segunda-feira, 9 de maio de 2011

Líbios morrem no mar fugindo de bombardeios da Otan.




Os donos do mundo, acompanhados do neonapoleônico regime francês, do decadente Sarkozi que corre o risco de sequer ir a um segundo turno das eleições presidenciais do próximo ano na França, segundo pesquisa publicada ontem, fazem um criminoso bombardeio na Líbia, o mais bem sucedido país africano daquele continente, sob o argumento falacioso de proteger civis inocentes da sanha sanguinária do ditador Muamhar Kadaf.

Toda a infraestrura Líbia está sendo destruida. Cidadãos em desespero fogem por mar em direção a ilha de Lampedusa na parte meridional da Itália, já próxima do continente africano, em busca de salvar suas vidas. Em barcos precários, lançam-se numa aventura de alto risco certos de que terão a proteção de seus benfeitores, O Império do Norte e o seu tótó, a Otan.

Pois não é que centenas de refugiados líbios estão perdendo suas vidas na fuga dos bombardeios humanitários da Otan e da repressão impiedosa de Kadaf, contra a insugência que quer derrubar o regime, ao naufragarem nas águas do Atlântico em direção a Europa, onde imaginam obter salvação da crise humanitária provocada pela ação insana do intervencionismo imperialista. A matéria é da Folha de São Paulo.

"A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) afirmou nesta segunda-feira que vai investigar a denúncia feita pelo jornal britânico "The Guardian" de que rejeitou os pedidos de socorro de um navio que levava imigrantes africanos da Líbia para a ilha italiana de Lampedusa. Segundo o jornal, que cita testemunhas, ao menos 62 pessoas morreram de sede e fome.




O "Guardian" afirma que o barco levava 72 pessoas, incluindo várias mulheres, crianças e refugiados políticos. Ele teve problemas pouco depois de deixar Trípoli, em 25 de março, rumo à Lampedusa, ilha italiana que sofre com o fluxo de dezenas de milhares de refugiados do norte da África desde a onda de revoltas que varreu a região.



A tripulação do barco enviou um alerta à Guarda Costeira italiana e tentou contato com um helicóptero militar e um barco da Otan, mas nenhum esforço de resgate foi feito.



Apenas dez dos tripulantes sobreviveram aos 16 dias à deriva no mar Mediterrâneo, afirma o jornal britânico.



Italian Coastguard/Associated Press



Barco com 760 imigrantes chega à ilha de Lampedusa; outra embarcação teria sido deixada à deriva no mar Mediterrâneo

"Nós estamos investigando as alegações do Guardian. Eu espero ter uma resposta em breve", disse a porta-voz da Otan, Carmen Romero. "Os veleiros da Otan estão conscientes de suas responsabilidades a respeito da lei marítima internacional sobre a segurança das pessoas no mar".



A lei marítima internacional obriga todos os barcos, incluindo os militares, a atender chamados de socorro dos barcos que se encontram nas proximidades e prestar auxílio.



A reportagem do "Guardian" cita sobreviventes e outras pessoas que entraram em contato com os passageiros do barco. Segundo o jornal, havia 47 etíopes, sete nigerianos, sete eritreus, seis ganenses e cinco sudaneses. Destes, 20 eram mulheres e dois eram crianças, incluindo um bebê de um ano.



O capitão do barco, um ganense, rumava a Lampedusa, 290 km ao noroeste de Trípoli, mas depois de 18 horas teve problemas e começou a perder combustível.



Os imigrantes usaram um telefone via satélite para ligar para Moses Zerai, um padre eritreu em Roma que comanda a organização de direitos dos refugiados Habeshia. Ele então contatou a Guarda Costeira italiana.



Segundo o "Guardian", o barco foi localizado a cerca de 97 km da costa de Trípoli e a Guarda Costeira garantiu a Zerai que um alerta fora enviado.



O jornal diz ainda que um helicóptero militar com a palavra "Exército" na fuselagem logo apareceu acima da embarcação. Os pilotos, que usavam trajes militares, deixaram água e pacotes de biscoito no barco e gesticularam aos passageiros que ficariam até que um barco de resgate aparecesse.



O helicóptero, contudo, foi embora e a ajuda nunca chegou.



Dias depois, em 29 ou 30 de março, o barco se aproximou de um porta-aviões da Otan. Segundo o relato dos sobreviventes, dois jatos sobrevoaram a embarcação, enquanto eles seguravam as duas crianças para o alto.



Nenhuma ajuda veio e os passageiros começaram a morrer um a um. "Cada manhã, ao acordarmos, encontrávamos mais mortos, que deixávamos a bordo vinte e quatro horas antes de jogá-los no mar", relatou ao jornal Abu Kurke, um dos sobreviventes.



Em 10 de abril, o barco chegou à cidade líbia de Zlitan, perto de Misrata, com apenas 11 pessoas vivas. Um deles, contudo, morreu quase imediatamente depois de chegar em terra firme.



FRANCÊS



O "Guardian" diz que após extensa investigação descobriu que o porta-aviões é provavelmente o francês Charles de Gaulle, que estava operando no Mediterrâneo.



O Charles de Gaulle faz parte da operação internacional da Líbia, mas não está sob comando direto da Otan.



A porta-voz da aliança disse que o único porta-aviões que faz parte da operação na Líbia é um italiano.



Ela disse ainda que, nas noites de 26 e 27 de março, várias unidades da Otan estavam envolvidas no resgate de mais de 500 pessoas em dois veleiros com imigrantes em uma área a 28 km ao norte de Trípoli.



"As pessoas resgatadas foram transferidas para Lampedusa com a ajuda das autoridades italianas", disse.



CRISE HUMANITÁRIA



Cerca de 25 mil fugiram para a pequena ilha italiana de Lampedusa, que fica mais perto do norte da África do que da Itália continental. A ilha tem apenas 5.000 habitantes e nenhuma estrutura para abrigar tantos refugiados.



O governo italiano alegou que não tinha como acolher tanta gente e que temia a vinda de 1,5 milhão para suas terras com a queda sucessiva de ditadores no continente vizinho.



Pelas regras da União Europeia (UE), os imigrantes têm de ficar no país em que aportaram até que sejam devolvidos a seus locais de origem ou que seja concedido asilo ou visto.



Berlusconi apelou por ajuda dos demais membros do bloco europeu, mas não obteve resposta e resolveu conceder documentos temporários de permanência, o que permite a imigrantes circular pelos países signatários do Tratado de Schengen.



A decisão levou a reações duras dos vizinhos, que temiam "adotar" o problema italiano, principalmente da França, destino preferencial dos tunisianos.



Há duas semanas, a França chegou a bloquear por meio dia o tráfego de trens com a Itália para impedir a entrada desses tunisianos recém-documentados. O país alegou "razões de ordem pública" e disse que eles só poderiam entrar se comprovarem ter condições financeiras de se sustentar.



Na semana passada, Itália e França decidiram em conjunto pedir que a União Europeia rediscuta o tratado que permite a livre circulação de pessoas entre 25 países do continente.



Conhecido como Tratado de Schengen (cidade em Luxemburgo onde foi assinado), o acordo é um dos pilares da UE, abolindo na prática as fronteiras internas entre os países signatários --qualquer um viaja sem a necessidade de passaporte ou visto.



Agora, os dois países falam em retornar o controle fronteiriço em "circunstâncias excepcionais".


http://www1.folha.uol.com.br/mundo/913173-otan-investiga-acusacao-de-que-deixou-dezenas-morrerem-em-barco.shtml

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