quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Relatório de membro do CNJ pede anulação de licitação milionária



LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

Um relatório finalizado nesta quarta-feira por um membro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aponta indícios de irregularidades na licitação de R$ 68 milhões realizada às pressas pelo órgão em dezembro e pede a anulação do contrato.

O documento, assinado pelo conselheiro e promotor de Justiça Gilberto Valente Martins, foi enviado por volta das 17h desta quarta-feira a todos os membros do CNJ, incluindo o seu presidente, Cezar Peluso. O relatório, a que Folha teve acesso, será discutido na sessão marcada para esta quinta-feira. A assessoria do CNJ já informou que a área técnica pretende rebater e mostrar nesta sessão que não há irregularidades no caso.

A licitação provocou polêmica em dezembro, quando uma das empresas participantes, a IBM, apontou um possível direcionamento a favor da vencedora, a NTC, representante da Oracle. A concorrência foi feita para a compra de software destinado ao cadastro nacional unificado de processos judiciais do CNJ. O primeiro contrato, no valor de R$ 44,9 milhões, foi assinado no dia 23 de dezembro.

Um grupo de conselheiros decidiu então investigar o caso. Indicado pelo Ministério Público ao CNJ, o promotor Gilberto Valente Martins tomou iniciativa de cuidar de uma apuração informal e preliminar. Ele faz parte da ala de sete membros que quer reduzir os poderesda Presidência do CNJ, incluindo a retirada da prerrogativa que o presidente tem de escolher o secretário-geral.

Martins aponta vícios na escolha da modalidade de licitação, na legalidade dela e na rapidez com que foi concluída. "Observamos a ausência dos referidos planejamentos estratégicos e plano diretor na instrução processual o que materializa o total descumprimento de tais instrumentos pelo próprio CNJ", disse.

O promotor aponta ainda indícios de direcionamento: "No termo de referência constante dos autos, observa-se que muitos itens apresentam a indicação de marcas e fazem exigências "fechadas" que poderiam implicar o direcionamento para determinada solução tecnológica, sem comprovação dessa escolha pelo administrador".

O episódio tem sido mais um fator da turbulência política que tomou conta do CNJ nos últimos meses e colocou o secretário-geral do conselho, o juiz Fernando Marcondes, no centro da crise. Aliado de Peluso, ele é quem cuida da gestão técnica e administrativa do órgão. Marcondes nega irregularidades no processo. Ele argumenta que a licitação foi feita às pressas porque, se não fosse concluída até 31 de dezembro, o dinheiro seria devolvido à Fazenda Pública.

O documento do promotor critica essa alegação: "o que se passou, no mínimo, é a demonstração de incapacidade gerencial e de planejamento, visto que este processo administrativo poderia ter sido autorizado com maior antecedência."

Ele ainda aponta falhas cronológicas entre o pregão eletrônico e a homologação do contrato: "A homologação do procedimento licitatório firmada em 22/12/2011, se baseia (e faz referência) no Relatório do Pregão Presencial 49/2011 que foi emitido em 23/12/2011. Embora o Relatório tenha sido produzido um dia após a homologação, esta já se referia a ele, que inclusive foi juntado aos autos antecedentemente, isto é, antes de existir".

Por fim, o conselheiro pede a anulação da licitação: "Diante destes fatos e dos vícios insanáveis destacados ao norte, acrescidos pelos pontos constantes do documento acima referido, entendo que o processo administrativo licitatório - Pregão Presencial 049/2011 - deve ser declarado nulo por este Conselho, com base no artigo 49 e seus parágrafos da Lei 8.666/93, devendo ser de imediato suspensos todos os seus efeitos, inclusive a ata originada deste certame."

Arcebispo denuncia ao papa corrupção no Vaticano, diz imprensa




DA EFE, EM ROMA

O atual núncio da Santa Sé nos Estados Unidos e ex-secretário-geral do Governatorato da Cidade do Vaticano --o Governo que administra o Estado--, o arcebispo Carlo Maria Vigano, denunciou em carta a Bento XVI a "corrupção e a má gestão" na administração vaticana, informou a imprensa italiana nesta quarta-feira.

Os jornais "Corriere della Sera" e "Libero Quotidiano" publicaram partes dessa carta, divulgada pelo apresentador do programa "Gli Intoccabili" (Os intocáveis), do canal de televisão privado "A7", Gianluigi Nuzzi.

Segundo Nuzzi, citado pelo "Libero Quotidiano", o arcebispo italiano, de 70 anos, enviou uma carta a Bento XVI em 27 de março de 2011 na qual se lamentava das "corruptelas e privilégios" que tinha visto após assumir o cargo de secretário-geral do Governatorato em julho de 2009.

Vigano teria dito que a situação que viu "causaria desconcerto em todos aqueles que acharam que seria possível sanear tantas situações de corrupção e prevaricação há muito tempo radicadas na gestão das diferentes direções da administração vaticana".

SITUAÇÃO DESASTROSA

Em outra carta, segundo o "Corriere della Sera", Vigano escreve: "jamais teria pensado em me encontrar perante uma situação tão desastrosa, que apesar de ser inimaginável era conhecida por toda a Cúria".

O arcebispo denunciou, de acordo com o jornal, que no Vaticano "trabalham sempre as mesmas empresas, enquanto outras ficam de fora, porque não existe transparência alguma na gestão dos contratos de construção e de engenharia".

Ele denunciou, entre outras coisas, que a Fábrica de São Pedro, que se encarrega da manutenção dos edifícios vaticanos, apresentou uma conta "astronômica", de 550 mil euros, pela construção do tradicional portal de Belém colocado na Praça de São Pedro em 2009.

BANQUEIROS

O arcebispo afirmou também que os banqueiros que integram o chamado "Comitê de finanças e gestão" se preocupam mais com seus interesses, e em dezembro de 2009 perderam em uma operação financeira US$ 2,5 milhões.

Vigano relatou em suas mensagens ao papa que durante sua gestão conseguiu que o Vaticano passasse de 8,5 milhões de perdas em 2009 a um lucro de 34,4 milhões em 2010.

Segundo Nuzzi, com sua política de rigor o arcebispo ganhou muitos inimigos e por isso foi tirado do Governatorato e enviado como núncio (representante diplomático) aos EUA.

OAB ataca supersalários do TJ-RJ



OAB ataca supersalários do TJ-RJFoto: Divulgação

PRESIDENTE DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL/SECCIONAL RIO DE JANEIRO, WADIH DAMOUS CRITICOU O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO POR PAGAR SALÁRIOS MILIONÁRIOS A MAGISTRADOS E ATÉ A ALGUNS FUNCIONÁRIOS

Por Agência Estado
25 de Janeiro de 2012 às 19:36Agência Estado
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous, criticou hoje o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) por pagar salários milionários a magistrados e até a alguns funcionários. Ele afirmou que, diferentemente do entendimento do Judiciário fluminense, o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que os benefícios pessoais devem ser incluídos o no teto salarial do funcionalismo (atualmente, R$ 26,7 mil). Para ele são inconstitucionais, os ganhos, que em um mês chegaram a mais de R$ 500 mil, revelados ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
"O argumento é o de que os juízes acumulam juízos. No Rio, é verdade. Mas isso resolve o problema de remuneração deles, não o do cidadão, que não tem Justiça. Muitas comarcas estão sem juiz" reclamou, pedindo a realização de concursos para preencher as vagas de magistrado. 
Damous não aceitou o argumento de que poucas pessoas são aprovadas nos concursos para juiz. "Na Justiça Federal não é assim, no Ministério Público não é assim. Talvez seja a hora de sentar a sério e ver uma concepção de concurso público." O presidente da OAB-RJ, porém, destacou que o argumento do acúmulo de juízos não vale para desembargadores, - alguns também receberam pagamentos milionários. " "Desembargadores não acumulam", explicou. Ele reconheceu, contudo, que o TJ do Rio não escondeu a sua lista de pagamentos, "diferentemente do Tribunal de Justiça de São Paulo", declarou.

Assista à entrevista de Cid Gomes na TV O POVO


Três semanas após o fim da greve dos policiais militares do Ceará, o governador Cid Gomes foi entrevistado pela primeira vez nesta terça-feira, 24, no programa Studio News, da TV O POVO. Confira a íntegra da entrevista.

Primeiro bloco

Segundo bloco

Terceiro bloco

Lula visita Reynaldo Gianecchini no Sírio Libanês



Lula visita Reynaldo Gianecchini no Sírio LibanêsFoto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

ENCONTRO ENTRE OS DOIS, QUE TRATAM CÂNCER NO HOSPITAL DE SÃO PAULO, DUROU CERCA DE MEIA HORA, INFORMA O INSTITUTO CIDADANIA

Por Agência Estado
25 de Janeiro de 2012 às 17:58Agência Estado
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou nesta tarde o ator Reynaldo Gianecchini, no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde ambos fazem tratamento. Gianecchini luta contra um câncer no sistema linfático desde agosto do ano passado, enquanto Lula combate um tumor na laringe.
De acordo com informações divulgadas pelo Instituto Lula, a conversa durou meia hora. Lula estava acompanhado de sua esposa, Marisa Letícia, enquanto Gianecchini estava com a mãe, Heloisa Helena Gianecchini.
Segundo boletim médico divulgado pelo hospital na última segunda-feira (23), Gianecchini apresentou melhora de saúde. "O paciente apresentou recuperação da função da medula óssea e passa bem. Deve receber alta nos próximos dias, mas manterá os controles médicos periódicos para acompanhamento", diz o boletim.
Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Defesa Civil: 11 vítimas no desabamento do Rio



Defesa Civil: 11 vítimas no desabamento do RioFoto: Reprodução

PRÉDIO CAIU POR VOLTA DAS 20H30 NA RUA TREZE DE MAIO, AO LADO DO TEATRO MUNICIPAL, QUE FOI ATINGIDO; TINHA 18 ANDARES, QUE RUÍRAM; FALA-SE EM 11 VÍTIMAS, ENTRE POSSÍVEIS MORTOS E FERIDOS; DEFESA CIVIL RESGATOU 30 PESSOAS EM COBERTURA VIZINHA

25 de Janeiro de 2012 às 21:24
247 - Os bombeiros e integrantes da Defesa Civil encontraram com vida uma primeira vítima do desabamento total de um prédio de sete andares no centro da cidade, na rua treze de maio, ao lado do teatro municipal, que também pode ter sido abalado. Cachorros, escavadeiras e centenas de homens foram mobilizados para a primeira abordagem aos escombros. O acidente ocorreu por volta das 20h30. A Light informou ter cortado a energia da região, mas imagens ao vivo da televisão mostraram muitas luzes acesas em toda a área. Grandes pedras de cimento cairam sobre carros estacionados nas redondezas. Estrutura que ruiu, segundo um especialista ouvido pela Globo Nwes, sustentavam um peso de cerca de 10 mil toneladas.
Surgiram informações de que o prédio passava por obras nos terceiro e nono andares.
A rua Treze de Maio é uma das mais movimentadas do Rio, próxima à Cinelândia. Está no coração da cidade.
Até 21h49, não havia consenso no noticiário a respeito do número de andares do prédio. Informação da Prefeitura deu conta de que ele tinha sete andares, mas pessoas que trabalham na região falaram em 18 andares. O prefeito Eduardo Paes esse deslocou para o local. A CEG enviou uma equipe ao local para avaliar a necessidade do fechamento da rede de gás da região.
À mesma altura, também não havia certeza sobre possível abalos causados no Teatro Municipal, que foi atingido pelos escombros.

Justiça, tucanos e privataria. Isso é Pinheirinho. E o Brasil !


A Justiça mandou invadir.

A PM de São Paulo e de Alckmin/Nahas prontamente atendeu.

E baixou o pau !

A Justiça Federal bem que tentou impedir.

Mas foi esmagada por superior tribunal.

A prefeitura tucana de São José dos Campos se esqueceu de cobrar o imposto que Nahas devia.

E se lixou para os pobres que moravam em Pinheirinho.

Virem-se !

A posse de Nahas sobre as terras é um mistério profundo.

Quem mandou matar a família de alemães ?

De quem Nahas comprou a área ?

Quem grilou a área ?

O PiG (*) – aí Ali Kamel se notabiliza, como sempre – trata a invasão como se fosse um ataque de vândalos – ou seja, a culpa é dos pobres.

Por que a prefeitura tucana não excutou a dívida de Nahas ?

Nahas foi encarcerado na companhia de Daniel Dantas na Operação Satiagraha.

Compartilharam uma suíte do PF Hilton, onde entraram devidamente algemados.

Assim se desenha o circuito virtuoso da elite brasileira: a Justiça, a Privataria Tucana, os tucanos e a PM.

A arena em que tudo isso se trava é o território independente de São Paulo, República que, como se sabe, venceu de forma indiscutível a Guerra da Secessão de 1932.

Pinheirinho é o Brasil tucano.

Onde os viciados em crack são conduzidos a Auschwitz.

O Brasil tucano é onde habitam, como diz o Fernando Brito, no Tijolaço, os “flagelados da Justiça”.

Viva o Brasil !

(E os ovos sobraram para o Kassab, o vice do Cerra …)


Paulo Henrique Amorim

Tribunal do Rio atribui supersalários à falta de juízes



Tribunal do Rio atribui supersalários à falta de juízesFoto: Divulgação

PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO, MANOEL ALBERTO REBÊLO DOS SANTOS DISSE QUE A FALTA DE MAGISTRADOS É UMA DAS RAZÕES PARA OS ALTOS SALÁRIOS DE DESEMBARGADORES E JUÍZES NO ESTADO, QUE GANHAM ATÉ R$ 500 MIL EM UM MÊS

Por Agência Estado
25 de Janeiro de 2012 às 15:30Agência Estado
O presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, disse ontem que a falta de magistrados é uma das razões para a os altos salários pagos a desembargadores e juízes no Estado. Os que acumulam funções recebem acréscimo de um terço do salário-base como gratificação. Segundo o desembargador, também é comum que os magistrados vendam uma das duas férias a que têm direito por ano.
"Temos 185 cargos vagos de magistrados, do total de 800 juízes de desembargadores. Os juízes acumulam as funções e trabalham dobrado. Por causa da absoluta necessidade, é feito quase que um apelo aos desembargadores para que eles acumulem também. A carência de magistrados faz com que a administração peça ao juiz para vender férias. É uma decisão pessoal de cada um. Se ele precisa de dinheiro, quer se capitalizar de alguma forma, ele pode vender as férias acumuladas", diz o desembargador.
Além disso, o pagamento retroativo de dois benefícios eleva a remuneração em até R$ 29 mil mensais. A Parcela Autônoma de Equivalência (PAE) é paga aos magistrados que já estavam no cargo entre 1993 e 1997. O valor gira em torno de R$ 12 mil a R$ 16 mil, dependendo da categoria do magistrado e do tempo de serviço. Já o abono variável vai de cerca de R$ 2 mil a R$ 4 mil.
O próprio presidente do TJ deu um exemplo hipotético: "O magistrado que recebe R$ 24 mil (salário-base do desembargador), se receber a PAE de R$ 16 mil, já passa para R$ 40 mil. Se vendeu um mês de férias, recebe mais R$ 30 mil e vai a R$ 70 mil." Se este magistrado acumular a função de outro colega, terá mais R$ 8 mil mensais. E ainda recebe cerca de R$ 3 mil como pagamento de abono variável. Com isso, a remuneração já passaria a R$ 81 mil naquele mês.
Manoel Rebêlo dos Santos não soube explicar as razões do pagamento de R$ 517,7 mil a um único desembargador, em dezembro de 2010. Mas disse que, em casos de aposentadoria ou de saída do TJ por outras razões, é comum que o magistrado venda todas as férias que não tirou ao longo da carreira. "Ele pode vender dois três ou dez meses, se tiver muito tempo no tribunal", diz o presidente do TJ.
O desembargador informou que 250 juízes e desembargadores acumulam funções ou participam de mutirões para garantir o andamento dos processos. Manoel Rebêlo dos Santos evitou comentar a cruzada da corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pela transparência nas folhas de pagamento do Judiciário, mas defendeu os colegas.
"Vocês não fazem ideia da carga horária de um magistrado. Nós não recebemos hora extra. Não podem ser imputadas a nós culpas que não temos. Tenho o maior interesse que o CNJ venha aqui. Vou dizer a eles tudo que estou dizendo a você e eles vão ver que não há nada de errado", afirmou o desembargador.
O presidente do TJ-RJ lembrou que este ano haverá concurso para 50 juízes substitutos (salário-base de R$ 20,677,85 mensais. Houve mais de 6 mil candidatos. O desembargador criticou o governo estadual, responsável pelo pagamento dos magistrados. "Para o governo do Estado, não interessa fazer concurso, porque os juízes que acumulam funções recebem um terço do salário.
Os novos juízes receberão salário integral", afirmou. Manoel Rebêlo dos Santos disse que pretende conversar com o governador Sérgio Cabral sobre os repasses para a folha de pagamento. "O Estado tem que repassar para nós 6% da receita anual, o que não tem feito. Eles subestimam a receita. É uma das questões que tenho que conversar com o governador, sob pena de não termos condições de fazer o pagamento aos magistrados", afirmou.

Anistia Internacional exige socorro a Pinheirinho



Anistia Internacional exige socorro a PinheirinhoFoto: NILTON CARDIN/Agência Estado

CERCA DE 1.600 FAMÍLIAS FORAM DEIXADAS SEM TETO APÓS DESPEJO DA POLÍCIA MILITAR EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, INTERIOR PAULISTA; ÓRGÃO DA ONU AFIRMA QUE OPERAÇÃO FOI EFETUADA DE FORMA INADEQUADA: NAS PRIMEIRAS HORAS DA MANHÃ DE DOMINGO E SEM AVISO PRÉVIO

25 de Janeiro de 2012 às 17:08
Claudio Julio Tognolli - A Anistia Internacional pede que as autoridades brasileiras atendam com urgência as necessidades de aproximadamente 1.600 famílias que foram deixadas sem teto devido à execução de um despejo forçado em um assentamento no estado de São Paulo. A expulsão, que teve início no domingo, foi efetuada sem aviso prévio, quando negociações com os moradores estavam em andamento e sem que fossem disponibilizadas moradias alternativas.
Confrontos violentos entre policiais e moradores se estenderam até a segunda-feira, depois que um juiz estadual determinou que quase dois mil policiais executassem a reintegração de posse da área, localizada na periferia da cidade de São José dos Campos. Segundo o comando da polícia, o despejo será concluído no dia 25 de Janeiro de 2012. "Esse despejo viola uma série de normas internacionais", disse Átila Roque, diretor da Anistia Internacional Brasil.
"A operação foi efetuada de modo totalmente inadequado: nas primeiras horas da manhã de domingo e sem nenhum aviso apropriado. A expulsão foi levada a cabo apesar de as autoridades estarem em meio a uma negociação que visava encontrar uma saída pacífica", afirmou.
Sem qualquer aviso prévio, a polícia de choque chegou ao local às 6 horas da manhã de domingo, com o apoio de veículos blindados e helicópteros, usando gás lacrimogêneo e balas de borracha. As autoridades cortaram o fornecimento de energia, gás e telefone, além de isolarem a área com cordão de segurança e restringirem o acesso às residências.
Cerca de 30 pessoas foram presas depois que alguns moradores do assentamento, que já existia há oito anos, resistiram à expulsão montando barricadas, incendiando veículos e atirando pedras e pedaços de pau.
A ordem de despejo contrariou um acordo anterior para suspender a desocupação enquanto se buscava uma solução pacífica, a qual incluía a possibilidade de que o governo federal pudesse adquirir aquela terra e legalizar os títulos dos residentes.
Muitos moradores tiveram que recorrer aos parentes para se abrigar, enquanto que outros – cerca de 350 famílias – foram acomodados em um ginásio com condições de saneamento precárias. Alguns tiveram permissão para retornar à área desocupada a fim de recolher seus pertences antes das casas serem demolidas.
O assentamento Pinheirinho formou-se em 2004, depois que grupos de sem-teto ocuparam uma área abandonada pertencente à massa falida de uma empresa de investimentos.
Igrejas, quadras de futebol, bibliotecas e lojas já começavam a surgir naquela área e os moradores tentavam legalizar a situação através de um programa do governo estadual denominado Cidade Legal, mas não tiveram êxito. A associação dos moradores está recorrendo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a ordem de despejo seja revogada.
"O que está acontecendo no Pinheirinho, lamentavelmente, faz parte de um esquema recorrente de despejos forçados no Brasil: à medida que o país cresce, dezenas de milhares de famílias pobres estão sendo removidas para dar lugar a empreendimentos e projetos de infraestrutura privados, sem que recebam proteção adequada e moradias alternativas", afirmou Atila Roque.
"As autoridades brasileiras devem atender imediatamente as necessidades de milhares de pessoas que agora estão sem teto. Devem tomar a iniciativa de estabelecer relações com os moradores para encontrar uma solução de longo prazo que satisfaça suas necessidades, mais do que vagas temporárias em abrigos que desagregam famílias", acrescentou.
Anderson Barbosa/Agência Estado
Anderson Barbosa/Agência Estado
Apesar de significativos investimentos por parte do governo federal, o Brasil ainda encontra dificuldades para superar um imenso déficit habitacional. Enquanto isso, por todo o país, milhões de pessoas vivem em assentamentos irregulares.
De acordo com o direito internacional, inclusive com o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC), o Brasil está proibido de executar despejos forçados e deve proteger sua população contra tais ações.
Este trabalho faz parte da campanha Exija Dignidade, da Anistia Internacional, que se concentra nas violações de direitos humanos que provocam e aprofundam a pobreza. Um dos focos dessa campanha são as violações de direitos humanos cometidas contra pessoas que vivem em assentos informais e favelas.

Kassab atribui ovadas à operação na Cracolândia



Kassab atribui ovadas à operação na CracolândiaFoto: AGÊNCIA ESTADO

NO DIA EM QUE A CAPITAL PAULISTA COMPLETA 458 ANOS, PREFEITO É ATACADO POR MANIFESTANTES E GANHA TÍTULO DE “PIOR PREFEITO DA HISTÓRIA DA CIDADE DE SÃO PAULO”; GILBERTO KASSAB DISSE COMPREENDER OS PROTESTOS, MAS CONDENOU O USO DE VIOLÊNCIA DE PARTE DOS MANIFESTANTES

25 de Janeiro de 2012 às 17:05
247 – O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) atribuiu as manifestações da qual foi alvo na manhã desta quarta-feira, aniversário de 458 anos da cidade, às operações realizadas pelo governo estadual, de Geraldo Alckmin (PSDB), na Cracolândia e em Pinheirinho, acampamento de São José dos Campos em processo de reintegração desde domingo. Quando saiu da Catedral da Sé, onde assistiu uma missa em comemoração ao aniversário da cidade, Kassab recebeu de movimentos sociais o título de “pior prefeito da história da cidade de São Paulo”, com direito a diploma de dois metros de comprimento, além de ter o carro da prefeitura atacada por ovos.
Kassab disse compreender os protestos, mas condenou o uso de violência de parte dos manifestantes. "Estamos vivendo um período democrático e temos de ter compreensão com as manifestações, mas lamentamos o uso de violência que não é o melhor caminho", disse. No Twitter, o deputado Ivan Valente (PSOL) ironizou o prefeito: “Na imprensa, Kassab critica protesto da população e diz que política se faz com diálogo. Cadê o diálogo com os moradores do centro de SP?”. Na rede social, a maioria dos usuários comemora o ataque e o título entregue ao prefeito, divulgando o vídeo em que ele foge da ovada (assista abaixo).
MARCIO FERNANDES/AGÊNCIA ESTADO
MARCIO FERNANDES/AGÊNCIA ESTADO
O Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep) e cerca de 20 associações apoiaram a iniciativa, segundo o advogado Jorge Eduardo Rubies, presidente do Movimento Preserva São Paulo. “No nosso ponto de vista, ele merece essa ‘homenagem’, principalmente pela devastação que o patrimônio público está sofrendo”, diz Rubies.
“Acho que ele foi pior porque os prefeitos anteriores não aprovaram tantas leis nefastas na Câmara dos Vereadores como o Kassab fez no fim do ano com a permissão de mais prédios na Faria Lima e o projeto que altera o zoneamento do Piritubão”, diz a arquiteta Lucila Lacreta, diretora do Movimento Defenda São Paulo.