sexta-feira, 11 de abril de 2014

Os ianques vêm aí: o que fez tantos americanos comprarem ingressos da Copa?

Fã de futebol dos Estados Unidos (AP)
Os torcedores americanos compraram 27,5% dos ingressos da Copa vendidos para estrangeiros
Um país com mais de 300 milhões de habitantes, uma imensa população de origem latina e uma vasta cultura de prática e consumo do esporte. Parecia questão de tempo até que os Estados Unidos levassem o futebol a sério – e tudo leva a crer que a hora chegou. Para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, 154.412 ingressos foram comprados por torcedores americanos, atrás apenas dos brasileiros, que adquiriram 1.041.418 até agora.
A terceira nação com mais compradores é a Austrália, bem atrás dos Estados Unidos, com 40.681 bilhetes, seguida da Inglaterra, com 38.043, e a Colômbia, com 33.126. Do total de ingressos vendidos para residentes fora do Brasil, 27,5% foram para os americanos.
Os números não surpreendem Dan Courtemanche, vice-presidente executivo de comunicações da MLS (Major League Soccer, a Liga Profissional de Futebol dos Estados Unidos). "O número só confirma o que se viu na África do Sul, em 2010, quando 40 mil ingressos foram comprados por americanos, já o maior grupo de estrangeiros."

Fãs

A Liga calcula que o país tenha aproximadamente 70 milhões de fãs de futebol e 20 milhões de praticantes. A final da última Copa, entre Espanha e Holanda, foi vista por mais de 24 milhões de pessoas pela TV.
Dentro dos estádios, os números impressionam. A MLS tem uma média de 19.035 torcedores por jogo, uma das dez maiores ligas do mundo e a terceira entre os esportes coletivos do país, atrás apenas do futebol americano e do beisebol.
O Seattle Sounders tem números de time grande europeu, com 44 mil lugares ocupados a cada jogo em seu estádio. O Portland teve uma sequência de 54 jogos com lotação total e tem lista de espera com 10 mil pessoas para carnês de ingressos para toda da temporada.
E a paixão não é apenas pelo clube, garante Courtemanche. "Se você for ao estádio aqui nos Estados Unidos, vai ver os torcedores com bandeiras, de pé e cantando o tempo todo, como se fosse uma partida do Boca Juniors, do Liverpool ou do Flamengo."

Arrancada

Seleção americana de futebol (Reuters)
O número de atletas da seleção americana que jogam no próprio país vem aumentando
Segundo os dirigentes, a arrancada começou com a chegada de David Beckham ao Los Angeles Galaxy, em 2007. Outras estrelas foram importadas na sequência, ainda que não estivessem no melhor momento da carreira, casos de Thierry Henry, Tim Cahill, Jermaine Defoe e do goleiro da seleção brasileira, Júlio César - esses dois últimos jogam no time canadense Toronto, que compete na MLS.
Aos poucos, começou a aumentar o número de jogadores da seleção dos Estados Unidos que atuam na liga americana. Eram apenas quatro na Copa da África do Sul. No Brasil, já serão mais da metade dos convocados.
Nos últimos anos, atletas importantes escolheram atuar no país, como Clint Dempsey, que deixou o Tottenham para jogar no Seattle Sounders, Bradley, que saiu da Roma para reforçar o Toronto, além de Donovan e Omar González, que rejeitaram propostas de clubes europeus para seguirem no LA Galaxy.
Para o futuro, a Liga e a seleção apostam em um grande projeto de formação de jogadores fora dos padrões do esporte americano. Ao invés de escolas e universidades, o trabalho é dos próprios times, o que segue o modelo europeu, com mais de 1 milhão de jovens atletas nas academias, de acordo com Courtemanche. Produto das escolinhas do Seattle, DeAndre Yedlin briga por uma vaga para jogar a Copa no Brasil.

Maioria

Americanos costumam ser maioria em grandes eventos esportivos internacionais, confirma John Martin, diretor executivo da Great Atlantic Sports, que desde 1994 tem sido a agência de turismo oficial para a Copa do Mundo nos Estados Unidos. E já estão acostumados com os contratempos.
"Esse tipo de turista já sabe que, em um lugar com muita gente, alguns problemas vão acontecer. A língua será uma barreira, já que poucas pessoas falam inglês. Em geral, há pouca oferta de hotéis. Aeroportos e táxis devem ser particularmente complicados. Mas as pessoas são simpáticas no Brasil e a experiência será inesquecível."
"A maior parte dos torcedores vai querer passar pelo Rio, seja antes ou depois das partidas", garante Martin, que também lembra que é possível chegar ao país com voos diretos de cinco horas entre Miami e Manaus, mas alerta para a dificuldade para encontrar lugares nos aviões tão perto da Copa, apesar da grande quantidade de voos entre os dois países.

Seleção

A seleção dos Estados Unidos ficará hospedada em São Paulo e jogará em Natal, dia 16 de junho, contra Gana, em Manaus, no dia 22, contra Portugal, e em Recife, dia 26, contra a Alemanha. Sem os ingressos, um pacote pode ser encontrado a partir de US$ 1,9 mil.
Somados, os três estádios que terão partidas dos Estados Unidos na primeira fase têm capacidade para menos de 130 mil torcedores, o que indica que os turistas americanos (já que mais de 154 mil ingressos foram comprados por americanos) estarão na Copa para muito mais do que os três primeiros jogos.
Quem não puder sair do país, vai poder ver 13 das 32 seleções classificadas para a Copa a partir de maio. A seleção americana fará três amistosos: contra o Azerbaijão, dia 27 de maio, em San Francisco, contra a Turquia, dia 1º de junho, em Nova Jersey, e contra a Nigéria, dia 7 de junho, em Jacksonville.
Outras 12 seleções farão jogos pelo país como preparação para o Mundial: México, Portugal, Espanha, Inglaterra, Costa do Marfim, Bósnia, Grécia, Nigéria, Honduras, Costa Rica, Equador e Japão.
Em solo brasileiro, a chance de ver as estrelas mundiais será mesmo restrita à Copa. Com a exceção do próprio Brasil, que confirmou amistosos em Goiânia (contra Panamá, em 3 de junho) e São Paulo (contra a Sérvia, dia 6 de junho), nenhum outro jogo envolvendo seleções da Copa foi marcado oficialmente antes do torneio.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140410_americanos_copa_sp_rb.shtml

Os “jornalões” e os “bloguinhos” com Lula. Ou como dói deixar o entrevistado falar


 Autor: Fernando Brito
jornaloesebloguinhos
Os grandes jornais, hoje, espumaram de ódio com a entrevista de Lula aos blogs.
A Folha registra e consegue conter o despeito, mas o Estadão, em seu editorial, o  transborda.
Diz que Lula falou-nos “para ter de antemão a garantia de não ser surpreendido por perguntas incômodas, muito menos ter contestadas as suas respostas”.
E o Zero Hora foi além: “o ex-presidente sentou-se à mesa com pessoas que não têm como oferecer a neutralidade reclamada. Seus ouvintes eram responsáveis por blogs assumidamente governistas, muitos dos quais sustentados por verbas oficiais.”
De fato, Lula não nos convidou a uma entrevista por sermos neutros.
Não somos, temos lado e deixamos isso claro.
Mas não ocultamos nossa posição sob uma falsa capa de neutralidade.
Os blogs ditos “sujos” jogam limpo.
Lula falou aos blogueiros porque queria falar, não ser “interpretado”.
Porque queria falar meia hora sobre duas simples perguntas – como fez com a minhas, que tinham um claro sinal político – e não ser confinado a duas frases sobre cada tema.
Depois, receber publicidade de acordo com sua audiência, na chamada “mídia técnica”, é um pecado?
Tenho total liberdade para falar isso, porque não recebo um ceitil de propaganda estatal – não sei porque, aliás – ao contrário destes jornais que haviam faturado alguns milhões, veiculando no mesmo dia, uma anúncio de página inteira da Petrobras, enquanto dedicavam-se a desancá-la.
Mas, afinal, se a entrevista a blogueiros “amestrados” não produziu notícia, porque os grandes jornais, durante toda a terça-feira, deram em seus sites manchetes para o que Lula havia dito?
E se Lula queria, com sua entrevista, produzir apenas manchetes, porque não a deu a um grande jornal ou à Globo?
Nenhum deles recusaria, é certo.
Aventuro-me a responder.
Porque Lula queria ser ele mesmo, queria dizer o que pensava e o que sentia, algo impensável quando se fala aos repórteres de jornais de hoje, salvo as honrosas exceções de profissionais que ele não poderia escolher, numa entrevista “convencional”.
O jornalista, hoje, tem a “obrigação” de ser oposição, porque a imprensa, como um (quase) todo, é oposição.
Não foi preciso provocar para que ele falasse sobre o “volta, Lula” não ser sua estratégia – embora mesmo assim os jornais teimem que seja.
Não foi preciso provocar para que ele falasse que André Vargas não podia fazer com que o PT ou o governo pagassem por seus confortos aéreos.
Não foi preciso provocar para que falasse da Petrobras.
E ele falou desabridamente, sem outros limites que não fossem o que ele previamente anunciou: o de que não daria, como ex-presidente, palpites sobre os atos concretos de quem o sucedeu.
O que, aliás, disse ter aprendido com Bill Clinton evitando menções diretas a George Bush.
A entrevista dos blogueiros minúsculos saiu graúda em termo de notícias, tanto que os jornais a reproduziram.
Porque  numa entrevista, quem tem de brilhar é o entrevistado, não o entrevistador.
Nossa imprensa e seus medalhões não pensam assim.
Não fomos à entrevista para brilhar, mas para que Lula emitisse seu próprio pensamento.
E, infelizmente, a imprensa brasileira não parece querer mais que as pessoas digam o que querem dizer.
Mas, apenas, o que ela quer que seja dito.
Talvez, só talvez, seja essa a razão da ira dos editoriais.
PS. Para quem não assistiu ou quer divulgar, coloco aí a edição, em partes, da entrevista.
Parte 2 – Petrobras e economia brasileira
Parte 3 – planos privados, SUS e Mais Médicos
Parte 4 – cenário eleitoral no Rio de Janeiro
Parte 5 – Pré-Sal e aumento do consumo entre os mais pobres

http://tijolaco.com.br/blog/?p=16542

Sobre a alardeada queixa de Dilma a João Roberto Marinho


Dilma e João Roberto
Dilma e João Roberto

Segundo Mônica Bergamo, da Folha, Dilma se queixou do Jornal Nacional numa conversa que teve com João Roberto, o segundo dos três filhos de Roberto Marinho e responsável pelo conteúdo editorial das Organizações Globo.
Faz sentido, é claro.
O Jornal Nacional, absurdamente governista na ditadura militar, foi para a direção oposta quando o PT chegou ao poder.
Se o JN existisse sob Jango, é provável que ele seria mais ou menos como é hoje: uma ênfase extraordinária nas más notícias, reais ou imaginárias.
O que não faz sentido é a atitude de Dilma, e do PT no poder, diante da Globo. A Globo faz o que sempre fez: sabota governos populares e intimida o mundo político para que seus privilégios imensos sejam preservados.
E o que tem feito o governo em resposta? Nada. Repito: nada.
A evidência mais notável disso está nas verbas publicitárias que o governo destina à Globo. Em dez anos, foram 6 bilhões de reais, isso mesmo com a queda notável da audiência da emissora. (A Globo perdeu cerca de um terço do público na última década.)
Este dinheiro alimenta a máquina da Globo destinada à sabotagem de medidas favoráveis ao “Zé do Povo”, como o patriarca da Globo, Irineu Marinho, se referia aos cidadãos comuns.
O Secom, que administra a verba governamental, afirmava sob Helena Chagas que esse paradoxo – um dinheiro brutal para uma empresa que faz campanha contra – se devia a uma coisa chamada “mídia técnica”.
Pausa para rir. Ou chorar.
Nada justifica você premiar quem sabota você, ou numa visão mais ampla, a sociedade.
As mensagens oficiais veiculadas na Globo chegariam a um número maior de pessoas. Era mais ou menos o que dizia Helena Chagas.
Mas um momento.  Que pessoas são mesmo estas? Elas verão – ou zapearão para fugir – comerciais que promove um governo que nas reportagens é brutalmente atacado sempre.
Pela lavagem cerebral a que é submetido, o típico admirador da Globo – ou da Veja – abomina o governo petista e estatais como Petrobras e Banco do Brasil.
Há lógica em gastar bilhões de reais para levar a este grupo publicidade de estatais que ele detesta?
Não. Não há.
Outro dia, vi uma publicidade da Petrobras na página de Reinaldo de Azevedo na Veja. Alguém já viu o que Azevedo e seus leitores dizem a respeito da Petrobras?
Um dos maiores erros do governo é exatamente a “mídia técnica”, que favorece quem age para corroê-lo ou mesmo, como se viu no julgamento do Mensalão, para destruí-lo.
Helena Chagas saiu e Thomas Trauman entrou. Haverá alguma mudança numa estratégia não apenas errada como suicida?
Os fatos dirão.
A recente pesquisa da Secom sobre consumo de notícias mostrou o avanço extraordinário da internet.
Testemunhamos isso de um lugar privilegiado. O DCM, em um ano de vida, saiu de pouco mais 100 mil visualizações mensais para 2,5 milhões. Passamos a barreira de 1 milhão de visitantes únicos por mês.
O fato de Lula ter escolhido blogueiros para dar uma entrevista é também revelador de que o PT parece ter acordado para a realidade: a internet é cada vez mais influente e a mídia tradicional cada vez menos. Fora tudo, é na internet que você encontra vozes alternativas à velha visão de mundo pró 1% defendida agressivamente pelas grandes corporações jornalísticas.
No caso da alardeada queixa de Dilma a João Roberto Marinho, muito mais efetivo que palavras seria um ajuste imediato e profundo na distribuição das verbas oficiais.
Quem ganharia com isso, na verdade, seria a sociedade – e com ela o projeto de um Brasil justo, algo que a Globo e as grandes empresas de mídia sempre combateram ferozmente.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/sobre-a-alardeada-queixa-de-dilma-a-joao-roberto-marinho/

A mentira do Estadão sobre a entrevista de Lula



Ninguém pediu que não fossem feitas perguntas incômodas
Ninguém pediu que não fossem feitas perguntas incômodas
Você avalia o compromisso com a verdade de algum veículo quando conhece o assunto.
Leio que o Estadão, em editorial, afirmou que os blogueiros convidados por Lula para uma entrevista tiveram que garantir que não fariam perguntas incômodas e nem contestariam respostas.
O DCM foi convidado, na pessoa de Kiko, e participou da entrevista, e podemos dizer: o Estadão mentiu.
Nenhuma instrução foi dada. O convite chegou a Kiko, e depois foram dadas breves explicações sobre como seria a entrevista. Foi só isso. Não houve um único pedido ou uma só recomendação.
Repito: o Estadão mentiu.
Que Lula tenha escolhido falar com representantes da internet, e não da mídia tradicional, é fácil de entender.
Primeiro, ele queria reconhecer formalmente a importância da internet no debate jornalístico brasileiro, e como contraponto ao conteúdo viciado das grandes empresas de jornalismo.
Depois, ele sabia que suas palavras não seriam deturpadas, e também que não lhe seriam preparadas armadilhas por quem tem recorrido a um abjeto valetudo para sabotar qualquer iniciativa destinada a retirar velhos privilégios que levaram o Brasil a ser um campeão mundial da desigualdade.
Lembro que Dilma concedeu, em seus primeiros tempos de presidência, uma entrevista à Veja. Não apenas ela foi editada ao gosto da revista como, na introdução, Dilma levou cacetadas absolutamente gratuitas.
Cada participante, isso foi avisado, poderia fazer uma pergunta. Num ambiente de neutralidade, que perguntas eram mais importantes do que as que giraram em torno da Petrobras, da Copa e da especulação em torno da candidatura de Lula em 2014?
Contraponha a isso à atitude de Augusto Nunes, que num Roda Viva com Lobão perguntou a ele: “O que você acha da Dilma?” Nunes sabia que Lobão diria as barbaridades de sempre.
Nunes deveria ser convidado? Ou Jabor? Ou Azevedo? Ou tantos outros que, para agradar a seus patrões, se esmeram em atacar o PT?
Entendamos. Existem muitas razões para criticar o PT, e o DCM tem feito isso com frequência. A lentidão do PT em fazer mudanças profundas que reduzam substancialmente a desigualdade é exasperante.
Mas os ataques da mídia vêm, sempre, pelas razões erradas – pela manutenção dos privilégios dela e de seus iguais.
Lula fez o que qualquer pessoa de bom senso faria. Cercou-se de uma bancada que não estava lá para destruí-lo.
Vi, pela internet, a entrevista, e disse a Kiko tão logo ela terminou que a achara “extraordinária”. Sobretudo por conta do entrevistado. Os que conhecem Lula sabem quanto ele é carismático e convincente. Conta histórias como poucos, e torna divertida qualquer conversa.
A entrevista só funcionou porque as pessoas reunidas ali não queriam matar Lula, e isto é um fato da vida.
Leio também que o Zero Hora escreveu que não houve “neutralidade” porque os blogueiros eram “assumidamente governistas”.
Um momento: será que eles conhecem o DCM? Nosso apartidarismo é uma cláusula pétrea em nossa missão.
Conectamos pessoas interessadas no projeto de um Brasil socialmente justo, um Brasil “escandinavo”, como tantas vezes escrevi.
Nosso partido é este, e apenas este: um Brasil melhor do que o que temos.
O Zero Hora, pelo visto, não nos conhece – e então não deveria escrever a tolice que escreveu.
Também este tipo de atitude – afirmações levianas baseadas na arrogância e na falta de informação – ajuda a entender a falta de representantes da mídia tradicional na entrevista de Lula. 
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-mentira-do-estadao-sobre-a-entrevista-de-lula/

Com dados parciais, PSDB lança site para detonar a Petrobras de Dilma

Jornal GGN – Esquentando os motores para a próxima disputa eleitoral, a Juventude do PSDB lançou o PTbras.com, um site que tenta detonar – com base, até agora, em reportagens dos veículos Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo e Época – a gestão da estatal no período em que lideranças do PT estiveram à frente do Palácio do Planalto, com destaque para a presidente Dilma Rousseff.
A página principal do portal tucano, consolidado com o aval da campanha do senador Aécio Neves rumo à presidência da República, expôs, ao longo desta quinta (10), pelo menos sete imagens da chefe do Executivo, a maioria com chamadas para casos classificados como “escandalosos”, como a “desvalorização” da Petrobras no mercado entre 2011 e 2014, e a compra da Refinaria de Pasadena.
A suspeita de superfaturamento na aquisição do aparelho situado no Texas, Estados Unidos, motiva, há algumas semanas, uma disputa no Congresso pela instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, o Tribunal de Contas da União e a Polícia Federal investigam a possibilidade de infrações na transação.
Até o momento, o PTbras não traz nenhuma novidade além de um amontoado de dados lançados pela imprensa e contestados, essa semana, pelo ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. O atual secretário do Planejamento do Estado da Bahia comentou, durante coletiva de imprensa (assista aqui), que a maioria das notícias sobre a compra da refinaria de Pasadena propaga, na verdade, “versões fantasiosas, publicitárias e eleitoreiras” sobre o negócio, principalmente no que tange os números envolvidos. 
Para o líder da bancada petista, deputado Vicentinho, "tem sido ruim para a política a divulgação de dados errados. Mentiras são complicadas. Sérgio Gabrielli falou à imprensa e aos deputados de oposição sobre os números corretos da refinaria de Pasadena, e em nenhum momento ele foi desmentido por ninguém", pontuou. "O PT ainda vai analisar esse site da oposição, mas acredito que não tem necessidade de ação se não houver mentiras, que é tudo que não pode acontecer", completou.  
A compra da Refinaria de Pasadena
O ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, sustentou que “algumas mentiras estão sendo insistentemente veiculadas. Como, por exemplo, que [50% da] refinaria custou [em 2005] mais de 42 milhões de dólares [à empresa belga Astra Oil] e foi comprada [os 100%, em 2013] por 1 bilhão de dólares pela Petrobras. Isso é mentira. A empresa que a adquiriu [os 50% iniciais da refinaria] investiu mais 84 [milhões  de dólares] e tinha uma dívida de 200 milhões de dólares, portanto, [os números da compra feita pela Astra Oil] vão para 326 milhões de dólares”, disse Gabrielli.
Ainda de acordo com o ex-dirigente, pelos primeiros 50% da refinaria, a Petrobras pagou, no total, 360 milhões de dólares, sendo que a parcela que equivale à metade da empresa é de 170 milhões de dólares. Os demais 190 milhões de dólares foram gastos em estoques de petróleo.
Dados parciais
O PTbras não apresenta os detalhes que o ex-presidente da Petrobras forneceu à imprensa sobre Pasadena – que é só um dos alvos do site da oposição. O portal sustenta que “em junho de 2013, a estatal brasileira comprou os outros 50% e passou a ser única dona da refinaria, apesar dos inúmeros prejuízos acumulados ao longo dos anos, que ultrapassam a significativa marca de 1 bilhão de dólares. (...) Depois de anos de dispendiosas batalhas judiciais, a Petrobras se viu obrigada a pagar 839 milhões de dólares à antiga sócia.”
Gabrielli explicou, por sua vez, que a estatal pagou efetivamente 486 milhões de dólares por 100% do equipamento, e não 1 bilhão de dólares como sustenta a oposição. Segundo ele, não devem ser considerados no valor total desembolsado 340 milhões de dólares gastos com a aquisição de estoques; 202 milhões de dólares, com litígio judicial com a Astra Oil; 156 milhões pagos a título de garantias bancárias para a operação cotidiana da refinaria, 150 milhões de dólares em juros referentes ao período de litígio; 5 milhões de dólares em honorários advocatícios e outros 44 milhões de dólares pagos pela estatal brasileira à Astra Oil nos ajustes finais do rompimento da sociedade. Nada disso é exposto pelo PTbras.
Legislação eleitoral
Para o advogado especialista em Direito Eleitoral Alberto Rollo, a iniciativa do PSDB em lançar um site para explorar a Petrobras, às vésperas da eleição presidencial, não fere a legislação eleitoral, "desde que contenha críticas e dados verdadeiros sobre os assuntos tratados".
"Caso contrário, a Petrobras, que é a empresa atingida, deve, como pessoa jurídica, entrar com um processo contestando os dados que julgar inverídicos e pedir indenização por propagação de dados errados e eventuais danos morais em caso de, por exemplo, algum diretor ser atingido", explicou.
Ainda na avaliação de Rollo, o fato de a legenda de Aécio estar por trás do site também não configura nenhuma lesão à legislação eleitoral. "Qualquer partido ou agente que fizer algo de errado está sujeito a críticas, pode ser alvo de um site que pode ser feito, também, por qualquer partido", frisou.
Outro lado
Ao Jornal GGN, o diretório nacional do PT afirmou que não deve comentar o lançamento do PTbras pelo PSDB. Nesta quinta, entretanto, a legenda emitiu uma nota reafirmando sua "posição histórica em defesa da Petrobras, que neste momento está sendo atacada pelos mesmos que, no passado, chegaram a mudar seu nome para Petrobrax e tentaram privatizá-la."
Procurada, a Petrobras informou que não vai se posicionar sobre o site. 
http://jornalggn.com.br/noticia/com-dados-parciais-psdb-lanca-site-para-detonar-a-petrobras-de-dilma

Os limites da indignação da imprensa

por Luciano Martins Costa
 
A crise suscitada no interior do governo federal pelas denúncias envolvendo o deputado André Vargas (PT-PR) tem como epicentro o doleiro chamado Alberto Youssef. Trata-se de personagem esquivo dos bastidores do poder, atuante em variadas instâncias, com aparições fantasmagóricas aqui e ali, sempre em papel de coadjuvante, mas definidor da trama. Por alguma razão, as investigações sobre suas atividades nunca chegaram a um ponto conclusivo.
 
No presente episódio, Youssef aparece novamente como suspeito de ser o nó central de transações obscuras envolvendo políticos. Mas pode-se apostar que, seja qual for o desfecho do caso que envolve o deputado Vargas, o doleiro seguirá agindo nas sombras do sistema, com mais um processo nas costas e disposto a inventar novas maneiras de continuar prestando seus serviços.
 
Nem a imprensa, nem os partidos políticos parecem ter interesse em aprofundar as investigações que agora apontam para o deputado André Vargas, porque mexer com Youssef é revirar um lixo que ninguém quer ver exposto.
 
Um inquérito destinado a documentar a movimentação financeira de Alberto Youssef desde os anos 1990 poderia trazer a público evidências de que a lavagem de dinheiro é prática que extrapola os quadrantes de Brasília, alcançando não apenas o mundo político, mas também empresários, executivos, jogadores de futebol, artistas, chefes de igrejas e até mesmo organizações jornalísticas e celebridades da televisão. Antes dele, o mesmo esquema foi tocado por outros protagonistas, hoje inativos ou mortos, e a pista vai se diluir na obscuridade dos tempos.
 
O noticiário indica que a renúncia do deputado André Vargas parece ser a melhor solução para todos, inclusive a imprensa. Entre acusados e acusadores que frequentam as páginas dos jornais, há um limite claro para o escândalo: a participação do doleiro no chamado caso Banestado.
 
No entanto, o leitor ou a leitora atenta dificilmente vai ter o privilégio de ler uma reportagem que apanhe essa ponta e destrinche o novelo. Simplesmente porque, em algum momento, o acusador poderá se ver sentado no banco dos réus. Por isso, até mesmo a indignação manifestada por uns e outros na imprensa é relativa.
 
As confrarias do poder
 
Um repórter suficientemente obstinado, com tempo e recursos, poderia limpar essa trilha, destrinchando os empreendimentos tocados por Youssef em variados setores, por onde, segundo tem sido divulgado nos últimos anos, trafegaram muitos milhões de reais, transacionados no sistema de financiamento de campanhas eleitorais ou simplesmente levados para abrigos seguros em contas no exterior.
 
Youssef tem todas as características de ser um homem profundamente honesto no campo restrito das ações delinquenciais que lhe são atribuídas: sempre absorveu os golpes, sem nunca apontar o dedo para seus sócios. Por isso, caro leitor, cara leitora, leia com espírito aberto tudo que sai nos jornais por estes dias sobre o escândalo da hora.
 
O deputado André Vargas vai fazer um enorme favor ao governo federal, ao Partido dos Trabalhadores, à oposição e à própria imprensa se aceitar a oferta de renunciar ao mandato. O noticiário das edições de quarta-feira (9/4) indica que nem mesmo a acirrada disputa pelo poder central é capaz de quebrar aquilo que define a teleologia da política, ou seja, a finalidade, o propósito, da política, que é manter a própria política.
 
Há, evidentemente, o risco de a Polícia Federal insistir em levar às últimas consequências essa investigação, quebrando o pacto silencioso que une acusadores e acusados e determina o ponto até onde os atores da contenda sabem que podem conduzir um escândalo sem matar a galinha dos ovos de ouro. Mas essa hipótese só tem valor se a imprensa estiver disponível para manter o assunto nas primeiras páginas, ou se estiver disposta a dedicar a ele o horário nobre dos telejornais.
 
Portanto, estamos assistindo a um episódio emblemático na história de um país que conseguiu superar a ditadura mas não foi capaz de construir sobre ela um sistema que fosse ao mesmo tempo democrático, eficiente e provido de defesas contra a corrupção.
 
A imprensa poderia contribuir para romper esse círculo de confrarias, se não fosse parte delas.

http://jornalggn.com.br/noticia/a-relacao-de-andre-vargas-com-yousseff-e-os-limites-da-indignacao-da-imprensa