terça-feira, 16 de julho de 2013

Telebras brilha e ganha força diante da espionagem dos EUA


Antes mesmo de vir à tona o escândalo de espionagem nas redes de comunicações pelo governo dos EUA, denunciado pelo ex-consultor de inteligência estadunidense Edward Snowden, o Exército Brasileiro e a Presidência da República já haviam contratado os serviços da Telebras para cuidar das suas comunicações.

Agora a empresa torna-se mais do que uma opção de mercado, uma necessidade estratégica para todo o Brasil e a América do Sul. Quem tem informações sensíveis e não quer ser bisbilhotado fatalmente procurará a Telebras como fator de segurança. A integração de uma rede de telecomunicações própria dos países sul americanos também ganha prioridade.

A empresa e a política industrial do Ministério das Comunicações de fazer encomendas de equipamentos sob controle tecnológico nacional, acabou se tornando uma vantagem competitiva em relação às teles privadas que contratam equipamentos e serviços vindos de qualquer lugar do mundo, como caixas pretas, ficando completamente vulnerável à espionagem.

A Telebras emitiu uma nota que acaba explicando com clareza cristalina os motivos do Exército Brasileiro e da Presidência República já terem contratado os serviços da empresa:
A Telebras construiu uma rede de fibra óptica segura contra invasões, sejam de captura de dados para espionagem, como as denúncias recentes veiculadas pela imprensa, ou mesmo de ataques de hackers. Para garantir essa segurança, a empresa trabalha apenas com equipamentos desenvolvidos no Brasil e que não se submetem às leis de outros países, com acompanhamento direto de engenheiros da própria Telebras, o que permite um tráfego seguro de dados pela rede que atende diretamente o governo federal e também a empresas privadas que contratam os serviços da estatal...
(...)
A rede de fibra óptica de alta definição da Telebras tem 25 mil km de extensão e interliga todas as regiões do País, conectando as administrações federal, estaduais e municipais e seus serviços públicos, além de atender a iniciativa privada e promover a inclusão digital das camadas mais pobres da população brasileira, por meio do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) do governo federal. “Garantimos total sigilo de comunicação em nossa rede, com tráfego de dados de forma segura”, afirma o presidente da empresa, Caio Bonilha.
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A Telebras também lidera o projeto de formação de um anel óptico entre os países sul-americanos. O primeiro ponto da interconexão foi estabelecido no mês passado entre o Brasil e o Uruguai, em Santana do Livramento (RS), por meio das operadoras Telebras e Antel (uruguaia). Essa rede permitirá um tráfego seguro de dados entre os governos destes países. A próxima conexão deverá ser com a Argentina, por meio da operadora Arsat.
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Outro projeto estratégico da Telebras é a compra e lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), projeto conjunto com os ministérios das Comunicações, da Defesa e de Ciência, Tecnologia e Inovação. Para isso, a Telebras se associou à Embraer e criou a empresa Visiona Tecnologia Espacial S.A.
Quando o governo Lula resolver recriar a Telebras, o PSDB e o DEM reagiram com ferocidade, chegando a recorrer ao STF contra a reativação da empresa. Imaginou-se no início tratar-se apenas de lobismo neoliberal a favor das teles privadas. Mas agora, será que não havia também pressões externas, já que o PSDB tem verdadeira adoração por obedecer aos EUA?
 
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Greenwald: Grande mídia dos EUA é escudo e megafone do poder




por Heloisa Villela, de Nova York, especial para o Viomundo

Glenn Greenwald é o jornalista que está contando ao mundo como funciona o sistema de monitoramento de conversas telefônicas e eletrônicas da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos.
Foi ele quem entrevistou, em Hong Kong, o ex-funcionário terceirizado da NSA, Edward Snowden. Na última semana, Greenwald participou, via Skype, da Conferência Socialista em Chicago como convidado especial. Do Rio de Janeiro, onde mora, ele denunciou a conivência da grande mídia norte-americana com o poder e descreveu a impressionante tranquilidade e paz de Snowden ao tomar a decisão de denunciar o sistema de vigilância mundial que o governo estadunidense montou, mesmo sabendo que terá que fugir do império o resto da vida — ou passará os muitos anos que tem pela frente na cadeia. Snowden tem apenas 29 anos.

Greenwald, sempre irônico, disse que acaba de receber o melhor prêmio de jornalismo com o qual poderia sonhar. O blog dele no jornal britânico The Guardian foi bloqueado em todas as instalações do exército norte-americano no mundo. “Vou plastificar, emoldurar e botar na parede”, disse. Relembrou o discurso feito pelo veterano jornalista David Halberstam, em 2005, na Universidade de Columbia.

Quando lhe perguntaram qual foi o momento mais gratificante da carreira ele não pestanejou: contou que quando era correspondente do New York Times no Vietnã cansou de testemunhar o que se passava nas ruas e ouvir versões absurdas nas coletivas das forças armadas. Questionava os oficiais agressivamente, apontava as mentiras que estavam contando, até as Forças Armadas pedirem ao NYT que Halberstam fosse retirado do posto. Um orgulho!

Para Greenwald, esse é um bom termômetro. Quando um jornalista consegue irritar o poder tanto assim, é porque está fazendo um bom trabalho. Em compensação, relatou, Bill Keller, que foi editor executivo do New York Times durante o governo George W. Bush deu entrevista à BBC e tentou mostrar a grande diferença entre o jornal e o Wikileaks, já que os dois publicaram documentos repassados por Bradley Manning. O Wikileaks, disse Keller, publica tudo o que quer, enquanto o NYT foi ouvir o governo Obama para saber o que deveria ou não publicar e obedeceu direitinho as orientações. Para Keller, o bom comportamento é motivo de orgulho e sinônimo de responsabilidade.



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A relação de Greenwald com a grande mídia americana piorou nas últimas semanas, depois que ele aceitou ser entrevistado pelo programa Meet the Press, que vai ao ar domingo de manhã. O apresentador David Gregory, já quase no fim da entrevista, perguntou a Greenwald se ele não deveria ser preso e processado pela lei de espionagem, já que revelou documentos secretos da NSA. Como uma pessoa que se diz jornalista pode pedir a prisão de um jornalista por ele ter feito o trabalho que deve fazer?, pergunta Greenwald. Ele mesmo responde. Explica que a grande imprensa norte-americana vaza todo tipo de informação o tempo todo. Mas somente as informações que interessam ao governo.
Deu um exemplo.

– Noventa segundos antes de pedir a minha prisão, tivemos uma discussão sobre a decisão da justiça em um processo de 2011, que considerou ilegais várias práticas da NSA. Falei com base nos documentos que tenho. E ele disse, não, a maneira com que você  está descrevendo essa opinião está errada. Uma pessoa do governo me disse que a decisão não concluiu que o governo fez algo errado ou ilegal. O governo apenas pediu permissão para fazer certas coisas, que a justiça não permitiu. Essa alegação [de Gregory] é totalmente falsa. Sei porque li os documentos ao invés de ouvir o que representantes do governo sopraram no meu ouvido.  Mas, noventa segundos depois, ele pediu que eu fosse processado por divulgar informações secetas, quando ele mesmo tinha acabado de revelar o conteúdo de um documento secreto, descrito a ele por alguém do governo.

Ou seja, conclui Greenwald, vazamento de informação que contraria as vontades do governo deve ser punido, enquanto o que obedece à política do estado é recompensado com dinheiro, privilégio e acesso. A chamada grande imprensa dos Estados Unidos, segundo Greenwald, funciona como escudo e megafone do poder. Sai na frente para destruir quem desvia da rota, tentando desacreditar e até mesmo levantar o passado dos que divergem. Acusam até por suposto desequilíbrio mental. O chamado character assassination. Assassinato de caráter.

No fim da palestra, o jornalista destacou a coragem de Edward Snowden. Tão novo, ele sabia que estava arriscando a vida em nome de denunciar um sistema mundial de monitoramento que, acredita, deve ser desmontado o quanto antes. “A coragem é contagiosa”, disse Greenwald. “Ela afeta quem está à sua volta e essas pessoas afetam outras. Nunca podemos duvidar da capacidade que um indivíduo tem de mudar o mundo”.

http://www.viomundo.com.br/denuncias/greenwald-um-bilhao-de-ligacoes-de-celular-por-dia.html