segunda-feira, 25 de março de 2013

O que chamam de Semana Santa, no Ceará é um cenário de guerra






Vem aí mais um feriado religioso que terá como tônica o aumento no número de assassinatos. Se alguém ficou estarrecido com os números apresentados pela secretaria de segurança pública durante o período de carnaval prepare-se porque na chamada semana santa morre mais gente pelas mãos daqueles que não têm Deus no coração, daqueles que ultrapassaram a linha demarcatória que diferencia o homem do animal irracional, apesar deste último porém só matar por um instinto de sobrevivência, quando sente-se ameaçado e para proteger a sua espécie.

O outro pelo instinto bestial, pelo simples prazer de cometer uma barbárie, seja com armas de fogo, arma branca ou a pior de todas as armas, o veículo automotor, causa do maior número de mortes que associados aos homícidios fazem com que estas estatísticas sejam piores do que as de guerra. Nem no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia, na faixa de Gaza e/ou em qualquer parte do mundo onde haja um conflito belicoso morrerão tantas pessoas quanto irão morrer no próximo fim de semana no Estado do Ceará. E se levarmos em conta as estáticas de todo Brasil, é uma catastrófe, uma hecatombe humana.

O pior é que isso ocorrerá numa semana que dizem ser a semana em que o filho de Deus deu sua vida para salvar a humanidade que ao invés de está compenetrada no valor desse sacrifício, fazendo uma profunda reflexão sobre os rumos que suas entediantes, curtas e breves vidas, marcadas por toda sorte de problemas existenciais estão tomando, antes, a grosso modo estarão festejando os desejos da carne decaída e o resultado expresso nos números assustadores apresentados nos programas sensacionalistas e policialescos do tipo 190, Barra Pesada, os Malas e a Lei, Comando 22, Rota 22 e outros de que não me lembro. São tantos e todos veiculados em horário nobre em afronta à família e à constituição brasileira, numa clara violação à lei que normatiza o espectro radioelectro utilizado pelas emissoras de TV, concecionárias públicas que não respeitam as regras de telecomunicações vigentes no país, alguns dos quais na hora do almoço.

Na verdade começam as 6:00 da manhã. Antes de ir para o trabalho quem sintonizar uma dessas emissoras já chegará levando consigo os conhecimentos de todas as principais ocorrências policiais do dia anterior. Tudo sobre o submundo do crime, uma reprise de um rio de sangue derramado pela violência que corre solta no Ceará. Ao meio dia a programação televisiva do Estado é tomada por mais uma overdose de violência com os cadáveres expostos, bandidos sendo entrevistados, policiais impotentes que só servem para isolar o local do crime e tomar notas das ocorrências, viaturas chegando ao local do crime minutos, às vezes horas depois do acontecido.

Prevenção e combate zero. Mesmo com o tal do Ronda, a maior falácia em termos de programa de prevenção em segurança pública. Associado a este caos ninguém viu nada, ninguém sabe nada. Repórteres filmando a cena do crime e nas imagens uma multidão de curiosos, crianças e adolescentes gritando, pulando, gesticulando, comemorando o trágico desfecho de uma vida perdida, como se fosse a coisa mais banal do mundo o assassinato de uma pessoa, um homicído.

A prova da falência moral do ser humano, exposta ao vivo e em cores nas emissores locais de TV. À noite, logo no seu início, mais programa policial com exibição de cenas terríveis de violência. Uma cultura que se cria no Estado e que promove a banalização da violência. Enquanto isso à corrupção corre solta em todas as esfera de poder. Este é o Brasil que temos.