terça-feira, 27 de março de 2012

4/9/2006 Começou a guerra eleitoral Demóstenes X Marconi


O alvo é o segundo lugar para disputar com Maguito um possível segundo turno
 
“O Demóstenes Torres é traidor, leviano e é capaz
A um mês das eleições, aparecem documentos a ligar segurança do tucano Perillo a atentado contra senador do PFL

Por Sergio Lirio

O cambaleante desempenho de Geraldo Alckmin na disputa presidencial tem provocado fissuras cada vez mais profundas na aliança entre tucanos, pefelistas e adjacentes. No Ceará e no Distrito Federal, relata Leandro Fortes a partir da página 23, as relações descambaram para a traição mútua e a troca de desaforos em público. Na Bahia, Pernambuco, Sergipe, Maranhão, Alagoas e Piauí, a cúpula da campanha de Alckmin tem sido obrigada a mandar forças-tarefa para estancar a debandada de prefeitos rumo à candidatura de Lula. Mas nada se compara à animosidade em Goiás, estado no qual PSDB e PFL compartilharam o poder na última década.

O centro da desavença é o inquérito policial 147, atualmente conduzido pelo delegado Juraci Pereira, da Polícia Civil de Goiás. Trata-se da investigação de um atentado contra o senador do PFL Demóstenes Torres. Na madrugada de 7 de agosto de 2004, um homem disparou contra a casa do senador, localizada em um bairro nobre de Goiânia. Em seguida, de acordo com vizinhos que presenciaram os disparos, o atirador fugiu em um carro vermelho. Uma das hipóteses levantadas à época era de tentativa de intimidação praticada por bandidos comuns. Torres é promotor de carreira e foi secretário estadual de Segurança.

O rumo das investigações mudou no fim de agosto de 2005 e agora, às vésperas das eleições, corre o risco de virar uma peça de ataque ao tucano Marconi Perillo, que deixou o cargo de governador para disputar uma vaga ao Senado. Antes dos fatos, um breve relato da situação política em Goiás. Torres e Perillo foram, no passado recente, aliados fraternos. O primeiro ocupou a Secretaria de Segurança durante o mandato do segundo. Em 2002, com o apoio de Perillo, Torres elegeu-se senador com 1,3 milhão de votos. A aliança era tão forte que o pefelista, nos comícios, dizia-se disposto a trocar seu sobrenome para Perillo.

Disputas locais de poder, não totalmente esclarecidas, provocaram o rompimento. Nas eleições atuais, o pefelista disputa o governo do estado. Está em terceiro lugar, com 7,9% das intenções de voto, segundo levantamento do Instituto Serpes feito na segunda-feira 28. O líder é Maguito Vilela, do PMDB, com 46,8%. Perillo tem 76,7% na corrida ao Senado e apóia Alcides Rodrigues, do PP, segundo colocado nas pesquisas para governador, com 23,7%. Torres e Perillo fazem campanha para Geraldo Alckmin, que desembarca em Goiânia na segunda-feira 4 de setembro.

De volta ao inquérito. Em 22 de agosto do ano passado, pouco mais de 12 meses após o atentado, a presidiária Ozenir Pereira Soares apontou o suposto autor dos disparos contra a casa do senador Demóstenes Torres. De acordo com ela, que está presa por falsificação, o atirador foi um primo seu, o cabo da PM Marcelo Capinam. A testemunha relatou que, na noite do incidente, estava com o policial em um bar de Goiânia. Após receber um telefonema, o cabo lhe teria pedido emprestado o carro, um Fiat Tipo de cor vinho, para ir à casa de uma nova namorada. Ozenir diz ter se recusado a emprestar o automóvel, mas concordado em levar Capinam. Outro homem, que ela concluiu também ser PM, juntou-se aos dois e assumiu a direção. A mulher ficou no banco de trás. Diante da casa, contou Ozenir, o primo desceu do Fiat e disparou os tiros.

A presidiária disse ter sabido que a casa pertencia ao senador Demóstenes Torres ao ver o noticiário da tevê no dia seguinte. Pediu satisfações ao primo e foi aconselhada a “esquecer a operação”. Segundo ela, Marcelo Capinam afirmou ter recebido 10 mil reais para dar os tiros e que receberia 100 mil reais “se fosse necessário matar”. O contratante do serviço teria sido um “político pica grossa” do estado. No fim do depoimento, Ozenir acusou o policial de participar do assassinato de dois moradores da cidade de Aparecida de Goiânia, um deles menor de idade. O crime é atribuído a PMs.

Cinco autoridades de Goiás acompanharam o depoimento da presa em agosto de 2005. CartaCapital conseguiu falar com três delas. Edemundo Dias de Oliveira Filho, atual secretário estadual de Justiça, afirma não se lembrar de detalhes das afirmações e garante que, após aquele dia, não acompanhou o desenrolar do inquérito. O tenente-coronel José da Rocha Coelho, corregedor da Polícia Militar, a quem Ozenir Soares teria procurado para oferecer a denúncia, recusou-se a responder perguntas por telefone. O promotor Fernando Braga Viggiano diz que, à época, ficou mais interessado no trecho das declarações em que a testemunha detalhava a participação de Marcelo Capinam no assassinato em Aparecida de Goiânia. Viggiano afirma, porém, que o Ministério Público não conseguiu provar a veracidade das acusações. “Como nada do que ela apontou no caso dos homicídios foi constatado, passamos a desconfiar de todo o teor do depoimento”, diz. Os PMs apontados como autores dos homicídios, entre eles o cabo Marcelo Capinam, foram absolvidos em primeira instância.

As apurações continuaram e esbarraram no componente político explosivo que agora paira sobre as eleições em Goiás. No depoimento, Ozenir Soares forneceu o número do celular usado pelo cabo Marcelo Capinam. A quebra do sigilo telefônico detectou chamadas para outro número registrado como sendo do Gabinete Militar do Governo do Estado de Goiás. Os telefonemas foram dados dez minutos depois dos disparos contra a casa de Demóstenes Torres. O titular do gabinete militar, à época, era o major Walter Capinam, tio do cabo Marcelo e um dos homens de confiança do então governador Marconi Perillo. Em abril deste ano, o major recebeu a Medalha do Guardião por “relevantes serviços prestados ao estado de Goiás”. Hoje está na reserva.

A quebra do sigilo telefônico levou a outras conexões entre os PMs da família Capinam. A investigação detectou uma triangulação entre o celular do cabo Marcelo, telefones do Gabinete Militar e linhas em nome do funcionário público Reginaldo Vieira Silva. O que chama a atenção é o fato de Silva, dois meses antes do atentado, ter registrado queixa na polícia por causa do furto de seus documentos. Em depoimento, o funcionário público diz ter recebido, em seguida ao roubo, ligações das operadoras Brasil Telecom e Claro solicitando a confirmação de habilitação de celulares. Ele garantiu nunca ter pedido as habilitações e nunca ter usado os telefones. Silva recebe salário de cerca de 500 reais. Foram detectadas, porém, contas de celulares em seu nome no valor de até 4 mil reais. As despesas foram pagas em dinheiro e em agências lotéricas, o que impediu a identificação do pagador. A última conta data de dezembro de 2004. 

CartaCapital procurou o delegado Juraci Pereira, mas ele se recusou a prestar declarações sob o argumento de que o processo corre em segredo de Justiça. Jônathas Silva, secretário estadual de Segurança entre março de 2002 e março de 2006, afirma que o depoimento de Ozenir e o cruzamento da quebra dos sigilos telefônicos não constam dos autos do processo. Mistério. Silva não soube apontar quem quebrou o sigilo do policial ou onde os dados foram parar. Segundo o ex-secretário, outro PM, que estava próximo à casa do senador no momento dos tiros, chegou a ser investigado pela Corregedoria da Polícia Militar. “O inquérito não terminou. Posso garantir, enquanto estive lá, que as investigações foram conduzidas de forma impessoal e transparente”, afirma Silva.

Demóstenes Torres diz estar convencido de que a ordem dos tiros partiu do Gabinete Militar de Marconi Perillo. Para reforçar a acusação, ele conta que, no dia seguinte ao atentado, o então governador ligou para prestar solidariedade e deixou um telefone de contato, caso ele precisasse de auxílio. O número, diz Torres, usado pelo major Capinam, é o mesmo que aparece na quebra do sigilo telefônico do cabo Capinam. “Não tenho dúvidas de que as coisas aconteceram como relatou a testemunha”, diz.

Os motivos? Segundo o senador, as desavenças com Perillo eram eminentemente políticas, mas ao longo do tempo ganharam traços pessoais. “Ele é um ditador, tem medo da ascensão de outros políticos no estado”, ataca. O pefelista dá como exemplo a visita de Alckmin a Goiás. “Estou proibido de receber o ex-governador, que é o meu candidato à Presidência. Não posso nem olhar para ele.” E diz estranhar o fato de até hoje o cabo Capinam não ter sido ouvido no inquérito que apura o incidente.

Perillo atribuiu ao “desespero” de Torres, mal colocado nas pesquisas, o aparecimento da “denúncia” um mês antes das eleições. “Não tenho perdido tempo com o Demóstenes Torres. Considero-o inconfiável e desprovido de caráter. É traidor, leviano, tem uma mente doentia e é capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos”, responde. “É uma tentativa mesquinha, ordinária, de me desqualificar. Para ele, não basta afundar sozinho. O senador arcará com as conseqüências legais de seus atos.”

O ex-governador afirma que determinou a apuração “com rigor” dos fatos, mas diz não ter detalhes do andamento do inquérito. Também relata ter garantido segurança para o senador depois do atentado. “O Demóstenes foi meu secretário de Segurança por três anos e quatro meses e conhece a minha postura. Nunca solicitei ou determinei interferência em qualquer inquérito.” Quanto a dividir o palanque, no dia da visita de Alckmin, Perillo ironiza: “Ele pode até ir, mas não será bom para ele. A não ser que goste de vaias”.

Os Capinam, tio e sobrinho, não foram localizados. Um integrante da equipe de segurança de Perillo forneceu à reportagem um número de telefone que pertenceria ao major. O mesmo segurança informou à reportagem que havia falado com o ex-assessor do candidato tucano minutos antes no tal número. O homem que atendeu a ligação negou, porém, tratar-se de Walter Capinam.

Vingança? Sabotagem? Golpe baixo? O fato é que o aparecimento de uma nova frente de batalha entre tucanos e pefelistas só tende a prejudicar a abalada campanha de Alckmin. Talvez o ódio pessoal entre Torres e Perillo seja um elemento a explicar o desempenho de Lula em Goiás. Mesmo sem um palanque forte no estado, o candidato à reeleição soma 42% das intenções de votos. Alckmin tem 31%. 


TIROS E TRAIÇÕES


http://www.oanapolis.com.br/v2/coluna.asp?name=POL%CDTICA&id=3998

Corregedor do Senado: situação de Demóstenes é "preocupante"



Corregedor do Senado: situação de Demóstenes é Foto: Jose Cruz/Agencia Brasil

PARA O SENADOR VITAL DO RÊGO (PMDB-PB), O EX-LÍDER DO DEM NÃO CONSEGUIRÁ ESCAPAR DE UM JULGAMENTO POLÍTICO SE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL DECIDIR ACATAR O PEDIDO DO PROCURADOR-GERAL E ABRIR UM INQUÉRITO PARA INVESTIGÁ-LO

27 de Março de 2012 às 20:59
Agência Brasil - O corregedor-geral do Senado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), definiu hoje (27) a situação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) como “preocupante”. Quando se manifestou, Rêgo ainda aguardava que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhasse para a corregedoria os indícios que tem sobre o envolvimento de Torres com o jogo do bicho em Goiás. Para ele, o ex-líder do DEM não conseguirá escapar de um julgamento político se o Supremo Tribunal Federal decidir acatar o pedido do procurador-geral e abrir um inquérito para investigá-lo.
Na opinião do corregedor-geral do Senado, embora Demóstenes Torres alegue que os grampos feitos pela Polícia Federal em seu telefone foram ilegais, do ponto de vista político eles podem complicar a situação do senador, se comprovarem as relações próximas do senador com o bicheiro preso na Operação Monte Carlo da Polícia Federal. “A acusação de ordem jurídica perde força e acusação de ordem política ganha força”, disse.
Caberá a Vital do Rêgo o encaminhamento de um pedido de abertura de processo no Conselho de Ética do Senado contra Demóstenes Torres se a documentação solicitada à Procuradoria-Geral da República confirmar que o senador recebia dinheiro do jogo do bicho.
Torres foi envolvido no escândalo depois que grampos feitos pela Polícia Federal vazaram para a imprensa e mostraram que o senador falava frequentemente com o bicheiro. Além disso, outras reportagens denunciaram que o senador goiano recebeu presentes e pediu dinheiro a Carlinhos Cachoeira e que mantinha um telefone habilitado nos Estados Unidos para falar com o empresário.
Apesar das denúncias, o corregedor procurou ser cauteloso e disse que ainda não tem os documentos para se manifestar sobre o caso. “A situação é preocupante, e a corregedoria só se manifestará quando receber os elementos que estão solicitados à Procuradoria-Geral da República”, declarou.
Mais cedo, Demóstenes Torres entregou carta na qual anuncia o seu afastamento da liderança do Democratas enquanto estiver se defendendo das acusações. Na nota, o senador diz que subirá à tribuna do Senado para responder aos questionamentos dos colegas tão logo tenha acesso ao conteúdo dos autos nos quais é acusado. Ele declara que é inocente e que, embora tenha tido amizade com Cachoeira, jamais participou de qualquer atividade ilícita.

“Cachoeira e Demóstenes armaram o mensalão”



QUEM DIZ É O EX-PREFEITO DE ANÁPOLIS (GO) ERNANI DE PAULA, QUE CONVIVEU COM OS DOIS; ELE FOI AMIGO DO CONTRAVENTOR E SUA MULHER SANDRA ELEGEU-SE SUPLENTE DO SENADOR DO DEM EM 2002; “CACHOEIRA FILMOU, POLICARPO PUBLICOU E DEMÓSTENES REPERCUTIU”, DISSE ELE AO 247


Marco Damiani _247 – O Mensalão, maior escândalo político dos últimos anos, que pode ser julgado ainda este ano pelo Supremo Tribunal Federal, acaba de receber novas luzes. Elas partem do empresário Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, cidade natal do contraventor Carlinhos Cachoeira e base eleitoral do senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
“Estou convicto que Cachoeira e Demóstenes fabricaram a primeira denúncia do mensalão”, disse o ex-prefeito em entrevista ao 247. Para quem não se lembra, trata-se da fita em que um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, aparece recebendo uma propina de R$ 5 mil dentro da estatal. A fita foi gravada pelo araponga Jairo Martins e divulgada numa reportagem assinada pelo jornalista Policarpo Júnior. Hoje, sabe-se que Jairo, além de fonte habitual da revista Veja, era remunerado por Cachoeira – ambos estão presos pela Operação Monte Carlo. “O Policarpo vivia lá na Vitapan”, disse Ernani de Paula ao 247.
O ingrediente novo na história é a trama que unia três personagens: Cachoeira, Demóstenes e o próprio Ernani. No início do governo Lula, em 2003, o senador Demóstenes era cotado para se tornar Secretário Nacional de Segurança Pública. Teria apenas que mudar de partido, ingressando no PMDB. “Eu era o maior interessado, porque minha ex-mulher se tornaria senadora da República”, diz Ernani de Paula. Cachoeira também era um entusiasta da ideia, porque pretendia nacionalizar o jogo no País – atividade que já explorava livremente em Goiás.
Segundo o ex-prefeito, houve um veto à indicação de Demóstenes. “Acho que partiu do Zé Dirceu”, diz o ex-prefeito. A partir daí, segundo ele, o senador goiano e seu amigo Carlos Cachoeira começaram a articular o troco.
O primeiro disparo foi a fita que derrubou Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu, da Casa Civil. A fita também foi gravada por Cachoeira. O segundo, muito mais forte, foi a fita dos Correios, na reportagem de Policarpo Júnior, que desencadeou todo o enredo do Mensalão, em 2005.
Agora, sete anos depois, na operação Monte Carlo, o jornalista de Veja aparece gravado em 200 conversas com o bicheiro Cachoeira, nas quais, supostamente, anteciparia matérias publicadas na revista de maior circulação do País.
Até o presente momento, Veja não se pronunciou sobre as relações de seu redator-chefe com o bicheiro. E, agora, as informações prestadas ao 247 pelo ex-prefeito Ernani de Paula contribuem para completar o quadro a respeito da proximidade entre um bicheiro, um senador e a maior revista do País. Demonstram que o pano de fundo para essa relação frequente era o interesse de Cachoeira e Demóstenes em colocar um governo contra a parede. Veja foi usada ou fez parte da trama?

Sob pressão, Gurgel vai investigar Demóstenes



Sob pressão, Gurgel vai investigar DemóstenesFoto: Sérgio Lima/Folhapress

PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA CONFIRMA QUE ENVIOU AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL O PEDIDO DE ABERTURA DE INQUÉRITO PARA INVESTIGAR AS RELAÇÕES DO SENADOR DEMÓSTENES TORRES, ENTRE OUTROS PARLAMENTARES, COM O BICHEIRO CARLINHOS CACHOEIRA

27 de Março de 2012 às 17:42
247 - Como era esperado desde a tarde desta terça-feira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou ao Supremo Tribunal Federal o pedido de abertura de inquérito para investigar o senador Demóstenes Torres, entre outros parlamentares citados em relatório da operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro.
A operação prendeu o bicheiro Carlinhos Cachoeira, amigo de Demóstentes. "Considerei (as gravações) graves o suficiente para que houvesse o pedido de instauração de inquérito. É um volume muito grande de interceptações telefônicas e de um período bastante longo", disse o procurador-geral da República na noite desta terça-feira, ao confirmar o encaminhamento do pedido ao STF.
Mais cedo, o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) já havia confirmado o pedido de abertura de inquérito. "Nós pedimos, em caso de envolvimento de parlamentares e membros do Congresso Nacional, denúncia ao Supremo Tribunal Federal. Essa providência, por parte do procurador-geral da República, nos foi informada que será tomada", disse Randolfe. “Ele (Gurgel) está em vias de concluir a análise do material que recebeu e isso já já será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), integrante da frente.
Além da pressão dos parlamentares da frente, PT, PDT e PSB protocolaram um pedido de esclarecimentos ao procurador-geral sobre a demora nas investigações sobre as relações entre Cachoeira e deputados e senadores.

Veja, Demóstenes e o caso Francisco Escórcio



Autor: 
 
No momento em que o senador Demóstenes Torres pede aos seus pares - e a Renan Calheiros - para não ser julgado politicamente, um dos capítulos de sua parceria com a revista Veja: o caso Francisco Escórcio. Revela bem os métodos utilizados, posteriormente, no caso do grampo sem áudio.
Coube a Demóstenes, em combinação com a revista, deflagrar a manipulação, ao dizer que tinha sido informado - por telefonema de Pedrinho Abrão - sobre as intenções de Escórcio de filmar  Torres e Marconi Perillo no hangar.
Nas investigações posteriores, Abrão negou peremptoriamente e informou que a razão do telefonema foi outra. De nada adiantou: mais um falso escândalo havia sido gestado na usina de Demóstenes e Veja.
Capítulo 1: cria-se a história de que assessor de Renan teria ido a Goiania espionar Demóstenes.
No auge das denúncias contra o então presidente do Senado Renan Calheiros, Veja(edição 2029, 10 de outubro de 2007) publica que Francisco Escórcio, assessor de Renan, foi a Goiânia montar um esquema de espionagem contra os senadores Demóstenes Torres (DEM) e Marconi Perillo (PSDB).
A testemunha chave seria o empresário e ex-deputado Pedrinho Abrão, a quem Escórcio teria pedido para filmar embarques dos dois senadores no hangar da empresa de Abrão. O pedido teria sido feito na presença de dois advogados, Heli Dourado e Wilson Azevedo.
Só no último parágrafo da matéria se descobre que nem os advogados nem o empresário confirmam a denúncia: " Pedro Abrão, por sua vez, confirma que os senadores usam seu hangar, que conhece os personagens citados, mas que não participou de nenhuma reunião", diz a revista.
A matéria "O jogo sujo de Renan Calheiros" (http://veja.abril.com.br/101007/p_060.shtml) é assinada, no alto, pelo chefe da sucursal. Policarpo Junior, e no pé, pelo repórter Alexandre Oltramari, que viria a ser assessor de Perilo na eleição de 2010. O avalista principal é Demóstenes Torres.
Capítulo 2: Folha compra a história e repercute, apesar dos desmentidos das testemunhas
Naquele mesmo fim de semana, a Folha de S. Paulo compra a história da revista e ouve um dos advogados citados: Heli Dourado conta que recebeu Escórcio para tratar de processos políticos do Maranhão (foi ele quem redigiu a representação, acolhida um ano depois pelo TSE, que levou à cassação do governador Jackson Lago, adversário de José Sarney, que é o padrinho político de Escórcio).
Dourado diz também que foi Pedrinho Abrão, e não Escórcio, quem falou em filmar Perilo:"E aí o Pedrinho Abrão disse que o senador Marconi Perillo sempre saía do hangar dele e que, se [Escórcio] quisesse, podiam fotografar, filmar ele [Perillo] entrando e saindo", contou Dourado.
A matéria da Folha (http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u334551.shtml) não informa se a sugestão teria sido aceita, mas afirma no título: "Assessor de Renan tratou de espionagem, diz advogado"
Capítulo 3: repórter cede gravação para Demóstenes transmitir no som do Senado
O trecho da gravação da entrevista da Folha, cedido a Demóstenes pelo repórter Leonardo Souza, é reproduzido no sistema de som do Senado, numa das sessões mais vergonhosas da história da casa (aqui o relato da Agência Senado: http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2007/10/09/demostenes-torre...) Uma semana depois, o então corregedor da Câmara, Romeu Tuma, decide ir a Goiânia para ouvir a testemunha-chave, PedrinhoAbrão:.
Capítulo 4: testemunha nega formalmente o episódio, mas desmentido não é publicado.
Ouvido formalmente, Abrão nega tudo. "Não tratamos de fotos e filmagens" disse Abrão ao corregedor, "mas o senhor pode ver que tenho 18 câmeras aqui, todas elas instaladas como medida de segurança". " Ele me disse também que não ligou para Demóstenes com o intuito de avisá-lo do plano de espionagem, mas para falar de obras no aeroporto de Goiânia, uma vez que Demóstenes é o relator da CPI do Apagão Aéreo" - disse Tuma.O registro está apenas na Agência Senado (replicado aqui no site Direito 2:http://direito2.com/asen/2007/out/17/tuma-vai-conferir-depoimento-de-ped...) Nem a Veja nem a Folha deram uma linha registrando a negativa de mais um escândalo em off)
A encenação de Demóstenes na sessão do Senado, tratando como escândalo uma mentira, denota o mesmo modus operandi do caso do grampo sem áudio. Na ponta midiática, impreterivelmente, a revista Veja.
Brasil
O jogo sujo de Renan Calheiros
O senador manda espionar a vida 
de adversários do PSDB e do DEM

Policarpo Junior e Otávio Cabral 
Fotos André Dusek/AE 
Sob risco de perder o mandato, Renan apela para bruxarias
Para salvar seu mandato, o senador Renan Calheiros já usou a tática de constranger e ameaçar colegas do Parlamento com a divulgação de informações supostamente comprometedoras. Fez isso com dois respeitáveis senadores, Pedro Simon e Jefferson Peres, transformando-os em alvos de boatos sórdidos. Repetiu a fórmula com os petistas Tião Viana e Ideli Salvatti, aliados fiéis que pensaram em se rebelar contra a permanência dele no cargo e acabaram acuados por denúncias de irregularidades. Às vésperas de enfrentar três outros processos no Conselho de Ética, Renan Calheiros é flagrado em outro movimento clandestino e espúrio: a espionagem de senadores. VEJA apurou que Calheiros montou um grupo de arapongas e advogados para bisbilhotar a vida de seus adversários. Na mira estão dois dos principais oponentes do presidente do Congresso: o tucano Marconi Perilloe o democrata Demostenes Torres. Ambos tiveram a vida privada devassada nos últimos três meses. A ousadia chegou ao ponto de, há duas semanas, os arapongasplanejarem instalar câmeras de vídeo em um hangar de táxi aéreo no Aeroporto de Goiânia para filmar os embarques e os desembarques dos parlamentares. O objetivo era tentar flagrar os senadores em alguma atividade ilegal para depois chantageá-los em troca de apoio. O plano só não foi em frente porque o dono do hangar não concordou em participar da operação. 
Fotos José Varella/CB e Paulo Rezende
Francisco Escórcio: o assessor de Renan tentou instalar câmeras em hangar do aeroporto de Goiânia
O grupo de espionagem é comandado pelo ex-senador Francisco Escórcio, amigo, correligionário e assessor direto de Renan Calheiros. No dia 24 passado, o assessor se reuniu em Goiânia com os advogados Heli Dourado e Wilson Azevedo. Discutiram uma estratégia para criar uma situação que comprometesse os senadores Perillo e Demostenes. "Vamos ter de estourá-los", sentenciou Escórcio. Um dos advogados disse que a melhor maneira de constranger os senadores oposicionistas era colher imagens deles embarcando em jatos particulares pertencentes a empresários da região. Um dos presentes lembrou que os vôoseram feitos a partir do hangar da empresa Voar, cujo proprietário é o ex-deputado Pedro Abrão, um ex-peemedebista. Na mesma noite, Abrão foi convidado a ir a um escritório no centro de Goiânia. Lá, na presença dos advogados, ouviu a proposta diretamente de Francisco Escórcio: "Nós precisamos de sua ajuda para resolver um problema para Renan", disse Escórcio. Os dois já se conheciam do Congresso Nacional. "Queremos instalar câmeras de vídeo para gravar Perillo e Demostenesusando seus aviões." E completou: "Quero ver a cara deles depois disso, se eles (os senadores) vão continuar nos incomodando". Abrão ouviu a proposta e ficou de estudar. Depois, preocupado, narrou o estranho encontro a um amigo. 
Vivi Zanatta/AE
Marconi Perillo: virou alvo depois de defender o voto aberto

Ex-governador de Goiás, Perillo está em seu primeiro mandato. Na reta final do processo que investigava o envolvimento de Calheiros com o lobista de empreiteira, foi Perillo que apresentou a tese vencedora de que o voto no Conselho de Ética deveria ser aberto. Já Demostenes Torres, ex-promotor público, é hoje um dos mais destacados parlamentares da oposição. Não é a primeira vez que ele, titulardo Conselho de Ética, é vítima de arapongas. Em junho passado, logo depois das primeiras denúncias contra Calheiros, Demostenes foi um dos primeiros a defender com veemência a instalação do processo por quebra de decoro. Os arapongas de Renan passaram a investigá-lo desde então. Sem cerimônia, estiveram na cidade de Rio Verde, no interior de Goiás, onde moram pessoas próximas a Demostenes. Lá, procuraram amigos e amigas que já fizeram parte da intimidade do senador. Uma dessas pessoas chegou a receber uma oferta para gravar um depoimento. Os arapongas se apresentavam como advogados, tinham sotaque carregado e, ao que parece, estavam muito interessados em fazer futrica. Não escondiam que o objetivo era intimidar o senador.
Na semana passada, Demostenes Torres e Marconi Perillo foram procurados por amigos em comum e avisados da trama dos arapongas de Renan. Os senadores se reuniram na segunda-feira no gabinete do presidente do Tribunal de Contas de Goiás, onde chegaram a discutir a possibilidade de procurar a polícia para tentar flagrar os arapongas em ação. "Essa história é muito grave e, se confirmada, vai ser alvo de uma nova representação do meu partido contra o senador Renan Calheiros", disse o tucano Marconi Perillo. "Se alguém quiser saber os meus itinerários, basta me perguntar. Tenho todos os comprovantes de vôos e os respectivos pagamentos." Demostenes Torres disse que vai solicitar uma reunião extraordinária das lideranças do DEM para decidir quais as providências que serão tomadas contra Calheiros. "É intolerável sob qualquer critério que o presidente utilize a estrutura funcional do Congresso para cometer crimes", afirma Demóstenes. 
Cristiano Mariz
Demostenes Torres: o líder da oposição teve a vida bisbilhotada
Francisco Escórcio foi contratado em novembro do ano passado pelo senador Calheiros como assessor técnico da Presidência. Antes, trabalhou com o ex-ministro José Dirceu no cargo de assessor especial da Casa Civil. Despacha em uma sala a poucos metros de Renan e ganha um salário de 9.301 reais. O que ele faz? "Faço o que Renan me mandar fazer", disse a VEJA. Escórcio, o advogado Heli Dourado e seu sócio Wilson Azevedo foram ouvidos simultaneamente sobre o plano para bisbilhotar os senadores. Escórcio afirmou que esteve em Goiânia no dia 24 "para pegar umas fotos", que se reuniu com o advogado Heli Dourado e "outras pessoas" num escritório e que, por acaso, o empresário Pedro Abrão "apareceu por lá e eu até disse que ele estava bem magrinho". Heli Dourado confirma que esteve reunido com Escórcio "para discutir um processo judicial de interesse da família Sarney" e garante que "Pedro Abrão não participou da conversa". Wilson Azevedo, seu sócio, diz que "esteve com Escórcio há uns dez dias num encontro informal" e que não vê Pedro Abrão "há uns seis anos". Pedro Abrão, por sua vez, confirma que os senadores usam seu hangar, que conhece os personagens citados, mas que não participou de nenhuma reunião. O empresário, que já pesou mais de 120 quilos, fez uma cirurgia de redução de estômago e está bem magrinho, como disse Escórcio. Renan Calheiros não quis falar.

 Da Agência Senado

Demóstenes Torres cobra a demissão de Francisco Escórcio

Da Redação
[Foto: senador Demóstenes Torres (DEM-GO)]
Em pronunciamento nesta terça-feira (9), em Plenário, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) cobrou a exoneração do assessor da presidência do Senado, Francisco Escórcio, acusado pela revista Veja de ter ido a Goiânia solicitar a ajuda de um empresário para espioná-lo e ao senador Marconi Perillo (PSDB-GO). O plano incluiria a instalação de câmaras em um dos hangares do aeroporto da capital goiana.
Em resposta ao senador por Goiás, o presidente da Casa, senador Renan Calheiros, disse que afastou o funcionário e que ordenou a abertura de sindicância para apurar o caso. Demóstenes Torres, porém, rebateu dizendo que tal informação não correspondia à verdade e que o presidente do Senado poderia ir além. Em nota divulgada na segunda-feira, Renan repudiou alegações de que teria usado um servidor da instituição para "práticas inescrupulosas, imorais e ilegais".
- Todos aqui sabemos o quanto Francisco Escórcio é destrambelhado, para não usar um termo mais desqualificado. Não é Francisco Escórcio que irá me constranger. O Francisco Escórcio não é procurador-geral da República. O Francisco Escórcio não é ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele não pode mandar investigar um senador. Ele não tem esse direito. Ele não tem essa competência legal - disse Demóstenes.
Demóstenes disse que manteve contato telefônico com o empresário Pedro Abraão, que teria confirmado a ida de Escórcio a Goiânia.
- Chiquinho Escórcio teria dito a ele que estava lá numa missão de 'arapongagem' e que estava resolvendo também problemas relativos ao Maranhão, mas queria me flagrar e flagrar o senador Marconi Perillo voando de forma ilegal - contou.
Por solicitação de Demóstenes, durante o seu discurso foi reproduzido o som da gravação de uma conversa de aproximadamente cinco minutos mantida entre o jornalista Leonardo Souza, da Folha de S. Paulo, e o advogado Heli Dourado, que também teria se reunido com Escórcio, em Goiânia.
- Vossa Excelência pode verificar, nessas declarações, primeiro, que a reunião aconteceu. Segundo, que Francisco Escórcio mandou buscar Pedrinho Abraão, convidou-o para ir lá. Terceiro, que eles falaram em nome de Vossa Excelência, ainda que indevidamente - disse Demóstenes, referindo-se a Renan Calheiros.
"Onde estamos?"
Depois de ouvir a gravação, o senador Valter Pereira (PMDB-MS) perguntou a Demóstenes Torres: "Onde estamos? No Senado Federal ou numa delegacia de polícia?". Em resposta, o senador pelo DEM goiano afirmou: "Vossa Excelência pode responder. Não sei qual a intenção da pergunta de Vossa Excelência, mas o Conselho de Ética é justamente para apurar quebra de decoro. É isso que Vossa Excelência quis dizer ou quis fazer uma defesa? Se quiser, faça, Vossa Excelência tem direito". Valter Pereira concluiu dizendo: "Estamos diante de um rosário de episódios que deprimem extremamente a imagem do Congresso".
Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu que Renan se afastasse da presidência da Casa, como forma de se defender das acusações que pesam contra ele e para que o Senado volte à normalidade. Na avaliação de Cristovam, Demóstenes, "querendo ou não" mostrou que está faltando credibilidade a Renan para exercer a Presidência.
- Mesmo que o senhor esteja com a verdade, a credibilidade se esvaziou. Neste momento, seria um gesto patriótico e inteligente - patriótico para o país e inteligente do seu ponto de vista, da sua defesa - que o senhor não estivesse na presidência do Senado - argumentou Cristovam.
Quando Demóstenes quis conceder mais um parte, Renan o interrompeu dizendo que seu tempo estava esgotado. Demóstenes argumentou que Renan havia falado antes, por 20 minutos, quando teria, igualmente, cinco minutos para se pronunciar. O senador por Goiás exigiu tratamento igualitário. Renan desconsiderou a reclamação e declarou encerrado o tempo de Demóstenes, que agradeceu e deixou a tribuna.

PSOL vai ao Conselho de Ética contra Demóstenes Torres




GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

O PSOL vai pedir abertura de processo no Conselho de Ética do Senado contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) por quebra de decoro parlamentar. Com a provável decisão do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito contra o democrata, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse ser "inevitável" a investigação pelo conselho.

"Se o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não pedir abertura de processo contra o senador Demóstenes com base no material que será enviado pela Procuradoria ao Senado, o PSOL pedirá e vai convidar outros colegas a assinarem o pedido conosco", disse Randolfe.

O senador e um grupo de deputados do PPS e do PSOL se reuniu nesta terça-feira com Gurgel para discutir as investigações sobre o empresário do ramo de jogos, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira --com quem Demóstenes mantém uma relação pessoal de amizade. Randolfe disse que saiu convicto de que há o envolvimento de parlamentares no esquema ilegal montado por Cachoeira, o que justifica a investigação política no Senado.
"Eu cheguei cético à reunião com o procurador e saí satisfeito porque o que pedimos no ofício ele nos informou", disse.

Além de pedir abertura de inquérito contra Demóstenes no Supremo, Randolfe disse que o procurador também vai enviar ao Congresso as informações que integram o inquérito da Procuradoria sobre o empresário. Parlamentares pressionaram o procurador para encaminhar o material ao Congresso com o objetivo de apurar o envolvimento de outros congressistas com o empresário.

CLIMA

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), admitiu que o pedido de abertura de inquérito complica a situação de Demóstenes no Congresso. "Conhecendo o teor das investigações e se tiver justificativa para tal, eu apoio a ida ao Conselho de Ética. Não podemos ter dois pesos e duas medidas."

Para o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), é necessário analisar as peças de investigação que serão encaminhadas ao Congresso pelo procurador antes da abertura de processo contra Demóstenes. "Não podemos ficar brincando no Conselho de Ética. É melhor agir no caminho legal."