sábado, 2 de agosto de 2014

Máfia dos transplantes em Poços de Caldas segue impune. Envolvidos têm ligações políticas com o PSDB e o candidato Aécio Neves.

O caso Paulinho, assassinado numa mesa de cirurgia para retirada de órgãos, por médicos de uma central clandestina montada em Poço de Caldas e com ligações políticas com o PSDB e com o candidato Aécio Neves. 

Baixe o livro escrito pelo pai, Paulo Pavesi, diretamente da Itália onde se encontra exilado.


Recomendo insistentemente que se alguém tem preocupações com justiça, for pai ou mãe de família, leia o relato de Paulo Pavesi sobre o assassinato de seu filho em mesa de cirurgia para retirada de órgãos em um hospital de Poço de Caldas, Minas Gerais, por uma quadrilha de médicos com ligações políticas com o PSDB e com o candidato Aécio Neves.

Esse caso expõe a vergonha que é a justiça de Minas, os conluios entre autoridades para livrarem os envolvidos da punição, sumiço de documentos que ajudaria a esclarecer o caso, na tentativa canhestra de evitar que provas apareçam, o papel deprimente do Ministério Público, da PF, da Polícia Civil, da Defensoria Pública, da imprensa local, o assassinato de testemunhas, a abertura de uma CPI no Congresso Nacional, bem como a luta inglória de um pai movido por intenso sentimento de amor ao filho assassinado, lutando por justiça, sofrendo ameaças, sendo alvo de inúmeros processos e tendo que refugiar-se na Europa, em busca de asilo, concedido pelo governo italiano.

14 anos são passados e os acusados permanecem impunes. O juiz responsável pelo julgamento deu recentemente entrevista a Carta Capital, contando das "estranhezas do caso" e dos poderes invisíveis que impedem que a justiça seja feita.

Confesso que não consegui segurar as lágrimas com tamanho sofrimento do pai e família e revolta com a desumanidade dos médicos envolvidos, uma tremenda falta de respeito e amor ao próximo, ainda mais que foram agraciados com uma placa pelos pais do menino por eles assassinado, em agradecimento pela solidariedade que prestaram a seu filho, sem saberem que estavam homenageando os próprios assassinos.

Aqui o link da entrevista do juiz a Carta Capital: (http://www.contextolivre.com.br/2014/08/juiz-da-mafia-dos-transplantes-cita.html) Abaixo o livro denúncia publicado por Paulo Pavesi de seu exílio na Europa.


O “manchetômetro” e a imprensa partidária, por Luciano Martins Costa

Do Observatório da Imprensa


Por Luciano Martins Costa
Folha de S. Paulo acaba de descobrir que o racionamento de água que ocorre em São Paulo é racionamento mesmo, e não efeito colateral de obras de manutenção da rede. Essa constatação faz a manchete do jornal nesta sexta-feira (1/8): “Ação de SP na crise da água equivale a racionamento”.
No texto que se segue, o leitor fica sabendo que o racionamento que sofre na prática há um mês também é racionamento na teoria. O diário paulista só percebeu que o racionamento de fato é também um racionamento em termos técnicos quando alguns bares da Vila Madalena, região da boemia frequentada por jornalistas, tiveram que fechar por falta de água.
A nova interpretação da Folha para a crise de abastecimento chama atenção porque acontece ao mesmo tempo em que o jornal anuncia uma campanha para esclarecer aos leitores seu posicionamento diante de alguns temas tidos como importantes: casamento gay, pena de morte, cotas raciais, política econômica, aborto e legalização de drogas. A direção do jornal quer mostrar que, embora tenha posições claras sobre os assuntos, abre espaço para opiniões divergentes.
 Essa mudança responde em parte a especulações feitas por protagonistas das redes sociais sobre a persistência da Folha de S. Paulo em pressionar o senador Aécio Neves (PSDB), candidato a presidente da República, a dar uma explicação para o caso do aeroporto privado feito em Minas Gerais com dinheiro público quando ele era governador do Estado.
Foi a Folha que revelou essa história, obrigando os outros jornais a seguirem a pauta, e o veículo que mais mantém o assunto em evidência. Com a insistência do jornal paulista, Aécio Neves finalmente admitiu que usou o aeroporto “algumas vezes” e, nesta quarta-feira, acusa a Agência Nacional de Aviação Civil de atrasar a homologação do campo de pouso, o que pode ter feito com que ele, “inadvertidamente”, usasse as instalações irregulares.
No mesmo dia, em editorial, a Folha exige mais explicações, acusa o ex-governador de haver privilegiado a cidade onde sua família possui terras, observa que a obra “no mínimo, é conveniente para ele e seus parentes” e conclui que a questão “não está mais que esclarecida”, como quis Aécio.
O Brasil da imprensa vai mal
Alguns leitores escrevem comentários dizendo que o jornal paulista se descola de seus concorrentes, que poupam quanto podem o candidato tucano. No entanto, é mais fácil explicar a aparente guinada da Folha em dois aspectos: o jornal sempre foi muito próximo do ex-governador José Serra, que, embora correligionário, não tem qualquer entusiasmo pela candidatura de Aécio Neves; a Folha, como os outros diários de circulação nacional, segue demonstrando seu partidarismo em favor do PSDB em outros aspectos, principalmente no que se refere aos problemas de São Paulo.
Se não fosse pela simples observação crítica que o leitor mais atento costuma fazer, o partidarismo dos principais diários do País vem sendo registrado por um grupo de pesquisadores da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Suas análises da valência das informações destacadas pela imprensa mostram uma dicotomia presente nas escolhas editoriais, que reforçam aspectos negativos ou positivos dos acontecimentos conforme os protagonistas.
O Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP) da UERJ demonstra, com seu “manchetômetro” (ver aqui), como os jornais blindaram Fernando Henrique Cardoso e expuseram Lula da Silva no passado recente, como tratam desigualmente o governo federal e o governo paulista, como as notícias sobre Aécio Neves são mais equilibradas do que o material referente à presidente Dilma Rousseff, bombardeada na proporção de 182 informes negativos para apenas 15 positivos, por exemplo, e como esse bombardeio se intensifica no período eleitoral.
Além disso, o noticiário econômico apresenta um resultado consolidado de mais de 90% de notícias negativas, numa linguagem dicotômica e com poucas nuances, “interpretando os fatos e dados econômicos como sinais de uma crise, ou em andamento, ou prestes a acontecer”.
Os gráficos da cobertura agregada dos três jornais, por exemplo, mostram que a economia teve em julho 97,6% de notícias negativas contra apenas 2,4% de notícias positivas.
Se o Brasil fosse o que mostra a imprensa, estaríamos todos mortos de fome.
Essa é uma das evidências de que a imprensa hegemônica rompeu com o jornalismo.
http://jornalggn.com.br/noticia/o-%E2%80%9Cmanchetometro%E2%80%9D-e-a-imprensa-partidaria-por-luciano-martins-costa

Esqueça Salomão: o templo de Edir Macedo é um tributo a um vendedor excepcional

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O Templo de Salomão, erguido por Edir Macedo em homenagem a si mesmo, marca uma nova fase em sua carreira de religioso — e, sobretudo, de vendedor excepcional.
É um símbolo de seu triunfo e de sua corporação, a Universal. Surge também num momento em que, de acordo com o IBGE, a organização cede fieis para outras denominações neopentecostais.
A inauguração do monstrengo contou com a presença de Dilma, Temer, Alckmin e outros políticos, numa demonstração de prestígio. O gigantismo da coisa impressionou os convidados: 100 mil metros quadrados de área total, 54 metros de altura, pedras importadas de Hebron, oliveiras do Uruguai, capacidade para 10 mil pessoas, uma arca de ouro nos moldes da que supostamente existia no primeiro templo — destruído, segundo a tradição, por Nabucodonosor em 586 a.C.
No bestialógico oficial, a construção se baseou em “orientações bíblicas”. O arquiteto Rogério Silva de Araújo afirma que os dados foram retirados de passagens do Velho Testamento e de “estudos realizados em Israel”. O prédio tem um selo de sustentabilidade, que não quer dizer nada, mas está lá. Tudo por 680 milhões de reais (sendo que 35 milhões foram economizados com um alvará de reforma).
O próprio bispo agora se apresenta de outra maneira. Para combinar com a casa, seu visual se aproxima mais ao de um rabino. Nos cultos, usa um talit (o manto ritual do judaísmo) e um solidéu. Deixou crescer uma barba de profeta.
Nem Salomão, nem Davi, nem Moisés: a figura mais apropriada a uma analogia com Macedo é a de um homem de negócios próspero. Edir Macedo é o Lobo de Wall Street dos evangélicos e seu templo é o iate que provava sua ascensão.
O Lobo era o apelido de Jordan Belfort, um investidor que enriqueceu aplicando, primeiro, pequenos e depois grandes golpes em desavisados. Lançou uma autobiografia que virou filme de Martin Scorsese no ano passado. Um picareta carismático que, entre 1989 e 1997, fez fortuna com fraudes na Bolsa.
Belfort era um vendedor extraordinário. Edir é isso, ao fim e ao cabo. Ele pode se vestir de rabino, mas essa permanece sua essência. Um vídeo gravado no fim dos anos 80, numa convenção da Universal, oferece uma amostra de seu talento. Ali estão as fundações do que levaria ao templo em São Paulo.
Diz ele aos pastores:
– Você tem que chegar e se impor: “Ó, pessoal, você vai ajudar agora na obra de Deus! Se você quiser ajudar, amém. Se não quiser ajudar, Deus vai arranjar outra pessoa pra te ajudar. Ou dá ou desce!”
– Você tem que ser o super-herói do povo! Você nunca pode ter vergonha. Não pode ter timidez. Peça, peça, peça! Tem que ser no peito e na raça! E se tiver alguém que não dê, tem um montão que vai dar.
No início do filme de Scorsese, o jovem Belfort encontra-se com seu primeiro chefe, Mark Hanna, que se tornaria uma espécie de guru. Hanna explica sua filosofia:
– Foda-se o cliente. Sua responsabilidade é colocar o dinheiro na mesa. Nós não criamos nada, não construímos nada. O nome do jogo é tirar o dinheiro do bolso do cliente e passar para o seu bolso.
Apanhado pelo fisco, Belfort perdeu o iate, a mansão, a Lomborghini branca e a mulher. O vendedor Macedo, mais esperto, fatura, fatura e ergue uma pirâmide. Perto dele, o Lobo de Wall Street é Lassie.

Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/esqueca-salomao-o-templo-de-edir-macedo-e-um-tributo-a-um-vendedor-excepcional/

Alckmin, Haddad e as escolhas da mídia

O texto abaixo, de Lino Bocchini, foi publicadono site da Carta Capital.
 Alckmin "inaugura" o volume morto do sistema Cantareira, em maio deste ano

Alckmin “inaugura” o volume morto do sistema Cantareira, em maio deste ano
No jargão jornalístico, “setorista” é o repórter que acompanha e escreve exclusivamente sobre algum tema. Quando Gilberto Kassab era prefeito de São Paulo, um conhecido jornal paulista não tinha nenhum setorista de Prefeitura. O que existia –e ainda existe—são repórteres especializados em transportes ou saúde, por exemplo. São profissionais que fazem matérias sobre sua área, seja qual for a instância de poder. Em janeiro de 2013, quando começou o governo Fernando Haddad, o mesmo jornal nomeou três setoristas de Prefeitura. Ou seja: a partir da mudança de comando na cidade, três profissionais deste veículo passaram a se dedicar exclusivamente a cobrir a Prefeitura de São Paulo.
No governo estadual, a realidade é outra. Não há na mídia convencional nenhum jornalista que se dedique exclusivamente a cobrir a administração Geraldo Alckmin (PSDB).
A diferença de tratamento é uma escolha das empresas de comunicação. A direção de cada rádio, jornal, revista ou TV que tem sede em São Paulo ou atua na cidade decidiu noticiar de forma crítica cada movimento da gestão Fernando Haddad (PT) e, em uma atitude oposta, deixar o governador Geraldo Alckmin “livre” ao tratá-lo com menor atenção e rigor editorial.
Essa linha editorial-ideológica dos “grandes” da comunicação explica, em parte, os resultados de pesquisas divulgadas nos últimos dias e que mostram uma má avaliação da gestão de Haddad e a tendência de reeleição em primeiro turno de Alckmin.
E estamos falando de uma gestão que está implantando corredores de ônibus e ciclovias pela cidade toda, implantou um programa inovador de apoio a usuários de crack, está combatendo o uso indiscriminado de Ritalina, aumentou a capacidade de reciclagem de lixo da cidade, garantiu a reabertura do cinema Belas Artes e aprovou um plano diretor elogiado até pelo MTST, entre outras medidas desses últimos 18 meses.
A gestão do petista Fernando Haddad tem seus problemas, claro. Chama a atenção, entretanto, o fato de ser a pior avaliada após um ano e meio de governo desde a de Celso Pitta (1997-2000). Segundo pesquisa Datafolha divulgada no último dia 18 de julho, 47% da população considera a atual gestão municipal “ruim” ou “péssima”, e apenas 15% a aprovam.
Como comparação, a gestão José Serra foi a mais bem aprovada desde que o instituto começou a fazer esse tipo de pesquisa, na gestão Jânio Quadros (1986-1988). O tucano ficou à frente do poder municipal de São Paulo por apenas 13 meses e abandonou o cargo para concorrer ao governo estadual, deixando a prefeitura para Gilberto Kassab. Mesmo seus eleitores têm dificuldade de lembrar qualquer realização de seu breve governo e, mesmo assim, Serra teve sua administração classificada como “ótima” ou “boa” por 56% dos entrevistados.
Agora vejamos o governo estadual. Entre idas e vindas, Alckmin está em seu 9º ano no comando do Palácio dos Bandeirantes. O PSDB está por lá desde 1995. Com duas décadas de partido único, São Paulo é o estado brasileiro com menor alternância de poder dentre os 27 entes da federação.
A gestão de Geraldo Alckmin é aprovada por 46% da população, e suas intenções de voto chegam a 54% no Datafolha. Os números são semelhantes em outros institutos e lhe garantiriam uma folgada vitória no primeiro turno caso a eleição fosse hoje.
Crise inédita de falta de água, violência policial, sensação de insegurança da qual boa parte da população reclama, valor dos pedágios, metrô em marcha lenta, denúncias de corrupção (Alston, Sabesp etc), maior crise financeira da história da USP, presídios e Fundação Casa super lotados, Santa Casa quase fechando as portas… nada “cola” no governador, parece ser tudo culpa de um genérico “poder público”.
Esses assuntos estão no noticiário, mas com muito menos frequência e de outra forma do que no caso de eventuais problemas da gestão Haddad, e raramente associados ao nome do governador. Pelo noticiário, a impressão que se têm é que a falta de água é um problema divino, e há quem acredite que a crise da Santa Casa ou a lentidão do metrô “é culpa da Dilma”. Perceba a diferença entre os títulos “Falta de planejamento do Estado causa falta de água” e “Falta de planejamento de Alckmin causa falta de água”. Como já disse Paulo Francis, “jornalismo é uma questão de ênfase”.
Um amigo não petista e eleitor de Marina costuma dizer que “os problemas do governo do Estado só vão ser noticiados se o Padilha ganhar”. A ironia traz um fundo de verdade. Alguém acredita que, em caso de vitória do petista Alexandre Padilha, o Palácio dos Bandeirantes seguirá sem um único jornalista especialmente destacado para vigiá-lo?
Não há problema algum nessa postura da mídia. Cada veículo tem suas preferências políticas e posições bem definidas. É assim no mundo todo. O que varia é o grau de transparência e honestidade com o leitor. O problema é que a imprensa brasileira, e particularmente a paulista, não reflete a diversidade de ideias encontrada na sociedade. Ela segue uma lógica editorial que contempla apenas uma parcela da população.
Os veículos em geral escondem suas intenções por detrás de um verniz de uma suposta imparcialidade que ainda ludibria boa parte dos leitores. Se todos jogassem limpo e revelassem suas posições, como acontece, por exemplo, na mídia dos Estados Unidos e da França, pelo menos o jogo ficaria mais honesto e o leitor não compraria gato por lebre.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/alckmin-haddad-e-as-escolhas-da-midia/

Sininho e o dia seguinte na Terra do Nunca.

Sininho como representação e o desencanto de uma geração adultescente que acreditou na inconsequência como ação de transformação revolucionária da realidade.
Não há como não se enternecer, de alguma forma, com a figura da personagem Sininho. Traz em si a figura da filha adolescente, frágil e radical.
Até o codinome – Sininho – lhe cai apropriadamente bem. Uma personagem que saiu da “Terra do Nunca” da internet e inspira a tropa dos “meninos perdidos” na sua tentativa de alcançar a utopia pela destruição do mundo real.
Sintomático dos dias atuais é que há Sininho e há meninos perdidos, mas não há um Peter Pan. Sininho é a líder dos meninos perdidos.
Mas Sininho é uma ficção. Não é professora, não é sindicalista, não é bailarina, não é socialite. É qualificada ora como “ativista”, ora como “produtora cultural”.
Seu cavalo, Elisa Quadros Sanzi, no entanto, chegou à casa dos trinta, muito provavelmente com formação superior e tendo recebido da família a estrutura necessária para ser, hoje, uma jovem adulta de quem se espera a consequência nas ações.  E a consequência é o que se espera de adultos, mesmo, e talvez principalmente, em ações que busquem a transformação da realidade.
O oposto disso é a principal característica do que chama “movimento” – a inconsequência.
Quem forma esse movimento?
Anarquistas de internet, carbonários anacrônicos, incendiários saídos da Academia ou de histórias em quadrinhos, punheteiros imberbes, a criminalidade comum e os oportunistas de toda ordem.
Isso forma um movimento?
Lênin – Vladimir Ilitch Ulianov, já dizia que batatas dentro de um saco formam um saco de batatas, mas não formam uma organização.
Pena que Sininho e seus amigos não tenham lido “Esquerdismo, doença infantil do comunismo”.
Teriam aprendido com um mestre revolucionário que a transformação do mundo se faz num passo-a-passo onde a revolução não é sequer o primeiro passo, quanto mais o último ou o fim.
A transformação do mundo não é nada divertida. Assemelha-se mais ao trabalho de operários.
Ao invés disso, Sininho e seus amigos retomaram o grito de “não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos”. E o que não queremos é o sistema – seja lá o que entendam como sendo “o sistema”.
Nada disso é novo. Quem empunhava essa bandeira aos dezoito anos hoje já está na terceira idade – é provavelmente um aposentado de 65 anos. Isso se sobreviveu a “sexo, drogas e rock and roll”.
Lutar contra o sistema traz em si um dilema a ser resolvido de antemão, quando não um paradoxo. Quando se destrói o sistema, algo deve ser colocado, ou se coloca por si próprio, em seu lugar. E, então, outro sistema se estabelece.
Essa é a lição de Lenin que Sininho e seus amigos não aprenderam.
Na Terra do Nunca não há dia seguinte, logo, não há um sistema a ser substituído por outro sistema. Mas Sininho e seus amigos não estão mais na Terra do Nunca, foram trazidos a força à terra dos homens.
Não admira que estejam todos sem chão diante da responsabilização judicial. O que esses “revolucionários” esperavam das forças da repressão, das forças do partido da ordem? Que se se limitassem a fazer a segurança do playground e os deixassem brincar em paz?
Interessante também é notar que essa geração é ingênua a ponto de não ter percebido o quanto a sua ilusão de transformação radical foi instrumentalizada pelo reacionarismo.
Serviram a quem interessava criar um ambiente de instabilidade que ajudasse a enfraquecer o governo da esquerda democrática para facilitar o retorno ao poder do conservadorismo.
Sininho e os meninos perdidos não são mais úteis a essas forças. Podem ser descartados.
Aprenderão da pior forma que o Judiciário é o lixeiro do sistema ao qual serviram pensando que o estavam combatendo.

http://jornalggn.com.br/blog/sergio-saraiva/sininho-e-o-dia-seguinte-na-terra-do-nunca-0