segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Rogério Correia se solidariza com tuiteiros perseguidos por Aécio





Devido às suas posições, Rogério Correia já foi perseguido por Aécio; o PSDB tentou cassar seu mandato

Nota em solidariedade aos 66 twitteiros perseguidos por Aécio Neves

O mandato Rogério Correia vem a público prestar solidariedade aos 66 internautas perseguidos pelo candidato Aécio Neves por, supostamente, disseminar em suas contas pessoais na rede social Twitter o que, de acordo com o candidato, seriam “mentiras e ofensas” contra ele. A ação judicial impetrada pelo candidato do PSDB contra o Twitter traz argumentos jurídicos falaciosos para, mais uma vez, colocar em prática a política de censura e perseguição já levada a cabo por Aécio e seus aliados em Minas Gerais.

A medida judicial, com “ares de ditadura”, não é nenhuma novidade para os mineiros, que vivem sob um Estado de Exceção frequente há anos. Enquanto deputado de oposição na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, acompanhamos casos escabrosos, como o do jornalista Marco Aurélio Carone, preso preventivamente há mais de seis meses por tentar violar a censura aecista ao publicar em seu jornal online denúncias contra o tucano.

Fui, junto com o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), um dos fundadores do Bloco Minas Sem Censura, que já trazia no nome a vontade política de acabar com o Estado de Exceção tucano em Minas Gerais. Denunciamos a subserviência dos órgãos fiscalizadores do Estado (Ministério Público e Tribunal de Contas) às administrações tucanas e o papel vergonhoso da imprensa mineira, controlada com mãos de ferro pela irmã de Aécio, Andrea Neves.

Por nossas posições, também fomos perseguidos. Mais uma vez na tentativa de desqualificar denúncias feitas contra o governo Aécio, o PSDB já pediu a cassação do meu mandato e, hoje, lutamos bravamente para conseguir uma linha sequer em qualquer grande veículo da imprensa mineira.

A corrida presidencial vem mostrar ao Brasil a verdadeira face de Aécio, já conhecida por muitos em Minas: a de déspota político, que tem na censura e na perseguição a adversários suas principais armas para sua manutenção no poder. É um alívio que as recentes pesquisas eleitorais demonstrem que o brasileiro sabe bem o que não quer, excluindo qualquer possibilidade de que o Estado de Exceção tucano se estenda para todo o país.

Aos internautas perseguidos por Aécio, desejo toda a força para seguirem lutando contra o bloqueio tucano na mídia e colocando seus blogs e redes sociais a serviço da liberdade de expressão. Censura nunca mais! Abaixo a criminalização dos que ousam dizer a verdade!

Belo Horizonte, 08 de Setembro de 2014.

Deputado Estadual Rogério Correia 


http://www.viomundo.com.br/denuncias/rogerio-correia-solidariza-se-com-tuiteiros-perseguidos-por-aecio-censura-nunca-mais.html

O passo a passo de cada mudança de Marina



Gustavo Castañon afasta-se do PSB: Marina Silva, a candidata da mudança, está em liquidação

por Gustavo Castañon, especial para o Viomundo

Há um sentimento de mudança no ar. 12 anos de governo do PT desgastaram o partido na opinião pública. É natural. As contradições inevitáveis do exercício do poder, a relação com um congresso fisiológico, os interesses contrariados, os acordos inerentes à democracia, os escândalos. É mesmo surpreendente que chegue ao cabo desse período ainda como o partido de um quarto dos brasileiros e tendo o voto de metade deles.

Nesse cenário, surge a candidatura de Marina Silva, que encarna, sem sombra de dúvidas, a mudança, como provarei com os links abaixo. A começar pela mudança do cenário eleitoral. Depois de um suspeito desastre de avião (que alguns acreditam se tratar de assassinato), Marina assumiu o lugar de Eduardo Campos como a candidata do PSB à presidência.

O compromisso de Marina com a mudança não é recente. Ele já se deixava sentir quando ela mudou de religião há poucos anos, abandonando o catolicismo de opção pelos pobres e abraçando o fundamentalismo da Assembleia de Deus, que tem entre seus quadros Silas Malafaia eMarcos Feliciano, e acredita que discursos inflamados e emissões vocais desordenadas são manifestações do próprio Espírito de Deus.

Depois Marina mais uma vez mudou quando saiu do PT por ter sido preterida na disputa interna do partido pela candidatura à presidência. Desde então ela iniciou um processo de mudança de crenças políticas que a tornou uma opção para os grandes meios de comunicação, os bancos e a classe média alta.

Primeiro mudou-se para o PV, ganhou apoio do Itaú, finalmente concorreu à presidência, perdeu, mas não desanimou. Tentou mudar o então partido assumindo-lhe o controle, mas como não conseguiu, mudou de novo e tentou criar a Rede. Também não conseguiu apoio suficiente para criar um novo partido,e então mudou-se, de novo, para o PSB.

A ecologista aproveitou a mudança e mudou-se para um apartamento em São Paulo, de um fazendeiro do DEM.

Num golpe de sorte, também mudou de ideia na última hora e não embarcou com Eduardo no jato que o matou. Logo depois da tragédia, Marina mudou do papel de vice para o de viúva, declarando ter sido  consolada da morte de Campos pela própria esposa dele. Com a má repercussão da declaração, ela mudou de postura e apareceu sorridente em seu velório posando para fotos ao lado de seu caixão.

E a mudança não parou mais. Mudou o CNPJ da campanha para não ser responsabilizada pelas irregularidades do jato fantasma de sua campanha nem indenizar as famílias atingidas pela tragédia. A pacifista mudou seu compromisso da “Rede” que proibia os candidatos pela legenda de receber doações de indústrias de agrotóxicos, de armas e de bebidas, e compôs chapa com o deputado federal Beto Albuquerque, político integrante da “bancada da bala”, financiada pela indústria bélica. Ele também é financiado por fabricantes de bebidas e agrotóxicos.

E mais mudança veio com um programa de governo que contrariava toda a sua história.

Prometeu ao Brasil a volta da gestão econômica do PSDB. Mudou a sua posição contrária à independência do Banco Central para garantir o apoio dos bancos brasileiros.

Mais do que isso, prometeu mudar a legislação trabalhista promovendo a terceirização em massa, e prometeu acabar com a obrigatoriedade de função social de parte do crédito bancário,enterrando o crédito imobiliário. Mas isso não era mudança suficiente. Depois de quatro tuítes de Silas Malafaia  mudou a mudança do programa e se declarou contra o casamento gay.

Depois de um editorial do Globo, também mudou a sua posição sobre o pré-sal, que prometera abandonar, e depois, mudou a posição sobre a energia nuclear. Depois de uma vida de batalha contra os transgênicos, Marina, pressionada pelo agronegócio, também mudou e afirmou que sua posição histórica era uma “lenda”.

Mudou também sobre a transparência política. O ministro Palocci caiu por não revelar os nomes das empresas que contrataram seus serviços antes do governo. Mas ela hoje, candidata, se nega a dizer a origem de 1.6 milhões de seus rendimentos, e declarou um patrimônio de somente 135 mil reais ao TSE. Uma senadora da República.

Finalmente, há três dias Marina mudou sua opinião sobre a tortura, que antes considerava crime imprescritível, e passou a ser contrária a revisão da lei de anistia.

Na semana passada, ganhou o apoio do Clube Militar. Marina muda tanto que acabou por declarar seu programa de governo todo em processo de revisão. Isso é realmente novo na política. Ela é a primeira candidata da história do Brasil que descumpre seu programa de governo antes de chegar ao poder.

Por tudo isso, não restam dúvidas que Marina é a candidata da mudança. Ela muda sem parar. Essa é sua “Nova Política”, uma mudança nova a cada dia. Não é possível acompanhar a labilidade de seu caráter ou de sua mente. Ou ela mente. Não importa. O que importa é que Marina representa a mudança, a mudança de um Brasil aberto e tolerante para um Brasil refém da intolerância fundamentalista, de um Brasil voltado para sanar sua dívida com seu povo pobre para um Brasil escravo de seus bancos, de um Brasil democrático para um Brasil mergulhado em crise institucional.

Por isso eu mudei também. Entrego essa semana meu pedido de desfiliação do PSB e cerro fileiras contra essa terrível mudança que ameaça nosso país. Não é possível submeter o Brasil a essa catástrofe. Marina Silva é uma alma em liquidação. Por um bom acordo eleitoral vende qualquer convicção. Mas aproveitem logo. Essa promoção é por tempo limitado.

Gustavo Castañon é filiado ao PSB desde 2001. Doutor em Psicologia e professor de Filosofia na Universidade Federal de Juiz de Fora.

http://www.viomundo.com.br/politica/gustavo-castanon-se-desfilia-psb-em-liquidacao-marina-candidata-da-mudanca.html

Eu, ex-cotista, “vagabunda”

O texto abaixo, de Gabriela Araújo, foi publicado em seu blog, gabinoica.
A autora
A autora
Eu não vou conseguir ser linear, mas espero que entendam os pormenores desta história íntima. Eu morei 10 anos em Londrina, no norte do Paraná, em um bairro de periferia chamado Jardim Leonor e estudava em uma escola estadual.
Na época não era assim muito comum ter sonhos além de chegar ao final do ensino médio, então a falta de credibilidade das pessoas em mim já começava aí. As pessoas, menos a minha mãe. Quando eu tinha 16 anos decidi mudar de período na escola, indo do matutino ao noturno, para que assim tivesse um tempo para trabalhar e pagar o cursinho pré-vestibular. E isso já era uma audácia muito grande: desejar ingressar na Universidade Estadual de Londrina.
A minha mãe não deixou que eu seguisse com estes planos, dizia que seria pesado demais conciliar trabalho e escola, e me sobraria pouco ou quase nenhum tempo livre pra diversão e coisas de adolescente. Por isso eu comecei a tentar estudar em casa mesmo, só com os materiais da escola – internet era um luxo inimaginável. Na verdade, nem computador eu tinha, e não tinha vaga ideia de quando eu teria um. A minha mãe trabalhava como costureira autônoma.
Tudo isso para explicar que: era impossível pagar cursinho, era impossível pagar escola particular e o que eu tinha era um punhado de livros e o sonho de ingressar no curso de Relações Públicas da UEL. Essa era uma situação risível no meio onde eu vivia. O ensino superior não era um direito de todos. Nós, que estávamos às margens da cidade, geralmente acabávamos por servir os que estavam no topo. Era muita audácia da minha parte.
Para encurtar esta parte da história: Em fevereiro de 2005 eu fui a uma festa promovida pela rádio pop local, que divulgaria o resultado do vestibular ao vivo, e quando eles distribuíram o jornalzinho do resultado (patrocinado pelo maior colégio particular da cidade, risos), meu nome estava lá, e naturalmente minha mãe chorou quando recebeu a notícia por telefone, um celular que eu peguei emprestado de um amigo.
Estaria tudo ok se não fosse um porém: eu era cotista. Isso aí é como se eu carregasse alguma placa em neon piscante dizendo que eu não pertencia àquele lugar. Desde o começo eu ouvi manifestações hostis de pessoas que diziam abertamente que eu não deveria estar ali, pelos seguintes motivos:
– Elas estudaram muito, pagaram 2, 3, 4 anos do cursinho mais caro da cidade justamente para terem mais chance.
– Um possível mau desempenho meu atrasaria a turma toda.
– É racismo inverso contra brancos (sic).
– Cria vagabundos.
Eu queria explicar estes pontos de maneira ponderada e organizada, mas não dá. A explicação vai vir bagunçada, tal como a bola de ódio nutrida contra cotistas nas turmas de 2005 da Universidade Estadual de Londrina.
Pra começar, vocês precisam entender que eu não acredito no sistema de vestibulares como seleção de pessoas inteligentes e aptas a esse grande portal de suposição de superioridade intelectual chamado Universidade. Pra mim, o ensino deveria ser universal. E para o vestibular nós nos matamos para compreender ou decorar coisas que às vezes fazemos questão de esquecer o mais rápido possível, porque temos (ou deveríamos ter) direito de escolher as áreas que gostamos mais.
Meus conhecimentos em química evaporaram tão rápido quanto perfume ao sol. Mas em mim ficou a Geografia Política, que eu fazia questão de ser a melhor aluna da sala, História, Literatura e os idiomas. E era isso que eu queria continuar estudando. O vestibular é um funil desgraçado e cruel.
As escolas moldam crianças e adolescentes para passarem em provas “difíceis”, abordando questões pouco compreensíveis e ignorando toda a realidade social, só para estampar a cara do aluno vencedor e fazer dele uma mídia espontânea, que trará mais alunos para a escola e, assim, mais dinheiro.
Conhecimento pode ser adquirido, mas não deveria ser tão difícil. Desde mensalidades, até preços de livros, é tudo um grande obstáculo. Quem trabalha com educação sabe disso ainda melhor do que eu, por ter uma visão global e maior conhecimento sobre a influência econômica no sistema educacional. Mas a prática não deixa muita dúvida: educação é para quem pode comprar.
Sobre o racismo inverso a gente finge que não ouviu, pro bem da nossa saúde mental. E se insistirem, uma aula explicando o massacre das populações negras deveria ser suficiente. Se não for, é porque o ouvinte é mau-caráter, mesmo. E também me surgia a dúvida: a pessoa estuda 4 anos em escola particular e culpa uma cotista de ter roubado a vaga? Não soa razoável. Mas dinheiro ainda importava.
Aí vem a nova parte da minha novela.
Sobre a vagabundagem cotista: possivelmente a acusação mais esdrúxula neste mar de chorume racista. O curso de Relações Públicas não é dos mais caros. Os livros saem por cerca de 40 reais. A exceção são os livros de Economia e Marketing que, às vezes, passam dos 100. Mas todo aquele volume de xérox começou a falir a conta bancária que eu já não tinha. E, em certos dias, eu precisava escolher entre pagar 3 reais de passagem de ônibus ou usar estes mesmos 3 reais para comprar comida. Dentro do ambiente acadêmico, porém, o desempenho era equivalente. Eu não sentia que era menos capaz do que meus colegas oriundos de escolas particulares.
Então eu ingressei em um projeto chamado Afroatitude, que unia alunos cotistas de 10 universidades públicas:
“O Programa Nacional Afroatitude propicia aos alunos negros bolsas para desenvolverem projetos com os temas: Cultura e População Negra/Discriminação Racial, Vulnerabilidade Social, Prevenção das DST/AIDS e Direitos Humanos. Na UEL, o relatório final dos bolsistas Afroatitude que participaram de projeto de iniciação científica (2005-2007) deu-se com a entrega de um artigo sob supervisão do orientador.
Os trabalhos foram surpreendentes, considerando que se tratavam de alunos da primeira série, que descortinavam um mundo extremamente novo em relação ao seu cotidiano, quer como vivência em sala de aula, quer como participação em projetos.”
Fonte: http://www.uel.br/revistas/afroatitudeanas/?content=apresentacao.htm
Com este projeto eu entrei em contato com a cultura negra, o que me era inédito, usei o dinheiro da bolsa pra comprar o primeiro computador da minha vida, estudei a vulnerabilidade da população negra e isso serviu de estopim pra tudo o que eu sou hoje. Apoiados pela Secretaria dos Direitos Humanos do Governo Federal, nós tivemos a chance de estudar a influência e as carências das populações negras das regiões em que vivíamos, e pudemos finalmente ter a noção do tanto de trabalho que ainda havia a ser feito.
Eu não sei se consigo ser objetiva neste ponto e explicar direito a importância deste projeto em minha vida. Digamos que minha intelectualidade ganhou na loteria acumulada. Muita riqueza de informação. Em paralelo a isso, eu queria entender por que alguns colegas insistiam que eu e meus demais amigos cotistas éramos inúteis e tão dispensáveis, e por que não deveríamos estar ali.
Na época era algo que eu não conseguia nem começar a explicar, e me restava ficar calada em situações constrangedoras, como quando pessoas riram ao assistir “Quanto Vale? Ou é por quilo?”, chamando objetos de tortura de escravos de “enfeite pra cara”.
Me deem um desconto, eu era uma piveta de 17 anos sem muito acesso à informação. Felizmente, 4 anos foram suficientes pra provocar uma tormenta em mim, que me deixou cada dia menos tolerante a provocações racistas.
Eu me formei em 2008, sem ter a minha foto de criança exposta no painel da festa, como meus outros colegas, por eu não ter conseguido pagar a festa. Eu fui como convidada de uma amiga.
Eu me formei odiando festas de formatura e me sentindo deslocada.
Mas o que é importante dizer que cotas funcionam, sim. E incomodam, também. Incomodam porque provam que vestibular não serve mais pra nada, e porque “mescla” um ambiente que, até 10 anos atrás, era homogêneo. Branco.
As cotas provam que elite intelectual é um termo inventado para deprimir e assustar aqueles que não possuem grandes quantias de dinheiro para serem gastas em escolas que vendem mais imagem do que conhecimento. Ou para manter estas pessoas longe da preocupação da escola pública, porque afinal, pra que se preocupar com a escola da filha da empregada se a tua cria pode estudar no palácio do centro?
Como costureira, empregada e babá, a minha mãe passou a vida construindo sonhos comigo. O sistema de cotas me ajudou a realizar um deles, Mas esta é a visão individualista, e vocês precisam entender o impacto global disto. Sendo cotista, eu ingressei em um excelente curso de uma excelente instituição, recebi um tsunami de cultura negra que me empoderou de uma forma que eu nem imaginei que fosse possível.
Já formada, eu passei a me preocupar em ser uma multiplicadora, levando pra frente o que eu aprendi com o Afroatitude, e faço questão de empoderar cada jovem negro que passa pela minha vida. Com o sistema de cotas eu enfrentei a sociedade mimada, acostumada a ser bem dividida entre os que nasceram pra servir e os que nasceram pra serem servidos, e eu trabalho até hoje contra segregação racial. E vou continuar trabalhando enquanto meu corpo e minha mente permitirem.
Como profissional de Relações Públicas, aos 24 anos eu alcancei a posição de gerência da empresa onde trabalhei. Não me soa nada ruim.
Eu voltei a estudar em 2010, desta vez escolhi aprender a ler, escrever e falar árabe coloquial e árabe clássico. Estudei cinema árabe, literatura árabe, filosofia árabe, história árabe.
O sistema de cotas para negros é bem simples de entender, ele é feito para a inserção de pessoas negras na universidade. Ele não substitui a necessidade de repensarmos a educação de base, mas impede que a disparidade racial do país aumente. O sistema de cotas não é outra coisa, senão um sistema inclusivo.
Também é leviano chamá-lo de “esmola governamental”, porque uma das obrigações do governo é justamente zelar pelo bem estar de seus cidadãos, e os cotistas estão apenas utilizando um direito, que é o de estudar. Errado é achar que, porque estas pessoas não tiveram 1.500 reais por mês durante 15 anos, não merecem entrar pelos portões da frente do ensino superior. O sistema de cotas incomoda porque mostra que dinheiro pode comprar coisas, pode até comprar gente, mas não pode comprar humanidade.
E, por falar em conhecimento, um sem-número de artigos já explicaram a real eficiência desta solução, então não é difícil a compreensão.
Há também quem busque invalidar toda a experiência dos cotistas, afirmando que a única solução correta e eficiente seria a reforma total do ensino de base, apenas. Eu talvez preste atenção nisto no dia que todos os pais puderem educar seus filhos com as mesmas condições econômicas, e isso inclui os empregados de quem desqualifica os cotistas.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/eu-ex-cotista-vagabunda/

Lá no Brasil invisível



Em uma viagem pelo interior mais pobrezinho do Nordeste, este jornalista deu com uma cena que então parecia meio exótica. Crianças alimentadas, numa barulheira alegre, lotavam um ônibus escolar amarelo como aqueles de filme americano, mas estalando de novo.

De onde saíra aquilo? Na lataria, estava escrito: "Programa Caminho da Escola - Governo Federal". O jornalista confessa com vergonha que até este ano jamais ouvira falar do "Caminho da Escola". Além do mais, tende a desconfiar de que alguns desses programas com nomes marqueteiros sejam ficções, que existam apenas naquelas cerimônias cafonas de anúncios oficiais.

O "Caminho da Escola", porém, financiou quase 26 mil ônibus desde 2009, em mais de 4.700 cidades. Digamos que os ônibus carreguem 40 crianças cada um (deve ser mais). Dá mais de 1 milhão de crianças. Conhecendo a falta de dinheiro e as distâncias das escolas nos fundões do país, isso faz uma diferença enorme.

Daqui do centro rico de São Paulo, o Brasil, esse país longínquo, e muitas ações do governo parecem invisíveis. Quase ninguém "daqui" dá muita bola para programas populares dos governos do PT até que o povo miúdo apareça satisfeito em pesquisas eleitorais.

Juntos, tais programas afetam a vida de dezenas de milhões de pessoas, tanto faz a qualidade dessas políticas, umas melhores, outras nem tanto, embora nenhuma delas seja nem de longe tão ruim quanto a política econômica.

Quem "daqui" conhece o Programa Crescer (Programa Nacional de Microcrédito)? Existia desde 2005, foi reformado por Dilma Rousseff em 2011, quando passou a contar com crédito direcionado e juro baixo, ora negativo (5%, abaixo da inflação).

O Crescer já financiou o negociozinho de 3,5 milhões de pessoas, um terço delas recipientes de Bolsa Família. Tem uma versão rural, mais antiga, mas vitaminada nos governos do PT, o Pronaf, que ofereceu crédito a juro real ainda mais baixo a 2,2 milhões de agricultores pequenos na safra 2012/13.

O Pronatec já é mais falado, mas pouco conhecido (até mesmo pelo governo, que só agora começou a fazer uma avaliação de resultados). Irmão mais novo e em geral grátis do universitário Prouni, trata-se de um conjunto variadíssimo de ações que procura oferecer cursos profissionalizantes e técnicos (ensino médio).

Desde sua criação, foram mais de 5 milhões de matrículas (há evidências esparsas de grande evasão, de uns 20%, mas ainda falta estatística séria). A maioria das vagas é reservada para os mais deserdados dos brasileiros.

Reportagem desta Folha mostrou que os 13 mil médicos do Mais Médicos devem estar ao alcance de cerca de 46 milhões de pessoas no ano que vem. Não é uma política ampla de saúde, está claro. Mas, outra vez, vai resolver muito problema de muita gente deserdada desta terra.

O Minha Casa, Minha Vida já entregou 1,32 milhão de casas; tem mais 1,6 milhão contratadas. Beneficia 4,6 milhões de pessoas.

Junte-se a isso tudo as já manjadas transferências sociais, em dinheiro, crescentes em valor e cobertura. É muita gente "de lá" beneficiada. Goste-se ou não do conjunto da obra, o efeito social e político é enorme.

A gente "daqui" precisa visitar mais o Brasil.

Acreditem. Esse artigo foi escrito pelo colunista da Folha Vinicius Torres Freire

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2014/09/la-no-brasil-invisivel.html

Economista da Marina confessa que planeja desemprego em massa em 2015.


Na capa do jornal Valor Econômico de 08/09/2015
Um dos braços direitos de Marina Silva (PSB) na área econômica, Eduardo Giannetti, defendeu um "ajuste agudo e rápido" para agradar o mercado financeiro, inclusive ao banco Itaú.

"(...) Tendo a crer que vale a pena fazer o que precisa ser feito rapidamente", disse.

Traduzindo o "ajuste agudo": vai elevar juros e cortar investimentos em doses cavalares em 2015. Consequência: desemprego em massa.

Aumento em verbas sociais é conversa pra boi dormir.

Giannetti disse também que promessas contidas no programa de governo de Marina Silva, como aumento de verbas para programas sociais, não poderão ser cumpridas tão cedo pois dependerão do que sobrar no caixa do governo.

Em bom tucanês, Giannetti disse que as variáveis que vão determinar isso (o que sobra no caixa), são a arrecadação, crescimento e o "choque de gestão".

Ou seja, em primeiro lugar virá o pagamento de juros mais altos para o Itaú, depois virá arrocho de salários e aposentadorias do funcionalismo e do INSS, demissões e fechamento de vagas nos concursos e cortes em investimentos que geram empregos.

Curioso Giannetti usar o termo tucano "choque de gestão". Traduzindo, é o mercado financeiro ir bem, o povo ir mal e o estado acabar sucateado e depois quebrado.
http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2014/09/economista-da-marina-confessa-que.html

Quem ganha e quem perde com a 'escandalização' da delação premiada

AÉCIO NEVES OFICIAL/FACEBOOK
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Faltando menos de um mês para a eleição, Aécio Neves (PSDB) parece tão desesperado quanto o próprio delator
Paradoxalmente, se Aécio e a imprensa que o apoia conseguirem emplacar a pauta da escandalização, o quadro eleitoral pode voltar a ser parecido com aquele que havia antes da morte de Eduardo Campos 
por Helena Sthephanowitz 
Há uma escandalização da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa. Coberta de sigilo, com as gravações dos depoimentos criptografados, segundo o noticiário, nomes de políticos suspeitos – alguns são os suspeitos de sempre – estão nas páginas de uma revista, mas provas, que é bom, não foram mostradas.
Antes de mais nada, a delação é bem-vinda. Quem cometeu crimes que responda por eles. Mas precisa ter consistência. Até programas sensacionalistas de TV mostram exame de DNA quando há casos de “delação” de suposta paternidade.
O que não é bem-vindo é a escandalização forçada em matérias recheadas de adjetivos e suposições sem provas, sem o equivalente ao exame de DNA, ainda mais na véspera de irmos às urnas, o que ganha feições de golpes baixos de campanhas eleitorais sem escrúpulos.
Faltando menos de um mês para a eleição, Aécio Neves (PSDB) parece tão desesperado quanto o próprio delator, ao se lançar como beneficiário da escandalização. Isso porque no listão de políticos suspeitos montado pela revista Veja – sem nenhum documento, nem referência a fontes – não aparecem tucanos, por ora. O alvo da reportagem foi Dilma Rousseff (PT), por haver políticos da base governista, e Marina Silva (PSB), por incluir o nome do ex-companheiro de chapa, Eduardo Campos, entre os três governadores citados como envolvidos no suposto esquema.
Como Dilma é presidenta da República, o que ela deveria fazer? Exigir que a Polícia Federal (PF) investigue. Ué, mas isso já está sendo feito há muito tempo. Inclusive a delação acontece justamente nas dependências da PF, onde o delator foi preso há meses. Nesse contexto, Dilma tem como neutralizar o efeito político tentado contra sua candidatura, pois pode lembrar ao eleitor que as instituições de combate à corrupção em seu governo funcionam e existe um processo de depuração na política que nunca houve em governos anteriores. E é incomum haver em governos estaduais, fora da jurisdição federal. Talvez essa depuração seja a verdadeira “nova política”, pelo menos em parte, pois outra parte depende de reforma constitucional no sistema político.
A candidatura de Marina sofre danos com essa escandalização porque vinha surfando no discurso da pureza na política e vê líderes de seu partido acusados de praticar tudo de ruim que ela chama em seu discurso de “velha política”. Mesmo que Marina não apareça envolvida diretamente, o discurso da pureza é abatido pela convivência em um ambiente partidário contaminado.
Aécio Neves, que se lança como beneficiário da escandalização, pode se sair pior do que pensa. Campanhas de ataque, de demonização da política, atingem seus adversários mas atingem também seu próprio perfil e produz severas baixas entre seus próprios aliados, o que pode desagregar mais ainda sua campanha nos estados.
Apesar dos esforços da imprensa tradicional de pautar a campanha eleitoral com esta escandalização, é questionável se o efeito no eleitorado beneficia a oposição. Em vez de recolocar Aécio na disputa pelo segundo turno, pode apenas aumentar a rejeição a todos os candidatos, fazendo crescer o número de votos nulos, brancos e abstenções.
Dilma é quem tem menos a perder, pois já sofreu incontáveis desgastes, bombardeada com um noticiário sistematicamente adverso, e o piso de votos dela mostra-se resistente nos níveis que as pesquisas têm mostrado. Aécio pode estancar sua queda em um primeiro instante, mas deve voltar a cair em seguida, pois seu partido e sua candidatura não convencem como bastiões da ética e o eleitor não vota em quem só ataca adversários. Marina pode perder intenções de votos para nulos ou para a própria Dilma. Afinal se Marina tem problemas com seus aliados tanto quanto Dilma, as conquistas de prosperidade nos últimos anos e a campanha propositiva podem falar mais alto e definir o voto de muita gente.
Paradoxalmente, se Aécio e a imprensa que o apoia conseguirem emplacar a pauta da escandalização, o quadro eleitoral pode voltar a ser parecido com aquele que havia antes da morte de Eduardo Campos, com Aécio e Marina caindo nas intenções de votos, nulos crescendo, Dilma mantendo-se estável e com chances de superar a soma de votos dos adversários, o que a levaria à vitória em primeiro turno.
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2014/09/quem-ganha-e-quem-perde-com-a-escandalizacao-da-delacao-premiada-828.html

Como as ideias de conselheiro de Marina podem doer no bolso do brasileiro

Às vezes é difícil mesmo tentar entender para onde vai o plano da Marina Silva e para quem ela pretende governar. Por meio da entrevista do seu conselheiro econômico, Eduardo Giannetti, concedida ao Valor(link is external), vamos explicar o que ela pretende fazer caso chegue à presidência.
Como na construção de um prédio sólido, quando se retira a coluna errada, tudo corre o risco de desabar. Com as políticas públicas do governo não é diferente. Por exemplo, quando retiramos o subsídio do governo para que elas aconteçam, elas acabam. Por isso é tão contraditório quando a candidata Marina diz que não quer acabar com o Minha Casa Minha Vida, mas seu plano de governo se mostra contrário à política de subsídio.
Em primeiro lugar, Giannetti quer revisar as prioridades no orçamento e, como já dissemos, reduzir o crédito subsidiado no Brasil. Em bom português, isso significa a diminuição do crédito, o que afetaria diretamente as diversas políticas do governo para o crescimento da indústria, agricultura, construção civil e atingiria, principalmente, os consumidores de baixa renda.
Por exemplo: sabe quando o pobre pode comprar uma casa através do Minha Casa Minha Vida, pagando o equivalente a apenas 5% da sua renda ou quando o homem do campo precisa daquele empurrãozinho para poder plantar e colher com a ajuda do Plano Safra? Isso tudo estaria ameaçado porque o Governo, através do crédito subsidiado, é o responsável por fazer com que as políticas públicas aconteçam. Sem isso, aqueles que mais precisam pagariam pelos preços praticados pelo mercado. Ou seja, quem hoje paga R$80 de prestação pela casa própria, sem a ajuda do governo, teria que pagar R$940.
E se quem não é um beneficiário do Minha Casa Minha Vida ou do Plano Safra ainda acha que não tem nada a ver com isso, devemos lembrá-lo(a) que a ação de Marina significa, necessariamente, dar mais poder aos bancos privados. E eles podem exercer este poder de diversas maneiras, como através do aumento da taxa de juros, por exemplo. E sobre isso, o próprio Giannetti disse na entrevista que "reduzir o juro tem que ser o objetivo de longo prazo". Longo. Prazo. Mas até lá, quem vai ser o prejudicado?
E se você ainda não está convencido da agressão que será a implantação dessa política econômica da Marina para o brasileiro, lembre-se que sempre pode piorar: Giannetti é do tipo que "disse que não sabe se não mas também não tem certeza que sim". Quer fazer doer agora no bolso do povo, sob a promessa de que tudo vai melhorar, mas nem ele mesmo garante quando tudo daria certo.
"Os compromissos assumidos serão cumpridos, mas condicionados à evolução fiscal", disse ele, que explica que s compromissos sociais assumidos no programa de governo dependerão da evolução da arrecadação, do PIB, da gestão... Ou seja, vai depender de muita coisa. E então, SE houver evolução fiscal, eles cumprirão suas promessas. Mas SE não ocorrer como esperado, o brasileiro, ainda por cima, vai ter sofrido em vão. 
O alinhamento político do discurso de Giannetti com a agenda neoliberal fica patente ao se analisarem as palavaras utilizadas por ele durante a entrevista ao Valor (como se pode ver na nuvem de tags que ilustra o post). O conselheiro econômico de Marina não mencionou nem uma única vez as palavras emprego, salário ou trabalho. Povo, então, nem pensar. Esse é mais um indicativo de que, quaisquer que sejam as reais preocupações da equipe econômica da candidata, o interesse do trabalhador não está entre elas. 
http://www.mudamais.com/divulgue-verdade/como-ideias-de-conselheiro-de-marina-podem-doer-no-bolso-do-brasileiro

A incrível história de Mary Baker e o neo-pentecostalismo


do blog de R.Moraes
Por Carlos Russo Jr no Pravda
(Negritos no original) - Já publicado no GGN em 02/09/2014
Mary Baker Eddy
Dentre os momentos mais marcantes da História da humanidade estão aqueles em que surgem as Religiões. A ideia que brota quase sempre de um único cérebro, transborda atingindo centenas, milhares e milhões. É precisamente esse o caso de um enorme conjunto de Seitas Religiosas, denominadas genericamente de “Religiões Neo-Pentecostais”, que se desenvolveram nos Estados Unidos da América a partir da última década do século XIX e empolgam, no século XXI, parcelas crescentes da humanidade em quase todos os continentes.
Os Neo-Pentecostais abrangem mais de dezenove mil denominações e congregam mais de trezentos milhões de seguidores. Possuem mídia televisiva e forte presença em todos os outros canais próprios de divulgação de massa. Influenciam a vida política das nações, compondo bancadas parlamentares cada vez mais influentes. Por vezes seu alvo é o Poder Central da República!
Estima-se que as seitas no geral movimentem mais de trinta bilhões de dólares anuais, boa parte dos quais com isenção de impostos e à margem de controles formais.
Encontraremos nessas crenças religiosas muitos pilares que lhes são comuns, tais quais a “doutrina da prosperidade” e a da “confissão positiva”; empregam conceitos comuns “a pobreza e a doença derivam de maldições, de fracassos, das vidas em pecado ou da falta de fé religiosa” e, em decorrência desses preceitos, um “verdadeiro cristão” deve ter a marca da plena fé, ser bem-sucedido financeiramente, possuir saúde física, emocional e espiritual.
Outro pilar comum na maior parte das Seitas é a permanente batalha espiritual entre os componentes da “Santíssima Trindade” e o Diabo, trazendo um renascer de conceitos medievais, tais como o confronto direto entre o homem e os demônios, as ditas maldições hereditárias, a posse dos crentes pelas forças “magnéticas” do mal. Não pocas vezes aqueles “pastores” ou “médiuns” operam “curas milagrosas” para doenças psíquicas ou físicas, chegando mesmo ao ponto de negação da materialidade dos males que afligem os homens.
Desenvolveram ainda formas arcaicas de encarar a fé religiosa, tendo por foco a busca de revelações diretamente feitas por Deus ou pelo Espírito Santo a seus “pastores”, “bispos” ou “apóstolos”, relações de privilégios nas quais o rebanho é conclamado a inserir-se.
A unirem as mais variadas Seitas, estão aspectos socialmente reacionários como os preconceitos claros ou encobertos contra a homossexualidade e sobre a possibilidade da mulher decidir sobre seu próprio corpo.
Muitas das Seitas, numa busca que é quase sempre totalitária, anseiam pela exclusão do Estado laico, atrelando, por exemplo, a educação a formas do criacionismo bíblico.O contraponto dessas filosofias que negam a realidade e a evolução, que mistifica o conceito do divino, é o seu mais cru materialismo assentado numa estreitíssima aliança do espiritual com o dinheiro e os créditos bancários. Elas substituem o ensinamento de Cristo “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, por um avatar que não lhes é exclusivo, mas que em nenhuma religião é tão explícito: uma moeda onde o lado “cara” tem a figura de Cristo, e o lado “coroa” a imagem do dinheiro, preferencialmente o dólar.
Na origem dos “Neo-Pentecostais”, as sementes que germinaram
A seta da história aponta para a “Ciência de Cristo”, como a inspiradora de todas as religiões Neo-Pentecostais subsequentes. Essa seita, fundada em 1886 por Mary Baker-Eddy, possui ainda hoje, um século após a morte de sua fundadora e “imperadora”, quase mil e novecentas igrejas, estando presente em setenta e seis países. A “bíblia” desse movimento, escrita pela  fundadora denomina-se  “Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras”, um best-seller por décadas. Em 1995, “Mother Mary” foi incluída no Hall da Fama de Hollywood e, em 2002, uma Biblioteca com seu nome e totalmente dedicada aos seus escritos foi franqueada ao público.
A “Grande Basílica” da seita, inaugurada em 1906, com a qual o Templo de Salomão do“Bispo” Edir Macedo tem a pretensão de concorrer, possui  capacidade interna de recepção de vinte mil crentes.
O jornal publicado pela “Ciência de Cristo”, “O Monitor” ganhou, ao longo dos anos, sete prêmios Politzer, assumindo, inclusive, em determinados momentos históricos, posições progressistas e respeitáveis em defesa dos direitos humanos, após mais de cincoenta anos da morte de sua fundadora. De uma maneira geral pode-se dizer que essa crença, tendo sido a grande precursora das Seitas Neo-Pentecostais, no decorrer dos anos perdeu sua belicosidade inicial e aproximou-se daquelas correntes evangélicas mais tradicionais, tornando-se menos autoritária e excludente.
Mas suas sementes originais de intolerância e ganância gerariam milhares de outras Seitas. A “Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras” influenciará de modo direto, na primeira década do século XX, homens como E. W. Kenyor, o inspirador da “Teologia da Prosperidade” e K. Hagin o fundador da primeira “Assembleia de Deus”, que ele inaugura após um propalado batismo pelo “Espírito Santo”, em 1937.
Da mesma maneira, a “Ciência de Cristo” inspirará o Tele evangelismo, que desde a década dos anos oitenta frequenta diversos canais da televisão aberta, a bordo do qual embarcam prestigiadores como o já citado “bispo” Edir Macedo. Ele, em nosso país é paradigmático: antigo pesquisador do IBGE na década de 1970, católico desde nascença, teve sua “revelação” em 1976 e fundou, em 1977, a “Igreja Universal do Reino de Deus”.
Mas voltemos a Mary Baker. Ela nasce em uma família pobre, no ano de 1821. A menina, fisicamente frágil, tem dificuldade em acompanhar os estudos escolares e os abandonará prematuramente, antes da conclusão do primeiro grau. Transforma-se em uma adolescente indolente que prima por chamar a atenção de seus familiares sobre si, num ar incontido de presunção e superioridade. A cada vez que é contrariada pelos parentes, desenvolve “ataque dos nervos” os quais adotará por toda a vida, como seu método pessoal de tiranizar as pessoas. De todos os modos, a mocinha chegará à idade adulta sem jamais haver trabalhado, nem mesmo nos afazeres domésticos.
Para alívio de seus pais e irmãos, Mary casa-se aos vinte e dois anos com um jovem chamado Glover; viajam para o oeste e estabelecem seu lar. Mas, por um desses infortúnios da vida, após apenas um ano e meio de casada e estando grávida, morre-lhe o esposo. Ela regressa à casa dos pais e volta a sofrer de “ ataques nervosos”. Nascido seu filho, ela descobre que a maternidade é um “serviço” que tão pouco lhe atrai e  decide desfazer-se da criança.
Novamente repetem-se as cenas da adolescência em que ninguém se atreve a contradizê-la para evitar os conhecidos achaques. Ela seguirá levando uma vida parasitária até os cincoenta anos de idade, tendo sido sustentada primeiro pelo pai, depois pela irmã e finalmente pela caridade alheia. Mas, ainda estamos longe dessa época. Por enquanto, ela descobre poder-se acalmar em um sofá de balanço, e aos trinta anos de idade esta genial atriz de um mundo patológico, representando a paródia de o eterno sofrer, permanecerá deitada quase todos os dias e noites.
Enquanto tudo isso ocorre, na distante Portland, chega certo discípulo do alemão Messmer e traz para a América a novidade do hipnotismo, uma alternativa para a “cura” dos males do espírito. Um relojoeiro de nome Quimby interessa-se pelo método e começa uma espécie de pesquisa em que anota todos os efeitos da hipnose sobre os “médiuns” e os enfermos. Na sua simplicidade, Quimby percebe que pode auxiliar pessoas doentes, mesmo dispensando o recurso do hipnotismo, e, também que pode viver de suas “curas”. O agora, “Dr. Quimby” desenvolve um método próprio, que ele denomina “Cura pela Mente”, como “Jesus Cristo fizera antes dele, dezoito séculos atrás”. Mary Baker ouve falar dos resultados desses tratamentos e ela decide que quer se curar. Em 1862, consegue arrancar dinheiro dos familiares e viaja até Portland, submetendo-se de corpo e alma a Quimby.
Ela possuía uma predisposição para o “milagre” do Dr. Quimby; além disso, arranca de si mesma a “vontade de possuir saúde”, afinal, aquela era a sua última cartada para que um “prodígio” fazendo-a “crescer acima de todos”, pudesse ocorrer. Se voltasse no mesmo estado de enferma para a sua cidade seria desprezada e, se curada, ela seria o próprio prodígio.
Ao final de uma semana de tratamento, a inválida encontra-se completamente curada; rejuvenesce e faz brotar em si mesma uma energia que a fará, em breve, subjugar e fazer-se sentir por milhões de pessoas. Faz com que Quimby empreste-lhe todas suas anotações, as tais “Perguntas e Respostas” de suas pesquisas, que ela, à noite, copia. É a primeira vez na vida que ela demonstra uma verdadeira paixão por algo.
Ao retornar à casa da irmã, Mary Baker é, no seu próprio dizer, uma pessoa que “ressuscitou como Lázaro” e faz de Quimby “um continuador de Cristo”. Sobre esses fenômenos dá palestras, promove demonstrações, enfim, pratica um ensaio geral sobre o que fará apenas dez anos após. Parte  de New-Hampshire onde nada e ninguém mais a amparará e viaja com sua pequena maleta para a vizinha cidade de Lynn.
Ainda faltam anos para que ela se transforme na mulher mais bem sucedida do princípio do século XX. Por enquanto, andará de casa em casa como uma parasita. Pessoas simples a acolhem como a uma peregrina, a “profetiza” que fala de curas maravilhosas. Mas nenhuma estada durará muito, pois Mary Baker não possui o mais tênue sentimento de gratidão para quem a ajude ou sustente. Sempre tentará subjugar e usar a todos os que lhe deem guarida. Seu caráter dominador, tirânico, suscita sempre conflitos e desavenças com as pessoas, inevitáveis consequências de uma presunção incontida.
Tem consciência de que seu temperamento instável e irritadiço é incapaz de “curar pela mente”. Para tanto seriam necessários empatia, calma, ouvidos, domínio e a paciência de um Quimby. Logo, ela precisa de um mediador. Para tanto publica anúncios em jornais, buscando aquele que “deseje aprender a curar enfermos”. O seu primeiro discípulo aparecerá em 1870, um jovem operário de nome Kennedy. Ela, mediante um contrato escrito em que cada um ficará com metade dos proventos, treina-lo-á em sua “ciência”. Unem-se, então, o Cristo e o dólar. Falta-lhe o poder!
A dupla arrenda uma sobreloja, onde também residirá, ele praticando sua “medicina” (a árvore em frente ganha uma tabuleta: “Dr. Kennedy- Ciência de Cristo”) e ela escrevendo e a tudo controlando. O êxito é tão grande que em três meses alugam também a loja abaixo. O plágio de Quimby é absoluto. Kennedy decora e repete: “Que o homem é divino, que Deus não quer o mal e, portanto, a dor, o mal e a enfermidade não existem. Os males não são senão imaginações, um erro de que a gente deva se livrar”.
Em determinado momento Mary Baker decide que Kennedy já não lhe basta. Quer reunir mais apóstolos que levem ao mundo a não existência das doenças. A mestra de a “Ciência de Cristo” começa a formar seus “médicos” em cursos de seis semanas de duração. O êxito de Kennedy, que chega a faturar doze mil dólares por mês, atrai dezenas de operários e pequenos comerciantes para os cursos. Ela, a princípio cobra-lhes cem dólares e, posteriormente, trezentos pelo curso e, por contrato, 10% de todos os ganhos futuros.
Mary Baker sente o fumo do sucesso e desde esse primeiro momento tenta patentear “suas descobertas” e convertê-las em dólares. Na sua crença não existe a matéria, só espírito, no entanto, as notas bancárias são mais que reais para essa mulher.
Após dois anos de parceria Mary Baker deseja, afinal, livrar-se do pacífico Kennedy. Do dia para a noite ela suprime a prática de se tocar no paciente, na qual Kennedy fora treinado e a qual praticava. Era a primeira de muitas excomunhões que faria: de seus lábios convulsos brotaram todas as monstruosidades imaginárias. Atribui a Kennedy um tal de “influxo diabólico”, que é a própria  necromancia medieval renascida. Com esse processo a sua “Ciência de Cristo” criará mais um pilar de sustentação: “o magnetismo animal malicioso”.
Mary Baker se auto promove em “a enviada de Deus para guiar seu rebanho na Terra”. Todos os domingos ela reunirá seus discípulos para a prédica dominical, acompanhada por música coral e piano. Ela ascende de professora a sacerdotisa, transformando sua terapêutica em sacerdócio.
Nega, desde sempre, todo o seu passado e apaga qualquer referência que um dia fizera a Quimby, “a quem jamais conhecera”. Sendo necessário criar uma “Legenda Áurea” sobre si mesma, toda a infância da sacerdotisa é agora recontada, incluindo entrevistas com anjos e Joana D’Arc. Ela própria define como sendo em 1866 o momento de “sua graça” (após a morte de Quimby, naturalmente), quando o Senhor apareceu-lhe diretamente e inspirou-lhe a “Ciência de Cristo” e as leis divinas da vida.
Mary Baker e sua metafísica entram para o reino do absurdo e nesse movimento lança as pedras fundamentais de todas as futuras Seitas Neo- Pentecostais dos séculos XX e XXI.
Ela tornará a casar-se e seu terceiro marido será um dos discípulos, agora apóstolos, Gilbert Eddy, em 1887.
Apesar de enriquecida, Mary Baker-Eddy sabe que todas as religiões em seus estágios embrionários não podem se permitir cismas, que possuem a possibilidade de destruir todo seu edifício. Contra todos aqueles que buscam caminhos independentes do seu ela, além da excomunhão, move-lhes processos na justiça dos homens. Chegará mesmo ao ponto de processar um ex-apóstolo por bruxaria, isso quase no século XX. O juiz encarregado do caso sorri na face daquela mulher magra e grisalha, colérica e que mal se contém de ódio, aquela que se diz “enviada pelo Espírito Santo”. O juiz declara-se incapaz de julgamentos cabalísticos e encerra uma de suas dezenas de processos.
A imprensa começa a indagar sobre as origens de tal sacerdócio e o prestígio de Mary Baker-Eddy ameaça desmoronar na pequena Lynn. Ela toma uma das grandes decisões de sua vida. Buscará nova cidade, grande o bastante para seus projetos. Com todo o dinheiro acumulado irá mudar-se para Boston, carregando consigo apenas seu marido Gilbert, cuja saúde não resistirá. A viúva, novamente só, declarará que a morte do marido ocorrera devido ao“arsênico metafísico”, um veneno mental emitido pelos demônios excomungados por sua fé.
Em Boston, ela adquire uma residência de três andares, na Avenida Colombo, a via mais elegante da cidade. Decora cada ambiente com esmero, quadros e tapetes. Seus alunos serão pessoas “refinadas” e não mais os pobres de Lynn. Sua nova escola é nomeada de:“Universidade Metafísica de Massachusetts”, com uma autorização de funcionamento comprada dos agentes do Estado de Massachusetts.
Todo domingo Mary Baker-Eddy sobe ao púlpito e o público que superlota a sua Universidade-Igreja retém a respiração perante sua ardente oratória. Desde então sua figura somente será vista em momentos especiais, criando ao redor de si uma auréola de mistério e encantamento. Para evitar os tropeços do passado ela erguerá anteparos que a distanciem de quem foi e de quem é: serão secretários, atendentes, advogados.
Ela também conhece muito bem a América de 1890 e sabe que aquele que deseje conquistá-la deverá primeiro ganhar a consciência das massas, com o ensurdecedor ribombar da propaganda. Sabe também, como saberão todos os futuros líderes das Seitas Neo-Pentecostais, que qualquer produto deve buscar atender seus consumidores, identificar suas necessidades e criar novas. Assim, Mary Baker-Eddy usará e abusará da publicidade.
Cria o primeiro serviço de atendimento telefônico-religioso; em seguida, funda o “Jornal da Ciência de Cristo”, que, com asas de mercúrio, chegará a todos os recantos de Norte-América, trazendo a boa nova das curas de Boston, um novo método de medicina universal.
Desde Nova York, Filadélfia e New Jersey chegam enfermos, muitos dos quais se tornarão apóstolos da nova doutrina. E cada novo “doutor” trabalhará para aumentar as assinaturas do jornal. E, desde então, novos alunos sempre acorrerão a Boston.
A engrenagem funciona a todo vapor. Deste modo, entre 1890 e 1900 teremos trinta e três “Academias para doutorado” na “Ciência de Cristo”, distribuídas por quase todo o território americano. A bíblia “Ciência e Saúde” alcança a espantosa cifra de trezentos mil exemplares vendidos.
Todo o dinheiro das doações recolhidas pela Universidade e percentagem das Academias irá para a conta bancária de “Mother Mary”; dezenas de milhões de dólares que serão aplicados na construção de Templos e em esplêndidas mansões de retiro.
A cobiça de Mary Baker-Eddy não encontra limites e por isso a “Ciência de Cristo” será organizada dentro das melhores bases comerciais e contará com profissionais em áreas-chave. Logo surgirão souvenirs, imagens, fotos autografadas da fundadora, mais e mais livros, folhetos, até mesmo utensílios domésticos.
O prestígio de Mary Baker-Eddy aumenta dia a dia. A cada aparição sua, um público de dez, quinze mil pessoas aglomera-se para ouvi-la falar. Em Chicago ela organizará sua primeira “Festa do Espírito”, em 1888, consagrando-se de vez. Mary assume-se com “A Profetiza” e decide construir o “Templo da Profetiza de Cristo”. É santificação!
A Igreja Mãe da Ciência Cristã, Boston, Massachusetts.
Ao abrirem-se as janelas do século XX, a igreja de Mary Baker-Eddy estará entre as quarenta maiores empresas norte-americanas, e uma das dez mais lucrativas.
É chegada a hora do profissionalismo. Mary Baker define uma organização absolutamente piramidal de poder e de lucros. Cria um “Board of Directors”, do qual será a Presidente, e todas as centenas de igrejas implantadas terão de manter uma obediência irrestrita à “Santa Madre Igreja”. Instruções específicas garantem percentagens de repartição dos lucros, métodos de contabilização dos resultados e impedem qualquer tipo de heresia doutrinária.Alguém tem dúvida a respeito do mestre que realmente inspirou um Edir Macedo?
Assim como o juiz de Lynn desnudara-lhe a hipocrisia e a paranoia pecuniária, agora surgiria a voz do jornalista, humorista e intelectual, Mark Twain, desmascarando-a: Como Mary Baker dizia que o livro “Ciência e Saúde” lhe havia sido ditado por Deus, por que cobrava direitos autorais sobre algo que só à divindade seria devido?
Mark Twain jamais a abandonaria em suas críticas enquanto ela vivesse. Ele denuncia na imprensa como sendo uma patranha a religião que somente se ocupa em acumular dinheiro para si mesma e para seus próprios membros, sem jamais preocupar-se em praticar a caridade ou em possuir um mínimo de altruísmo.
As respostas de Mary Baker-Eddy, a quaisquer questionamentos, sempre foram de um total cinismo, quando não de cólera. Por exemplo, diz que “Deus ordenara-lhe a cobrança para cada graça requerida, pois o cordeiro, para obter a graça, teria que sacrificar-se antes, pagando”.Hoje  não ouvimos essa mesma frase reverberar nos templos Neo-Pentecostais?
Apenas e tão somente a vida será capaz de desmistificar aquela grande charlatã: ela envelhece, perde seus dentes, os membros se entorpecem, surge a dificuldade de fala e já não escuta o que lhe dizem; os cabelos escasseiam e as rugas se aprofundam. Não é a sua religião que afirmava que a doença e a velhice não existiam?
As proporções de seus negócios são colossais. Quando a fundadora completa seus oitenta anos, a sua igreja contava com mais de cem mil discípulos praticantes; os seus templos de pedra e mármore se disseminavam pela América; de toda a Europa surgiam mais e mais adesões e a fortuna pessoal da “Mother” era estimada em mais de dez milhões de dólares, aos valores da época.
Aos oitenta e dois anos, Mary Baker-Eddy encara um novo desafio, lançado pelo já fundado Templo de Nova York: erguer uma Basílica, muito maior que o templo novaiorquino, para a Congregação das  Igrejas. Essa Basílica, que constitui ainda hoje um dos mais belos edifícios de Boston, foi construída com doações que chegaram a dois milhões de dólares, com acomodações para vinte mil crentes. Foi inaugurada em 1906 ao som do hino: “Pastor, indica-me o caminho”. Hino modificado, mas sempre repetido pelas novas Seitas nos últimos cem anos.
A muitas vezes multi-milionária Mary Baker-Eddy morre no auge de sua fama, dona de imenso poder não somente sobre sua religião mas, também, sobre grande parcela dos Congressistas americanos, aos oitenta e nove anos de idade, no ano de 1910.
A senda por Mary Baker-Eddy aberta é disputada nos dias de hoje, por quase dezenove mil Seitas, algumas de grande sucesso, utilizando as mesmas bases metafísicas que ela introduziu há mais de um século e que podem ser resumidas na união maquiavélica e perniciosa da religiosidade com o dólar, na exploração da crendice popular e na busca pelo poder terreno!
http://jornalggn.com.br/blog/rmoraes/a-incrivel-historia-de-mary-baker-e-o-neo-pentecostalismo