ninguém foi procurá-lo. MAS ATENÇÃO! SE ALGUÉM O PROCUROU OU NÃO, ISSO É IRRELEVANTE. O RELEVANTE VEM AGORA!!!
GILMAR MENDES NEGOU DUAS VEZES A CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS AO TAL PREFEITO! No dia 29 de junho e no dia 5 de dezembro de 2011. Muito bem! Agora faço a pergunta essencial para que avaliemos os riscos que estamos correndo com certo tipo de apuração e reportagens que andam na praça — mesmo na imprensa que tem compromisso com a seriedade. Lá vai:
E SE GILMAR MENDES TIVESSE RECONHECIDO MOTIVOS TÉCNICOS, JURÍDICOS, PARA CONCEDER O HABEAS CORPUS?
Agora o ministro estaria lascado, e aquela fala serviria como evidência de que ele estaria trabalhando para o grupo de Carlinhos Cachoeira. Por sorte, ele entendeu duas vezes que o pedido de habeas corpus era descabido.
Entenderam?
Vocês entenderam a natureza da questão? Uma coisa é o que a gangue diz entre si, suas bravatas, suas demonstrações de influência. Outra, distinta, são os fatos. O repórter afirma: “Esta é a segunda vez que pessoas ligadas a Cachoeira aparecem em grampos telefônicos comentando casos que estão nas mãos Mendes.” Incrível! Mesmo com a evidência de que a decisão do ministro não atendeu às expectativas da turma, mantém-se a sombra da suspeita. Na primeira vez, num caso envolvendo uma estatal de Goiás, Demóstenes faz referência a um procedimento regular de Mendes, que não teve mérito ainda decidido. Revela apenas a sua expectativa. Mesmo assim, o senador apresenta a coisa como decorrência de sua influência.
Ora, ministros do Supremo, agora, não são mais livres para decidir segundo a lei. Habeas corpus? O jeito vai ser dizer sempre “não”! Vai que surja uma conversa de alguém: “Ah, já falei com o ministro X, está tudo certo!” Cada membro do Supremo teria de ter o seu próprio sistema “Guardião” e grampear o país inteiro. Só assim teriam a certeza de que sua decisão estaria a salvo de ilações.
O mal que Demóstenes fez
Um episódio como esse dá conta do mal que Demóstenes fez à política — muito maior do que ele imagina, acho. Ele era um medalhão do Senado. Um senador manter conversar com ministros do Supremo, do STJ, ministros de estado, autoridades etc. é parte do jogo. Quem lhe recusaria, em princípio, uma audiência? Que diabos, no entanto, ele dizia a seus interlocutores sobre esses encontros? Num outro pleito seu, já nem me lembro sobre qual assunto, não diz ele que mantinha boa conversa com a ministra do Meio Ambiente? Não se relacionou, também, com autoridades dos ministérios da Educação e da Saúde?
Este caso em que o nome de Mendes é citado deveria servir de alerta para os jornalistas que lidam com o material que foi vazado sobre o inquérito — a propósito: suponho que os vazadores sejam as carmelitas descalças, né? O ministro poderia ter concedido o habeas corpus de boníssima-fé. E estaria agora encalacrado.
Não estão por aí os criminosos da Internet a sustentar que as fitas que traziam imagens do “governo paralelo” de Dirceu — fitas do circuito interno do hotel, reitere-se — foram passadas à VEJA por Cachoeira em troca de uma reportagem favorável a bingos eletrônicos? Cadê a reportagem? Se alguém a encontrar, nunca mais escrevo uma linha!
É bom botar essa bola no chão. Jornalistas decentes só querem a verdade. E têm de ter claro que há vigaristas querendo apenas as instituições — para destruí-las.
Por Reinaldo Azevedo
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Demóstenes enganou ou se deixaram enganar por ele?



Demóstenes enganou ou se deixaram enganar por ele?Foto: Lula Marques/Folhapress

NESTE FIM DE SEMANA, VEJA RETOMA UMA QUESTÃO QUE JÁ HAVIA SIDO LEVANTADA PELA JORNALISTA DORA KRAMER: COMO O SENADOR GOIANO FOI CAPAZ DE ENGANAR TANTA GENTE POR TANTO TEMPO? (DETALHE: NÃO FOI UMA AUTOCRÍTICA)

05 de Maio de 2012 às 09:28
247 – Pela primeira vez, desde o início da Operação Monte Carlo, a revista Veja dedicou uma reportagem de capa ao caso Carlos Cachoeira, que retrata, obviamente, sua visão particular sobre a crise que está em curso no País, com destaque para os seguintes pontos: (1) haveria uma tentativa de emparedamento da imprensa livre por parte de alguns membros da CPI, (2) os casos de Marconi Perillo e Agnelo Queiroz seriam iguais, (3) Fernando Collor, que falou em coabitação entre Cachoeira e Veja, não possui legitimidade para atuar como investigador e (4) a tentativa de convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, teria como objetivo final empastelar o processo do mensalão.
A reportagem mais interessante, no entanto, com direito a chamada de capa, indaga “como Demóstenes enganou tantos por tanto tempo”. E retoma uma questão que já havia sido levantada pela colunista Dora Kramer, no jornal Estado de S. Paulo, dias atrás. Será que ninguém desconfiava da agenda paralela do senador goiano?
Na verdade, não se trata de uma autocrítica da revista, que foi quem mais contribuiu para a fraude Demóstenes, atribuindo ao senador, em suas páginas, o papel de “mosqueteiro da ética” e transformando o parlamentar em fonte privilegiada de suas reportagens.
Nas entrelinhas, fica claro que a saída encontrada por Veja, para justificar aos leitores a sua falha de avaliação pretérita, foi atribuir ao senador uma dupla personalidade, como Dr. Jekyll e Mr Hyde, o médico e o monstro. Veja se ampara ainda em relatos de senadores de vários partidos, como Álvaro Dias (PSDB/PR), José Agripino (DEM-RN), Pedro Taques (PDT-MT), Delício Amaral (PT-MS), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Kátia Abreu (PSD-TO), que teriam ficado igualmente surpresos e decepcionados com a vida dupla do “Senador Cachoeira”. E termina seu texto com a frase clássica de Abraham Lincoln: “Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo, mas não consegue enganar a todas por todo o tempo”.
Nosso complemento: tendo Veja ao seu lado, é mais fácil.
Leia, abaixo, o texto de Dora Kramer, a respeito:
Como Demóstenes conseguiu enganar tanta gente por tanto tempo?
Dora Kramer, O Estado de S. Paulo
Quanto mais informações vão sendo reveladas a respeito dos serviços prestados por Demóstenes Torres às organizações Cachoeira de armações ilimitadas, mais esquisito parece o fato de que ele tenha durante tanto tempo podido atuar como o sujeito oculto na defesa dos interesses do contraventor Carlos Augusto Ramos sem despertar suspeitas.
Que o senador tenha conseguido enganar a plateia e parte considerável do elenco da República com o personagem que encarnava em público, compreende-se. Dificilmente alguém que age com tanto vigor e destemor é alvo de desconfiança.
Sempre existe o risco de ser confrontado por um adversário no meio de um discurso, levar um troco na base do bateu levou. Eleito senador pela primeira vez em 2002, notabilizou-se por bater. Nunca levou e, entretanto, vê-se agora como era vulnerável.
Os grampos da Operação Monte Carlo revelaram as conversas com o contraventor, mas suas atividades como praticamente um procurador do bicheiro eram exercidas com boa dose de desinibição.
Pelo divulgado até agora, movimentava-se para todo lado, falava com muita gente, pedia, solicitava, defendia interdição de depoimentos no Congresso e até um episódio em tese menor - o pedido de emprego no governo de Minas Gerais para uma prima de Cachoeira - não se coadunava com a atitude de um defensor intransigente dos pressupostos constitucionais de impessoalidade, probidade e transparência na administração pública.
A julgar pelo conteúdo das conversas telefônicas - e, note-se, não são conhecidas as do senador com personagens outros que não o contraventor - Demóstenes Torres fazia lobby por Cachoeira nos três Poderes, abria portas para negócios comerciais para além da Região Centro-Oeste, interferia na transferência de policiais presos, obtinha informações de bastidores na Polícia Federal e no Ministério Público, atuava aqui e ali como facilitador para a construtora Delta, circulava com desenvoltura entre deputados, senadores, governadores, magistrados.
Será possível que só ao amigo bicheiro revelasse seu lado eticamente permissivo? Apenas ao telefone com Cachoeira deixava-se desvendar? Nas abordagens em prol do contraventor não precisava "abrir" aos interlocutores a natureza dos pleitos pretendidos?

Leréia diz que só sai do PSDB se Azeredo for junto



Leréia diz que só sai do PSDB se Azeredo for juntoFoto: DIVULGAÇÃO

DEPUTADO GOIANO LIGADO A CARLOS CACHOEIRA ENQUADRA LIDERANÇAS TUCANAS, QUE PEDIAM SUA DESFILIAÇÃO DO PARTIDO

05 de Maio de 2012 às 10:28
247 – Amigo assumido do bicheiro Carlos Cachoeira e flagrado em conversas gravadas pela Polícia Federal como integrante do esquema criminoso, o deputado Carlos Leréia (PSDG/GO) não pretende abandonar o ninho tucano.
Ontem, ao ser abordado pelo presidente do partido, Sérgio Guerra (PSDB/PE), e pelo líder na Câmara (PSDB/PE), Leréia deixou claro que a desfiliação não faz parte dos seus planos. Mais: sinalizou que só deixará o partido se os tucanos adotarem providências drásticas também em relação a outros parlamentares.
“Peraí. Deixa eu ver. Vocês querem se livrar de mim porque sou amigo do Cachoeira há 30 anos. E o deputado Eduardo Azeredo, que é réu na Justiça? E o senador Cícero Lucena, que foi preso? E vocês querem expulsar a mim?”