3 de julho de 2013
Depois de semanas de protestos, Henrique Eduardo Alves levou a noiva e parentes à final da Copa das Confederações.
Deu na Folha: o presidente da Câmara dos Deputados,
Henrique Eduardo Alves, do PMDB-RN, pegou um avião da FAB para levar a
noiva, parentes, enteados e um filho à final da Copa das Confederações
no Maracanã. O jato buscou a galera em Natal na sexta e voltou no
domingo. Ele encomendou a aeronave para 14 pessoas.
Segundo um decreto de 2002, esse tipo de requisição pode
ser feito por motivo de “segurança e emergência médica, viagens a
serviço e deslocamentos para o local de residência permanente”. Alves
alegou que tinha um encontro com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, o que
foi desmentido por Paes.
A cara de pau do peemedebista simboliza de maneira
cristalina a crise de representatividade política que o Brasil está
vivendo. Só um cínicou, um maluco ou um completo desavisado poderiam
ignorar tudo o que aconteceu no país nas últimas semanas para fazer
isso. É como se ele dissesse: “vocês são uns otários por achar que algo
mudaria. Veja o meu exemplo”.
Alves está em seu décimo primeiro mandato consecutivo como
deputado. Mais um e ele bate um recorde. Não é um homem pobre. Poderia
pagar pelas passagens. Deveria pagar por elas. Preferiu fazer de outro
jeito porque está acostumado. Está dentro da lei — e ele encontrará
maneiras de dizer que é legal.
Ao assumir a presidência da Câmara, ele afirmou que
pretende resgatar a autoestima dos parlamentares, alvo de “críticas
absurdas, descabidas. Nessa casa só tem parlamentar abençoado”. Está
sendo investigado pelo Ministério Público Federal por repassar 357 mil
reais de dinheiro público para duas empresas de aluguel de veículo
suspeitas.
Ele não viu os protestos? Se viu, não achou que eram com ele?
O passeio para o Rio de Janeiro é mais uma prova de que gente como
Henrique Eduardo Alves tem de ser posta para fora da Câmara, à maneira
de um tumor. Talvez uma manifestação em frente à sua casa seja mais
convincente.