quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Certeza da vitória transformada em frustração leva oposição a marchar pelo golpe



Somente depois de passados alguns dias das eleições mais disputadas desde a redemocratização que estou avaliando melhor como foram as semanas que antecederam ao segundo turno sob o ponto de vista de uma retrospectiva que era toda favorável a oposição que tinha a vitória de seu candidato como favas contadas, uma certeza tão firme e inamovível que foi grande o choque da derrota, ainda não completamente assimilada e as manifestações racistas e de preconceitos regionais, com grupos de extrema direita marchando pelas ruas e clamando por uma intervenção militar, bem como pelo golpe do impechment e com a imprensa continuando a manipular informações, a confundir seu leitor e marcar posição com maior radicalismo, sempre recrudescente e indicativa de que não haverá trégua na cobertura de mais quatro anos de governo petista.

Dia sim e outro também são publicadas informações desencontradas sobre aumento de preços, racionamento de energia, demissão de presidentes de autarquias, estatais, de ministério, arrocho fiscal, nomeação de ministro da fazenda, com nome de banqueiro colocado no cardapio para fazer da presidenta uma dissimulada, já que durante o processo eleitoral, ela criticou contudentemente a escolha de Marina de andar com uma banqueira e propor um BC independente e de fazer o mesmo com Aécio por causa da indicação antecipada de Armínio Fraga para ser seu ministro da Fazenda, levando alguns jornalistas que tiveram a oportunidade de entrevistar a presidenta a perguntá-la se esse ensaio não seria aquilo que se poderia chamar de estelionato eleitoral.

Vejam bem, especulações tratadas como verdades acabadas e qualificadas como estelionato eleitoral sem nenhuma confirmação do poder central representada pela autoridade máxima do executivo federal enquanto em São Paulo uma grave crise de desabastecimento de água que afeta milhões de pessoas, escondida do eleitor quanto sua dimensão e consenquências e nenhum jornalista ousou tratá-la como um estelionato eleitoral, embora esteja bem próximo disso se não for realmente.

A presidenta ainda cumprindo as funções de seu primeiro mandato que segue para um término, senão auspicioso, para além das expectativas que foram geradas, pelo menos completará um ciclo dentro do possível, diante de uma conjuntura internacional desfavorável. Isso não impediu de a imprensa fazer pesadas críticas ao governo por segurar o reajuste dos preços administrados, energia, telefone e combustíveis afora outros, mas combustíveis principalmente sob a alegação de que a presidenta estaria a prejudicar a competitividade da Petrobras por impedir que a estatal estivesse sujeita as regras de mercado. Uma armadilha para provocar um desgaste político na imagem da presidenta em época de eleições e sinalizar a falta de boa gestão que teria comprometido a empresa no que diz respeito a sua lucratividade.

Tais cobrança vieram como bombardeio durante os debates tanto partindo de Marina quanto de Aécio que exigiam explicações de Dilma no tocante ao congelamento dos preços administrados, praticamente obrigando que a área econômica do governo fizesse os reajustes reclamados não com parcimônia como anunciado agora, mas num choque tarifário. No momento em que a Petrobras anuncia que os combustíveis sofrerão um reajuste de três por cento,  essa mesma imprensa que tanto exigiu que isso tivesse acontecido antes e num percentual ainda maior, agora critica e acusa a presidenta de praticar estelionato eleitoral, quando a própria Dilma repetidas vezes disse nos debates que tais preços seriam reajustados não no tamanho que a imprensa queria mas conforme não impactasse no resultado geral da econômia e no agravamento do quadro inflacionário para não gerar uma situação de descontrole.

Dias mais duros e difíceis virão pela frente. A presidenta precisará contar com muita habilidade para contornar as armadilhas que estão sendo construídas para capturarem seu governo. O quadro institucional não é um dos melhores. Dilma não pode ceder a agenda dos perdedores, dos derrotados. A agenda vitoriosa foi a dos programas sociais, da geração de emprego e renda. É para essa agenda que a presidenta tem que se voltar mesmo que tenha que fazer concessões que garantam a institucionalidade, promovendo o diálogo como propôs aos que querem contribuir com propostas e idéias ajudando o Brasil a continuar mudando.