terça-feira, 8 de abril de 2014

ex presidente Lula dá entrevista a blogueiros

Compare o tratamento desigual da mídia na cobertura dos escândalos de corrupção envolvendo tucanos e petistas. O caso Robson Marinho versus André Vargas


A crucificação de André Vargas versus a preservação de Robson Marinho

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O deputado André Vargas está sendo crucificado antes que os fatos sejam, devidamente, apurados.
Seu maior crime, naturalmente, da ótica da mídia que conforme ele bem notou promove um “massacre”, é ser do PT.
Até aqui, o que se sabe de concreto é que ele é amigo de um doleiro preso. Textos absolutamente enviesados tiram conclusões precipitadamente devastadoras de conversas vazadas pela Polícia Federal.
Que se apurem os fatos, claro. Mas a histeria condenatória é fundamentalmente injusta e maldosa.
O que incomoda no episódio para quem faz jornalismo apartidário e independente como o DCM é o tratamento diferente que a mídia dispensa aos suspeitos de corrupção.
Enquanto isso perdurar, o combate à corrupção não vai avançar. Uma prática corrupta não vai resolver nada no capítulo da corrupção.
Compare a estridência deste caso com, por exemplo, o de Robson Marinho, o fundador do PSDB sobre o qual chovem torrencialmente provas de recebimento de propinas no metrô de SP.
Até a Suíça já se movimentou, ao bloquear uma conta milionária de Marinho.
Mas este episódio não comove a mídia, assim como o escândalo do helicóptero da cocaína e tantos outras histórias que não cabem no “interesse público” das companhias de mídia.
Marinho – que não se perca pelo sobrenome – ainda hoje é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, sinecura pela qual recebe 20 000 reais por mês.
O propósito do TCE é fiscalizar as contas do governo estadual. Pausa para rir. Isto sim é o que se pode chamar de aparelhamento da fiscalização.
Marinho foi indicado por Mário Covas, de quem era amigo pessoal. Um jornalista que questionou Covas sobre a ética de colocar um amigo numa função tão delicada recebeu uma patada como resposta.
Vargas, massacrado, se afastou da vice-presidência da Câmara para se defender.
Marinho, poupado e blindado, permanece no TCE a despeito das provas de corrupção.
É um retrato do Brasil.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-crucificacao-de-andre-vargas-versus-a-preservacao-de-robson-marinho/

LULA A BLOGUEIROS: “NÃO SOU CANDIDATO”

Lula: falta o Brasil ir para a ofensiva !

O presidente Lula concedeu trepidante entrevista para blogueiros na manhã esta terça-feira, dia 8 de Abril.

Conversa Afiada transmitiu todo o evento ao vivo e destaca algumas afirmações importantes do Nunca Dantes (a reprodução não é literal):

ELEIÇÕES 2014


- Não sou candidato !;

- Eu tinha convicção de provar que eu tinha mais condição do que a elite. Por isso cheguei à Presidência;

- Os meus palpites podem até ajudar a gente a ganhar as eleições, eu não nasci para abaixar a cabeça;

- Eu já fiz a minha parte. E ajudarei sempre que preciso;

- A Dilma tem lado ! Ela é a pessoa ideal para o cargo;

- Dilma foi grande de afrontar Obama e a espionagem. E temos que fazer o Brasil independente nas telecomunicações;


PETROBRAS


- Petrobras tem que partir para o ataque !;

- Espero que o PT tenha aprendido com a CPI do mensalão;

- Cadê o Blog da Petrobras, tão útil em 2009 ?;

- Em breve, votaremos no presidente da Petrobras, e ele indicará o presidente da República, tão grande a importância da Petrobras;

- O Obama deixou a frase famosa, mas nós é que falávamos antes: “nós podemos”, em relação ao pré-sal;

- A Petrobras não pode ser medida só pela Bolsa. E sim pela tecnologia, pela quantidade de petróleo que tem no pré-sal. Tem que ter dimensão do tamanho e do patrimônio da Petrobras;

- Combinei com o Franklin de fazer um discurso de apologia ao consumo. Isso faria a economia girar. E foi o que aconteceu, a classe B e C consumiram mais que a classe A. Inclusive no Nordeste;

- Recomendei não criarem dívidas maiores que o orçamento. Porque isso eu aprendi com a Dona Lindú (mãe do Lula). E o povo atendeu, e comprou geladeira, fogão …;

- Numa escada de 16 degraus, subimos 6;

- Havia um complexo de vira-latas. Tínhamos uma elite complexada. E nunca houve tanto orgulho quanto nos últimos 11 anos;

- Quantas vezes fomos criticados por programas como o Luz Para Todos? As críticas vinham de quem já tinha luz. E aí o povo comprou microondas, TV… até para ver a imprensa falar mal de mim;


MENSALÃO, JOAQUIM BARBOSA E JOSÉ DIRCEU


- A história do mensalão será recontada nesse país. E, se eu puder, vou ajudar;

- Não quero julgar ninguém de forma precipitada. Tem que deixar a poeira baixar e começar a recontar a história. O tempo se encarregará de colocar as coisas nos eixos;

- Eu tenho curiosidade: como uma investigação de R$ 3 mil nos Correios terminou no mensalão ?;

- Não me arrependo de indicar o Barbosa. Porque indiquei antes de ter mensalão. Queria um advogado negro na Suprema Corte brasileira. E de todos os currículos que recebi, o do Barbosa era o melhor;

- O mensalão foi o mais forte processo político neste país, em que a mídia teve papel importante antes de cada sessão. O massacre era apoteótico. Nunca vi nada igual;

- Já em Minas, ninguém falou nada. Foram dois pesos e duas medidas;

- José Dirceu sofre abuso no exercício do poder e da lei;

- O erro do PT é que devia ter feito a luta política por 7 anos. Pensamos juridicamente numa ação que estava sendo pensada politicamente;

- Quem sabe um de vocês, blogueiros sujos, vá recontar essa história desde o começo;

- Tem gente fala demais na Suprema Corte. Não é para ficar falando o que farão. Alguns inclusive mentiram;

- A teoria do Domínio do Fato foi um achado extraordinário. Não tem que provar nada. Tem que desconfiar e isso já basta;


MANIFESTAÇÕES


- As manifestações são importantes;

- Jovens não têm informação. Não tem debate nas faculdades/escolas, noticiário só tem na internet (com ressalvas, pois há muito conteúdo despolitizante). Por isso, precisamos falar mais com o povo;

- É normal que os jovens queiram mais. Os jovens do ProUni, FIES e todos os programas sociais, querem mais coisas. E isso é bom;

- As pessoas reclamam da vida porque não conhecem a história. Nós temos que contar a história;


LEY DE MEDIOS


- Temos que ser agressivos na Comunicação. E nós perdemos tempo precioso por não falar da lei de regulamentação da mídia, mesmo com o Marco Regulatório já ter sido um progresso;

- Busquem vocês, blogueiros, a neutralidade da mídia;

- Não falei com a Dilma sobre a lei das comunicações para evitar interferir no Governo dela. Mas eu acho que o partido deveria fazer esse debate;


COPA DO MUNDO E OLIMPÍADAS


- Sou casado há 40 anos, perdi eleições e nunca vi a Marisa chorar. No dia da apresentação das Olimpíadas em Copenhagen ela me ligou chorando. O Pelé estava lá e chorou. Todo mundo chorou. Para chegar aqui e virar uma derrota?

- A Copa do Mundo é mais do que futebol. É trazer o mundo esportivo para cá, os maiores atletas do mundo;

- O que fica para o futuro? Nós vamos discutir, criar alternativas. Mas jogar fora é falta de auto-estima. A Copa do Mundo é boa para o Brasil;

- Tomara que a gente ganhe essa Copa. Se a final for Brasil x Argentina, Brasil x Espanha, será maravilhoso;

- Não é por quê falta uma coisa que eu não posso fazer outra. A falta de infraestrutura no Brasil é crônica;

- Podemos reclamar da Copa do Mundo, fazer protesto, levantar bandeiras. Faz parte do processo e é benéfico. Este é o momento;


PIG (*)


- Jornalista americano que disse que eu bebia nunca me pagou uma cerveja;

- E quem queria que alguém dissesse isso era a Folha, que nunca teve coragem de dizer;

- Não é o Brasil que está sem humor, até os programas de humor não têm mais humor;

- O problema é que nós estamos sendo conduzidos por uma massa feroz de informações deformadas;

- Se a imprensa batesse no Governo, estava tudo bem. (Aliás, o Diretor deveria colocar a cara para admitir isso em seus editoriais). E um pouco mais de seriedade nas demais áreas;

- Deveríamos ter mais direito de resposta;

- Fico assustado com a postura da mídia;

- Lembram de como foi o Bial foi agressivo comigo? Eu poderia revidar, mas resolvi mostrar que a educação vem de berço. E foi por isso que as pessoas gostaram da entrevista;

- A sonegação de imposto de alguns é 10 vezes maior que o mensalão;

- A meninada não tem obrigação de saber o que eu fiz. E se ele for saber o que eu fiz pela imprensa, ele estará totalmente desinformado;

- A crítica da mídia sobre os blogueiros sujos deve ser encarada com orgulho;

- O que incomoda a mídia é que eu estou vivo;

- Guido Mantega tem que criar uma rede para saber todas as inverdades no ato, e a Dilma deve colocá-lo em rede;

- Combinei com a Marisa que não leria mais jornal, revista, nem veria televisão. Senão não conseguiria viver no Brasil. Fui para a rua conversar com o eleitor;

- O que nós queremos da mídia? Mais respeito. Eu acho que o que fazem com a Dilma é falta de respeito;

- Veja as manifestações. Enquanto achavam que o povo queria xingar o Governo, a mídia apoiou. Depois, quando o povo se voltou contra outras instituições da mídia, a opinião deles mudou em relação aos protestos;


POLÍTICA


- Precisamos fazer uma Reforma Política;

- Sou totalmente a favor de uma Constituinte exclusiva para isso;

- O Congresso é o reflexo do que é a sociedade brasileira;

- Precisamos dar seriedade aos partidos políticos, que têm tempo de televisão e usam isso;

- A Reforma Política é a única solução para resolver os problemas da política;

- O único partido nacional do Brasil é o PT;

- O PMDB é o maior partido do país e tem diversas tribos estaduais, não tem uma linha nacional;

- O Michel Temer é vice-presidente e tem Estados em que o PMDB não votará nele;

- Melhorar os partidos políticos para recuperar a relação com os eleitores; partidos mais sérios farão políticos mais sérios;

- A internet não facilita a democracia. Você ouve muita gente. E muito desaforo. A interação era tanta que o cidadão achava que era ele que estava ali, governando;

- Eu amo a democracia, porque foi graças a ela que eu cheguei ao poder;


PT


- Talvez a culpa seja nossa, porque não partimos para a politização. Não fazemos mais como o PT fazia antigamente. O partido precisa estar na rua sempre, discutindo, informando, ouvindo;

- Governo eleito afunda o partido porque leva os melhores quadros;

- O partido não pode abrir mão de dizer o que ele pensa do país. Ele deixa de ser referência;

- O PT poderia ter crescido. Não tem ninguém com o padrão de sucesso que teve o PT no Governo. Poderia ser a grande referência na América Latina;

- O PT é muito criticado porque são milhões de pessoas. E é essa gente que nós temos que respeitar. Errar o menos possível;


ECONOMIA


- Qual país gera tanto emprego quanto o Brasil?;

- Brasil ficou mais civilizado;

- Quem paga o pato pela crise é o trabalhador;

- Crise jogou fora 68 milhões de empregos. O Brasil, por sua vez, criou 11 milhões;

- Brasil tem reservas para 18 meses de importação;

- Que país tem maior potencial petrolífero que o Brasil ?;

- Que país está construindo as três maiores hidrelétricas do mundo ?;

- Quem cresceu mais que o Brasil? A China. Talvez a Coreia;

- Falta o Brasil ir para a ofensiva. Quem gosta de nós, somos nós. Quem deve estar preocupado com o comércio brasileiro é o brasileiro, não os EUA, a Europa;

- Hoje nosso comércio com a América Latina é maior que com a Europa e com os EUA;

- Não é que a elite não queira perder. Eles não querem que os pobres façam o mesmo que eles. Mas eu acho ótima a ascensão social;

- Quantas pessoas conhecem o Farmácia Popular ?;


SAÚDE


- O ‘Mais Médicos’ mostra que só tem excesso de médico na Avenida Paulista. Na periferia faltava. E está provado !;

- O ‘Mais Médicos’ não resolve os problemas. Ele agrava. Porque quando a pessoa procura o primeiro médico, o passo seguinte é que procurar um especialista. E aí ainda faltam médicos;

- A solução é credenciar a rede médica e melhorar o pagamento do SUS ao médicos;

- O SUS é motivo de orgulho deste país;

- Só aparece coisa ruim da Saúde. Quando eu estava internado, só queriam saber se eu ia morrer. Mas tem muita coisa boa na Saúde também;

- Sem dinheiro, não tem como melhorar a Saúde;

- Por que acabaram com a CPMF? Com o objetivo de evitar uma maior fiscalização do Governo no processo de sonegação de impostos. E tiraram R$ 50 bilhões da Saúde por ano;


EDUCAÇÃO


- Em 11 anos, fizemos mais pela Educação que em um século. Mas ainda tem que melhorar;

- Por isso sempre quisemos os royalties do petróleo para a Educação;

- As pessoas reclamam que tem muito carro na rua, que tem muita gente nos aeroportos e que os portos estão superados. Isso acontece porque o Governo deu oportunidade para o povo;

- Antes, engenheiro vendia coco na praia. Agora reclamam de falta de mão-de-obra qualificada;


LULA NO MUNDO:


- Ninguém te dá espaço na política. Você tem que ir atrás. E isso fez o Brasil virar o que virou;

- Eu era o único diferente no G-8. O único sem diploma, o único que veio do chão de fábrica;

- O Hugo Chávez gostava de fazer polêmica. Falei com o Maduro e disse para construir um equilíbrio para aproveitar todo o potencial, apresentar a ideia de que não haveria apagão, teria política de abastecimento. Mas o Maduro precisa ir para a rua o tempo todo para responder a oposição;

- O Capriles não radicalizar já é um avanço na política venezuelana. Torço para que eles acabem com a disputa interna e deixem Maduro governar;

- Graças a Deus no Brasil fomos e somos menos radicais. Nunca me xingaram, e se xingavam, faziam baixinho;

- Se eu pudesse, teria derrubado o Mubarack há muito tempo. Eu não gostava dele, ele não gostava de mim;

- As pessoas acham que pode criar democracia por decreto. Mas não pode. É um processo;

- Qual é o processo democrático no Iraque? E na Líbia? Os EUA agiram… e agora, quem comanda? Qual é a democracia?;

- O aparelho de espionagem dos EUA é tão forte que eu acho que nem o Obama tem dimensão dessa força. Afinal, não seria aberto para um cidadão que ficará no poder por  4 anos;

- Dilma foi grande de afrontar Obama e a espionagem. E temos que fazer o Brasil independente nas telecomunicações;


RIO DE JANEIRO


- Demos atenção especial ao Rio de Janeiro, até pelas perdas históricas, como a troca da Capital para Brasília;

- Lindberg Farias é um bom candidato para o Rio de Janeiro. Vai crescer e pode ganhar. Espero uma campanha civilizada entre ele e o Pezão;

- Nunca antes na história desse país houve tanto dinheiro federal no Complexo do Alemão e no Rio de Janeiro em geral. Meu sonho era fazer cada favela virar um bairro;


INTERNET E BLOGUEIROS


- Continuo otimista. Não se sintam (blogueiros) inferiores quando vocês são criticados pela forma que vocês pensam. A internet presta um serviço inestimável. É uma forma das pessoas interagirem e do país continuar democrático.

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/04/08/lula-a-blogueiros-nao-sou-candidato/

A pesquisa que sumiu dos jornais






O leitor e a leitora que costumam ler os jornais nas entrelinhas devem estar estranhando o fato de que, na segunda-feira (7/4), praticamente sumiram das páginas dos diários as análises sobre a mais recente pesquisa Datafolha de intenção de voto. Apenas a própria Folha de S.Paulo dá algum destaque ao assunto, no texto que anuncia uma entrevista do presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão.

Pode parecer estranho, portanto, a quem costuma analisar criticamente a imprensa, que, depois de quase uma semana chamando a atenção para aquilo que deveria ser a hora da virada na política, os jornais tenham simplesmente abandonado o tema, depois de haverem destacado, no domingo, que a pesquisa apontava uma queda de 6 pontos porcentuais na preferência dos brasileiros pela reeleição da presidente Dilma Rousseff.

O que há por trás de tanto desânimo na imprensa com um tema que lhe é sempre muito caro?

Primeiramente, é preciso pontuar que este observador tem sérias restrições a consultas de opinião sobre determinados assuntos feitas por instituto que leva o nome do órgão de comunicação – a simples confusão entre os nomes pode influenciar diretamente na formação da opinião que será colhida. Basta uma questão para colocar areia no ventilador: quantos, entre os consultados pelo instituto, são leitores frequentes da própria Folha, ou seja, têm suas convicções alimentadas pelo jornal? Ou alguém duvida do poder de indução da imprensa?

Estabelecido esse ponto, voltemos à pesquisa propriamente dita e a seus antecedentes. No dia 1º de abril, véspera do início das consultas, a manchete do noticiário econômico da Folha era: “Inflação pode chegar ao pico de 6,72% às vésperas do 1º turno”. Coincidência? Muito improvável.

Nos dias seguintes, os três principais jornais de circulação nacional mantiveram em primeira página o escândalo da Petrobras, e nos dois dias que antecederam o anúncio da pesquisa foram unânimes em profetizar que a vantagem da atual presidente iria cair em função desse noticiário.

E qual foi o mote do Datafolha e da imprensa em geral, no domingo (6/4), ao analisar o resultado da pesquisa? O suposto pessimismo econômico que vem sendo diligentemente alimentado pelos jornais sobre uma base de dados altamente controvertida.

Vazamento de informações

Observe-se que alguns dados da pesquisa, que ainda estava em andamento, já haviam vazado na quarta-feira (2/4), primeiro dia da consulta, quando blogueiros especializados e sites de analistas financeiros começaram a anunciar que a presidente teria perdido grande parte de sua vantagem eleitoral, o que estaria provocando uma forte valorização de ações da Petrobras. Essa informação veio a ser destaque dos jornais no dia 3, quando os pesquisadores ainda estavam em campo.

Portanto, há aqui pelo menos duas questões relevantes a serem analisadas: o Datafolha vazou dados de uma pesquisa em andamento para os editores da Folha? Se as especulações do mercado, que foram veiculadas por sites respeitados entre investidores, não tinham fundamento, por que a Folha não os desmentiu antes de divulgar o resultado oficial? Pelo contrário, a Folha respaldou a ideia de que uma eventual queda na vantagem da presidente teria motivado o mercado, levando à recuperação dos negócios na Bolsa de Valores.

Essas perguntas não terão resposta, mesmo porque, se levada a fundo, a eventual vantagem de investidores, que teriam realizado lucros com ações da Petrobras com base em informação privilegiada, teria que ser investigada. Mais interessante é analisar o resultado da pesquisa em si.

Segundo o Datafolha, o ambiente social no Brasil está dominado “por crescente pessimismo com a economia e forte desejo de mudança”. Essa seria, segundo o instituto, a causa principal da queda das intenções de voto na presidente da República.

O problema é que, no cenário mais provável, tendo os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos como principais adversários, Dilma Rousseff ganharia a eleição no primeiro turno.

Se é verdade que há certo desejo de mudança, ele não se incorpora nos candidatos oposicionistas, mas se projeta, em primeiro lugar, na figura do ex-presidente Lula da Silva, na própria presidente Dilma e na ex-senadora Marina Silva, mas Lula e Marina não são cotados para disputar a Presidência.

O desejo de mudança é saudável, numa sociedade ainda marcada por fortes injustiças e carências. Mas o modelo defendido pela imprensa não parece convencer o eleitor. 

http://wwwterrordonordeste.blogspot.com.br/2014/04/a-pesquisa-que-sumiu-dos-jornais.html

As mudanças de estilo na mídia e a aparência de neutralidade


Na sexta-feira passada participei de uma das mesas do Congresso da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) ao lado do diretor de redação de “O Globo” Ascanio Seleme e do professor Edgard Rebouças, da Universidade Federal do Espírito Santo.
Foi um debate civilizado que permitiu algumas conclusões objetivas e outras indiretas do atual momento da mídia.
Chamaram a atenção duas intervenções de Ascânio.
A primeira mencionando altos investimentos feitos pelo O Globo na sua plataforma digital. E asseverando – com o que considerei otimismo exagerado – que os jornais continuariam dominando o mercado de ideias. Ambos concordamos que o jornal de papel está com os dias contados.
Ascanio manifestou otimismo em relação a O Globo,  informou que no ano passado ele recuperou seu ponto de equilíbrio e está pronto para voar novamente – daí o aumento da redação e dos investimentos. Para reforçar o otimismo mostrou números sobre o público queO Globo atingia, enquanto papel, e o público que atinge hoje em dia, como digital.
Confesso que não me convenci da viabilidade financeira. Assim como discordei do Edgard Rebouças, quando previu para as novas mídias um destino igual às rádios e televisões – que acabaram sob controle dos grupos de mídia tradicionais, que tinham no jornal seu carro chefe. Em sua opinião, o mesmo ocorrerá agora.
Ora, rádio e televisão são concessões públicas, nas quais o poder político foi fundamental para preservar o espaço dos grupos tradicionais.
A Internet é  território aberto, é mercado, é capitalismo e não mais sistema de capitanias hereditárias. Mesmo que os grupos tradicionais tenham alguma vantagem de partida, não há mais barreiras de entrada para outros grupos, inclusive estrangeiros.
Além disso, a audiência de jornais como O Globo só é elevada em relação ao público do jornal papel. Na competição por publicidade online, os competidores serão portais – com muito maior abrangência – e toda sorte de sites especializados, como Mercado Livre, Buscapé etc., com muito maior audiência. E, para orientar os anunciantes, quem dispõe de mais dados sobre hábitos de consumo dos leitores: portais de consumo ou o site de O Globo?
Ou seja, a Internet quebrou não apenas as barreiras de entrada a novos competidores, como também as barreiras no mercado publicitário. Maior prova disso é o Google, que sem produzir uma linha de conteúdo, já é o segundo veículo em publicidade no Brasil, superando a Abril e ficando apenas atrás das Organizações Globo.
A própria ideia de que tudo será como antes – apenas com mudança de plataforma – não bate. Os investimentos de O Globo, por exemplo, visam criar reportagens em vídeo, comentaristas em vídeo. Em suma, transitar para um estilo que está muito mais próximo de um G1, de uma Globonews do que do próprio jornal O Globo.
Além disso, as maiores audiências jornalísticas da Internet brasileira já são de portais, alguns de grupos tradicionais – como a UOL e o G1 – outros de novos grupos – como o Terra e oIG. Sem contar a multiplicidade de sites, blogs e portais menores. Não há termos de comparação com um tempo em que apenas 4 jornais dominavam o mercado de opinião -FolhaEstadoJB e O Globo.
Em algum momento do futuro, ficará claro a redundância entre os diversos veículos dasOrganizações Globo levando a uma racionalização.

A BUSCA DA APARÊNCIA DE NEUTRALIDADE

A segunda intervenção de Ascânio foi a ênfase com que procurou demonstrar – para uma plateia de jornalistas! – que O Globo pratica um jornalismo isento, objetivo. Obviamente, foi contestado.
Recentemente, o editor para plataformas digitais de O Globo também fez tais afirmações em um debate sobre os novos tempos.
Mais importante que a afirmação é a insistência em defender  tese tão difícil.
Aparentemente, a velha mídia deu-se conta do tiro no pé que foi ir atrás do estilo escatológico da revista Veja, inundando o noticiário com notícias falsas e até inverossímeis e a redação chula, de esgoto.
Cansei de apontar essa barbaridade de, na ânsia por manipular politicamente o noticiário, ter-se deixado de lado sequer a verossimilhança dos factoides noticiados. Não apenas atentava contra o jornalismo como era ineficiente.
Uma análise das manchetes atuais dos principais jornais mostra que no plano real continua a parcialidade mas agora ao menos persegue-se a imagem da (falsa) imparcialidade. Com isso os jornais ganham mais eficiência em relação à escatologia de 2010.
Por exemplo, a ideia da neutralidade e do apuro técnico não bate com a insistência dos jornais de que a Petrobras pagou US$ 1,2 bilhão pela refinaria. Mas a tese pegou. Ao contrário dos falsários que distribuíam dossiês inverossímeis a torto e a direito, que eram imediatamente acolhidos pela velha mídia.
Hoje em dia, na cobertura da pesquisa Datafolha, por exemplo, é possível pescar uma manchete aqui e ali informando que, apesar da queda, Dilma venceria no primeiro turno. As próprias críticas que a gestão Geraldo Alckmin vêm recebendo dos jornalões paulistas é sinal dessa tentativa ansiosa de recuperar a credibilidade. Critica-se Alckmin para ganhar força na hora de criticar Dilma.
Os novos leitores
Discordei da tese do professor Rebouças, sobre a falta de interesse na notícia, por parte das novas gerações. Creio que nunca houve tanto interesse desde os idos dos anos 1960. Só que agora a porta de entrada são as redes sociais, sem a hierarquização editorial conduzida na edição das páginas de jornais.
O grande poder remanescente do jornalismo impresso é a primeira página e as primeiras páginas das editoriais, ao definir as manchetes principal e secundárias. Através da edição define-se para o leitor médio o que é relevante ou não.
Nas redes sociais o quadro muda. As pessoas compartilham nos seus perfis, livremente, sem se submeter à hierarquização imposta pela redação.
Não se trata de mudança banal, mas de algo que impacta diretamente a influência dos grupos de mídia na opinião pública.
http://jornalggn.com.br/noticia/as-mudancas-de-estilo-na-midia-e-a-aparencia-de-neutralidade