sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Mãe minimiza papel de Galvão Bueno na associação




Procurado pela Folha, Galvão Bueno disse ontem que decidiu não levar adiante o projeto da ONG aprovado pelo Ministério do Esporte.

"A associação recebe inúmeros projetos anualmente, e esse foi encaminhado ao ministério. Assim que aprovado, examinei pessoalmente, achei que não era conveniente prosseguir e nenhuma medida no sentido de implementá-lo será adotada", afirmou, por meio de nota.
A mãe do narrador e presidente da Associação Beneficente Galvão Bueno, Mildred Galvão Bueno, disse ontem que o filho atua apenas como presidente de honra da entidade, sem vínculo direto com as atividades da ONG.

Ela disse que designaria um funcionário da entidade para explicar à reportagem o projeto "Escola para Formação de Pilotos", mas não houve o contato, apesar de três insistências por parte da Folha.

Já o Ministério do Esporte disse que o projeto da ONG foi aprovado tecnicamente porque está enquadrado na Lei de Incentivo ao Esporte. "O projeto citado é o único da entidade registrado no departamento da Lei de Incentivo ao Esporte", disse a assessoria do ministério.
TV Globo/Folhapress
Clique na foto e veja imagens da carreira de Galvão Bueno
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1049984-mae-minimiza-papel-de-galvao-bueno-na-associacao.shtml

União aprova R$ 2 milhões para ONG de Galvão Bueno


LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

Uma organização não governamental ligada ao narrador Galvão Bueno aprovou um projeto de R$ 2,2 milhões no Ministério do Esporte.

O governo federal autorizou a Associação Beneficente Galvão Bueno a captar o valor em doações e patrocínios por meio da Lei de Incentivo Fiscal. A decisão foi publicada no "Diário Oficial da União" de anteontem.

O dinheiro é destinado ao projeto chamado "Escola de Formação de Pilotos". Dois filhos de Galvão, Cacá e Popó, são pilotos de automobilismo, antiga paixão do narrador, especialista em F-1.

Galvão e a direção da entidade foram procurados pela Folha na manhã de ontem. No fim da noite, ele respondeu que decidiu pedir o cancelamento do projeto nos próximos dias. "Nenhuma medida no sentido de implementá-lo será adotada", disse, em nota curta, via assessoria.

Fotomontagem
Confira imagens da carreira de Galvão Bueno; clique na imagem e veja galeria
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Galvão é presidente de honra da associação que leva seu sobrenome e sua mãe, Mildred Galvão Bueno, a presidente efetiva. A ONG tem sede em Londrina (PR), onde Galvão montou residência.
A entidade recebeu o aval do ministério para se beneficiar da lei de incentivo. Por meio dela, o governo federal abre mão de arrecadar impostos devidos por empresas (1%) e pessoas físicas (6%) em troca do uso do recurso como patrocínio esportivo.

Ou seja, o dinheiro que deveria parar nos cofres públicos vai para ações ligadas ao esporte. No caso de Galvão, o valor de captação pode chegar a exatos R$ 2.191.696,96.

O processo de aprovação do projeto no Ministério do Esporte durou três meses. A ONG fez o pedido em 15 de setembro de 2011. Em 20 de dezembro, houve a aprovação, e a decisão foi publicada anteontem. Quem assina é Ricardo Capelli, ex-presidente da União Nacional dos Estudantes e presidente da comissão que analisa projetos.

A ONG tem até 31 de dezembro para arrecadar os recursos. "O Galvão não tem nada com isso, ele é presidente de honra. A gente exerce o trabalho da melhor maneira possível", disse Mildred.

Galvão participa de eventos da ONG. O site da entidade o mostra em "feijoadas solidárias". Os filhos pilotos e artistas, como Zezé Di Camargo, aparecem em fotos nos encontros da instituição.

A ONG, fundada em 2003, tem como objetivo, segundo o site, "a convivência familiar bem-sucedida". Diz reunir "profissionais liberais (especialmente da área médica) e empresários em torno da liderança do sr. Galvão Bueno, reconhecido comunicador da área esportiva, e sua mãe, sra. Mildred Galvão Bueno".

Nêmese de Protógenes, é afastado por suspeita de corrupção


Cai chefe de segurança da Olimpíada do Rio


FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA



O delegado Luiz Fernando Corrêa vai deixar nesta sexta-feira a diretoria de segurança do Comitê Rio-2016, órgão responsável pela organização dos Jogos Olímpicos no Brasil.
Corrêa é ex-chefe da Polícia Federal é alvo de uma ação de improbidade administrativa por conta de irregularidades no Pan-Americano de 2007, também no Rio.

A diretoria do comitê organizador propôs que ele se afastasse temporariamente até que o caso se resolvesse na Justiça. Corrêa, entretanto, preferiu sair de vez.

Em nota, o comitê disse que Corrêa está "confiante numa decisão a seu favor e pretende buscar na Justiça a reparação de danos".

O delegado, contudo, disse que o caso "pode causar desconforto na rotina de suas atribuições na Diretoria de Segurança, em razão do que deixará o Rio-2016".

Sérgio Lima - 20.out.10/Folhapress
 Luiz Fernando Corrêa, diretor da Polícia Federal
Luiz Fernando Corrêa, em entrevista na superintência da Polícia Federal, em 2010

O CASO

Corrêa, o delegado Odécio Rodrigues Carneiro e mais três empresas respondem a uma ação de improbidade administrativa que apura a contratação, sem licitação, do consórcio Integração Pan.

Carneiro, que no dia 11 de janeiro pediu demissão do cargo de diretor de logística da Secretaria de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, foi coordenador-geral de tecnologia e informação da PF durante os Jogos Pan-Americanos.

Formado por 11 empresas, o consórcio foi criado para fornecer equipamentos de tecnologia à área de segurança do evento carioca.

O Ministério da Justiça pagou ao consórcio R$ 170 milhões pelos equipamentos e abriu sindicância interna para apurar irregularidades nos contratos geridos pelos dois.
Deste total, peritos do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal conseguiram rastrear compras no valor de R$ 40 milhões.

Descobriram que foram adquiridos equipamentos por 78% acima do valor estabelecido pelo mercado.

Ou seja, esses produtos poderiam ter sido comprados por R$ 22 milhões.
Os peritos da PF não conseguiram analisar os R$ 130 milhões restantes, já que muitos dos equipamentos utilizados em tecnologia de informação do Pan foram importados, e os preços variaram muito em quatro anos.

De acordo com a lei, mesmo quando há dispensa de licitação, o órgão do governo precisa realizar uma pesquisa para saber se o preço pago não é abusivo.

Livros Nem Sempre Ilustram E São Inspiradores


Paulo Nogueira


 Paulo Nogueira é jornalista e está vivendo em Londres. Foi editor assistente da Veja, editor da Veja São 
 Paulo, diretor de redação da Exame, diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora  Abril e diretor editorial da Editora Globo.



Biblioteca Municipal de Manaus: raridade
Um novo trecho do livro “Minha Tribo — o jornalismo e os jornalistas”
MUITAS VEZES O TRABALHO de um editor é feito longe dos olhos do leitor.
Se o editor se defronta com um ambiente envenenado eticamente e corrompido em valores essenciais do jornalismo, ele só mostrará ao leitor o que pode fazer se, antes, enfrentar os problemas internos.
Vivi esta situação ao chegar à Editora Globo, em 2006.
Os três principais homens da administração eram Juan Ocerin, diretor geral, Frederic Kachar, o Fred, seu braço direito, e Jota Erre, diretor de publicidade.
Eram diferentes na aparência, mas parecidos na essência. Todos eles, numa editora em que os jornalistas tinham sido espremidos e os borderôs reduzidos a quase nada, andavam em BMWs e Porsches que contrastavam dramaticamente com a vida espartana que editores e repórteres viviam. Do ponto de vista da simbologia, era uma mensagem péssima.
Os carros importados eram fruto, em grande parte, de bônus conseguidos com práticas comerciais nebulosas, e não com talento gerencial. Logo ao chegar, por exemplo, percebi o tamanho que tinha na hora de fechar as contas, na editora, o governador do Amazonas, Eduardo Braga. Seu estado comprava livros da editora em alta quantidade, bem como telecursos da Fundação Roberto Marinho. Como não existe almoço grátis, a troca se dava num tratamento editorial privilegiado na revista Época. A ponte entre a editora e Braga era feita por Jota Erre. Quando tive uma conversa ríspida com Braga depois de uma reportagem dura da Época sobre seu governo, Jota Erre tomou, imediatamente, o partido de Braga.
Fred numa boca livre da F1, numa foto da Caras
Se você vai ao Google e tecla governo do Amazonas e editora Globo, encontra editais de licitação reveladores. Num deles, que você pode veraqui, há 39 títulos da Globo, vendidos em lotes de 1605 exemplares. É uma barafunda de assuntos. Ali você encontra desde O Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, até o livro de psicologia “Não Há Dois Iguais”, de Judith Rich Harris. Não é ilegal, aparentemente. É apenas imoral, dadas as circunstâncias subterrâneas que cercam este tipo de negócio.
Chama a atenção que, com tanto sucesso dos livros da Globo, o Amazonas tenha o pior índice de bibliotecas públicas do Brasil, segundo o 1.o Censo Nacional de Bibliotecas Municipais, realizado pelo Ministério da Cultura. O Amazonas é o último entre os 27 estados brasileiros. Mesmo assim, as proezas amazonenses estão hospedadas majestosamente na globo.com, no “Portal da Amazônia”.
Juan, Fred e Jota Erre estavam habituados a negociações dessa natureza, da qual derivavam partes de seus carrões. Se Jorge Nóbrega, chefe de Juan, tinha noção do que acontecia, não sei. Se não tinha, era um problema de falta de controle sobre quem tinha que ser controlado. Se tinha, era um problema ainda maior.  Nóbrega fica no Rio. Ninguém administra direito uma operação a 500 km de distância, sobretudo se você é ausente. Em meus primeiros dois anos, Nóbrega jamais foi à editora. Quando Juan foi demitido, ele passou algumas horas em São Paulo para dar uma entrevista ao Meio e Mensagem, na qual disse que as Organizações reconheciam os avanços editoriais feitos em minha gestão.
Logo vi que não faria nada decente se tivesse como colega comercial Jota Erre. Na Editora Abril, onde eu passara 25 anos, a área comercial tinha respeito pelos editores. Na cultura da Abril estava claro que quem fazia a diferença era o conteúdo, e isso é responsabilidade dos jornalistas.
Na Editora Globo, que era uma espécie de terra de ninguém, os editores eram desprezados. Jota Erra achava que sabia editar, por exemplo, bem como Juan e Fred. Assim como o torcedor da geral acha que pode dirigir um time de futebol melhor que ninguém, eles pareciam se julgar editores. Era um fardo, para mim, discutir jornalismo com executivos que misturavam tanto ignorância com presunção.
Ninguém influencia nada a 500 quilômetros.
O impasse com Jota Erre não tardaria. Tivemos uma conversa interna por conta da briga com Braga. Era uma reunião de três pessoas: Ocerin, Jota Erra e eu. De imediato, Jota Erre começou a me atribuir frases que eu não tinha dito. Detesto isso. Vi, jovem, num debate com a chapa do PT na disputa pela presidência do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, papai ser vítima de uma manipulação dessas na sessão de perguntas aos candidatos por José Américo, jornalista que mais tarde viraria político. “Zé Américo”, disse papai depois de um suspiro rápido. “Já pago um alto preço pelas bobagens que digo. Não posso pagar também pelas bobagens que você diz que digo.”
Sempre tive para mim que papai ganhou a eleição — o adversário era Rui Falcão, que depois, como Zé Américo, abandonaria o jornalismo para se dedicar ao PT — naquele momento. Raras vezes vi em minha vida tamanha presença de espírito. Na platéia, ao ouvir Zé Américo manipular as palavras de papai, minha vontade era bater fisicamente nele. A resposta de papai me mostrou que surras morais podem ser mais doídas que as físicas.
Tenho o hábito de olhar para baixo em determinados momentos. Herdei-o de papai. É um instante em que vou buscar sossego interior para refletir sobre alguma coisa. Jota Erre parece ter confundido isso com fraqueza, na conversa entre nós três, Juan, ele e eu depois do episódio da briga que tive com o governador.
“Não sou de baixar os olhos”, ele me disse num tom que me soou triunfal e patético. Ele não tinha causa, naquela discussão, senão seus bônus. Vassalagem interesseira diante de compradores de livros e telecursos não é causa que se sustente.
Aí eu ergui os olhos e fitei Jota Erre.
“Acabou. Eu não falo mais com você.”
Não era uma ameaça. O que eu estava dizendo é que, dali por diante, eu jamais voltaria a falar com o diretor comercial da Editora Globo.
Assim terminou a reunião. Saímos cada um para um lado, Jota Erre e eu. Numa das situações mais bizarras que vivi, Juan correu atrás de mim. Me disse que ia demitir Jota Erre e, ambos de pé, eu a caminho de mexer na edição em curso da Época, ele me pediu um nome. Foi tudo tão rápido que eu não sabia sequer se Jota Erra estava por perto. Juan olhou de soslaio para trás para ver onde ele estava. Pareceu mais tranquilo ao não ver Jota Erre. Segundo Fred me contou, a conversa final entre Juan e Jota Erre foi digna de ambos — insultos trocados aos berros.
Eu tinha um nome.
Meu último cargo na Abril tinha sido executivo, e eu tive sob meu comando um diretor de publicidade jovem e brilhante, Sérgio Amaral. Formado na escola Abril, Serginho, como é conhecido, sabia que sem respeito aos jornalistas você não constrói nada durável. Ele tinha tido um papel relevante em marcos publicitários da Abril, como o Projeto Abril na Copa de 2006. Pela primeira vez, as revistas da Abril atuaram em bloco num pacote editorial e comercial milionário. Fui o idealizador e coordenador do projeto, e vi quanto Serginho tinha sido importante. (Mais tarde, eu levaria o mesmo modelo para a Globo no Projeto Generosidade, que unia as revistas da  editora em torno de reportagens com empreendedores sociais. Mais ainda que no Projeto Abril na Copa, desta vez Serginho seria um parceiro decisivo, com sugestões pertinentes de pautas.)
“Sérgio Amaral”, eu disse a Juan.
“Telefone?”, Juan me perguntou. Passei a ele ali mesmo.
Sérgio Amaral (direita) com Maurizio Mauro (centro) e um executivo de fora num evento da Abril em 2005
A Editora Globo acabaria contratando Serginho — certamente o melhor diretor comercial de sua história oscilante. Serginho sobreviveu um ano à truculência basca e ignara de Juan. Juan queria alguém que, como Jota Erre, vendesse milhões em livros numa cartada obscura em momentos complicados — para fazer jus aos bônus.
Não era esse o perfil de Sérgio Amaral.  No breve período em que esteve na Globo, Serginho Amaral levou o padrão ético da Abril para a editora. Com ele, se inaugurou um curto mas rico período de cooperação limpa e transparente entre as áreas editoriais e comerciais. Espirituoso, Serginho foi autor de uma das frases que melhor definem Juan. Como Maurizio Mauro, que naquele tempo era presidente executivo da Abril, Juan fora da consultora BoozAllen. “Na escola em que o Juan foi aluno o Maurizio era o diretor”, dizia Serginho.
Uma nota saída num jornal de propaganda selou, infelizmente, a sorte de Serginho na Globo. A nota dizia que as Organizações Globo estavam procurando um novo diretor geral. Juan ficou transtornado e ligou para o colunista que publicara a nota em busca de saber quem a passara. “Foi o Serginho, não foi?” O colunista negou. Disse apenas que não era rumor e, sim, fato. A amigos, Orlando Marques, que eu conhecia de longa data dos tempos em que ele fora diretor de publicidade da Veja, dissera naqueles dias que tinha sido, sim, procurado pela direção da Globo para substituir Juan Ocerin.
Juan, que trocara incontáveis diretores de todas as áreas em sua gestão, conseguiu — não sei como — convencer Jorge Nóbrega de que era preciso demitir Sérgio Amaral por causa de uma nota que em sua confusão mental e paranóia reacendida ele atribuía à fonte errada.
Foi um dos momentos em que tive vontade de deixar a editora. Deteve-me uma cláusula que me obrigaria a devolver — integralmente — as luvas que eu tinha recebido para me transferir para a Globo, em 2006. Para elas, não havia o dispositivo espertalhão que fora sorrateiramente colocado pela editora na cláusula de saída que eu tinha exigido para ir para uma empresa de alta rotatividade.
Esse dispositivo — uma frase escrita em jurisdiquês — reduziria a pó minha proteção antidemissão, como eu viria a saber apenas no momento de minha saída por Fred. Num momento digno do turbilhão linguístico e mental de Juan, que fora demitido fazia  pouco tempo, Fred me diria que era assim que os contratos imobiliários eram feitos.
Se é verdade que existe hoje um “Blog do Fred” no site da Globo, como me disse entre gargalhadas uma funcionária da editora, esta é uma pergunta que eu gostaria de dirigir a ele lá: o que tem a ver contrato imobiliário com cláusula de saída?

Frias E Roberto Marinho



Mais um trecho de Minha Tribo — o jornalismo e os jornalistas
AO LONGO DOS meus anos de redação, até para lembrar meus tempos da seção de livros da Veja, tenho escrito, aqui e ali, resenhas de assuntos que me interessam, como aconteceu com o Xangô de Jô.
A última vez em que analisei um livro foi quando chegou a mim, na Editora Globo, o panegírico dedicado ao falecido dono da Folha, Octavio Frias de Oliveira. Fiquei incomodado não apenas com a bajulação deslavada, mas com a miopia do conteúdo ao ignorar o trabalho duro e brilhante dos jornalistas da Folha antes e depois que Frias a comprasse, no início da década de 1960.
Parecia que a Folha começara com Frias, o que é uma aberração. Seu antecessor, Nabantino Ramos, com talentos editoriais e intelectuais muito acima dos de Frias, um granjeiro rico, construiu um alicerce para a Folha do qual Frias, posteriormente, se beneficiaria. Nos tempos de Nabantino, a Folha enfrentava a liderança poderosa e estabelecida do Estado de S. Paulo. Sob Frias, o Estado já era uma caricatura do que fora. Eram duas situações completamente diferentes.
Frias, no livro póstumo, era tratado como um editor. Um momento. Henry Luce era editor da Time. Mas Frias? Luce concebera, nos anos de 1920, uma revista semanal de informações que organizasse a semana para seus leitores. Luce era um aluno notável de Yale, como seu parceiro na fundação da Time, Britton Haden, morto ainda nos primeiros tempos da revista. Ambos escreviam, faziam títulos e legendas, eram capazes de dar vida a um texto de capa maçante.
E Frias?
No próprio livro em sua homenagem, está dito que Frias comprou a Folha em busca do status que a granja lhe negava. Um amigo comum dele e de Nabantino sugeriu a Frias que comprasse o jornal. Nabantino estava infeliz. Sentia-se traído pelos jornalistas — entre os quais papai — que entraram em greve em 1961. No livro uma série de fotos de Frias com personalidades do poder militar e civil das últimas décadas mostra que o status lhe foi dado pelo jornal. Aquelas pessoas não sorririam tanto para um granjeiro.
A tentativa de transformar Frias num gênio do jornalismo por bajuladores como Clóvis Rossi e Juca Kfouri, provavelmente interessados na simpatia da família, não tem nexo. Muitas vezes é citado o “furo” que Frias teria dado na doença que matou Tancredo Neves antes que ele assumisse a posição de primeiro presidente civil depois do regime militar de 1964. Frias teria passado à redação a notícia de que Tancredo teria um tumor.
É muito barulho por pouco. Donos de jornais, como todas as pessoas influentes, recebem informações o tempo todo de gente que quer ficar bem com eles e fazer mal a inimigos. O mérito de Frias no caso do tumor de Tancredo, caso seja verdade que ele tenha dado a informação e, mais ainda, que o tumor de fato existisse e tivesse importância na doença, é próximo de zero. Todo jornalista habituado à refrega nas redações sabe disso, ou deveria saber.
Compare o “furo” de  Frias com o trabalho dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein no esclarecimenro do Caso Watergate, que tirou o presidente Nixon do poder, e você terá uma idéia do que estou dizendo mesmo se jamais tiver entrado numa redação.
A resenha que fiz do livro de Frias foi uma das raras ocasiões em que um texto meu na Editora Globo foi lido, antecipadamente, pela família Marinho. Textos sobre os proprietários de empresas de mídia, no Brasil, costumam ser lidos — e escritos — com cuidado redobrado.
A Folha, tão aguerrida, fez um livro desprezível jornalisticamente sobre Frias. Curiosamente a Globo, que a Folha acusa de ter sido chapa branca durante a vida de Roberto Marinho, editou um bom livro sobre o dono morto. Escrito por Pedro Bial, o livro nota o empreendedor intrépido e nem sempre escrupuloso. Ao mesmo tempo, se detém em questões pessoais importantes para entender a alma de Roberto Marinho. A tez escura e a baixa estatura, por exemplo, deram a Roberto Marinho um complexo de inferioridade com o qual ele lidaria a vida inteira. Bial também tenta investigar se Roberto Marinho, que fazia questão de ser chamado de jornalista, sabia escrever. Ele ingressou no negócio de jornalismo por ser filho primogênito de um homem que fundou um jornal, O Globo, não necessariamente por vocação, e morreu cedo.
Se escrevia, é uma interrogação. Roberto Marinho foi, a meus olhos, muito mais um político e um empresário do que um jornalista.  Ele teve, por muito tempo, um ghost writer extraordinário, Otto Lara Rezende, escritor mineiro. Foi Otto Lara quem redigiu a nota oficial que comunicava a demissão de Walter Clark, em 1977, um homem de televisão que contribuiu fortemente, como Boni, para edificar o “padrão de qualidade Globo”. Curiosamente, foi também Otto Lara que escreveu a nota de saída assinada por Clark, a pedido deste. Segundo relatos, a sorte de Clark foi selada quando Roberto Marinho descobriu que ele, com artifícios teatrais, burlava torrencialmente a ordem que proibia consumo de álcool na sede da Globo.  O perfil alto de Clark certamente lhe cobrou um preço quando Roberto Marinho quis deixar claro para o mundo que era ele quem mandava na Globo.
Um artigo hagiográfico escrito quando Roberto Marinho era ainda vivo conta uma versão de como teria terminado a carreira de Otto Lara Rezende na Globo.  Não dramática, mas comicamente. O autor, José Mário Pereira, fundador da editora carioca Topbooks, contava uma história — “nem confirmada nem desmentida pelo Dr. Roberto” — segundo a qual Roberto Marinho pilhara seu ghost writer imitando-o. Antes, teria sabido das piadas que Otto Lara contava sobre ele.
Poucas coisas são mais arriscadas do que contar piadas sobre patrões, sobretudo se elas forem boas e os patrões  não tiverem tanto senso de humor assim. Escreveu Pereira:  “Certo dia, durante uma visita ministerial à sede da emissora, o patrão ia à frente, com o ministro, e Otto logo atrás, com assessores. De repente, percebe de soslaio que Otto o está imitando. A isso somou-se o fato de, nos últimos tempos, o redator demorar a entregar o que lhe pediam. Quando retornou a sua sala, Dr. Roberto mandou demiti-lo. De nada valeu a interferência de amigos: não teve volta. O cronista ficou deprimido, deixou a barba crescer.”
"Certo dia, durante uma visita ministerial à sede da emissora, o patrão ia à frente, com o ministro, e Otto logo atrás, com assessores. De repente, percebe, de soslaio, que Otto o está imitando"
Mandar demitir é um clássico de quem tem poder. Poucas coisas são tão desagradáveis quanto despedir alguém. Os manuais de gestão têm uma série de recomendações para esse tipo de situação: jamais às sextas, jamais no aniversário da vítima, jamais em períodos como o Natal ou o Ano Novo. Mas, quando parte a ordem de um patrão, subordinados zelosos por manter seu posto não costumam levar nada disso em consideração. Juan Ocerin, diretor-geral da Editora Globo, foi demitido por Jorge Nóbrega, homem de confiança da família Marinho, entre o Natal e o Ano Novo de 2007. Não foi ele quem decidiu a demissão, mas executou-a tão logo recebeu a instrução, sem levar em consideração o calendário. A história — pouco edificante, tanto mais para um profissional com passado de RH como Nóbrega — me foi contada por fonte boa: Frederic Kachar, que naqueles dias estava sendo promovido ao posto ocupado por Juan.
Segundo Fred me contou entre compreensíveis sorrisos, depois de uma apresentação do orçamento da Editora Globo aos acionistas no final de 2007, Roberto Irineu Marinho, o presidente das Organizações, teria comentado não gostar “daquele espanhol”. Seu filho, que pela primeira vez acompanhava as apresentações das unidades de negócios do grupo, assim como os primogênitos de João Roberto e José Roberto, teria comentado: “Então demite, o senhor é o dono.” Nóbrega, segundo essa versão confiável e crível, fez o que o filho de Roberto Irineu sugeriu. Perdeu uma boa oportunidade de dar uma lição de RH a seu jovem pupilo e mostrar que demitir na semana de Papai Noel não é coisa que se faça. Fred não riria por muito tempo.
"Os bascos não se rendem"
Em seu período demissionário, Juan começou a investigar freneticamente a conduta de Fred como diretor financeiro, em busca de eventuais informações que pudessem comprometê-lo. Ele queria desesperadamente continuar como diretor geral, mesmo tendo sido despedido. Juan veio me procurar para dizer que Fred não estava preparado. Para me aliciar, disse que Fred achava meu salário “alto demais”, embora, ao contrário do novo diretor geral e do próprio Juan, eu não tivesse uma Porsche Cayenne ou um BMW que valia o orçamento de um ano inteiro de algumas das revistas da casa. Minha reação, ao ver o caos que estava se criando na empresa com o comportamento aloprado de Juan, foi ligar para João Roberto.  A saída de Juan, que numa extragavante e emocionada fala para anunciar a própria demissão dissera que os bascos “não se rendem”, foi então apressada. Mesmo atordoado, Juan ainda encontrou forças para ir a uma boca livre da revista Quem no carnaval de Salvador.
Jorge Nóbrega com uma executiva da Globo: nem Papai Noel o deteve
Os livros contam que Roberto Marinho agia rápido, como na demissão de seu ghost writer brincalhão, mas também sabia esperar. Um livro sobre a saga da família Bloch, da Manchete, traz um episódio revelador da alma de Marinho. Afundado em dívidas, Adolfo Bloch, o patriarca da família, foi pedir socorro a Roberto Marinho. Dez anos antes, Bloch esnobara Marinho ao não retornar um telefonema cujo propósito era um acordo que supostamente fosse bom tanto para a Globo quanto para a TV Manchete de Bloch. Segundo a versão de Bloch, Roberto Marinho aceitou receber o concorrente quebrado. Quando este pediu socorro, ouviu: “Adolfo, eu esperei seu telefone por dez anos. Passar bem.” Adolfo e seus negócios passaram mal até simplesmente quebrarem.
Os três filhos de Roberto Marinho parecem bem mais tranquilos que o pai em relação a serem vistos como jornalistas. Numa conversa que me impressionou de forma altamente positiva, ouvi de João Roberto, o filho do meio, que desistira de ser jornalista quando percebeu que seu talento, para isso, era limitado. Sempre que contei a outras pessoas essa conversa, destaquei a demonstração de humildade, autoconhecimento e sobretudo sabedoria que vi nela. Você tem que ter muita segurança para admitir limites. Como coordenador das idéias centrais do conteúdo das mídias da Globo, João não é obrigado a escrever editoriais, artigos etc, aquelas coisas que fazem parte da rotina de um jornalista. Tem uma virtude essencial para donos de empresas de jornalismo: sabe distinguir o que é bom e o que é ruim em todo tipo de mídia.
Ainda hoje, a imagem de Roberto Marinho é cultuada na Globo. Seus três filhos se referem com carinho muitas vezes emocionado ao pai. Em minha passagem pela Globo, fiquei com a clara sensação, ao ver os filhos de Roberto Marinho juntos no comando da Rede Globo, de que ele foi um bom pai, independentemente de qualquer outra coisa. Sua morte provecta liberou os executivos da Globo da obrigação de vestirem paletó e gravata. Luiz Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicações, me contou certa vez que tinha na gaveta uma gravata para emergências — quando era chamado para um despacho com Roberto Marinho.
Alguns detalhes pitorescos da administração de Roberto Marinho permanecem.  Me chamou a atenção, no prédio da empresa no Jardim Botânico, o número de homens que desempenhavam funções normalmente exercidas por mulheres. Não é exatamente comum ver secretários. Perguntei um dia a razão daquilo. “O Doutor Roberto era moralista e temia que os executivos se envolvessem com as secretárias e assim famílias fossem desfeitas”, ouvi.
Minha passagem favorita de Roberto Marinho é um diálogo memorável entre ele  e sua nêmesis, Leonel Brizola, um gaúcho populista que governou o Rio na década de 1980. Marinho convidou Brizola para uma conversa em sua sala cinematográfica no Jardim Botânico, com vista panorâmica para o que há de mais belo no Rio de Janeiro. Marinho deixou a vista, no encontro, para Brizola. Depois de algum tempo, disse que Brizola de fato mostrara não amar o Rio uma vez que não olhara uma única vez para a paisagem deslumbrante à sua frente. Brizola respondeu: “É que o senhor estraga qualquer vista.”
Roberto Marinho e Frias viveram vidas paparelas, para usar a expressão de Plutarco ao narrar a história de gregos e romanos de percurso parecido, como Cícero e Demóstenes ou César e Alexandre. Em tempos em que a palavra “empresário” era malvista num país avesso a empreendimentos e lucros, acabaram ganhando o título adicional e edulcorador de jornalistas e editores por caminhos diferentes. Roberto Marinho se autointitulava jornalista. Frias não teve que fazer isso. Seus bajuladores trataram de transformá-lo em editor.

“Nós, Os Cabeças Pensantes Deste País”


Mais um trecho de Minha Tribo — o Jornalismo e os Jornalistas
Uma capa complicada
ELIO GASPARI, em seus tempos de diretor adjunto da Veja nos anos 80,  gostava de contar uma história em voz alta nos corredores da redação, no sétimo andar do prédio da Abril na Marginal do Tietê.
“Quando eu era editor do Informe JB, achava que tinha 300 amigos”, dizia Elio, um comandante de redação simplesmente brilhante, um jornalista que começara como assistente do colunista social Ibrahim Sued e fizera uma escalada notável no jornalismo brasileiro. “Quando deixei a coluna, vi que tinha três.”
Elio estava dando uma lição a jovens jornalistas como eu, que o ouviam naqueles dias com um misto de devoção e medo. Em sua sala, bem ao lado da do diretor José Roberto Guzzo, com quem Elio formou a maior dupla do jornalismo brasileiro, estava pendurado e emoldurado um artigo para ele histórico. Era um texto que escrevera no final da década de 1970 para o Jornal do Brasil, sem assinatura. O artigo despertou a atenção do general Golbery do Couto e Silva, um intelectual fardado. Golbery quis saber quem era o autor. Começaria aí, como no final de Casablanca, uma amizade especial que só se desfaria com a morte de Golbery.
Ouvi aquela história numa vez em que fui despachar uma reportagem com Elio em sua sala simples, como todas as da direção da Veja. Golbery legou a Elio uma coleção de documentos particulares que seriam a base de uma série de aclamados livros sobre a ditadura militar. Nos anos 1980, Elio já falava desses livros. De vez em quando, imprimia um capítulo e passava a alguma pessoa para que lesse e analisasse.
Naqueles dias, uma amizade como a de Elio e Golbery era vista com naturalidade. Hoje, passados 30 anos ao longo dos quais o debate sobre jornalismo trouxe novos consensos, seria inaceitável pelas implicações para a maneira de cobrir um personagem tão importante da República. Não importa o que tragam de informações privilegiadas, amizades com altas autoridades comprometem mais do que beneficiam a cobertura — e o leitor.
Quando Elio falava dos 300 amigos da coluna que tinha no JB, se referia a um tipo comum que ronda as chefias de redação e as salas de proprietários. Você, como colunista ou diretor, e mais ainda como dono, é cercado de pessoas que se dizem amigas. E que depois podem fazer uso dessa alegada amizade para influenciar decisões editoriais.
Elio contava histórias inspiradoras para jovens jornalistas na Veja
Em 2007, decidi dar na Época uma capa com Luciano Huck. Tinham levado seu Rolex, em São Paulo, e houvera uma surpreendente reprovação não ao roubo, mas a Huck por exibir um relógio tão caro. Havia aí uma oportunidade, entendi, de discutir o ódio visceral que o país nutre por gente da “elite” como Huck. A chamada de capa era: “Huck merecia ter sido roubado?”
Huck soube da capa. Ele tinha que aprovar a foto que compráramos de um fotógrafo para que pudéssemos usá-la. Huck não gostou da chamada. Telefonou para se queixar. Foi sedutor. Eu jamais falara com ele, mas ele conversava como se fôssemos velhos conhecidos.
“Paulo, é o Luciano”, disse ele. Demorei a atinar que Luciano era. Eu não conhecia nenhum. Só depois conectei o telefonema com a capa que estava sendo feita. A voz não me dizia nada porque eu jamais tinha visto seu programa.
Ele dizia que seu maior patrimônio era o nome, e que uma chamada descuidada poderia comprometê-lo. Huck, no curso da conversa, fez questão de dizer que era amigo dos irmãos Marinhos, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto. Eu já era experiente demais para me impressionar com aquilo. Conversamos, ouvi atentamente as ponderações concretas de Huck e chegamos a um acordo para que ele aprovasse a cessão da foto para nós. Estávamos perigosamente perto do limite do prazo de mandar a revista para a gráfica.
“Nós, os cabeças pensantes deste país, temos que nos reunir mais”, Huck disse a mim depois num email. Achei engraçado. Jamais me considerei um cabeça pensante e muito menos a Huck. O que lembrava dele passava pouco de duas mulheres bonitas que deram boas capas quando supervisionei na Abril a Playboy e a Vip — Tiazinha e Feiticeira. Ambas foram reveladas por Huck num programa na Bandeirantes. Sabia, também, que ele era enteado de Mário de Andrade, um bom jornalista da Abril morto jovem de enfarto.
José Roberto Marinho com Vânia: bom ponto sobre os amigos
TERMINADA a edição, mandei um email para o Rio de Janeiro para contar o episódio. Recebi uma resposta que jamais esqueci de José Roberto Marinho. Nos dias seguintes, eu comentaria a essência de mensagem com os jornalistas da Época por entender que havia valor pedagógico  nela. Basicamente, ele dizia que amigos ele tinha muito poucos, embora muita gente gostasse de se apresentar como tal.
José Roberto, o caçula dos Marinhos, dedica-se a assuntos que oscilam entre meio-ambiente e as ações sociais da Fundação Roberto Marinho. É um típico carioca, bronzeado e está quase sempre em mangas de camisa. Aquele email de Zé Roberto, como o chamam, confirmou em mim a impressão de que ele era um homem subestimado, como muitos caçulas.
Jamais o vi, nas reuniões editoriais das terças pela manhã no Rio de Janeiro, dizer algo que não fizesse sentido. Suas ponderações eram sempre lógicas e ditas com brevidade e clareza, num estilo de locução espartano parecido com o de seu irmão João Roberto. Nunca vi nele nenhuma dificuldade em dizer que não conhecia um assunto e fazer perguntas a quem ele achava que soubesse. Parecia leve, solto, ao contrário de algumas pessoas do Conselho Editorial (Conedit) que pareciam carregar o Brasil e o mundo nas costas, como Ali Khamel, o seriíssimo diretor de jornalismo que com seus copiosos artigos e livros de caráter neoconservador pelo visto não convenceu muita gente de que o Brasil explodiria sob Lula. Tinha todos os atributos que fazem de alguém o companheiro ideal para as conversas de uma mesa de bar, em torno de cerveja: bem-humorado, espirituoso, irreverente. Jamais fui a um bar com ele em meus tempos de Globo, e presumo que perdi uma boa chance de me divertir.
O email de Zé Roberto, despretensioso, tinha a mesma carga de sabedoria das falas carismáticas de Elio Gaspari na redação da Veja na década de 1980.
Não foram poucas as vezes, em minha carreira, que um subordinado chegou a mim e disse: “Conheci um grande amigo seu, Paulo.” Ao ouvir o nome, muitas vezes sequer sabia quem era.
Mostrei o email aos editores da Época porque entendi que havia nele um ensinamento para todo jornalista em cargo de mando.

Líbia é "terra sem lei", diz Anistia



Líbia é Foto: Divulgação

UM ANO APÓS O INÍCIO DAS REVOLTAS POPULARES, PAÍS ENFRENTA INSTABILIDADE NÃO MAIS PELO APOIO AO DITADOR MUAMAR KADAFI, MAS POR GRUPOS PARAMILITARES FORMADOS PARA COMBATÊ-LO

17 de Fevereiro de 2012 às 05:31
247 com agências internacionais – As manifestações populares na Líbia, que se transformou mais tarde na guerra civil que acabaria levando à execução de Muamar Kadafi completa hoje um ano. Mas a população não tem muitos motivos para comemorar.
A autoridade do governo provisório permanece limitada. Temendo ataques de milícias leais ao ex-ditador, o governo reforçou a segurança e recomendou aos conselhos regionais evitar excessos, num sinal da volatilidade que persiste no país.
Oficialmente, a execução de Kadafi pôs um fim a meses de guerra civil que deixou milhares de mortos e paralisou a economia. Quatro meses depois, porém, o país é "uma terra sem lei", alerta um relatório da Anistia Internacional divulgado ontem.
O principal foco de instabilidade, segundo a organização, não são os bolsões de apoio ao ex-ditador, mas sim os grupos paramilitares formados para combatê-lo.
A ameaçada estabilidade é vital para a recuperação da economia, que encolheu 60% em um ano de conflito, segundo o FMI.
Uma das poucas boas notícias é que a produção de petróleo, maior riqueza do país, voltou a 1,3 bilhão de barris por dia, após ser praticamente paralisada. A expectativa do governo é voltar ao nível pré-revolução, de 1,7 bilhão por dia, até o fim do ano. (Com informações da Folha)

Nova denúncia pressiona saída de Teixeira da CBF



Nova denúncia pressiona saída de Teixeira da CBFFoto: Felipe L. Gonçalves/Edição/247

SÓCIO DA AMIANTO, QUE FATUROU R$ 9 MILHÕES DO GOVERNO DE BRASÍLIA POR AMISTOSO SEM LICITAÇÃO, SANDRO ROSSEL DEPOSITOU R$ 3,8 MILHÕES NA CONTA DA FILHA DO CARTOLA; OUTRA DENÚNCIA JÁ VINCULA O NOME DE RICARDO TEIXEIRA À EMPRESA; SAÍDA DO PRESIDENTE DA ENTIDADE, QUE FOGE DO ASSUNTO, É IMINENTE

17 de Fevereiro de 2012 às 10:44
247 – A situação do presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, está cada vez mais insustentável. Nessa semana, denúncias publicadas pela Folha de S.Paulo vincularam o nome do dirigente à empresa Amianto Marketing, investigada por superfaturamento no jogo de inauguração do Estádio Bezerrão, em Brasília, realizado sem licitação. A primeira notícia deu conta de que a firma, cujo sócio é o empresário Sandro Rosell, foi dona durante 26 meses da empresa VSV Agropecuária Empreendimentos Ltda., que tinha como endereço a fazenda de Ricardo Teixeira em Piraí, a 80 km do Rio de Janeiro (leia mais).
Na manhã de hoje, o colunista da Folha Juca Kfouri publicou em seu blog mais uma denúncia envolvendo Teixeira. Sandro Rossel, que atualmente é presidente do Barcelona, depositou R$ 3,8 milhões na conta de Antônia Wigand Teixeira, filha do ainda presidente da CBF. A notícia deixa ainda mais complicada a situação do cartola, cuja saída chegou a ser divulgada na imprensa – e depois negada oficialmente pela entidade. Ontem, Teixeira posou ao lado de Ronaldo e Bebeto, novo membro do Comitê Organizador da Copa do Mundo, mas claro, não comentou nada sobre as polêmicas dos últimos dias e ainda fugiu da coletiva de imprensa. Leia abaixo o post publicado no blog de Juca Kfouri:
Sandro Rosell depositou na conta da filha de Ricardo Teixeira
Ana Carolina, Antônia e Ricardo Teixeira
Ana Carolina, Antônia e Ricardo Teixeira

Sandro Rosell depositou R$ 3.800.000 na conta de Antônia Wigand Teixeira, numa agência do Bradesco, a de número 6592-7, na avenida América, Barra da Tijuca, no dia 22 de junho do ano passado.
Rosell é sócio da Alianto, a empresa que recebeu R$ 9 milhões do governo de Brasília, sem licitação, pelo amistoso da Seleção Brasileira contra Portugal, em 2008.
A Alianto foi também dona da VSV Agropecuária, que tinha sede na fazenda de Teixeira em Piraí, interior do Rio, e cuja sócia, a secretária de Rossel, Vanessa Precht, emitiu cheques em nome do cartola da CBF segundo apurou a Polícia Civil em Brasília.
Rosell (Alexandre Rosell Feliu, CPF- 05X.8Y9.W47-62), atual presidente do Barcelona e ex-presidente da Nike no país quando a empresa passou a ser a fornecedora da CBF, é também sócio da mulher de Ricardo Teixeira, Ana Carolina na WTrade, cuja sede fica num shopping center, o Città America, na Barra da Tijuca, no Rio.
Uma razões para anunciada saída de Teixeira da CBF e ida para Miami é examente a filha Antônia (CPF- 16X.5Y4.W17-11) que, aos 11 anos, tem ouvido comentários desagradáveis sobre o pai na escola, no Rio.