quinta-feira, 15 de maio de 2014

Para Dilma, 'super quinta' de protestos foi um fracasso

Apesar dos anúncios de que esta seria uma "super quinta", com protestos significativos nas principais cidades do País, a avaliação da presidente Dilma Rousseff é que a mobilização "fracassou". De acordo com informações do Planalto, o que se viu, principalmente, foi uma "ação midiática", com anúncios de que problemas graves com manifestações monumentais contra a realização da Copa do Mundo poderiam acontecer e que, "felizmente não aconteceram".
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Protestos e greves pelo país 49 fotos

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15.mai.2014 - Homem segura bandeira do Brasil próximo à Arena Corinthians, na zona leste de São Paulo, durante protesto do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) contra a a Copa do Mundo, nesta quarta-feira (15). Diversas cidades em todo o Brasil são palco de protestos nesta quinta, que criticam os altos investimentos com o campeonato e pedem melhorias em serviços públicos Leia mais Nacho Doce/Reuters
Apesar deste considerado fracasso, o governo vai dar prosseguimento ao monitoramento criado nas 12 cidades-sede, que incluirá a manutenção de um diálogo permanente com diversos tipos de movimentos sociais para tentar barrar os eventuais violentos protestos que possam ameaçar a realização da Copa.
O entendimento do governo é que é preciso ganhar a batalha na mídia e, por isso, há mobilização das autoridades para que promovam um contra-ataque completo, no sentido de defender a realização da Copa e todo o legado a ser deixado por ela. Nesta linha, a própria presidente Dilma comandou, no Planalto, a cerimônia de compromisso pelo emprego e trabalho decente na Copa do Mundo onde afirmou: "Nós não negamos os conflitos, nós temos de conviver com eles".
Além disso, salientou que "não há nenhuma vergonha em divergir" já que "cada um tem uma posição". "A vergonha está em não reconhecer isso, a vergonha está em não buscar o consenso possível", continuou a presidente, passando a cumprimentar os que estavam ali assinando o acordo que considerou "um exemplo de como se relacionar dentro de uma sociedade democrática em que todos os direitos são respeitados".
A presidente aproveitou o discurso para apelar a todos os brasileiros para que recebessem bem os turistas brasileiros e estrangeiros que assistirão a "Copa das Copas" e avisou que "o legado da Copa é nosso". E emendou: "porque ninguém que vem aqui assistir a Copa leva consigo, na sua mala, aeroporto, porto, não leva obras de mobilidade urbana, nem tampouco estádios. O que eles podem levar na mala? É a garantia e a certeza de que este é um país alegre e hospitaleiro. Pode levar isso na mala. Agora, os aeroportos ficam para nós, as obras de mobilidade ficam para nós, os estádios ficam para nós".
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ao ser questionado se o fracasso das manifestações ao longo do dia era um sinal de que as manifestações da Copa não levarão tanto problema para o país, foi cauteloso e disse que não poderia fazer projeções para o futuro.
"Nós apostamos que as manifestações ocorram, mas ocorram pacificamente e fazer uma projeção é muito perigoso", disse ele, reconhecendo que "a conjuntura pode mudar". E emendou: "nós preferimos não arriscar nem subestimar nenhuma capacidade de mobilização. Mas, nós apostamos, muitas das manifestações ocorreram porque as pessoas não tinham um conjunto de informações sobre a Copa do Mundo, o seu real significado, a sua janela de oportunidade".
Segundo Carvalho, as manifestações recrudesceram porque foi muito difundida, de "maneira equivocada", a ideia de que a Copa estava roubando o dinheiro da educação e da saúde. "Nós estamos provando nos diálogos que não é verdade. O Brasil, nos 4 anos de preparação da Copa, investiu em Saúde e educação R$ 800 bilhões. Nos estádios, foram gastos R$ 8 bilhões, boa parte deles não é dinheiro público, portanto não tem lógica isso".
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2014/05/15/para-dilma-super-quinta-de-protestos-foi-um-fracasso.htm

Termina a greve dos policiais militares em Pernambuco

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Em assembleia, PMs decidiram terminar a greve. Decisão não foi unânime
Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem

Do NE10Com informações de Mariana Dantas, direto do Palácio do Campos das Princesas
Após três dias de braços cruzados, termina a greve da Polícia Militar e Bombeiros de Pernambuco. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (15) à noite, depois de assembleia tensa dos PMs, ao lado do Palácio do Campo das Princesas, área central do Recife. A paralisação começou na última terça-feira (13) e, nas últimas 48 horas, a população pernambucana viveu um verdadeiro clima de guerra, com tanques do Exército circulando nas ruas da Região Metropolitana do Recife. O fim da greve não foi unânime, mas os soldados devem voltar ao trabalho na noite desta quinta.
A decisão foi tomada minutos depois do fim da coletiva que reuniu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), e o governador de Pernambuco, João Lyra (PSB), para definir a intervenção do governo federal  na segurança do Estado durante a greve. Mas, para o governo do Estado, a greve terminará apenas quando os policiais estiverem de volta aos postos. Por enquanto, os soldados da Força Nacional e do Exército permanecem no Grande Recife para restabelecer a ordem.
A categoria conquistou quatro pontos considerados emergenciais. São eles: incorporação de gratificação por risco de morte ao salário base, beneficiando ativos e inativos; reformulação do plano de cargos e carreiras a partir da próxima segunda-feira (19), com a criação de uma comissão que irá avaliar junto aos deputados estaduais as promoções na categoria; reestruturação do Hospital da Polícia Militar e criação de unidades de saúde para a categoria no interior do Estado; além da promessa do governo estadual de que o aumento salarial voltará a ser debatido na primeira semana de janeiro de 2015, após os impedimentos causados pela lei de responsabilidade fiscal e lei eleitoral.
Veja vídeo com um dos líderes do movimento, Joel Maurino:
Apesar de aprovado, o fim da greve não foi pacífico entre os integrantes da categoria. Um pequeno grupo mais exaltado seguiu na frente do Palácio do Campo das Princesas, onde a negociação foi realizada, gritando que os líderes do movimento eram covardes por terem encerrado a paralisação. A insatisfação se dá, principalmente, porque mesmo após as conquistas alcançadas, os policiais militares e bombeiros não terão um aumento salarial real após a greve. Outra reclamação é de que o fim da greve não foi votado em assembleia mas sim anunciada pelas lideranças da manifestação.
Mesmo com a insatisfação de alguns, os primeiros beneficíos do pós-greve começarão a ser sentidos a partir do mês de junho. No próximo mês, os soldados receberão o salário incorporado ao auxílio de risco de morte e mais o aumento de 14,55% previsto desde 2011. Além disso, já na segunda-feira (19), uma comissão de dez policiais e bombeiros começam a avaliar a reestruturação do Plano de Cargos e Carreiras. Dentro desse contexto, uma outra conquista para a categoria é a promessa de que as promoções acontecerão a cada cinco anos. Segundo os líderes do movimento, essa determinação é importante porque há soldados que aguardam um escalonamento há cerca de 25 anos.
Já no que diz respeito à reestruturação do Hospital da Polícia Militar de Pernambuco, o governo do Estado garantiu o investimento de R$ 4 milhões. Ainda há a proposta de criar unidades de saúde voltadas para a categoria em cidades do interior pernambucano. Os PMs e bombeiros também comemoraram a aprovação da revisão do Código Disciplinar da classe.
O dia foi de caos no Grande Recife. Veja cenas de saque e vandalismo nas fotos da JC Imagem:
Sobre uma nova negociação salarial, prevista para a primeira semana de janeiro de 2015, os líderes sindicalistas garantem que se a promessa do governo não for cumprida, a categoria voltará a se mobilizar. Inicialmente, o pedido da classe é de que haja um aumento de 50% no subsídio dos praças e 30% para os oficiais, além do reajuste de R$ 150 para R$ 500 do vale alimentação. O tema não pôde ser debatido porque o Estado é impedido de oferecer reajustes salariais faltando menos de 180 dias para as eleições, que ocorrem em outubro.
REFLEXOS DA GREVE - O clima de insegurança começou com ondas de boatos nas redes sociais e se concretizou com cenas de vandalismo e saques em vários supermercados. Nesta quinta-feira, terceiro dia da greve, lojas, escolas e instituições públicas fecharam as portas. A Força Nacional de Segurança e o Exército estiveram nas ruas na ação intitulada "Operação Pernambuco".
Os soldados permanecerão nas ruas até que a ordem seja restaurada no Estado.

http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/grande-recife/noticia/2014/05/15/termina-a-greve-dos-policiais-militares-em-pernambuco-487972.php

Vai ter Copa: resposta à grande aliança

O patético manifesto deixado pelos autores do atentado contra a embaixada do Brasil em Berlim é um misto de desinformação, má fé e de devaneio político.


Marco Aurélio Garcia
Arquivo

Desde Berlim, onde reside há alguns anos, Flávio Aguiar nos escreve, em Carta Maior, sobre o recente apedrejamento da Embaixada brasileira na Alemanha em protesto contra a realização da Copa do Mundo no Brasil.

O patético manifesto deixado pelos autores do atentado – misto de desinformação, má fé e de devaneio político – se insere, como explica Aguiar, em uma campanha cuidadosamente articulada pela mídia conservadora e pelo establishment financeiro europeus contra o Brasil e o Governo brasileiro. Baluartes importantes dessa mobilização têm sido o FINANCIAL TIMES e a ECONOMIST.
 
Um exame mais detalhado da situação permitiria incorporar outros atores, dentre eles o SPIEGEL, na Alemanha, que há bem pouco vituperou contra o Mundial-2014 no Brasil. Até o conservador EL MERCURIO, do Chile, se somou à campanha.

Não se trata, assim, de um movimento puramente europeu. Uma zapeada na maioria das televisões globais ou a leitura de jornais e revistas internacionais revelam a extensão e profundidade que esta campanha atingiu, reunindo paradoxalmente meios conservadores da City londrina, e adjacências, a grupos supostamente revolucionários que, na impossibilidade de reverter a tragédia econômica e social em que está mergulhada a Europa, decidiram pontificar lições além-mar.

Deve incomodar muito, em um continente assolado pelo desemprego, que a Copa se realize em um país que apresenta hoje os mais altos índices de emprego no mundo e cujo salário mínimo aumentou 70% acima da inflação na última década.
 
Da mesma forma, é constrangedor ver manifestações em uma Europa combalida pelo desmonte do Estado de Bem-Estar contra um país que tem dado passos importantes na construção de uma sociedade mais próspera, igualitária e democrática.

O Brasil dispensa essas lições, sobretudo quando provenientes de uma aliança tão “heterogênea” como esta a que estamos assistindo.

Conhecemos bem os ardis da História. Em fins dos anos 20 e início da década de 30, do século passado, ocorreu um trágico desencontro das esquerdas alemãs. Comunistas e Socialdemocratas se acusavam mutuamente, enquanto a extrema direita se apropriava de grande parte das classes trabalhadoras alemãs, mergulhadas que estavam no desalento e na perplexidade política. Quem pagou esta conta não foram somente os alemães, mas a humanidade inteira.

Não se pode negar que ouvimos a voz das ruas no Brasil. Não somente durante as manifestações de 2013, mas nos quase 12 anos em que Lula e Dilma Rousseff governaram e governam o país.

No Brasil, nesse período, iniciamos a construção de uma sociedade mais igualitária e democrática. Caminho difícil de ser percorrido, tendo em vista a pesada herança interna de décadas que nos foi legada, o difícil contexto internacional dos últimos anos e também – temos de reconhecer – nossos erros e deficiências.

Sabemos que a transformação que o povo e o Governo brasileiros estão realizando não coincide com o roteiro previsto em muitos textos “clássicos”. Mas sabemos também que a mudança tem sido suficientemente importante para deixar profundamente preocupadas as classes dominantes locais e, sobretudo, internacionais.

Vamos continuar neste caminho.

E vai ter COPA.

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Vai-ter-Copa-resposta-a-grande-alianca/4/30928

Revolucionários ao contrário: os jovens brasileiros conservadores

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Fugindo dos estereótipos, uma parcela da juventude se une contra pautas progressistas.
O estereótipo do jovem, principalmente após a década de 1960 e, em especial, das revoltas de maio de 1068, é formado por características como a rebeldia, o questionamento da autoridade dos pais, a liberação sexual e o uso de drogas. Entretanto, os estereótipos são sempre uma simplificação pobre da realidade, ainda mais num país tão fora dos padrões e difícil de classificar como o Brasil. Por isso, alguns jovens fazem questão de contrariar esta definição ao adotar ideias e comportamentos bem diferentes.
A internet tem sido um meio bastante usado por esses jovens para se reunirem, trocarem afinidades e expressarem sua opinião a respeito dos temas citados acima – e muitos outros. Rafael de Carvalho é um deles: em 2013, o administrador de sistemas de 25 anos criou o Canal da Direita, presente como canal no Youtube e página no Facebook (esta última com 77.454 curtidas). Segundo ele, “nossa missão é, antes de tudo, ajudar a formar uma oposição pró-Brasil ao invés de partidária como vemos por aí”.
Rafael avalia que o Brasil, especialmente a juventude, é vítima de uma doutrinação do pensamento de esquerda, presente em universidades e no meio cultural. “Apesar de ter a hegemonia política e cultural nas mãos, a esquerda não tem toda a juventude aos seus pés. Se tivéssemos no Brasil uma educação aliada à formação política sem doutrinação, certos políticos que chegaram ao planalto não seriam eleitos nem para vereador”. Esta percepção é compartilhada por Weverlim Cavalcante, estudante de direito em Maceió, 18 anos, criador da página UJC (União Juventude Conservadora, 3.473 curtidas no Facebook): “Quando o PT entrou no poder começou a haver uma doutrinação pesada do marxismo, leninismo, gramscismo, entre outras teorias comunistas, que foi moldando os modos de pensar da nossa juventude”.
O professor e pesquisador da FESPSP, Rodrigo Estramanho de Almeida, 31 anos, discorda da ideia de que as universidades sejam pólos esquerdistas: “professor não é a única classe que forma opinião política, e não há dados para provar que eles pensam assim. Não existe relação de causa e efeito, o perfil tem a ver com passado, história, construção da realidade, instituições”. Todavia, ele aponta para um perfil progressista da juventude paulistana, como notado na pesquisa O jovem e o futuro na cidade de São Paulo, coordenada por ele e produzida pelo Núcleo de Pesquisa em Ciências Sociais da FESPSP. Quase metade dos 409 entrevistados concordou totalmente com a afirmação “As recentes manifestações políticas são positivas para a cidade de São Paulo”. Este desejo por mudança, expressado nas ruas em junho de 2013, é, para Rodrigo, uma mostra da insatisfação do jovem brasileiro com a ordem política e social atual, o que nos impede de classificá-lo como conservador (no sentido de querer conservar a ordem vigente ou voltar a alguma anterior).
Apesar desse desejo por mudanças, Renato Essenfelder, professor do curso de jornalismo na ESPM e no Mackenzie, 33 anos, observa tendências conservadoras em alguns jovens. “Embora o discurso público seja um, em privado vejo o conservadorismo arraigado: a menina que faz sexo é depravada, o homossexual que demonstra afeto em público é sem vergonha, o usuário de droga é marginal ou ‘lesado’”. Além de professor, Renato escreve crônicas no blog Males Crônicos, do Estadão, e recebeu muitas críticas em seu texto, explicitamente irônico, Ai, que 
Saudades da ditadura. “Foram mais de 500 comentários, e pelo menos 70% eram pró-ditadura. Não sei dizer quantos dos internautas eram jovens, o público era muito heterogêneo”.
A adoção desse papel de minoria mal-representada é um ponto-chave para entender o motivo de alguns jovens – a até ex-rebeldes como o músico Lobão – assumirem posições conservadoras. Essa postura é resumida claramente por Rafael de Carvalho: “numa sociedade coletivista como a nossa, que crê que os interesses das abstrações sociais (classe, raça, gênero etc.) são mais importantes que o indivíduo, o jovem conservador é o verdadeiro revolucionário”. Rodrigo Estramanho, por sua vez, percebe uma contradição neste posicionamento e acredita que “isso é uma confusão semântica enorme, que deriva de uma confusão em relação à realidade. Quem é conservador quer manter ou voltar a uma situação. Isso é um ponto de vista, não vejo que esteja assim”.
No campo político, Rodrigo nota a presença de “questões religiosas e institucionais, que orientam certo tipo de comportamento” e acabam por influenciar candidatos progressistas, impedindo-os de assumir opiniões como a defesa do aborto. “Precisamos avançar muito no debate dessas questões”, completa. Em relação a esses temas, Weverlim é taxativo ao declarar sua oposição ao “aborto, pedofilia, prostituição, redução da maioridade sexual, casamento homo afetivo e a legalização das drogas”, colocando a discussão de direitos, como o casamento entre homossexuais, no mesmo grupo de crimes como a pedofilia.
Como referências do pensamento conservador atual, Weverlim cita “a família Bolsonaro, Rachel Sheherazade e Paulo Eduardo Martins”, acrescentando que na UJC Margareth Thatcher e Ronald Reagan também assumem esse papel. Renato Essenfelder lamenta a influência de Bolsonaro e Sheherazade por seu discurso raso: “Um país que teve Roberto Campos, para citar um político, e Paulo Francis, para ficar em um jornalista, não pode se contentar com eles”.
Apesar de usar um tom aparentemente radical na defesa de suas ideias, o discurso desses jovens alia-se ao pluralismo para o desenvolvimento da sociedade, pois “sendo assim, haverá um equilíbrio ideológico e social”, nas palavras de Weverlim. E como todos os opostos e rivais na história, esquerda e direita, liberalismo e conservadorismo nos costumes, parecem não sobreviver sem o outro. “Precisamos incentivar a diversidade, as vocações”, diz Rodrigo. Para ele, o conservadorismo de uma parcela dos jovens, assim como a popularidade de figuras conservadoras, os protestos de junho de 2013 e a Comissão da Verdade, “são sintomas de democracia”. “Precisamos definir o Brasil que queremos, e é a juventude que vai fazer isso”, conclui.
Luiz Vendramin Andreassa
Sobre o Autor
Luiz Vendramin Andreassa é formado em jornalismo pelo Mackenzie. Apaixonado por política, história, música e futebol.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/revolucionarios-ao-contrario-os-jovens-brasileiros-conservadores/

3 donos da Globo=R$ 64bi. 12 estádios=R$ 8bi. E tem gente achando que o problema é a Copa.




Fala sério, qual é o maior problema brasileiro? A Copa ou a enorme desigualdade social, onde uns tem demais às custas de outros que tem de menos?

A família Roberto Marinho, a mais rica do Brasil, dona da TV Globo, deixa no chinelo o magnata da mídia internacional Rupert Murdoch em termos de fortuna (R$ 64 bilhões X R$ 31 bilhões), segundo a revista Forbes.

Já uma faxineira na TV Globo ganha muito menos do que uma faxineira que trabalha nas empresas do Murdoch nos países da Europa e nos Estados Unidos.

E o jornal "O Globo" ainda tem a cara de pau de fazer editoriais de oposição à política do governo Dilma de aumentar o salário mínimo.

Vamos comparar a fortuna dos donos da Globo com o valor dos estádios?

Os 3 irmãos magnatas tem R$ 64 bilhões. Dava para fazer 8 Copas do Mundo, considerando o valor dos 12 estádios da Copa, ainda financiados (é bom lembrar).

O Brasil ficou 64 anos sem Copa do Mundo (desde 1950), e qual foi o legado de não ter Copa? A família Marinha aparecer na Forbes com uma fortuna de R$ 64 bilhões é um deles.

A Copa deixará de legado, além de obras materiais, milhões de brasileiros mais prósperos, com os novos empregos gerados ao longo dos anos no setor do turismo, entretenimento, construção civil, indústria cultural, milhares de pequenos negócios ligados ao turismo, centenas de milhares de trabalhadores que estudaram para se qualificar em idiomas ou outras atividades profissionais através do Pronatec-Copa e outros cursos.

E a Copa deixará de legado os próprios estádios, metrôs, corredores de ônibus, vias expressas e viadutos, redes de banda larga de altíssima velocidade nas cidades sedes que beneficiam toda a região por onde passam, moradias (milhares de famílias que moravam em favelas foram assentadas em moradias decentes por onde houveram obras, mas isso ninguém noticia), centros de controle com alta tecnologia de inteligência para segurança pública e para prevenção de catástrofes como enchentes, centenas de novos hotéis, ampliação dos aeroportos, centros de convenções, toda uma infra-estrutura para dinamizar o turismo de lazer e de negócios no Brasil.

Se cidadãos manifestantes de boa-fé abrirem o olho, o problema do Brasil não é e nunca foi a Copa. O problema é quem é muito rico no Brasil pagar muito mal os mais pobres que trabalham para eles, só para ficar mais rico ainda do que já é. É a concentração de renda e das riquezas nas mãos de poucos. São os muito ricos pagarem pouco imposto, isso quando pagam e não sonegam.

Em tempo: E não me venha dizer que a fortuna dos Marinho é só produto de trabalho e competência, porque não é.

Houve um toma-lá-dá-cá com a ditadura incentivando a TV Globo crescer, inclusive com capital estrangeiro, mediante apoio político.

Esse toma-lá-dá-cá continuou com os filhotes da ditadura, como o finado ex-ministro das comunicações ACM, com a Caixa Econômica Federal nos anos 80 em vez de financiar a casa própria de trabalhadores, financiou a construção do Projac.

Depois continuou com o governo FHC-Aécio socorrendo os maus negócios da Globo com o BNDES, e um rosário de negócios e privilégios de interesse duvidoso para os cofres públicos, lesivos para a livre concorrência, e sobretudo para a liberdade de expressão de quem não tem voz na mídia.

Só a partir do governo Lula que o BNDES parou de socorrer as Organizações Globo, e ela se beneficiou do crescimento do mercado publicitário para a nova classe média.

Isso sem falar nas complicadas relações com cartolas de futebol, com a CBF de Ricardo Teixeira, e com a FIFA de João Havelange pelos direitos de transmissão do futebol.

Mas o mais grave é usar o poder de influência da televisão como instrumento de pressão e de manipulação política para eleger políticos contrários à melhor distribuição de renda, para arrochar os trabalhadores e a classe média, concentrando a renda nas mãos dos mais ricos.

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2014/05/3-donos-da-globo-r-64-bi-12-estadios-r.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/Eemp+(Os+Amigos+do+Presidente+Lula)

Sem Teto param SP. Mas o que querem?

Por Antonio Martins, em seu blog

A bandeira do Direito à Cidade – abraçada há alguns anos pelos coletivos da juventude politizada de classe média – está sendo erguida neste momento, em São Paulo, por aqueles que a reivindicam há muito. Milhares de famílias de sem-teto paralisaram em manifestações, a partir das 9 horas da manhã, cinco das grandes artérias viárias da cidade: entre elas as marginais dos rios Tietê e Pinheiros e a Radial Leste. Os bloqueios são iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)

As marchas são parte dos protestos contra as condições em que está organizada a Copa do Mundo de futebol. À tarde, haverá atos em dezenas de cidades brasileiras. Mas pelo menos duas características chamam atenção especial, na luta articulada pelo MTST. A primeira é a capacidade de despertar, para a ação política, quem é normalmente visto como um incômodo urbano ou, no máximo, um voto na urna a cada quatro anos.
Cerca de trinta mil pessoas – “quase todos pretos, ou quase pretos, de tão pobres” – ocuparam, a partir de novembro de 2013, um terreno abandonado à especulação nas proximidades da Represa de Guarapiranga, periferia sul da metrópole. Deram ao local o nome de Nova Palestina. Organizam-se em grupos de trabalho coletivo, que assumem responsabilidade pela alimentação, infra-estrutura (água e luz elétrica), limpeza e segurança. Reúnem-se em assembleias periódicas. [Leia reportagem de Isabel Harari e Roberto Oliveira]. Adotaram a mesma fórmula, há semanas, ao ocupar outro terreno vazio, agora em Itaquera, a cerca de quatro quilômetros do estádio em que será aberta a Copa.

Esta organização deu-lhes iniciativa política. Em 29 de abril, centenas deles manifestaram-se diante da Câmara Municipal, para exigir que o novo Plano Diretor da cidade previsse a criação de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) destinadas à habitação popular, além de outros dispositivos com mesmo sentido. Foram vitoriosos: um dia depois, o Legislativo aprovava a medida, em primeira votação (o segundo voto ocorrerá até o final de maio).

Possuir pautas específicas é, precisamente, o segundo traço que distingue o MTST. Ao paralisarem a cidade hoje, os sem-teto apoiam as ações dos Comitês Populares da Copa, mas fazem três reivindicações práticas, precisas e com grande potencial de repercutir na cidade. Reivindicam o controle do preço dos aluguéis, cuja alta desgovernada atinge tanto os pobres como a classe média. Exigem o fim dos despejos forçados da população a pretexto de obras públicas. Apontam, inclusive, o meio concreto de fazê-lo: criando, na Secretaria Especial de Direitos Humanos do governo federal, uma Comissão de Acompanhamento que aponte e paralise tais abusos.
Por fim, propõem três mudanças que, se adotadas, transformarão o programa Minha Casa, Minha Vida, eliminando seus aspectos associados à exclusão urbana e à especulação imobiliária. Querem melhor localização dos conjuntos habitacionais (normalmente relegados às periferias remotas); mais qualidade dos imóveis; melhores condições para que sejam construídos por cooperativas habitacionais, ao invés das empreiteiras privadas.

Interessada em desgastar o governo federal, a mídia tem inflado as manifestações contra a Copa. Mas tenta esvaziar o sentido profundo das lutas dos sem-teto. Demoniza-os, quando exigem o Direito à Cidade. As manchetes têm dito, frequentemente, que São Paulo “sofre” uma “onda de invasões” de imóveis. Em “Veja”, o blogueiro Ricardo Azevedo chegou a escrever que “Fernando Haddad agora é refém dos sem-teto”, quando o prefeito reuniu-se com o movimento e prometeu atender suas reivindicações.

Em outros momentos, como hoje, a tática é espetacularizar os sem-teto: fotografar suas manifestações, mas omitir sua pauta potente em favor do Direito à Cidade. Por isso, vale resgatá-la e difundi-la.

http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/sem-teto-param-sp-mas-o-que-querem.html

Como FHC tentou – e não conseguiu – trazer a Copa para o Brasil em 2006


Se houve um momento em que deveriam ter sido feitos protestos contra a realização de uma Copa do Mundo no Brasil foi em 1999, ano em que o governo do país consumou um dos maiores – se não o maior – estelionato eleitoral de sua história.
No ano anterior, o então presidente Fernando Henrique Cardoso se reelegera garantindo que, sendo reeleito, não desvalorizaria o real diante do dólar. Era mentira. Cerca de 60 dias após se reeleger ele desvalorizou a moeda e atirou o Brasil em uma terrível crise econômica.
No último ano da década de 1990, o desemprego alcançara incríveis 12% (contra 5,4% em 2013), a inflaçãobatera nos 8,94% (contra 5,91% em 2013), 26.093 empresas quebraram (contra  1.758 em 2013). Ainda assim, FHC apresentou candidatura do país a sediar a Copa do Mundo de 2006.
A iniciativa de um governo que no primeiro ano de seu segundo mandato quebrara o país refletiu a própria incompetência na proposta que apresentou à Fifa.
O caderno de encargos apresentado pela CBF à Fifa em 1999 continha um festival de erros e contrastava com propostas minuciosas e bem apresentadas como a inglesa. Por conta disso, a proposta do Brasil perdeu de todas as outras de goleada.
O projeto apresentado pelo governo tucano começava pecando pela apresentação visual. A CBF enviara à Fifa uma brochura – que se desmontava com facilidade – e um fichário. A brochura indicava as cidades que receberiam a Copa de 2006 e discorria sobre aeroportos, estádios, pontos turísticos etc.
As fotos deixavam a desejar. Algumas eram em preto-e-branco, apesar de não serem antigas, denotando desleixo. E as legendas muitas vezes não condiziam com as fotos.
Sobre a infraestrutura de São Paulo, por exemplo, uma rodovia era apresentada duas vezes e, na primeira, a legenda dizia que a imagem era do Monumento dos Bandeirantes (São Paulo) e, na segunda, a capital paulista era chamada de “Atibaia”.
Já o metrô paulistano, que em 1999 já era o mais lotado e o menor do mundo – em se tratando de grandes centros urbanos –, além de tudo não aparecia completo. O mapa de sua extensão não citava estações como Tucuruvi e Parada Inglesa.
Mas foi na infraestrutura dos estádios que o Brasil passou vergonha. O “certificado de segurança” das instalações mandado à Fifa denotava a fragilidade da candidatura brasileira.
Sobre o estádio do Morumbi, foi apresentada carta da Secretaria de Habitação de São Paulo afirmando que o estádio comportava 80 mil torcedores, mas o mesmo documento continha informação de que metade da arquibancada térrea, até então interditada, não tinha cadeiras, obrigando os torcedores a verem os jogos em pé ou sentados no chão, o que infringia as exigências da Fifa.
Outro mico pago pelo Brasil foi sobre o estádio Vivaldo Lima, em Manaus. A brochura (mal encadernada) apresentada pelo governo FHC oferecia 20 lugares para deficientes físicos, ou 5% do que ofereciam os rivais do Brasil na disputa para sediar a Copa de 2006.
Além disso, os números da brochura tosca entregue pelo governo FHC à Fifa não batiam com os números que figuravam no fichário improvisado. Sobre o Maracanã, a documentação citava duas capacidades de público diferentes. Na brochura, 120 mil torcedores; no fichário, 100 mil torcedores.
Sobre o estádio da Fonte Nova, o material dizia que comportava “comodamente” 82 mil torcedores, mas que “boa parte” deles teria que ficar sentada no chão (!?).
Já o estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, também teve capacidade inflada. Embora o material contivesse laudo atestando capacidade para 80 mil torcedores, a direção do estádio dizia que não cabiam mais de 70 mil.
O amadorismo da proposta do governo brasileiro foi tanto que um campo de treinos em Goiânia foi chamado de “Vila Nova”, mas esse era o nome de um time goiano. O campo de treinos era o do Estádio Serra Dourada.
A proposta inglesa continha 608 páginas, a alemã (que acabou vencendo) continha 1.200 páginas, a sul-africana continha 1.500 páginas. Todas bem encadernadas, com descrição detalhada das cidades-sede. A proposta brasileira, mal ajambrada, continha 208 páginas.
Por fim, a previsão de gastos apresentada pelo Brasil condizia com o estado de penúria econômica do país. O valor apresentado para “investimentos” era de US$ 360 milhões e não era detalhado. Na proposta inglesa, por exemplo, só para reconstruir o estádio de Wembley os gastos previstos eram de US$ 490 milhões, o que denotava o irrealismo da proposta brasileira.
Oito anos depois, mais exatamente em 30 de outubro de 2007, o Brasil apresentou a sua proposta para sediar a Copa de 2014.
A apresentação brasileira condizia com a euforia social e econômica que vigia no país. Agora, tínhamos inflação de 4,6%, desemprego (ainda alto, porém cadente) de 9,3% e o país sofrera com apenas 2.721 falências naquele ano.
O material primoroso apresentado previa prioridade para os investimentos privados na construção e na reforma dos estádios, deixando os recursos públicos para a modernização da infraestrutura (transporte, segurança etc.)
A apresentação ainda continha vídeos com depoimentos de artistas, cenas de paisagens naturais e narração em inglês. Ao fundo, a apresentação tocava samba.
Duas horas depois, Joseph Blatter, presidente da Fifa, disse que a escolha do Comitê Executivo da entidade fora unânime, confirmando a sede da Copa de 2014 para “o melhor futebol do mundo”.
Todos os governos brasileiros, ao longo da segunda metade do século XX, tentaram trazer para cá a Copa do Mundo. Porém, só o governo Lula conseguiu. No século XXI.
As obras de infraestrutura (aeroportos, meios de transporte etc.) ficarão e beneficiarão as populações das regiões que as receberam. Os estádios, em um país em que milhões comparecem a eles todas as semanas, continuarão recebendo o afluxo desses mesmos milhões de brasileiros. Só que com mais conforto.
Todos os recursos públicos gastos com a Copa voltarão (com lucro expressivo) através dos negócios com turismo. A realização de evento disputado há décadas por incontáveis países projetará o país no mundo.
É compreensível que as demandas sociais justas deste país sejam feitas. Quanto mais forem feitas, melhor. Porém, a Copa não irá tirar um único centavo do social. Pelo contrário: o lucro que a Copa de 2014 irá gerar ajudará a atender essas demandas.
http://www.blogdacidadania.com.br/2014/05/como-fhc-tentou-e-nao-conseguiu-trazer-a-copa-para-o-brasil-em-2006/

Anúncio do PT: Comercial eficaz num meio em decadência

Quantos jovens vão se impressionar com isso?

por Luiz Carlos Azenha

No Brasil, é assim: a eficácia do comercial do PT que explora o temor de uma volta ao passado, nas eleições de 2014, deve ser medida pela reação não só de líderes oposicionistas, mas também de colunistas e editores da mídia corporativa. Chiaram muito? É, então, o caminho.

Desde a improvável reeleição de Lula, em 2006, precedida por uma poderosa campanha midiática ligada ao escândalo do mensalão, o PT depositou todas as suas fichas na tabelinha Lula/João Santana. Concentrou-se no que Plinio de Arruda Sampaio batizou de “melhorismo”. Politizar as pessoas que ascenderam socialmente desde 2003 exigiria incluí-las nas decisões governamentais, em todos os níveis, o que possivelmente as colocaria em choque com os interesses das alianças ditas necessárias à governabilidade.

As decisões de gabinete, entre quatro paredes, sem transparência, permitem o toma-lá-dá-cá que sustenta tais alianças — desde que o povo fique longe delas. Por isso, o PT adotou um pêndulo: se aproxima dos movimentos sociais e, portanto, das ruas, em período eleitoral, para se afastar logo depois de conquistar um novo mandato.
Em 2013, o partido, tanto quanto todos os outros, foi surpreendido por um fato político que ajudou a criar: a ascensão social destapou uma série de demandas daqueles que subiram de vida. Querem, essencialmente, serviços públicos de melhor qualidade. Algumas pessoas, notadamente o cientista social André Singer, tentaram entender o fenômeno. Alguns petistas ou simpatizantes, inclusive na blogosfera, preferiram enfiar a cabeça na areia, feito avestruz, e decretar: os manifestantes são criminosos! Arruaceiros!

Sem entender o fenômeno, é óbvio que é impossível planejar o atendimento de demandas, ainda mais quando são difusas e não partem de lideranças definidas. “Coxinha” é o nome desqualificador adotado para os que vão às ruas. Muito melhor teria sido o PT demonstrar interesse em abrir novos canais de participação popular para a definição de políticas públicas, em todas as esferas. Avançar no governo digital, por exemplo. No orçamento participativo. Seriam as respostas de um partido antenado com as possibilidades abertas pelas novas tecnologias de comunicação.

É a revolução do celular, estúpido! Das mensagens instantâneas, dos memes, das redes sociais.

Contrariamente ao que pensam alguns poucos petistas, as pessoas — especialmente os jovens — não estão indo às ruas apenas reivindicar: querem ser ouvidas, querem participar, o que é importante num país que sempre foi governado através de acertos de bastidores.

Os manifestantes não são necessariamente antipetistas, nem direitistas. Revelam desprezo por instituições que não lhes dizem respeito.

Muito já se falou sobre o esgotamento do lulismo, por conta da falta de sintonia entre o partido e as ruas.

Porém, também é importante refletir sobre as políticas de comunicação desastrosas. Não foi por falta de alerta, especialmente dos blogueiros. Em 2010, no primeiro encontro nacional, minha fala centrou-se na necessidade de produção de conteúdo próprio pela blogosfera, ou seja, de escapar da pauta única, que basicamente reflete a visão de mundo dos homens brancos, ricos e conservadores que são os donos da mídia corporativa. É, grosseiramente, a pauta do antipetismo.

Nunca, jamais, fizemos qualquer reivindicação de caráter pessoal: queríamos uma política pública para financiamento de novas vozes na mídia. De mulheres, negros, indígenas. Na internet, na rádio e TV comunitárias.
O governo federal, porém — especialmente no mandato de Dilma — optou pela “mídia técnica” e pelo “controle remoto”.

Por conta disso, ficou sem opções.

Hoje precisa apostar no poder de João Santana, num momento em que a TV perde vertiginosamente a importância na formação de opinião, especialmente de jovens. Estes, aliás, cada vez menos ficam diante de uma tela esperando o início de um programa. Fazem sua própria programação, no You Tube.

A TV, tanto quanto a internet, é um “meio quente”, ou seja, que engaja emocionalmente as pessoas.
Portanto, o anúncio de João Santana está formalmente correto. A questão é: terá o mesmo impacto de 2010, agora que o conteúdo televisivo pode ser dissecado e detonado nas próprias redes sociais?

Não há dúvida que a propaganda eleitoral — que não tem nada de gratuita — ainda terá papel fundamental este ano.

Porém, as redes sociais estão se tornando tão ou mais poderosas que a TV, uma vez que nelas os compartilhamentos vêm acompanhados pela chancela pessoal de quem dissemina conteúdo.

É amigo recomendando para amigo, parente recomendando para parente. É alguém em quem confiamos dizendo: leia isso, veja isso, ouça isso!

Barack Obama percebeu este salto qualitivativo nas comunicações em 2008, em sua primeira campanha nos Estados Unidos. Pegou os adversários de surpresa. Desenvolveu seus próprios meios para falar a uma nova geração e venceu com um comparecimento muito acima da média dos eleitores mais jovens.

Como já escrevi anteriormente, dada a concentração da mídia no Brasil, os barões do setor ganharam ainda mais poder com o advento das redes sociais.

A onda de pessimismo que tomou conta do país é uma demonstração disso.

Pode ter parentesco com as manifestações do ano passado, mas certamente foi aprofundada pelas manchetes da mídia corporativa compartilhadas aos milhões! É um filho dizendo para a mãe, ao impulsionar uma manchete de O Globo no Facebook: olha como as coisas andam ruins! Ou vice-versa. É o conteúdo raso do historiador do futuro, o notório antipetista Marco Antonio Villa, chancelado por alguém que conhecemos pessoalmente.

Além disso, tente uma experiência comigo: vá até seu aparelho de TV e tenta conversar com ele. Ouviu uma resposta? Pois é, incrivelmente, nas redes sociais há respostas! Há debates! É um meio muito mais vivo que a TV. Porém, o debate se dá em torno de conteúdos disponíveis. E é razoavelmente óbvio que a Globo tem mais poder de produzir e disseminar conteúdo que o Tijolaço, embora de qualidade incomparavelmente inferior.
O PT dormiu no ponto. Priorizou os interesses políticos e econômicos necessários à manutenção da coalizão governista. Sentou-se sobre a pauta da comunicação.

O resultado de 2014 vai demonstrar se o binômio Lula/João Santana ainda é suficiente, eleitoralmente, para sustentar a agenda do partido.

Seria ironia demais vê-la derrotada por aqueles que ajudou a ascender socialmente, influenciados em massa pela mídia corporativa que governos petistas bajularam e financiaram.

http://www.viomundo.com.br/politica/anuncio-do-pt-comercial-eficaz-num-meio-em-decadencia.html