segunda-feira, 9 de maio de 2011

As 37 ações cíveis e criminais contra Paulo Henrique Amorim.

Diz-me quem te processa e dir-te-ei quem és






Pela primeira vez, neste fim de semana, no encontro de blogueiros sujos do Rio – clique aqui para ler o que a deputada Jandira Feghalli propôs e o que disse o Eduardo Guimarães sobre a blogosfera e a luta contra a discriminação social, este ansioso blogueiro leu a lista dos que o acionam na Justiça.



Até então, antes que algumas providências fossem tomadas, meus dois advogados, Cesar Marcos Klouri (Cível) e Elizabeth Queijo (Crime) sugeriram quem eu não tornasse a lista pública.



O que este ansioso blogueiro disse no memorial Getúlio Vargas, na Praia do Russel, foi simples: Dantas quer criar uma jurisprudência contra a liberdade na blogosfera.



Como ?



Com infinitos recursos – advindos da plimvatização do FHC e do cala-a-boca da BrOi – e 1001 advogados regiamente pagos, Dantas quer mais do que calar este ansioso blogueiro.



Ele quer estabelecer uma linha de julgamento, fixar os trilhos por onde possa passar, no futuro, a liberdade na internet.



Calar esse blogueiro pelo bolso ele está careca de saber que é impossível.



Essas 12 ações no Cível – todas iguais – têm essa função: fixar uma linha de decisão judicial que proíba este blogueiro e qualquer outro blogueiro de falar mal dele.



Ou de qualquer rico.



Especialmente se tiver olhos azuis como os de Frank Sinatra (como dizia um de seus áulicos).



Dantas e assemelhados já cooptaram o PiG (*).



Por exemplo, a Época, que teve acesso ao relatório Saadi da Polícia Federal, que incrimina Dantas, e fez de tudo – aqui e aqui para livrar Dantas de nova cadeia.



Falta encarcerar a blogosfera.



As ações de Dantas contra esse ansioso blogueiro têm como objetivo, também, identificar os IPs dos que entram neste blog.



Identificar o amigo navegante seria matar o blog.



Foi o que a China tentou fazer com o Google e desistiu.



A Justiça brasileira tem derrotado Dantas sistematicamente.



E continuará a fazê-lo, inapelavelmente.



As ações de Dantas, todas, contra esse ansioso blogueiro são idênticas – ou assemelhadas.



Isso lhe custará claro.



Ninguém pode cavalgar sobre o sistema judicial para calar alguém pelo bolso – ou pela intimidação.



Nem os ricos (e de olhos azuis) têm esse direito.



Evidentemente, este ansioso blogueiro não é a única vitima.



Talvez valha a pena “exemplá-lo”, porque trabalha também na televisão e é mais conhecido.



Mas, o Azenha, outro “televisivo”, está sob perseguição.



No Paraná, a Justiça e o notável governador tucano Beto Richa tentam calar um blogueiro.



No Pará, blogueiros sofrem.



No interior do Brasil, apanham.



Esta batalha começa a desenhar-se.



O PiG (*) capitulou.



É uma extensão política dos “assemelhados”.



Falta calar a blogosfera.



Uma nova mídia, tecnicamente incontrolável.



Então, ele tenta calar com a única arma que tem: grana.



E 1001 advogados.



A seguir, a lista dos que processam este ansioso blogueiro.



Diz-me quem te processa e dir-te-ei quem és.







No Crime:

- José Serra (dispensa apresentações)









- Heráclito Fortes, que foi “líder da bancada Dantas no Senado”, como ali era conhecido









- Naji Nahas, especulador que quebrou a Bolsa do Rio e foi preso com Dantas e Celso Pitta no PF Hilton, no âmbito da Satiagraha, acusado de lavar dinheiro









- Carlos Jereissati, dono da BrOi, que deu um cala-a-boca de US$ 1 bilhão a Dantas; detém 80% da telefonia fixa do Brasil sem botar um tusta do próprio bolso; um multi-milionário









- Sergio Andrade, sócio de Jereissati na BrOi (também sem botar um tusta), e dono da Andrade Gutierrez, empreiteira que fatura R$ 22 bilhões; um multi-milionário









- Nélio Machado, advogado de Daniel Dantas e da família de Castor de Andrade, no Rio









- Ali Kamel, notável antropólogo, o Gilberto Freyre de nossos tempos, combate as cotas raciais



No Cível:

- Heráclito Fortes







- Heraldo Pereira, ex-professor da escolinha de Gilmar Mendes de pós-graduação em Direito Constitucional por SMS







- Gilmar Mendes já perdeu uma no Crime. Insiste. Seu advogado é o notável jurisconsulto Sepúlveda Pertence, que já defendeu causas mais nobres







- Gilmar Mendes







- Heráclito Fortes







- Alberto Pavie, advogado de Dantas







- Fausto Macedo, repórter do Estadão que tem Gilmar Mendes como fonte explícita ou implícita de muitas reportagens







- Naji Nahas







- Ali Kamel







- Nélio Machado







- Sergio Andrade







- Daniel Dantas, o passador de bola apanhado no ato de passar bola







- Daniel Dantas







- Daniel Dantas







- Daniel Dantas







- Daniel Dantas







- Daniel Dantas







- Daniel Dantas







- Daniel Dantas







- Daniel Dantas







- Daniel Dantas







- Daniel Dantas







- Daniel Dantas





E outros menos notáveis, como, por exemplo, Eduardo Cunha, obscuro deputado do PMDB do Rio, fonte que iluminou a administração de Furnas, por um bom tempo.



São ao todo 37 ações judiciais contra esse ansioso blogueiro.



Diz-me quem te processa e dir-te-ei quem és.





Paulo Henrique Amorim





(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.













Avassalador, Ceará atropela

´CARROÇA´ SEM FREIO




Avassalador, Ceará atropela

Publicado em 9 de maio de 2011







O Ceará atropelou o Guarani(J) na final do returno, garantiu o título arrastão e mostrou que, agora, é o Vozão quem dá as cartas no futebol do Estado.

O gol do meia Thiago Humberto, aos 14 do primeiro tempo, iniciou uma festa muito aguardada pela torcida alvinegra

Faltava a Evandro e à sua diretoria, o título estadual, que chegou ontem

Ceará faz 5 a 0 no Guarani de Juazeiro na reabertura do PV e sagra-se campeão estadual pela 40ª vez



"Ei, sai do meio, sai que a carroça tá sem freio". Bem que a torcida alvinegra avisou que o Vovô estava disposto a atropelar. Pior para o Guarani de Juazeiro, que foi apenas um coadjuvante de luxo da festa alvinegra. Na reinauguração do Presidente Vargas, o Ceará goleou por 5 a 0 e sagrou-se campeão do returno e Estadual 2011.



E a festa estava armada. Com um PV pintado de preto e branco, o Ceará pôde contar com o apoio do seu torcedor, que esperava um título estadual ausente desde 2006, e coroar o bom momento do time.



Com um ritmo frenético, o Ceará partiu par a cima do Leão do Mercado, tocando rapidamente a bola e alternando seus laterais alternando no apoio. As duas primeiras chances do Vovô ma partida foram em jogadas assim, mas o goleiro Valdo interveio bem.



O Guarani, postado na defesa pelo volume de jogo do Ceará, procurava os contra-ataques, levando perigo aos 14, com Netinho, que parou no goleiro.



No lance seguinte, o Ceará fez 1 a 0, gol de Thiago Humberto, em chute rasteiro. Festa alvinegra no Presidente Vargas.



Foi aí que o goleiro Fernando Henrique começou a aparecer. O camisa 1 do Vovô, fez três boas defesas seguidas, em finalizações de Netinho, Emerson e Jérson.



Se o Guarani falhou, o Ceará foi mais uma vez decisivo e ampliou. Aos 34, Nicácio cobrou falta com perfeição e fez seu 15º gol no Estadual.



A torcida do Alvinegro ainda comemorava quando o atacante fez o terceiro, aos 36, após assistência de Vicente, confirmando posto de artilheiro do Campeonato, com 16 gols. "Eu perseguia muito esse feito. Ser artilheiro e campeão. Ter o nome gritado por essa torcida é muito especial, ressaltou".



A torcida alvinegra, ansiosa para comemorar, não se segurou mais com o terceiro gol e soltou o grito de Campeão.



Ela sabia que o bravo Guarani não teria forças para parar a "carroça desembestada", que continuava no ritmo frenético da torcida. Tanto é que logo aos dois minutos do 2º tempo, Thiago Humberto fez o quarto, com um chutaço de fora da área.



Último ato



E o Vovô faria mais um, aos 13, com Osvaldo, após boa troca de passes. A comemoração começou ainda com pelo menos 35 minutos a serem jogados.



A partir daí, tudo foi festa. As defesas de Fernando Henrique, os desarmes providenciais de João Marcos e Michel, as antecipações de Fabrício e os dribles de Iarley, além das trocas de passes que viraram "olé".



Para completar, o técnico Vágner Mancini homenageou Geraldo o substituindo, para que fosse ovacionado pela torcida. "Era obsessão minha esse título. O queria muito. Essa torcida merece", ressaltou G10.



Com o apito final, a festa que já tomava conta do PV só foi intensificada com o elenco erguendo a taça de campeão.



Ficha técnica



Ceará 5



Fernando Henrique; Boiadeiro, Fabrício, Erivelton e Vicente (Diego Macêdo); Michel, João Marcos, Geraldo (Iarley) e Thiago Humberto (Eusébio); Marcelo Nicácio e Osvaldo



Técnico: Vágner Mancini



Guarani (J) 0



Valdo; Airton Jr, Alan e Peter; Roberto Baiano (Cleiton Cearense), Marcinho Guerreiro (Márcio Tarrafas), Jérson, Zé Augusto (Jéferson) e Emerson; Netinho e Niel



Técnico: Júlio Araújo



Competição: Campeonato Cearense - final do returno Local: Presidente Vargas, em Fortaleza (CE) Data: 8 de Maio de 2011 Horário: 16 horas



Árbitro: Almeida Filho



Assistentes: Thiago Brigido e Armando Lopes



Público: 11.456 pagantes Renda: R$ 176.890



Gols: Thiago Humberto (14/1º T e 2/2ºT) Marcelo Nicácio (34/1º T e 36/1º T) e Osvaldo (13/2º T)



Cartões Amarelos: Fabrício e Osvaldo (CEA); Alan e Marcinho Guerreiro (GUA)



Saiba mais



Cordialidade



As duas torcidas tiveram comportamento exemplar na decisão. A torcida alvinegra, reconhecendo o feito do Guarani, aplaudiu a galera rubro-negra e gritou "vice-Campeão"



Mensagem



Após o apito final, o grupo de jogadores, comissão técnica e diretoria do Ceará vestiram a camisa comemorativa, alusiva ao 40º título estadual do Ceará e a hegemonia de conquistas no Estado



FRUTOS DO TRABALHO

Título coroa gestão de Evandro Leitão



Desde o ano de 2009 que o presidente Evandro Leitão e sua diretoria vinham perseguindo o título de campeão cearense. Não bastavam o acesso à Série A do Brasileiro, a manutenção do time nessa divisão nacional, além da conquista da vaga na Copa Sul-Americana. O torcedor queria o Campeonato Estadual e este veio com a irrepreensível campanha de 2011.



"Estou muito satisfeito com todo esse momento da gente, mas não vai parar aqui, não. Vamos fazer esse time cada vez mais forte, a entidade cada vez mais respeitada. O título não é apenas meu. É de um grupo coeso e unido, que trabalhou para chegarmos até aqui", comentou o presidente alvinegro.



Evandro se emocionou ao dedicar o título à sua esposa, que tantas renúncias fez para manter o marido à frente do clube. "São três anos de muito trabalho. Hoje (ontem), cheguei pela manhã e fiquei concentrado com os jogadores, mal tinha chegado de viagem. Estávamos preocupados com os últimos detalhes", disse nas entrevistas.



Vários conselheiros alvinegros puderam entrar no gramado para vibrar com o time, como André Figueiredo. "A nossa parceria vai continuar. Vamos prosseguir unidos e agora vamos lutar por uma conquista nacional, disse o dirigente, talvez pensando n a Copa do Brasil.



BARES E LANCHONETES

Liminar da Justiça é descumprida no PV



Enquanto o espetáculo futebolístico retornava ao campo do Estádio Presidente Vargas, nos bastidores rolava uma questão envolvendo a permissão para vendas nos bares e lanchonetes do estádio. Francenilson Batista, dono da empresa que havia firmado um contrato de quatro anos para realizar a exploração comercial dentro da praça esportiva, afirmou que foi informado verbalmente pelo secretario de Esporte e Lazer do Município Secel, Evaldo Lima, na última sexta-feira, 6, de que o seu contrato não seria cumprido.



"Nós conseguimos suspender essa anulação judicialmente e hoje (ontem) estamos aqui, junto com oficiais de justiça, para cumprir o mandato. No entanto, a Polícia Militar simplesmente se afastou dos oficiais e nós estamos tendo um descumprimento da lei", disse ele.



Durante a partida de ontem, os bares e lanchonetes do estádio funcionaram normalmente. De acordo com Francenilson, os pontos comerciais foram arrendados ao Ceará. "Eu não tive acesso a nenhum documento oficial que informasse a anulação do meu contrato e simplesmente fui barrado com a minha mercadoria", acrescentou.



Evaldo Lima, titular da Secel, que cuida da administração da praça esportiva, até o fechamento desta edição, não quis se pronunciar sobre o assunto.





Médicos da Uerj põem à prova sistema de cotas



Domingo 8, maio 2011



Primeira universidade pública a formar turma com cotistas mantém qualidade de ensino e índice de aprovação, mas revela mudança sutil causada pela diversidade







Os defensores falam em justiça social. Os críticos invocam a meritocracia. No acalorado debate sobre a política de cotas sociais e raciais nas universidades públicas sobram argumentos por todos os lados. Dois pontos permeiam inevitavelmente a discussão: a capacidade dos cotistas em acompanhar o ritmo das aulas e a possibilidade de queda na qualidade do ensino das universidades.



O Estado fez um levantamento no curso mais disputado (Medicina) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a primeira a adotar as cotas no País. No vestibular de 2004, foram aprovados 94 jovens (43 cotistas). Apenas oito alunos – quatro cotistas – não se formaram em dezembro do ano passado, como previsto.



O Estado localizou 90% dos jovens que chegaram à festança black-tie de formatura: 35 eram cotistas; 44, não. O caminho natural, após seis anos de faculdade, é fazer residência, o estágio de dois ou três anos em que os médicos se especializam em hospitais universitários ou da rede pública. O desafio é grande. As provas são mais disputadas que o vestibular. Nelas não há sistema de cotas. Passa quem sabe mais. É a meritocracia em estado puro.



Fazer residência garante não só mais conhecimento da medicina como salários melhores no futuro. Dos 35 cotistas localizados, 25 passaram nas provas. Os outros 9 cotistas nem tentaram entrar para residência. Ou porque não sabiam que especialidade escolher ou porque tinham pressa em trabalhar em plantões e ganhar muito mais que os R$ 2,2 mil da bolsa residência. Médicos recém-formados, mesmo sem especialização e prática, chegam a ganhar R$ 12 mil por mês, um valor inimaginável para a família de qualquer cotista. Entre os 44 não cotistas, 37 estão na residência.



Na maioria dos casos, a forma de entrada na universidade não influencia na escolha da especialidade. Não há, entre os cotistas, uma opção majoritária pela medicina de família, por exemplo, que atende prioritariamente à população carente e é mais fácil de passar. Tampouco há entre os não cotistas uma preferência por especialidades que paguem mais e sejam mais difíceis de entrar. É o caso de dermatologia, garantia de bons salários e zero de estresse com emergências. Nessa turma, duas alunas passaram, uma delas cotista.



“Cotistas ou não cotistas, todos têm uma tendência de procurar especialidades que compensem mais financeiramente”, diz o cardiologista Plínio José da Rocha, diretor da faculdade de Medicina. “A gente escolhe a especialidade pelo que gosta de fazer. Não é só uma questão financeira”, rebate o paulistano Thiago Peixoto, de 28 anos, cotista e residente de clínica médica na Uerj. Prova disso é que pediatria, que anda em queda entre os jovens médicos, é a especialidade com o maior número de residentes da turma – são 11, sendo 6 cotistas.



A presença dos cotistas na universidade provocou debates acalorados entre os professores, mas o diretor afirma que o curso continua o mesmo. “No início houve receio, mas cobramos igual de todos.” Difícil é avaliar se o nível das aulas foi alterado. “Eu não vejo diferença. Mas há todo tipo de opinião entre os professores”, diz Rocha.



Não há como negar que a mudança no tipo de aluno mexeu com os professores. Antes de 2002, quando começou a política de cotas, passavam para a Medicina da Uerj apenas a nata da elite que frequenta os melhores colégios. Agora, 45% dos alunos são da rede pública de ensino. A diferença na relação candidato/vaga é cruel.



Entre os cotistas, é de 5,33. Entre os não cotistas, de 55,80. A discrepância influencia na nota mínima para entrar na universidade. Um cotista garante a vaga se fizer 41,50 pontos. O não cotista tem de chegar a 75,75.



A discussão sobre a queda na qualidade do ensino com a entrada de alunos que não acertam nem 50% das questões do vestibular chegou ao Conselho Universitário da Uerj. A questão é emblemática. “Somos uma grande universidade porque recebemos os melhores alunos ou uma grande universidade é aquela que pega qualquer tipo de aluno e o transforma num bom médico?”, diz Rocha.



Desempenho. Ainda este ano, a Uerj terá uma pista mais conclusiva sobre a questão. A turma de 2010 fez o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) em novembro. É a primeira com cotistas que passa pela prova do Ministério da Educação (MEC) que avalia os cursos de nível superior. No último, em 2007, a Uerj foi a única do Rio a tirar 5, a nota máxima. A prestigiada UFRJ ficou com 4. Seja qual for o resultado, a Uerj mantém sua filosofia. “O espírito desta escola é a formação de bons médicos. Porque até nós temos medo de quem vai nos atender num hospital”, diz o diretor.



PARA ENTENDER







O sistema de cotas da Uerj



94 vagas por ano para Medicina



45% das vagas são reservadas a alunos que comprovem uma renda per capita inferior a R$ 960



20% são para negros



20% para alunos de escolas públicas



5% para deficientes, indígenas e filhos de policiais mortos em serviço



Agência Estado



Líbios morrem no mar fugindo de bombardeios da Otan.




Os donos do mundo, acompanhados do neonapoleônico regime francês, do decadente Sarkozi que corre o risco de sequer ir a um segundo turno das eleições presidenciais do próximo ano na França, segundo pesquisa publicada ontem, fazem um criminoso bombardeio na Líbia, o mais bem sucedido país africano daquele continente, sob o argumento falacioso de proteger civis inocentes da sanha sanguinária do ditador Muamhar Kadaf.

Toda a infraestrura Líbia está sendo destruida. Cidadãos em desespero fogem por mar em direção a ilha de Lampedusa na parte meridional da Itália, já próxima do continente africano, em busca de salvar suas vidas. Em barcos precários, lançam-se numa aventura de alto risco certos de que terão a proteção de seus benfeitores, O Império do Norte e o seu tótó, a Otan.

Pois não é que centenas de refugiados líbios estão perdendo suas vidas na fuga dos bombardeios humanitários da Otan e da repressão impiedosa de Kadaf, contra a insugência que quer derrubar o regime, ao naufragarem nas águas do Atlântico em direção a Europa, onde imaginam obter salvação da crise humanitária provocada pela ação insana do intervencionismo imperialista. A matéria é da Folha de São Paulo.

"A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) afirmou nesta segunda-feira que vai investigar a denúncia feita pelo jornal britânico "The Guardian" de que rejeitou os pedidos de socorro de um navio que levava imigrantes africanos da Líbia para a ilha italiana de Lampedusa. Segundo o jornal, que cita testemunhas, ao menos 62 pessoas morreram de sede e fome.




O "Guardian" afirma que o barco levava 72 pessoas, incluindo várias mulheres, crianças e refugiados políticos. Ele teve problemas pouco depois de deixar Trípoli, em 25 de março, rumo à Lampedusa, ilha italiana que sofre com o fluxo de dezenas de milhares de refugiados do norte da África desde a onda de revoltas que varreu a região.



A tripulação do barco enviou um alerta à Guarda Costeira italiana e tentou contato com um helicóptero militar e um barco da Otan, mas nenhum esforço de resgate foi feito.



Apenas dez dos tripulantes sobreviveram aos 16 dias à deriva no mar Mediterrâneo, afirma o jornal britânico.



Italian Coastguard/Associated Press



Barco com 760 imigrantes chega à ilha de Lampedusa; outra embarcação teria sido deixada à deriva no mar Mediterrâneo

"Nós estamos investigando as alegações do Guardian. Eu espero ter uma resposta em breve", disse a porta-voz da Otan, Carmen Romero. "Os veleiros da Otan estão conscientes de suas responsabilidades a respeito da lei marítima internacional sobre a segurança das pessoas no mar".



A lei marítima internacional obriga todos os barcos, incluindo os militares, a atender chamados de socorro dos barcos que se encontram nas proximidades e prestar auxílio.



A reportagem do "Guardian" cita sobreviventes e outras pessoas que entraram em contato com os passageiros do barco. Segundo o jornal, havia 47 etíopes, sete nigerianos, sete eritreus, seis ganenses e cinco sudaneses. Destes, 20 eram mulheres e dois eram crianças, incluindo um bebê de um ano.



O capitão do barco, um ganense, rumava a Lampedusa, 290 km ao noroeste de Trípoli, mas depois de 18 horas teve problemas e começou a perder combustível.



Os imigrantes usaram um telefone via satélite para ligar para Moses Zerai, um padre eritreu em Roma que comanda a organização de direitos dos refugiados Habeshia. Ele então contatou a Guarda Costeira italiana.



Segundo o "Guardian", o barco foi localizado a cerca de 97 km da costa de Trípoli e a Guarda Costeira garantiu a Zerai que um alerta fora enviado.



O jornal diz ainda que um helicóptero militar com a palavra "Exército" na fuselagem logo apareceu acima da embarcação. Os pilotos, que usavam trajes militares, deixaram água e pacotes de biscoito no barco e gesticularam aos passageiros que ficariam até que um barco de resgate aparecesse.



O helicóptero, contudo, foi embora e a ajuda nunca chegou.



Dias depois, em 29 ou 30 de março, o barco se aproximou de um porta-aviões da Otan. Segundo o relato dos sobreviventes, dois jatos sobrevoaram a embarcação, enquanto eles seguravam as duas crianças para o alto.



Nenhuma ajuda veio e os passageiros começaram a morrer um a um. "Cada manhã, ao acordarmos, encontrávamos mais mortos, que deixávamos a bordo vinte e quatro horas antes de jogá-los no mar", relatou ao jornal Abu Kurke, um dos sobreviventes.



Em 10 de abril, o barco chegou à cidade líbia de Zlitan, perto de Misrata, com apenas 11 pessoas vivas. Um deles, contudo, morreu quase imediatamente depois de chegar em terra firme.



FRANCÊS



O "Guardian" diz que após extensa investigação descobriu que o porta-aviões é provavelmente o francês Charles de Gaulle, que estava operando no Mediterrâneo.



O Charles de Gaulle faz parte da operação internacional da Líbia, mas não está sob comando direto da Otan.



A porta-voz da aliança disse que o único porta-aviões que faz parte da operação na Líbia é um italiano.



Ela disse ainda que, nas noites de 26 e 27 de março, várias unidades da Otan estavam envolvidas no resgate de mais de 500 pessoas em dois veleiros com imigrantes em uma área a 28 km ao norte de Trípoli.



"As pessoas resgatadas foram transferidas para Lampedusa com a ajuda das autoridades italianas", disse.



CRISE HUMANITÁRIA



Cerca de 25 mil fugiram para a pequena ilha italiana de Lampedusa, que fica mais perto do norte da África do que da Itália continental. A ilha tem apenas 5.000 habitantes e nenhuma estrutura para abrigar tantos refugiados.



O governo italiano alegou que não tinha como acolher tanta gente e que temia a vinda de 1,5 milhão para suas terras com a queda sucessiva de ditadores no continente vizinho.



Pelas regras da União Europeia (UE), os imigrantes têm de ficar no país em que aportaram até que sejam devolvidos a seus locais de origem ou que seja concedido asilo ou visto.



Berlusconi apelou por ajuda dos demais membros do bloco europeu, mas não obteve resposta e resolveu conceder documentos temporários de permanência, o que permite a imigrantes circular pelos países signatários do Tratado de Schengen.



A decisão levou a reações duras dos vizinhos, que temiam "adotar" o problema italiano, principalmente da França, destino preferencial dos tunisianos.



Há duas semanas, a França chegou a bloquear por meio dia o tráfego de trens com a Itália para impedir a entrada desses tunisianos recém-documentados. O país alegou "razões de ordem pública" e disse que eles só poderiam entrar se comprovarem ter condições financeiras de se sustentar.



Na semana passada, Itália e França decidiram em conjunto pedir que a União Europeia rediscuta o tratado que permite a livre circulação de pessoas entre 25 países do continente.



Conhecido como Tratado de Schengen (cidade em Luxemburgo onde foi assinado), o acordo é um dos pilares da UE, abolindo na prática as fronteiras internas entre os países signatários --qualquer um viaja sem a necessidade de passaporte ou visto.



Agora, os dois países falam em retornar o controle fronteiriço em "circunstâncias excepcionais".


http://www1.folha.uol.com.br/mundo/913173-otan-investiga-acusacao-de-que-deixou-dezenas-morrerem-em-barco.shtml

Vidas interrompidas

Como é o cotidiano da família do cineasta Fábio Barreto e de outros brasileiros que cuidam, na própria casa, de parentes em coma ou em estado de mínima consciência


Solange Azevedo

CUIDADO


Deborah Kalume quer retomar a carreira de atriz, mas ainda

sente dificuldade de ficar distante do marido e do filho



João não desgruda os olhos da tevê. Estirado num pequeno sofá, ele acompanha as estripulias de Scooby-Doo ao lado da cama do pai – o cineasta Fábio Barreto. De repente, tasca um beijo no rosto de Fábio e lhe fala baixinho no ouvido: “Papai, cheguei da escolinha.” João aprendeu com a mãe, a atriz Deborah Kalume, que o cineasta vive inerte – não vibra com as conquistas dos filhos, com a evolução da mulher no teatro nem com os gols do Botafogo – porque fez um “dodói” na cabeça ao capotar o carro. Desde a noite do acidente, 19 de dezembro de 2009, Fábio permanece inconsciente. Está inserido atualmente no que a medicina chama de “estado de mínima consciência”. Abre e fecha os olhos, mas não interage. Em alguns momentos, acorda quando é chamado, fixa o olhar e parece notar a presença de familiares. Esses lampejos de vida dão esperança aos Barreto. “Ele vai ficar assim?”, questionou João, às vésperas de seu quinto aniversário. “Respondi que não sei”, afirma Deborah. “Mas que o meu coração diz que o Fábio vai ficar bom.”



Deborah, 33 anos, recebeu a reportagem de ISTOÉ na casa da família, na zona sul do Rio de Janeiro. Contou que é obrigada a lidar duplamente com a saudade e a ansiedade – dela e do filho. Fábio teve traumatismo cranioencefálico. Passou três meses no hospital. Durante um bom tempo, João achou que o pai andava distante porque trabalhava no lançamento de seu último filme – “Lula, o filho do Brasil”. Ele voltou a conviver diariamente com Fábio há cerca de um ano, quando a família decidiu cuidar do cineasta na própria residência. Esse turbilhão de emoções embaralhou a cabecinha dele. Nas primeiras semanas, João ficou agressivo e chorava dizendo “quero o meu pai”. “Eu explicava que, da maneira dele, Fábio estava aqui”, lembra Deborah. João chegou a abraçar a tevê ao assistir a uma entrevista que o cineasta dera pouco antes do acidente. Perguntou se fora gravada quando ele estava na barriga da mãe.



está aprendendo a reinventar a relação com o pai. Toda manhã, corre para cumprimentá-lo. Do jeito que Fábio fazia com ele. “Bom-dia, flor do dia”, diz. Às vezes, sobe na cama hospitalar, mexe nos botões e vai se aconchegando. Os pais de Fábio, a produtora Lucy e o cineasta Luiz Carlos Barreto, vão visitá-lo todos os dias. Os irmãos, Paula e Bruno, estão sempre presentes. Fábio tem três filhos de outros relacionamentos. Lucas, 11 anos, vai vê-lo nos finais de semana. Mariana, 22 anos, mora com o pai. Ela costuma fazer massagem nas mãos e nos pés de Fábio. Júlia, 32 anos, é a mais velha. Mãe de duas crianças, passa horas lendo para o cineasta.



As chances de recuperação de um paciente com lesões cerebrais graves como as que o cineasta sofreu, segundo a literatura médica, diminuem com o tempo. Melhoras significativas nos 12 primeiros meses são cruciais para a definição de um bom prognóstico. “Bem-cuidada, uma pessoa pode viver muitos anos em coma vígil ou em estado de mínima consciência, principalmente se for jovem”, afirma Gisele Sampaio Silva, gerente médica do Programa Integrado de Neurologia do Hospital Israelita Albert Einstein. Fábio tem 53 anos. “Às vezes, bate o desespero de que isso não tenha fim. Mas, quando acho que não vou aguentar, o Fábio mexe um dedinho, vem um olhar, um suspiro, uma lágrima que escorre no cantinho do olho”, relata Deborah. “Não é uma questão de fé cega, mas não posso ignorar o que vejo no dia a dia em função do que os médicos dizem.”

Histórias de pacientes que se recuperaram depois de anos, apesar de desafiarem as estatísticas, trazem esperança aos familiares. “Há momentos em que sabemos que o Fábio não está aqui. Mas, em outros, temos certeza de que está. Pedimos para mexer a mão e ele mexe um dedinho”, diz Deborah. “Não sei qual é o segredo para que fique mais tempo presente. Mas acho que, quanto mais ele estiver com a gente, mais conseguirá progredir nas respostas.” Fábio faz fisioterapia diariamente. Uma fonoaudióloga também o acompanha para estimular sua respiração e melhorar a deglutição. O cineasta respira sem aparelhos.




A família tem tentado de tudo. Na semana passada, Fábio foi submetido a uma cirurgia para a colocação de um marca-passo no cérebro. Teve uma fase em que Barretão botava mantras para o filho ouvir o dia todo porque acreditava que ajudariam a reorganizar o cérebro dele. Houve a fase de músicas clássicas e de MPB. E a que um único filme rodava no DVD. “Achávamos que o Fábio poderia captar algum momento. Principalmente quando colocávamos os filmes dele, por causa da ligação afetiva”, diz Deborah. “Passei um ano em função de acordar o Fábio.



Pesquisava na internet. Participava do banho, da fisioterapia. Queria fazer tudo. Falar com ele. Queria estimulá-lo o tempo todo. Quando completou um ano, foi caindo a ficha e a gente foi percebendo que não tem o poder de transformar isso. Fizemos e continuamos fazendo tudo para que ele acorde. Mas, agora, não com a responsabilidade de que vamos conseguir.”



COTIDIANO


Geraldo Manfrin (acima) cuida da irmã em coma vígil há três anos. Dona Aparecida (abaixo)

está inconsciente desde o fim de 2009. Ela mora com as filhas na zona norte de São Paulo






“As famílias podem fazer um tanto. Mas, a partir de um determinado ponto, não podem mais”, garante Wagner Malagó Tavares, supervisor do Pronto Socorro da Neurologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. “A conversa tem de ser honesta. Os médicos têm de tirar essa culpa das famílias.” A franqueza, no entanto, não fez com que as duas filhas de Aparecida Lúcia de Oliveira, 72 anos, diminuíssem a luta. “Os médicos falam que o estado dela é vegetativo e não nos dão esperança. Mas, mesmo assim, a gente acredita que ela vai se restabelecer”, afirma Valéria, 51 anos, a mais velha. Aparecida teve um AVC no tronco – área vital do cérebro – 11 dias depois de Fábio sofrer o acidente. Ficou oito meses internada.




Quando saiu do hospital, a filha mais nova, a funcionária pública Lúcia, 50 anos, se mudou para a casa da mãe. A bancária aposentada Valéria já morava lá. Apesar de o plano de saúde cobrir uma auxiliar de enfermagem, não é suficiente. Uma das filhas tem de estar presente 24 horas. Lúcia e Valéria não reclamam. Cuidam de Aparecida com uma dedicação impressionante. O marido de Valéria, que vive no interior de São Paulo, vai visitá-la todo fim de semana. O de Lúcia vai toda manhã antes de seguir para o trabalho. “A família inteira participa. Instalamos uma campainha no quarto e, à noite, a enfermeira toca de três em três horas para ajudarmos a virar nossa mãe na cama”, relata Valéria.



Como o apaixonado enfermeiro Benício faz com a paciente Alícia no filme “Fale com ela”, do espanhol Pedro Almodóvar, as filhas falam com Aparecida o tempo todo. Contam detalhes comezinhos do dia a dia enquanto preparam o almoço. Diariamente, sintonizam a tevê na missa que ela acompanhava. Valéria pinta as unhas da mãe toda semana. As filhas acreditam que Aparecida acordará a qualquer momento e poderá se lembrar do que ouvira no período de coma. Por isso, nunca dizem coisas negativas perto dela e fazem tudo o que ela gostava: passam perfume, creme, batom.



Apesar de Aparecida não abrir os olhos desde que teve o AVC, as filhas sempre contam como ela está vestida: “Mãe, hoje você está de azul. Abra os olhinhos para ver como sua camisola é linda.” Os Oliveira conseguem manter Aparecida na própria residência porque o convênio cobre as despesas. Uma única diária da equipe de enfermagem lhes custaria, em média, R$ 380. Sem contar os gastos com remédios, fraldas e alimentação. “Além de cuidar do paciente, os profissionais de saúde têm de prestar atenção no que o doente representa para a família”, diz Maria Aparecida Martorelli, coordenadora da equipe de enfermagem da Dal Ben Home Care. “Temos de considerar os prognósticos, mas não podemos tirar a esperança de ninguém.”



Na casa dos Manfrin, na zona sul de São Paulo, tudo gira em torno do tratamento de Rosangela, 53 anos. Ela está em coma vígil desde abril de 2008. Foi internada para uma cirurgia de vesícula e saiu inconsciente. Nem os médicos nem o hospital explicaram por que 90% do cérebro dela acabou lesionado. “O problema pode ter ocorrido devido à anestesia. Isso eu compreendo. Mas é inadmissível minha irmã ter ficado mais de meia hora sem oxigênio”, afirma o bancário Geraldo, 52 anos. “Ou ela não estava entubada, o que seria um erro da equipe médica, ou o respirador não funcionou.” Geraldo se divide entre a própria casa e a da irmã. Além de estar à frente das decisões que envolvem Rosangela, tem de zelar pela mãe.



Quando Maria, 78 anos, foi morar no mesmo prédio que Rosangela, a ideia era de que a filha lhe fizesse companhia. Não o contrário. Maria permanece num vai e vem entre o próprio apartamento, no 14º andar, e o 15º, onde Rosangela segue ligada a um respirador artificial. Às vezes, se desespera. Chora. Fica buscando respostas. “O que fizeram foi um assassinato. Queria minha filha de volta”, lamenta Maria. “Tento não deixar a peteca cair porque, se a Rosangela recuperar a consciência, ela não pode ficar sem mãe. Mas é difícil. Converso muito com ela. Falo tudo o que vem à cabeça. Mas só coisa boa, ruim eu não falo. Acho que ela escuta, né!”



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Morosidade da Justiça foi concebida por osmose.



Roberto Monteiro Pinho



Ninguém, absolutamente ninguém do judiciário brasileiro assume a paternidade da morosidade processual e se assim for, esta foi concebida por “osmose”. Justamente por essa razão, entendo que estamos diante de uma desconfortável situação, onde a solução terá que ser radical, e deve ser procurada a partir dos seus próprios criadores, – os integrantes do judiciário. Para quem não sabe, osmose é a passagem do solvente de uma região pouco concentrada em soluto para uma mais concentrada em soluto, sem gasto de energia, o mesmo processo de criação da morosidade, a causa é seu efeito, e sem gasto de energia, conforme propriamente dito.



Falamos de uma justiça, (…) “cara e que funciona mal”, definiu o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, em resposta ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Cezar Peluso, durante a realização do Seminário “100 Maiores Litigantes”, realizado no mês de abril em Brasília. A reação do dirigente da classe da advocacia (que representa 700 mil associados), veio em resposta a Peluso, que defendeu o aumento do valor das custas processuais como forma de inibir a entrada de recursos em instâncias superiores do Judiciário e dar mais celeridade à Justiça.



Para o dirigente da OAB, esse tipo de proposta “nega eficácia aos princípios constitucionais de amplo acesso ao Judiciário e do direito de defesa, provocando ainda elitização do acesso somente a quem tiver condições de arcar com os altos custos de um processo judicial”. Numa segunda argumentação o presidente do STF, defendeu a PEC proposta por ele para impedir a subida de recursos aos Tribunais superiores e STF, repudiada pelo dirigente da OAB, que advertiu “ataca os efeitos e não as causas da ineficiência do Judiciário e do gestor público, que é o maior litigante na Justiça”. Ophir entende que: “O olhar da proposta é equivocado, pois mata o doente e não a doença”.



Um levantamento feito por iniciativa da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, no ano de 2009, concluiu que “quanto mais rico e escolarizado menos o brasileiro confia e recorre à justiça”.Teriam sido feiras 1639 entrevistas em sete capitais (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e Brasília), observando o critério de que essas regiões metropolitanas correspondem a um terço da população. Mas a justiça não tem que ser do rico ou do pobre, precisa ser acessada por todos, independente de nível social e econômico.



Esta visão míope, de que a culpa está no lado oposto, ao que tudo indica não é uma virtude dos dirigentes das duas maiores Cortes do país, quando não, os próprios integrantes do judiciário, nunca assumiram uma postura de que o problema pode estar entre outros, na própria condução da ação pelos magistrados, administração dos serventuários e as grosseiras falhas jurídicas nos processos.



Em agosto de 2009 o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, afirmou que a morosidade do Judiciário se deve ao Ministério Público, porque: “Em alguns Estados, o Ministério Público tem ainda um estágio abaixo do Judiciário, não funciona e é o responsável pela prescrição”, – afirmou o ministro.



Mendes que também presidia o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e participava das inspeções do órgão nos tribunais do país, destacou o exemplo do Piauí, e revelou que se encontram “massas e massas” de processos aguardando o posicionamento do Ministério Público. As declarações aconteceram durante a sua participação em um debate na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sobre como as falhas judiciais podem levar à impunidade e ao descrédito institucional.



O dirigente da OAB e outros segmentos da sociedade civil (acrescentaria até mesmo os sindicalistas), vêm procurando ajudar o judiciário encontrar a saída para superar estas dificuldades, quando advertiu que o Estado brasileiro é ineficiente e já custa caro, tendo descoberto na Justiça Brasileira a forma de eternizar seus conflitos e, conseqüentemente, protelar indefinidamente seus débitos.



Segundo Ophir, “Esta é uma questão que precisa ser enfrentada, pois hoje não há nenhuma conseqüência para os maus gestores, os quais, simplesmente, deixam de cumprir a lei e, deliberadamente, desrespeitam direitos dos cidadãos gerando assim um passivo judicial para o Estado brasileiro, no qual o precatório é a expressão mais perfeita e acabada”.



Dos 86 milhões de ações existentes no judiciário brasileiro 80% são demandadas pelo estado, ao lado dos 100 maiores litigantes, que englobam Bancos, Telefônicas, Cias de energia, de cartões de crédito e outras. A poção mágica para o estado é o próprio judiciário Estatal, benevolente, com regras que dão aos procuradores prazos mais dilatados e a inexecutabilidade dos seus títulos, quando muito caucionados por precatórios.