segunda-feira, 7 de maio de 2012

Os coiteiros de "Veja"


Da Hora do Povo

Alguns jornais publicaram que o deputado Miro Teixeira irá propor, com base no artigo 207 do Código de Processo Penal, que jornalistas – por exemplo, o parceiro de Carlos Cachoeira, Policarpo Jr., da "Veja" - não pudessem ser convocados à CPMI para depor. Segundo o deputado, o citado dispositivo legal proibiria "o depoimento de testemunha que por ofício tenha de manter sigilo".
Se for verdade a notícia, trata-se de um engano do deputado. As razões para convocar Policarpo Jr. nada têm a ver com o ofício de jornalista. Pelo contrário, o problema é exatamente que ele usou o suposto ofício de jornalista para atividades estranhas à profissão, isto é, usou-a como fachada para estabelecer conluio com um criminoso. Portanto, não é por suas atividades jornalísticas, mas por suas atividades criminais, que Policarpo Jr. deve ser chamado a depor.
Seria uma original doutrina jurídica a que estabelecesse que jornalistas podem cometer crimes e não depor porque têm de manter sigilo. Muito pelo contrário, a lei não apenas veda a qualquer cidadão – inclusive a supostos jornalistas – a cumplicidade com o crime, como também veda aos jornalistas cometer eles mesmos o crime, inclusive nas suas funções: por exemplo, falsificar ou inventar fatos para difamar pessoas ou golpear instituições, não é jornalismo, mas crime. Pior ainda quando, para isso, se recorre aos préstimos de um bandido – e durante oito anos se acoberta esse bandido.
Segundo: o artigo 207 do Código de Processo Penal diz exatamente o seguinte: "São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho".
Entre os ofícios que a lei reconhece que devem guardar segredo, não está, certamente, o de parceiro de um criminoso. Nesse caso, inclusive, a "parte interessada" está na cadeia. Não há segredo ou sigilo a preservar. As provas do inquérito da Polícia Federal são públicas. Policarpo Jr. não vai depor sobre nenhum segredo, mas, exatamente, sobre o que já deixou de ser segredo. Logo, o mencionado artigo do Código de Processo Penal não se aplica a ele.
Terceiro, Policarpo Jr. já depôs, em virtude de uma CPI, no Conselho de Ética da Câmara, quando o então deputado André Luiz foi acusado de extorsão ao sr. Carlos Cachoeira no caso da Loterj. No dia 22 de fevereiro de 2005, Policarpo Jr. depôs contra André Luiz, portanto, a favor de Carlos Cachoeira, e não arguiu nem pretextou sigilo, apesar das ligações ocultas que mantinha com o polvo do Centro-Oeste.
Portanto, a argumentação do deputado Miro Teixeira equivale a estabelecer que Policarpo Jr. só pode depor, como já fez, para defender Cachoeira ou atacar seus desafetos. Não seja por isso. Estamos ansiosos para ver Policarpo Jr. defender Cachoeira na CPMI ou atacar os inimigos do bicheiro. O que é mais uma razão para chamá-lo à CPMI. O deputado deveria perceber que dar um salto ornamental nessa fossa não vale algumas linhas na "Veja", mais suja do que pau de galinheiro, ou seja lá onde for. Até porque essa malta é muito ingrata e não vai ser ela que lhe proporcionará os votos que precisa, e que já estão escassos. O deputado terá de contar com os eleitores – ainda por cima, os do Rio de Janeiro.

Mais um nunca antes na história desse país. Leia e veja qual é



Reportagem da Record sobre Veja irá destravar regulação da mídia


Faz-se necessária uma análise serena sobre o que pode e deve provir da reportagem sobre a revista Veja que a TV Record levou ao ar na noite do último domingo, pois pode inaugurar um novo ciclo do debate sobre a regulação da comunicação no Brasil.
O que de mais imediato se deve lembrar é que, à diferença do que alguns podem estar pensando, não foi a primeira grande matéria jornalística contendo críticas à imprensa em uma grande rede de televisão. Em 2009, no âmbito de efêmera guerra aberta que eclodiu entre Record e Globo e Record e Folha de São Paulo, todos esses veículos certamente perderam mais do que ganharam.
Desta vez, porém, será diferente.
A menos que alguma grande TV tome as dores da Veja, a nova guerra midiática será desigual. O público que a Record abrange é infinitamente maior que o da Veja. E não é só isso. As acusações entre Record, Globo e Folha não foram sobre fatos concretos como agora.
Agora, a Record não acusou a Veja por relações com a ditadura militar. Há um fato concreto, uma poderosa organização criminosa pode ter sido integrada pelo Grupo Abril, em última análise. E os crimes supostamente cometidos podem ser claramente tipificados.
Resta analisar o impacto da matéria sobre o público. Ainda à diferença de embates anteriores da Record contra veículos de comunicação, este, pelo que acaba de ser explicado, certamente induziu setores da população a uma reflexão sobre a mídia que certamente nunca fizeram.
É aquele setor da sociedade que só pensa em futebol, novela e Carnaval. Que se limita a ver telejornais sem prestar muita atenção e a ler capas de jornais e revistas pendurados nas bancas de jornais durante os dias úteis, quando esse perfil de cidadão sai pela manhã para trabalhar.
Eis que um dos principais entraves à propositura de uma lei da mídia ao Congresso pode ter sido fortemente reduzido, só não se sabe se ao ponto de desmontar a argumentação da mídia sobre “censura” quando se toca no assunto.
Todavia, a matéria da Record sobre a Veja preparou a sociedade para os debates sobre a mídia que deverão sobrevir da CPI do Cachoeira, conforme presidente e relator da investigação declararam que ocorrerão.
É infinitamente diferente uma matéria de capa da revista Carta Capital de uma reportagem de imensos 15 minutos na televisão, reportagem que granjeou 15 pontos no Ibope. No momento em que escrevo, milhões de brasileiros estão comentando o assunto.
Aliás, como a reportagem de domingo foi repetida mais de uma vez na segunda-feira, só quem vive no mato, sem qualquer meio de comunicação com o mundo exterior, poderá escapar. Todo o esforço que a mídia fez para ocultar o caso, foi em vão.
Não foi à toa que o presidente do PT, Rui Falcão, declarou que, após enfrentar os bancos, o novo oligopólio que o governo Dilma deverá enfrentar deve ser o da mídia. Nunca antes na história deste país existiram condições tão favoráveis para tanto.
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Assista, abaixo, à reportagem da Record

Como diz Agamenon, Cabral criou uma nova UPP, Unidade de Propina em Paris





Na última semana o Blog do Garotinho fez sérias revelações que abalaram a política no estado do Rio de Janeiro e no Brasil. Tudo comprovado com vídeos e fotos, além de documentos. Ao invés de explicar os fatos, o governador Cabral tentou a velha estratégia de tentar desqualificar o denunciante e foi além, plantando notas ameaçadoras contra em mim em vários jornais. Quero informar aos leitores que a última denúncia é mais grave que a primeira das farras de Cabral com Cavendish na Europa acompanhado da “Gangue dos Guardanapos”. Trata-se da comprovação de que o governador Sérgio Cabral mantém sociedade na firma SCF (Sérgio Cabral Filho) com Carlos Emanuel, vulgo Avestruz, acusado pela Polícia Federal na Operação Castelo de Areia, de receber propinas da Camargo Corrêa, de 5% de R$ 40 milhões que a empreiteira recebeu do governo do Estado.

O fato de que a investigação estar parada, por decisão do STJ não é relevante. O Superior Tribunal de Justiça não disse que as provas obtidas pela Polícia Federal são falsas. Apenas afirmou que foram obtidas a partir de uma denúncia anônima. Ora, quem faz uma denúncia anônima muitas vezes quer se proteger de retaliações. Cabral tentou negar a sociedade, mas está comprovada como mostrei aqui no blog.

Nos últimos cinco anos o nosso blog foi quase uma voz solitária mostrando a quadrilha instalada no governo do Estado sob o comando de Cabral.

Nós revelamos os contratos bilionários firmados entre o governo do Estado e o grupo Facility, do empresário Arthur César Soares Filho, o Rei Arthur, em valores até superiores às mutretas de Cabral e Cavendish. Nós mostramos o superfaturamento nas UPAs para favorecer outro empresário, Ronald de Carvalho, amigo do vice-governador Pezão e dono da Metalúrgica Barra do Piraí. Denunciamos também a vergonhosa situação da educação no estado que virou um balcão de negócios. Lembram-se quando mostramos a ligação do principal fornecedor da área de informática da secretaria estadual de Educação, ligado ao Mensalão do Arruda e sócio do fazendeiro Jorge Picciani? Um escândalo, mas nada foi feito. Vocês devem recordar o escândalo do superfaturamento do aluguel dos carros da frota da Polícia Militar. Outra vergonha com o dinheiro público.

E a farra de incentivos fiscais, onde até termas em que se pratica prostituição, além do cabeleireiro particular da primeira-dama foram beneficiados?

Cabral é um irresponsável, desonesto, um gângster da política, que montou uma rede com tentáculos nos outros poderes do estado para praticar o patrimonialismo, ou seja transferir o patrimônio público para si, e claro, para alguns amigos mais próximos.

Se pensam que já viram tudo, pode aguardar que vem muito mais. O Palácio Guanabara de transformou na cova dos ladrões, e não vamos recuar da nossa postura de mostrar ao povo brasileiro a conduta desses maus homens públicos. Eu não sei quem disse a frase, mas tinha toda a razão. Durante cinco anos mostramos documentos, uma fartura enorme de provas, mas uma imagem valeu mais do que todas as palavras e documentos. Vocês conhecem a frase “uma imagem vale mais que mil palavras”. Cabral sentado no restaurante mais caro do mundo, acompanhado pelo empreiteiro investigado pela CPI do Cachoeira; ou dançando na boquinha da garrafa com seu secretário Wilson Carlos; ou ainda, a “Gangue dos Guardanapos”, onde secretários e o empreiteiro se misturavam, bêbados, dançando e debochando do povo. Essas imagens foram fundamentais para que todos os veículos de comunicação do Brasil descobrissem o Cabral que eu descobri logo após a eleição, um farsante, deslumbrado pelo dinheiro, apaixonado pela futilidades, um homem sem nenhum princípio que para satisfazer seu ego é capaz de bajular, mentir, e agir da forma mais leviana e baixa.


Em tempo: Ainda hoje no blog mais revelações sobre Cabral e a sua turma. Aguardem. Mas recomendo a leitura da divertidíssima coluna do Agamenon, publicada no domingo no Globo, sobre as farras de Cabral e a “gangue dos guardanapos”.


Reprodução do Globo
Reprodução do Globo

Errei. Perdão! Acreditei em Cabral, por Ricardo Noblat



É no que dá ser generoso com Sérgio Cabral, Fernando Cavendish, dono da Delta, e o “bando dos homens de guardanapo”.
Escrevi aqui que só farrearam juntos em Paris há três anos porque não existia o Código de Ética que desde 2011 rege a conduta de Cabral e dos demais servidores públicos do Rio. Acertei no acessório, errei feio no principal.
O acessório: de fato até 2009 não havia código que orientasse Cabral a governar preservando a ética. E sem um código ficava muito difícil para ele ter certeza se a ética corria perigo ou não.


Cabral é simpático, porém simplório. Só no ano passado sentiu a necessidade de um código. Para ser exato: depois de 17 de junho do ano passado.
Naquele dia, Cabral voou a Porto Seguro, na Bahia, em jatinho do empresário Eike Batista. Foi comemorar o aniversário de Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta e de quase R$ 1,5 bilhão em contratos com o governo do Rio.
À noite, um helicóptero caiu ao transportar sete convidados do aniversariante. Todos morreram.
Cavendish perdeu a mulher, Jordana, e o filho de três anos do primeiro casamento dela. Cabral perdeu a amiga Fernanda Kfuri, acompanhada do filho e de uma babá. Marco Antônio, filho de Cabral, perdeu Mariana Noleto, sua namorada.
Quem pilotava o helicóptero era Marcelo Mattoso de Almeida, ex-doleiro. Na ocasião chovia forte.
Primeiro a assessoria de Cabral informou que ele não estava em Porto Seguro quando o helicóptero caiu. Estava.
Depois informou que ele viajara às pressas para lá ao saber do acidente. Negou, contudo, que Cabral tivesse viajado em jato de Eike – viajou.
E negou que tivesse retornado ao Rio em jato de Eike. O retorno ainda é um mistério.
Criticado por ter comparecido ao aniversário de um fornecedor do Estado em jato cedido por outro fornecedor, Cabral disse: “Sempre procurei separar minha vida privada da minha vida pública”.
Apesar disso, prometeu mudar de comportamento – não sei por quê. E anunciou a criação de um código de ética ao qual se submeteriam todos os servidores do Estado.
O decreto com o Código de Conduta da Administração, “que limita as relações entre agentes públicos e privados”, só foi publicado no Diário Oficial no dia cinco de julho passado. Na véspera, Cabral fora atingido por mais uma denúncia: no dia 2 de dezembro de 2010, viajara em jato de Eike para as Bahamas, onde encontrou Cavendish.
Além do código, o decreto criou duas comissões de ética: uma formada por membros do governo para fiscalizar o procedimento dos funcionários do primeiro escalão do governo; a outra por gente de fora para dirimir eventuais dúvidas quanto ao código e garantir sua aplicação aos funcionários dos demais escalões.
Segundo o código, empregados do Estado são proibidos de “receber presente, transporte, hospedagem, compensação ou quaisquer favores, assim como aceitar convites para almoços, jantares, festas e outros eventos sociais” – quer seja obrigatório ou não o uso de guardanapos na cabeça.
E agora, o principal, onde errei.
Dez meses depois da publicação do decreto que criou o código e as duas comissões de ética, supus (jornalista deveria ser proibido de supor) que o código estivesse em vigor e as comissões funcionando.
Nem o código nem as comissões saíram do papel. Como em 2009, Cabral segue livre podendo atropelar a ética.
Cabral levou oito meses para nomear os integrantes das duas comissões. Uma delas reuniu-se uma só vez. A outra, algumas vezes, mas não há registros das reuniões.
Sem que tenha sido aplicado até aqui, em breve o código será reformado para se tornar mais rigoroso.
Pois é. Zombaria! Deboche! Escárnio com a nossa cara!
Peço desculpas por tê-los enganado acreditando no que disseram Cabral e seu bando. Doravante serei mais cuidadoso.
Cabe a vocês cobrarem respostas de Cabral para dezenas de perguntas que teimam em não calar. É espantoso que podendo liquidar o assunto de uma vez por todas ele prefira alimentá-lo com o seu silêncio.
Por que Cabral não exibe a relação completa das viagens oficiais e particulares que fez a Estados e ao exterior desde que assumiu o governo? Com data, destino, meio de transporte, duração e a identidade da fonte pagadora de cada despesa?
Por que não revela quantas vezes voou com Cavendish? Ou o encontrou no lugar para onde voou?
Seria tão simples! Não é verdade?

Domingo espetacular quebra pacto de silêncio que protegia Veja