sexta-feira, 12 de setembro de 2014

STIGLITZ, PRÊMIO NOBEL: BC INDEPENDENTE ENFRAQUECE PAÍSES


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Ganhador do prêmio Nobel de Economia, americano Joseph Stiglitz atribuiu bom desempenho do Brasil frente a crise financeira global ao Banco Central ligado ao governo; "Países com bancos centrais menos independentes, como Brasil, China e Índia se saíram muito, mas muito melhor do que países com BCs mais independentes, como na Europa e nos Estados Unidos", disse ele, em palestra na sede da autoridade monetária da Índia; "Um BC independente é desnecessário e impossível", prosseguiu; raciocínio está em linha com posição da presidente Dilma Rousseff e bate de frente com defesa de BC independente feita por Marina Silva e herdeira do banco Itaú, Neca Setúbal; debate do momento

247 – O debate econômico do momento nas eleições presidenciais brasileiras ganhou nesta quinta-feira 11 uma opinião de peso. Em palestra na sede do Banco Central da Índia, o economista americano Joseph Stiglitz – agraciado com Prêmio Nobel de Economia, em 2001, e economista-chefe do Banco Mundial, entre 1997 e 2000,  afirmou que a discussão sobre a autonomia dos bancos centrais é superestimada:
- A crise mostrou que um dos princípios centrais defendidos pelos banqueiros do Centro-Oeste (Europa e Estados Unidos) é o desejo de independência do banco central, disse ele, para em seguida se opor à iniciativa:
- Mas na melhor das hipóteses, essa posição é questionável. Na crise, os países com bancos centrais menos independentes como China, Índia e Brasil fizeram muito, mas muito melhor mesmo do que os países com bancos centrais mais independentes, caso da Europa e dos Estados Unidos, completou ele.
No Brasil, a candidata Marina Silva, do PSB, tem defendido com ênfase a necessidade de dar autonomia ao Banco Central. Essa posição também está sendo vocalizada pela coordenadora de seu programa de governo, Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, a maior instituição privada do País.
A presidente Dilma Rousseff fez da promessa de Marina um cavalo de batalha. Na propaganda eleitoral na televisão, o PT de Dilma comparou o BC independente à entrega de um poder semelhante ao de presidente do Congresso a alguém sem mandato e com grande risco de ligação com os interesses do mercado financeiro.
Podendo decidir sobre as taxas de juros e câmbio, estabelecer e executar metas de inflação e baixar a mais variada legislação de regulação de mercado, um presidente de BC autônomo em relação ao Poder Executivo pode operar a macroeconomia na direção que julgar mais conveniente.
Stiglitz manifestou uma opinião em linha com a de Dilma.
- As instituições públicas são responsáveis, este não é o problema. A questão é quem vai estar lá e qual política ele vai praticar, frisou Stiglitz.
Modelo de BC independente, o Federal Reserv dos Estados Unidos foi criticado por Stiglitz, que se ateve ao papel desempenhado, antes da eclosão da crise financeira, pelo presidente do Fed de Nova York, William Dudley.
- Dudley executou um modelo de má governança em razão de seu conflito de interesses: ele salvou os mesmos bancos que ele deveria regular - os mesmos bancos que lhe permitiram ganhar a sua posição de mando, sentenciou.
Ao seu feito sem meias palavras e polêmico, o prêmio Nobel passou a mensaquis dizer que um presidente de BC escolhido pelo mercado, como anunciam Marina e Neca, tende a atender os interesses desse mesmo mercado, ainda que estes sejam contrários ao do grande público.
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/153160/Stiglitz-pr%C3%AAmio-Nobel-BC-independente-enfraquece-pa%C3%ADses.htm

Apesar da crise mundial, salários do Brasil crescem o dobro da média

O Brasil avançou na contramão da crise econômica mundial e seguiu no ritmo de mais mudanças e mais futuro para todos. As melhorias realizadasnos últimos anos pelo governo federal refletiram também no bom desempenho dos salários dos trabalhadores do país, enquanto o mundo vivia em uma grave crise internacional na economia. 
Essa análise faz parte do Relatório Global sobre os salários 2012/13(link is external), da Organização Internacional do Trabalho (OIT)(link is external), que mostra que os salários brasileiros cresceram o dobro da média mundial, sendo eles parcialmente responsáveis também pelos dados positivos da América Latina. De acordo com o relatório, a média anual de crescimento do salário real no Brasil superou a média mundial entre 2009 e 2011.
Enquanto no período de pós-crise de 2008, os salários no mundo cresceram 1,3% em 2009; 2,1% em 2010 e 1,2% em 2011; no Brasil, os níveis chegaram a atingir quase o dobro: 3,2% em 2009; 3,8% em 2010; e 2,7%, em 2011.
O crescimento salarial se deu, ainda de acordo com o documento, graças à política de valorização do salário mínimo e ao ganho de produtividade no mercado. A OIT destacou também que a valorização do salário mínimo contribuiu bastante para a redução da pobreza no Brasil, assim como o crescimento de 16% da classe média entre 1999 e 2010. Para a OIT, os governo de Lula e Dilma Rousseff contribuíram para o aumento real do salário e, consequentemente, melhoraram a qualidade de vida do trabalhador brasileiro e beneficiaram cerca de 48 milhões de pessoas.
Nos últimos 12 anos, o salário mínimo subiu de R$ 200 para R$ 724, uma alta de 262%. Com aumentos sempre superiores à inflação, o ganho real de poder aquisitivo foi de 70%. A presidenta Dilma já sabe dos benefícios da valorização do salário mínimo e tem garantido sempre que manterá a política se for reeleita(link is external). Já outros candidatos parecem escolher outro caminho.
Vale ressaltar também que o salário mínimo brasileiro deve passar a R$ 788,06 em 2015, pela perspectiva do ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão(link is external). O valor é R$ 64,06 (8,8%) maior que o salário mínimo atual de R$ 724 e corresponde a US$ 344,43 pela cotação atual.
http://www.mudamais.com/daqui-pra-melhor/apesar-da-crise-mundial-salarios-do-brasil-crescem-o-dobro-da-media

Você Conhece Deus? (LEGENDADO)

Segunda, no Rio, com Lula para defender o pré-sal. Porque a gente é brasileiro


11 de setembro de 2014 | 21:13 Autor: Fernando Brito
lulapresal
O Brasil vale isso, se vale.
Segunda de manhã, às 10 horas, na Cinelândia,  eu vou fazer o que meu avô fez, meus pais fizeram, meus filhos e meus netos fazem e farão.
Vou defender o Brasil.
Porque este país precisa que, finalmente, suas riquezas sejam para seu povo.
Que o nosso petróleo não seja para os outros povos,  como foram o ouro, as esmeraldas, os bilhões de toneladas de café e cana que o Brasil Colônia mandou para fora.
Porque é isso que será, se deixarem que fique lá, deitado em berço esplêndido, em nome de uma energia “limpa” que nunca foi a energia do mundo , porque a energia do mundo é suja.
Suja de petróleo e suja de sangue dos povos que, por ele, se arrebata e mata por todo o globo terrestre.
Eu vou estar lá e este blog tentará transmitir, para os que estão longe e só podem estar lá em olhos, pensamentos e coração, porque sou um brasileiro.
E sou um brasileiro porque sou um entre 200 milhões, e não sou melhor que os outros.
Porque quero para todos a escola pública que tive, a universidade pública que tive e, antes dela, o curso técnico público que tive.
Porque quero um país que não viva ajoelhado, recolhendo migalhas de “créditos de carbono” para se conservar como o Jardim do Éden da “humanidade”, humanidade que se compõe apenas de algumas centenas de milhões de habitantes dos países ricos, que queimam o sujo petróleo como quem acende charutos com pelegas de cem, enquanto a nós nos querem convencer a fazer fogo esfregando gravetos.
Porque sou um que compreende que o peso deste ser brasileiro atravessa os tempos e cai sobre nossas costas, como caiu sobre Getúlio e sobre Lula e consertou todos os erros que pudessem ter cometido.
Porque a história é um fio caprichoso, que nem sempre se guia por nossas vontades, mas  sem nossas vontades perde o rumo e nos ata a um nó cego por muitas gerações.
Pelo passado, pelo presente e, sobretudo, pelo futuro que provavelmente nem viverei, vou lá.
Os homens, disse Hugo, conforme sua natureza, rojam-se ao chão, procuram abrigo.
Ou põem-se de pé. E criam asas.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=21124

O “cala a boca” dos donos ectoplasmas do jatinho fantasma


12 de setembro de 2014 | 07:11 Autor: Fernando Brito
entrevistadofantasma
A Folha de hoje publica matéria que é uma espécie de “Prêmio Esso” da hipocrisia jornalística.
Anuncia que “advogados” dos empresários João Paulo Lyra e Apolo Vieira Santana estariam procurando os proprietários dos imóveis destruídos ou danificados pela queda do avião para fazer acordos de indenização ex-judiciais.
Naturalmente, claro, com “cláusula de confidencialidade” e renúncia a pedidos outros na Justiça, como faria qualquer advogado.
O famoso “cala a boca”, que aquelas famílias – sem casa e com prejuízos imensos para quem tem muito pouco- talvez não tenham mesmo como recusar.
Que o papel de ambos os empresários, um punido por omissão de transações cambiais e outro processado por contrabando, seja este, paciência.
Mas não o do jornal.
Como é que a Folha conversa com o advogado dos dois e não manifesta o interesse em ouvi-los pessoalmente, nem que seja para ouvir uma recusa?
“A Folha pediu ao advogado para conversar com os donos do avião, mas ele recusou-se a fazer o contato com os empresários”.
Era o mínimo de satisfação aos leitores.
Até porque a empresa de Apolo, a Bandeirantes de Pneus, divulgou nota oficial dizendo que o avião não era seu.
Transcrição literal da página de Jamildo Mello, editor de política do Jornal do Commercio, o mais importante de Pernambuco:
“A Bandeirantes Companhia de Pneus S.A. teve interesse na aquisição da aeronave PR-AFA, de propriedade da Cessna Finance Corporation, arrendado pela A.F. Andrade. A operação não se realizou porque estava condicionada à aprovação pela Cessna do cadastro da Bandeirantes, o que não ocorreu até a data do lamentável acidente com o avião.
Bandeirantes Companhia de Pneus S.A.”., diz o texto.
Em uma nota de esclarecimento complementar, a Bandeirantes Companhia de Pneus S.A. negou também que em algum momento tenha pago parcela de leasing da aeronave PR-AFA, de propriedade da Cessna Finance Corporation, bem como de qualquer outra despesa da aeronave, como combustível, tripulação, etc.
Agora, assume o pagamento de indenizações, diz a matéria, por ”razão humanitária”, disse o advogado ao jornal.
Adiante, o jornal publica que “não está nos planos dos empresários indenizar familiares dos pilotos e passageiros do jato”.
- ”Essa responsabilidade será apurada em momento posterior”.
Se for na linha do comportamento exibido pelo PSB em suas contas, o posterior será bem depois das eleições, não é?
Novamente não está presente a pergunta obvia: os pilotos eram contratados dos empresários, de suas empresas, de quem?
“A Folha quis saber se o piloto e o co-piloto eram contratados ou prestavam serviços aos empresários, mas o advogado recusou-se a dar informações”
“A Folha procurou os familiares do piloto e do co-piloto, mas ninguém quis dar informações”.
Que nada!
A imprensa brasileira cobriu-se de indignação quando um bobalhão usou a rede do Governo para criticar Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg na Wikipédia, exigindo apuração total nos arquivos de logcom centenas de milhares de acessos . Uma bobagem, mas aí está o cidadão – aliás, funcionário de carreira – identificado e punido com a perda de gratificação e um inquérito administrativo.
Mas num acidente que matou sete seres humanos e mudou o rumo da sucessão presidencial no país, nossa indignada imprensa aceita que algo simples, como dizer se é ou não é dos empresários o avião, como foi comprado e se os dois pilotos eram seus contratados, isso “será apurado num momento posterior”…
Não posso crer que um repórter se conforme com algo precário assim.
Prefiro acreditar que ele também é prisioneiro de uma teia de cumplicidades que esconde a verdade do povo brasileiro, sobre um acontecimento que, em hipótese nenhuma, merece o nome de privado.
Há sete mortes pelas quais responder e se da investigação das causas do acidente dependem as responsabilizações criminais, as cíveis não dependem originalmente.
E há, sobretudo, 200 milhões de pessoas cujas decisões que tomarão em 20 dias precisam ter como fundamento a verdade sobre em que condições se realizava um ato de campanha que tornou-se um evento dramático para os destinos do país.
O jornalismo tem muito menos – e assim deve ser – limites e constrangimentos legais para informar, apurar, revelar do que as instituições policiais e judiciais.
Mas três empresários (os dois e Eduardo Ventola, que repassou R$ 700 mil para a compra) ricos e poderosos – sim, porque dono de botequim não compra jatinho – vagam há um mês como ectoplasmas pelas ruas do Recife, sem que haja um repórter que os aborde, que os indague, que lhes peça explicações.
Aliás, deve ser o primeiro caso na história que a imprensa, mansamente, aceita e se contenta em falar com advogado de fantasmas.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=21129

De um leitor do blog do Nassif sobre suas preocupações com a eleição de Marina



Talvez no início isto vá chocar, mas apesar de tudo que uma eleição de um Aécio pode causar de ruim a política brasileira, fico muito mais preocupado com a eleição de Marina.
Não vou comparar os dois em termos de características de honradez e outras características de personalidade, pois todos nós sabemos que Marina apesar de COMPLETAMENTE equivocada me parece que ela acredita bem mais do que Aécio no que ela fala.
Porém como diz o ditado, o inferno está cheio de boas intensões, e vejo em Marina queimando neste inferno metafórico por aquilo que ela está pensando.
Para mim é claro que a candidata embalada por um espírito messiânico e crente de suas convicções ambientais adotou o que se chama uma postura Ecocentrista, esta postura que para alguns pode não levar a nada é extremamente perversa para a população de menor renda.
Não é por acaso que Marina tem um desempenho péssimo no estado que lhe deu o mandato de senadora, é exatamente por centrar a sua política numa sustentabilidade completamente equivocada que ela pode levar o Estado brasileiro a um verdadeiro desastre.
Uma postura ecocentrista não se apoia na visão que temos que recuperar o homem da miséria para com isto atingirmos a possibilidade de uma verdadeira sustentabilidade, uma visão ecocentrista considera os homens como mais um elemento da indissociável da natureza e não como alguém como interdependente da mesma.
Posso chocar alguns veganos que leiam este texto, mas não chegamos ainda ao ponto de dispensarmos de ser um orientador ou administrador do nosso meio ambiente e não mais um dos membros desta comunidade de seres vivos.
Esta visão, ecocentrista leva a políticas que causam espanto quando pronunciadas por seu guru econômico, o filósofo e economista Eduardo Giannetti da Fonseca, de aceitar o decrescimento econômico da mesma forma que em sociedades abundantes e perdulárias como a economia norte-americana ou europeia aceitam.
Parece paradoxal, mas vejo além dos problemas de não aceitar um governo com partidos e de se lançar numa aventura de um banco central independente, o problema da definição da sustentabilidade. O seu pouco caso com o aproveitamento do pré-sal não é uma estratégia que se encerra em tentativas privatistas, é pior, é baseada na falsa ideia que aproveitar um combustível fóssil para a riqueza do Brasil seria um crime ambiental contra o mundo. Esta concepção não leva em conta que tirando da miséria e da ausência das mínimas condições de sobrevivência estas mesmas pessoas que agridem o meio ambiente por absoluta falta de condições de sobreviver doutra forma tem que fazer o que na cidade o que consideramos crime ao meio ambiente uma agricultura de queimadas. Cito por exemplo o Acre, onde Marina adotou a mesma intolerância que deveria ter com grileiros grandes proprietários de terras com os seus antigos companheiros de luta sindical.
Não querer agredir a natureza é um consenso nos dias atuais, mas para chegarmos a condições dignas ao povo brasileiro teremos que necessariamente minimizar e não zerar esta agressão. Não adianta pensarmos que tecnologias caras, totalmente importadas e sem capacidade de sustentar a atividade econômica, substituirão tecnologias limpas e que nós dominamos na geração de energia.
Para mostrar o total despreparo do programa de governo, mesmo no que ele tem de mais importante para quem se preocupa com a sustentabilidade, são citados num aparente copiar-colar como hipótese de energias alternativas a energia geotérmica, energia de ondas e energia de marés. Isto pode se deixar passar por alguém que copia um texto de segundo grau para fazer um trabalho de escola, mas propor uma energia que não existe no Brasil (geotérmica), outra que não existe em lugar nenhum do mundo em operação comercial (ondas) ou outra que precisa que haja na natureza de forma vigorosa (marés) para que possa ser aproveitada, não dou a permissão para quem fala tanto em sustentabilidade e aproveitamento de energias alternativas escreverem algo tão infantil como isto.
Vejo em Marina a maior improvisação que se quer fazer politicamente em todo o mundo, e improvisar desta forma com uma Nação sem que isto tenha passado pela experiência numa escala menor, um verdadeiro enfrentamento da lógica e do princípio da precaução, tão amado pelos ambientalistas. Chamo a atenção, que lançar um país num sonho sem a mínima experimentação em escala menor, pode resultar em verdadeiras tragédias que atrasam décadas a vida deste país ou pior levam a grandes fomes ou convulsões.
Parece até um verdadeiro pesadelo, procurar em nome de uma pseudo salvação do planeta, lançar um país num caminho nunca trilhado com imensas chances de dar errado, exatamente um país que menos precisa provar aos outros o seu respeito com o meio ambiente. Deixemos para que economias que exauriram suas terras, que eliminaram sua biodiversidade, que exploraram os países mais pobres retirando seus recursos naturais que provem o remédio amargo da doença que ainda não temos, pois como até os mais radicais defensores da natureza sabem que em termos de economia sustentável o Brasil pode ser um exemplo de compatibilização entre crescimento voltado para o seu povo e conservação ambiental.
http://jornalggn.com.br/blog/antonio-barbosa-filho/carta-aberta-a-minha-amiga-luiza-erundina-por-antonio-barbosa

Carta aberta à minha amiga Luiza Erundina, por Antonio Barbosa

CARTA ABERTA À MINHA AMIGA LUÍZA ERUNDINA
Por Antonio Barbosa Filho
Querida amiga Luíza,
Permita-me saudá-la desta maneira informal, sem me referir ao seu mandato, que lhe deleguei junto com milhares de paulistas conscientes, e que você tem honrado com toda dignidade.
Lealmente, fico aqui imaginando que respostas você me daria diante de questões que têm me inquietado nas últimas semanas, desde que você aceitou a tarefa partidária de coordenar uma campanha eleitoral para a Presidência do nosso país. As perguntas são incômodas, talvez mais para quem as formula do que para você, dada a insignificância de quem as faz. Mas nossa amizade me faculta esta ousadia.
Em que pontos o flutuante programa da Marina Silva coincidem com o seu pensamento e prática? Você milita pela democratização da mídia e, corajosamente, contra o domínio do setor de Comunicação por um pequeno grupo de famílias. Sua candidata, só existe hoje como viável eleitoralmente porque a mesma mídia cartelizada a construiu a partir do trágico acidente que fatalizou o candidato Eduardo Campos.
Você jamais entregou São Paulo, metrópole da qual foi prefeita, ao poder econômico. Enfrentou os poderes tradicionais, a elite empresarial da construção, dos transportes, da saúde, da educação. Você foi vítima da velha mídia e até de sindicatos de servidores públicos controlados pelo PT. Sua candidata só tem compromissos com essa mesma elite, que sabe como fazer refém qualquer governante menos estruturado ideológica e moralmente do que você. Veja a rendição de outros ex-companheiros de esquerda ao poderio implacável, corruptor, desses grupos que exploram nosso Povo há séculos.Jamais te confundirei com esse tipo de políticos oportunistas, carreiristas e mal-formados.
Você sabe que sou fundador do PSB em Taubaté, cidade onde você teve seu primeiro emprego em São Paulo, dando aulas na Faculdade de Serviço Social, vindo e voltando de ônibus da Pássaro Marrom, e deixando aqui muitos amigos e admiradores desde então. Fui também membro do diretório estadual do PSB, desde os tempos de Rogê Ferreira.
Seu ingresso no PSB foi, para nós socialistas de base, verdadeiros "sonháticos" e sonhadores, uma esperança de enorme crescimento, de conquista do povo através da sua dignidade exemplar, da sua Cultura, da sua inquestionável probidade. E você sempre correspondeu às nossas expectativas, e quase sempre as superou. Sou grato, sou devedor, por toda a atenção e carinho que continuou dedicando à esta Taubaté tri-centenária e, infelizmente, ainda tão conservadora.
Fiquei indignado quando você foi condenada a devolver um dinheiro para a Prefeitura de São Paulo, o único prefeito da capital jamais condenado a algo semelhante, numa série que inclui alguns dos maiores ladrões do dinheiro público, alguns hoje só punidos na Suíça, na França e nos EUA. Participei da "vaquinha", humildemente, e lavamos sua honra que tentavam macular.
Volto às perguntas, depois desta breve rememoração pessoal que nos liga (você me concedeu por e-mail uma entrevista para meu livro "A Imprensa x Lula", outro presente):
Por que o PSB não lançou seu nome como candidata a presidenta da República, no lugar do Eduardo Campos? Será porque a candidata que o PSB de Márcio França (dono do PSB paulista há uns vinte anos, e que te nega espaço até na propaganda eleitoral, além de vender o partido por uns carguinhos do Alckmin) jamais poderia ser uma Socialista de verdade? Será que o Banco Itaú vetou seu nome?
Por que o programa do nosso PSB foi renegado e rasgado por essa candidatura caronista, que nem sequer deve tê-lo lido? O programa do PSB fala em colocar os meios de produção nas mãos dos trabalhadores. Suspeito que o poder econômico, o 1%, jamais aceitaria isso, mas é o que você assinou defender, e a sua candidata também. Você assinou por convicção; ela assinou por quê?
Para não me alongar e tomar seu tempo nesta sua inglória tarefa de eleger uma pessoa que nada tem a ver conosco e com nossos ideais, recordo-lhe dois momentos de sua larga vida de independência pessoal e compromisso com o Povo.  Você saiu do PT quando o partido recusou-se a participar do Ministério do saudoso criador do Plano Real, o Presidente Itamar Franco. Você decidiu com sua consciência, com sua imensa capacidade de análise. Você fez, na minha opinião, o correto, e serviu muito bem ao Brasil. O PT errou, e reconhece isso na maneira de aplausos em cada reunião do PT a que você comparece. "Volta, Luíza!" é gritado por aqueles companheiros de base, militantes gratuitos do mesmo sonho que você tanto representou.
Recentemente, em 2012, você teve a altivez de não apoiar o candidato Haddad (mas jamais de combatê-lo) quando o PT aceitou o apoio do PP, partido presidido por Maluf. Muitos a criticaram, mas eu entendi perfeitamente. A Ética pessoal, a sua honra, está acima da disciplina partidária. Aprendi com Arraes, Audálio, Fernando Morais, Resk, Kotscho, e tantos outros de nossos amigos comuns, a servir a princípios acima de qualquer partido ou interesse pessoal.
Não quero ter motivos para crer que você tenha mudado. Não estamos mais na idade de ter ilusões de que podemos influenciar para o lado do Povo quem está cercada de inimigos ou exploradores do Povo. Você jamais transformará a Marina Silva numa pessoa livre dos compromissos que assumiu com o poder econômico e com teses que nós sempre combatemos, por significarem a submissão do Brasil a uma geopolítica e a uma política social que já sofremos juntos.
Com toda lealdade e a mais sincera amizade, tenho que informá-la que desta vez não votarei em você, que tão bem me representou no Congresso por mais de um mandato. Sei que não lhe fará diferença, e que você será reeleita. Mais que isso, desejo que nossa amizade permaneça para sempre, acima das eventuais divergências. Mas o que mais desejo mesmo, é que você não macule sua biografia apoiando qualquer projeto anti-popular, anti-soberania nacional, estimulado pela direita financista, midiática e econômica.
O Povo quer continuar confiando em você, minha querida amiga e mestra, Luíza.
Antonio Barbosa da Silva Filho
valepensar@bol.com.br
http://jornalggn.com.br/blog/antonio-barbosa-filho/carta-aberta-a-minha-amiga-luiza-erundina-por-antonio-barbosa

O jogo político por trás do conceito de BC independente, por J. Carlos de Assis



O homem comum deve encarar como discussão bizantina a controvérsia em torno da proposta de independência do Banco Central defendida por Marina e Aécio, e rejeitada por Dilma. Acredito que, dentre os 202 milhões de brasileiros, não menos que 201 milhões não têm a menor ideia do que se trata. Claro, ninguém é obrigado a conhecer Física Quântica para concluir que a energia nuclear é, em certas circunstâncias, um risco. Os economistas do BC independente atuam como alguns físicos que defendem ou atacam a energia nuclear: recorrem ao argumento da autoridade. Em certos casos, para forçar o argumento, apelam para o puro charlatanismo.
O debate sobre o BC independente está permeado de desinformação. Reflete em seus aspectos fundamentais a dominação do poder econômico camuflada de sabedoria técnica. Muitos economistas se prestam a esse jogo a fim de atender a interesses próprios ou de políticos, enquanto políticos fazem o jogo do poder econômico e ganham com isso apoio financeiro para o exercício de seu poder específico. Diante desse quadro  sujeito a tantas manipulações, eu, na qualidade de economista político, vou tentar esclarecer a política que está sob a operação de um BC independente, e a economia que se pretende assegurar com a proposta de independência do BC.
Primeiro vamos às operações básicas. O banco recebe de você 100 reais em depósito e os empresta  com taxa de juros de 50. O tomador, passado um tempo, paga o principal e os juros, 150. O banco então devolve os seus 100 e embolsa 50. Eis aí o primeiro fenômeno da política monetária: a criação de moeda do nada que se torna lucro e patrimônio do banco. Essa operação não é absolutamente garantida. Pode haver calote. Diante disso, o banco pega parte dos depósitos que você faz nele e coloca como reservas próprias no BC para usar numa emergência. Claro, o BC remunera o banco, como se fosse dinheiro dele, e não seu. Daí o segundo fenômeno da política monetária: o BC cria dinheiro para doar a os bancos particulares na remuneração das reservas.
Vamos agora a um fenômeno paralelo, a emissão monetária. O BC estabelece a taxa de juros básica para remunerar as reservas bancárias: é a chamada Selic. A definição dessa taxa resulta da solução de uma complexa equação que indica, com a força do oráculo de Delfos, a fração exata que põe a inflação na meta estabelecida nominalmente pelo Conselho Monetário - mas, na verdade, pelo próprio BC. Entretanto, a taxa Selic tem que ser “defendida” pelo BC, pois se ela flutuar a inflação, dizem, sai do controle. Pode haver o caso em que os bancos desaguem muito dinheiro nas reservas, pressionando para baixo a taxa Selic; ou, ao contrário, que os bancos pressionem para o alto a taxa tomando dinheiro emprestado das reservas. No primeiro caso, o BC “enxuga” as reservas; no segundo, emite dinheiro para aumentar o volume de reservas disponíveis para os bancos. Eis aí o terceiro milagre da política monetária, a destruição e criação de moeda pelo BC para “defender” uma determinada taxa básica de juros.
Até aqui não tratei de independência ou autonomia do BC. A distinção entre as duas é simplesmente semântica. Admite-se que autonomia operacional é a prerrogativa do BC de atuar dentro de determinados parâmetros “técnicos”, a saber, a institucionalidade exposta acima. Independência, nesse caso, seria a prerrogativa de alterar os próprios parâmetros operacionais. Entretanto, um BC realmente a serviço da economia, e não a serviço exclusivamente dos bancos, opera em direta articulação com o Tesouro: e esta é a questão central que vamos examinar agora. Por isso, não pode ser independente.
Tomarei inicialmente como exemplo o FED, o banco central norte-americano, que opera   sob óbvia influência de Wall Street mas que responde simultaneamente ao Governo. Portanto, não é um BC independente. Como opera? Desde 2008 o Tesouro norte-americano opera em déficit de mais de 1 trilhão de dólares anuais. O Tesouro toma esse dinheiro emprestado anualmente do mercado. Entretanto, se o mercado tentar pedir uma taxa de juros muito alta, pressionando a dívida pública, o Tesouro entra em contato com o FED e o FED reduz a taxa de juros, como fez, para quase zero por cento, facilitando a colocação dos títulos. Se necessário, para respaldar a taxa de juros mais baixa, o FED emite dinheiro barato para disponibilizá-lo aos bancos e estes o repassarem ao mercado produtivo. (É dessa forma, e não rodando uma suposta guitarra, como ficou vulgarizado por Milton Friedman, que se injeta dinheiro na economia americana.)
Agora, vejamos o que acontece na Europa. O Banco Central Europeu é o modelo do banco central independente, pois não há nenhuma conexão entre ele e os tesouros nacionais dos países do euro. Se um país, por exemplo, Portugal, quer captar dinheiro no mercado privado, que é o único que ele tem, está totalmente à mercê da ganância de juros. O BCE não se move para facilitar a vida dos  tesouros nacionais. Ao contrário, exige que os tesouros nacionais vão ao mercado para captar dinheiro exclusivamente com o fim de pagar dívida pública, neutralizando qualquer possibilidade de política fiscal expansiva.Eis um BC efetivamente independente, um poder acima das soberanias nacionais, não obstante taxas de desemprego de depressão em toda a Europa.
Bom, comparemos os dois sistemas. Nos Estados Unidos, a partir de 2010, o Partido Republicano impediu que Obama fizesse um segundo programa de política fiscal de estímulo à economia. Contudo, como dito acima, o déficit fiscal continuou. E o FED entrou pesado com a política de “facilitação monetária” para inundar a economia de liquidez. Não se pode dizer que essas políticas fiscais e monetárias combinadas tiveram êxito pleno, pois a recuperação americana não se firma: cresceu bastante no último trimestre, mas depois de uma forte contração no segundo, e ainda não se sabe o que acontecerá no terceiro. De qualquer forma, é uma performance, sobretudo na área do emprego, infinitamente superior à da Europa.
É que o BCE mergulhou a Europa do euro na situação que Keynes descreveu como “armadilha de liquidez”. Inicialmente, não obstante a brutalidade da crise, ele resistiu em ampliar a liquidez. Depois, diante da evidência da tragédia econômica europeia, ele reduziu para nível negativo (-0,01%) a remuneração das reservas bancárias e colocou à disposição dos bancos para emprestarem ao mercado 400 bilhões de euros a taxas simbólicas. Acontece que não há tomadores para o dinheiro. As corporações investem quando têm mercado e perspectiva de lucro, não porque têm crédito barato. Ninguém produz para prateleiras. Em suma, o problema europeu não é de política monetária, mas fiscal. E o BCE, junto com a Comissão Europeia e o FMI, se tornaram carrascos fiscais da área do euro, pois não se permite aos governos tomar crédito para gastar.
Portanto, a presença de um Banco Central independente, o BCE, é a tragédia da Europa do euro. Sem articulação entre BC e Tesouro não é possível fazer políticas fiscais expansivas, e sem políticas fiscais expansivas não há a mais remota possibilidade de recuperação da economia europeia – exceto por uma explosão de exportações mediante acordos de livre comércio que sufocariam em manufaturas países como o Brasil de Aécio ou de Marina. Creio que a proposta de Marina e de Aécio por um BC independente no Brasil, junto com a proposta de livre comércio com a Europa e os Estados Unidos, é fruto da ingenuidade e do desconhecimento; mas Armínio Fraga e Gianeti, creio eu, sabem o que estão falando.
J. Carlos de Assis - Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional na UEPB, autor de “O Universo Neoliberal em Desencanto”, com Antonio Doria.
http://jornalggn.com.br/noticia/o-jogo-politico-por-tras-do-conceito-de-bc-independente-por-j-carlos-de-assis