segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Haddad demonstra querer muito que chegue logo a hora pra assumir a prefeitura de SP



Marco Damiani _247 – Nas últimas 72 horas, 247 ouviu mais de duas dezenas de personagens que participaram diretamente da formulação, aplicação e ajustes da estratégia eleitoral de Fernando Haddad – a começar pelo próprio prefeito eleito.

Ministros de Estado, parlamentares, intelectuais que ajudaram a escrever o programa de governo, jornalistas que andaram atrás, à frente e ao lado do candidato pelos bairros de São Paulo, assessores diretos e, também, adversários. Dessas audições, emergiram informações inéditas, detalhes de relevância e impressões que, cada qual ao seu modo, contribuem para adiantar que tipo de prefeito terá a maior cidade da América Latina a partir de 1º de janeiro de 2013.

A primeira conclusão é: Haddad será um prefeito operoso. A tal ponto que, em quatro movimentos sucessivos e rápidos, ele imediatamente ocupou o espaço político que lhe foi concedido pelas urnas e, na prática, já vai ultrapassando a condições de prefeito eleito para ser o prefeito de fato.

Nos dois primeiros dias após a vitória, ele esteve com a presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira 29, pela manhã, no Palácio do Planalto, visitou o ex-presidente Lula e tem em sua agenda, para a terça 30, uma ida ao Palácio dos Bandeirantes, onde estará com o governador Geraldo Alckmin, e à Prefeitura, para dialogar com Gilberto Kassab.

O que poderiam ser, apenas, reuniões protocolares obrigatórias se transformaram em encontros de trabalho. Com Dilma, Haddad economizou tempo nos salamaleques e partiu, graças ao seu alinhamento direto com ela, para discutir a formação de grupos de trabalho que, na prática, irão levar para São Paulo pacotes federais de bilhões de reais para as áreas de Saúde, Educação, Transportes e Social.

Diante de Alckmin, a conversa iria girar, de acordo com os planos do futuro prefeito, em torno de parcerias concretas que poderão ser firmadas entre a municipalidade e o governo estadual.

"Queremos participar de todos os convênios abertos pelo governo estadual em benefício dos municípios paulistas", enfatizou Haddad que, entre essas reuniões fechadas, concedeu uma longa entrevista coletiva da qual participaram mais de uma centena de profissionais da mídia. Ali, abriu uma ideia que será apresentada a Alckmin já no primeiro encontro. É a que encampa uma das propostas de governo do adversário eleitoral José Serra, a de construir creches em terrenos estaduais próximos a estações de metrô.

"Se esses terrenos existem, vou saber do governador quais são e como podemos fazer uma parceria tripartite. O governo do Estado cede as áreas, o governo federal libera recursos para a construção das creches e a Prefeitura se encarrega de mantê-las em funcionamento", resumiu Haddad. Tão simples assim.
Sobressaiu, na resposta, um traço forte do perfil do futuro prefeito.

"Ele deve ser visto por três ângulos: o administrador, porque é formado na matéria, o advogado, outro título acadêmico que ele tem, e o filósofo, porque Haddad é mestre nessa matéria", lembra um de seus colaboradores mais próximos durante a campanha.

Frente a Dilma, Alckmin e Kassab, com quem irá tratar sobre a fase de transição de informações de governo, de fato Haddad já pareceu agir muito mais como administrador do que como político. Em lugar de um discurso partidário, ele preferiu sublinhar aos três executivos públicos aspectos que tendem a fazer diferença no dia a dia de sua ação na Prefeitura. Até mesmo com Lula, após os festejos a portas fechadas, ele já tratou de iniciar a montagem da administração, abrindo espaço, é claro, para o ex-presidente dar tantos palpites, sugestões e ordens quantas quis.

O Haddad administrador igualmente mostrou sua marca durante a campanha, ao exigir de sua equipe de técnicos a conta precisa de gastos no orçamento municipal, a título de subsídios, para sustentar o valor para o público do bilhete único com validade de seis horas para o sistema de transporte coletivo na capital.
"Até que a conta fechasse, ele, pessoalmente, barrou a divulgação da proposta no programa de televisão", contou ao 247 um integrante da campanha. "Essa análise levou uma semana para ficar pronta. Havia quem quisesse lançá-la o quanto antes, porque precisávamos de fatos novos, mas ele não deixou. Só colocou a proposta no ar depois que teve a certeza que poderia cumprir a promessa em caso de ser eleito".

Na torturante marcha da campanha eleitoral, na qual ele, primeiro, empacou abaixo dos 3% das intenções de voto, em seguida ficou parado na casa dos 8% para, só então, e até mesmo por um golpe de sorte, avançar paulatinamente até os 29% que o levaram ao segundo turno, Haddad exerceu mais de uma vez sua face de advogado. Ele pediu rigor no acompanhamento dos programas eleitorais do adversário José Serra, o que lhe valeu a conquista, ao longo do segundo turno, de quase vinte minutos na exposição tucana.

Filósofo, relatou um de seus parceiros, Haddad procurava ser nos momentos de corpo a corpo com a população. "Ele assumiu, discretamente, diante das pessoas mais humildes, um papel de mestre com sabedoria suficiente para ouvir mais do que falar. Quando gostava de uma idéia vinda de quem quer que fosse entre o público, telefonava em seguida para o João Santana (responsavél pelos programas de tevê do PT) e pedia o aproveitamento daquilo de alguma forma".

Metódico, Haddad reservou diversas terças-feiras, ao longo de toda a campanha, para ir à sede do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo. Ali, a cada semana coordenava debates que iam à exaustão em torno de diferentes pontos de seu programa de governo. Firmados os consensos, o próprio Haddad orientava os técnicos de sua equipe sobre como incluí-los em seu programa de governo. É certo, aliás, que o livro com as propostas do candidato para a cidade será bem mais que uma peça de propaganda. Será, isso sim, para quem é visto entre os intelectuais como marxista, a sua bíblia. "Nosso programa foi discutido, compreendido e muito bem aceito. Tudo o que iremos fazer está ali", confirma o próprio Haddad.

Outra de suas promessas é o que chama de transparência da informação. "Vai ser tudo online", crava, em relação à divulgação de informações sobre a Prefeitura. "Iremos estabelecer datas para a divulgação de dados do município. No dia combinado a informação vai estar acessível pela internet. Vai acontecer, muitas vezes, de você (quem acessar) ter a informação antes que eu, se acessou antes. E isso não será problema nenhum.

O governo municipal será transparente. Não iremos brigar contra fatos e números". A cobrar...
Nas conversas de 247 com os mais próximos a Haddad, a palavra "político", para defini-lo, quase não apareceu. Certamente porque, agora, ele pretende ser cada vez menos político, mas, no fundo, para sê-lo cada vez mais. Explica-se: com sua missão impossível cumprida, Haddad sabe que não precisa ocupar manchetes com o que se conhece como 'factóides' – a expressão usada pelo hoje vereador eleito no Rio de Janeiro Cesar Maia para justificar a necessidade permanente de os políticos ocuparem manchetes com juras que eles mesmos sabem que não irão cumprir.

Dá para enxergar, ainda, Haddad como um prefeito que será obsessivo pela produtividade. Reduzir o atual número de 27 secretarias municipais deverá ser a primeira medida que ele irá anunciar oficialmente. Ao mesmo tempo, um novo organograma para a máquina municipal já vai sendo desenhado, com mais poderes para os subprefeitos. Funções intermediárias na máquina administrativa igualmente serão prestigiadas, como forma de fortalecer elos de cadeias de comando. Para enfrentar, com agilidade, a endêmica corrupção na máquina municipal, Haddad já disse que irá criar a Controladoria Geral do Município, órgão anterior ao Tribunal de Contas. Deverá funcionar como um juizado de causas de todos os tamanhos, apontando falcatruas administrativas onde quer que elas aconteçam. Pode-se esperar, assim, uma grande cascata de denúncias sobre o mau funcionamento da máquina administrativa.

Esse modelo de trabalhar como prefeito, abrindo o leque de cargos com responsabilidade maior, e que pode ser visto como descentralizador -- bem ao contrário do modismo de décadas, pelo qual pegava bem um político deixar correr sobre si mesmo a fama de ser "centralizador" -- foi apresentado por Haddad ao presidente Lula, numa distante conversa, travada em 2005, quando o futuro prefeito acabara de assumir o Ministério da Educação. Presente estava a primeira-dama Marisa Letícia. Haddad disse a Lula que, diante da crise política que o cercava, com a eclosão dos primeiros estrondos do mensalão, o governo só teria uma saída. A de aumentar a produtividade da gestão. Não só Lula, mas também d. Marisa gostou daquele papo do novo colaborador presidencial. Ele começou, ali, a ganhar a confiança de ambos -- e parte do resultado dessa conexão se vê agora.

"Haddad tem claro que foi eleito prefeito para 'prefeitar' e não para politizar", conta um dos quadros de sua área política. "Não se concebe outro projeto para ele que não seja o de cumprir integralmente o mandato e se candidatar, com naturalidade, à própria reeleição", completa. "Isso quer dizer que ele sabe exatamente o que tem fazer pelos próximos quatro anos para ter outros quatro anos para fazer mais do mesmo. Só depois disso será vida que segue", filosofa o amigo do prefeito.

São Paulo, após ter em Gilberto Kassab um prefeito que dedicou todo o seu tempo livre e grande parte do horário de expediente para criar um partido político, o PSD; lembrar do anterior José Serra como aquele que ficou apenas um ano e sete meses para se trampolinar para o governo do Estado; recordar de Marta Suplicy, antes de ambos, pela gestão marcada pela emotividade; ter eleito o anódino Celso Pitta;

consagrado, à época, o neoaliado petista e indefectível Paulo Maluf; surpreendido ao dar o voto à classista Luíza Erundina; e ter dado uma importantíssima contribuição ao folclores político com o histriônico (e, em muitos setores, competente) Jânio Quadros; essa São Paulo agora elegeu um prefeito que não quer ir além das sandálias que lhe foram oferecidas pelo povo. O negócio dele vai ser, como disse a boa fonte de 247, prefeitar.

http://www.brasil247.com/pt/247/poder/84211/Obsess%C3%A3o-produtiva-j%C3%A1-faz-Haddad-prefeito-de-fato.htm

A BIOGRAFIA DE QUEM VOTA NO PSDB


Vou votar no Serra, estou convencido... veja os motivos abaixo, espero que todos tb façam isso...

Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar, carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.
Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço,

na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito... Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça.

Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia.

Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares. Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada. 'É uma vergonha!', como dizia o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar, porque como nas Rodovias êle vai vai instalar postos de pedágio em cada grande avenida para melhorar o trânsito e cobrar caro.

Desculpem mas Voto no Serra....

O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega, tem Orkut...Vergonha, vergonha, vergonha...
Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior. É o fim...

Também cansei dessa coisa de biodiesel, petróleo do pré-sal, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou 'empreendedor' no Nordeste. Pode? Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo, SBT, Band, RedeTV, CNT, Folha, Estadão, etc.). A coitada da 'Veja' passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo.

Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Basta! Vou votar no Serra. Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido. Quero minha felicidade de volta.
 
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Em meio a julgamento do ‘mensalão’, PT cresce em número de votos, prefeituras e vereadores



A expectativa de que o julgamento do chamado “mensalão” no Supremo Tribunal Federal (STF) provocasse uma grande perda de votos para o PT, que está no centro do processo judicial, não se confirmou. Os números do primeiro turno das eleições municipais de 2012 mostraram que o PT se tornou o partido mais votado no Brasil e teve crescimentos significativos no número de prefeituras e vereadores eleitos. O crescimento nesses dois quesitos fez o PT se aproximar de PMDB e PSDB, que continuam nos primeiros lugares, mas que perderam muitas prefeituras e vereadores. O partido sofreu queda, no entanto, levando em conta o balanço das cidades com mais de 150 mil habitantes, e pode ver reduzido o número de capitais que controla.

Em número total de votos, o PT se tornou o primeiro colocado no Brasil. O partido cresceu 4,3%, chegando a 17,26 milhões de votos, equivalente a 16,79% do total de votos válidos. O PMDB ficou em segundo lugar, com 16,716 milhões de votos, correspondente a 16,26% dos votos válidos. O PSDB ficou com a terceira maior votação, totalizando 13,95 milhões de votos (13,57% do total).

Em termos de prefeituras vencidas, o PT teve um crescimento de 14%, passando de 550 para 628 prefeituras. Esse número dá ao partido o terceiro lugar no geral, atrás do PMDB e do PSDB. O PMDB elegeu 1025 prefeitos no primeiro turno, contra 1193 em 2008, uma queda de 14%. O PSDB, por sua vez, teve uma queda de 12% no número de prefeitos, passando de 787 para 693. Entre os vereadores, o PT também teve um crescimento acentuado. O partido elegeu 5.067 integrantes de legislativos municipais, 22% a mais que os 4.168 de 2008. O PMDB segue em primeiro, com 7.825 vereadores, 8% a menos que os 8.475 de 2008. O PSDB é o segundo colocado neste quesito, com 5.146 vereadores, número 13% menor que os 5.897 de 2008.

PSDB cresce em cidades com mais de 150 mil eleitores

Nas cidades com mais de 150 mil eleitores, o PT deve sofrer um queda. O partido tem atualmente 34 prefeitos nessas cidades, mas só conseguiu eleger 13. No segundo turno, o partido está em 22 disputas e precisaria ganhar 21 para igualar o número.

O PSDB, em contrapartida, tinha 14 prefeituras nessas cidades com mais de 150 mil eleitores e já elegeu 17 em primeiro turno. No segundo turno, os tucanos podem conquistar mais 17 municípios deste universo.
Na opinião de Paulo Frateschi, secretário de organização do PT, o crescimento dos tucanos nessas cidades é reflexo do enfraquecimento de outros partidos da oposição, como o DEM.

O PMDB, por sua vez, tinha 19 prefeituras e conseguiu 13 em primeiro turno. Como o partido disputa mais 16 segundos turnos, pode chegar a 29 no total.

Nas capitais, o PT pode sofrer uma queda. O partido atualmente tem sete prefeituras nas sedes dos estados e precisa ganhar os seis segundos turnos de que vai participar (Cuiabá, Fortaleza, João Pessoa, Rio Branco, Salvador e São Paulo) para igualar o número. No primeiro turno, o PT conquistou apenas a prefeitura de Goiânia.

O partido com mais participações no segundo turno é o PSDB. Os tucanos conquistaram no primeiro turno a prefeitura de Maceió e vão disputar ainda João Pessoa, Rio Branco e São Paulo, Belém, Manaus, São Luís, Teresina e Vitória. O PMDB conquistou as prefeituras do Rio de Janeiro e de Boa Vista e está no segundo turno em Campo Grande, Florianópolis e Natal.

Crescimento do PSB chama a atenção

A votação do PSB nas eleições municipais de 2012 também chamou a atenção. Com 8,6 milhões de votos (8,37%), o PSB foi o quarto mais votado no primeiro turno, atrás de PT, PMDB e PSDB. Em termos de prefeituras conquistadas, o PSB foi um dos que mais cresceu, passando de 308 por 436 prefeituras, um crescimento de 42%, que deixa o partido no sexto lugar geral, atrás de PMDB, PSDB, PT, PP e PSD. Entre os vereadores, o PSB é o sétimo partido mais representado, com 3.484 eleitos, 18% acima dos 2.956 obtidos em 2008.

Nas cidades com mais de 150 mil eleitores, o PSB tem oito prefeituras. Elegeu oito no primeiro turno e vai ao segundo turno em outras seis. Nas capitais, o PSB fez os prefeitos de Recife e Belo Horizonte e vai ao segundo turno em Cuiabá, Fortaleza e Porto Velho.

http://www.cartacapital.com.br/politica/em-meio-a-julgamento-do-mensalao-pt-cresce-em-numero-de-votos-prefeituras-e-vereadores/

Presidente do PT diz que STF se recusa a julgar mensalão do PSDB




 Para presidente do PT, STF deve usar com os tucanos de Minas Gerais o mesmo tratamento dado aos petistas em relação ao julgamento do Mensalão

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, se manifestou pela primeira vez hoje de uma forma aprofundada sobre o julgamento do mensalão. Ele fez críticas indiretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, segundo ele, não quer os tucanos envolvidos no mensalão mineiro do PSDB sejam julgados da mesma forma que foram julgados os petistas.

“Não queremos uma revanche. Não quero que julguem o mensalão tucano do mesmo modo que foi julgada a ação penal 470 (a ação do mensalão). O que nós queremos é que o Supremo julgue com base nos autos e garantindo a presunção de inocência e o direito de defesa”, afirmou o presidente do partido.

Na quinta-feira, o PT vai divulgar um manifesto a respeito do julgamento. O texto, que teve a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai pautar a reação política do partido às condenações de lideranças históricas como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do partido José Genoino e deve conter críticas contundentes à forma como o caso foi tratado pelo Supremo e à repercussão que isso pode ter para o restante da sociedade em julgamentos futuros em todas as esferas do Judiciário.

Segundo Rui Falcão, um dos pontos da agenda do PT para o ano que vem é a criação de um marco regulatório da mídia que, segundo ele, não vai ser por cabresto, mas, pelo contrário, vai ampliar a liberdade de expressão. Falcão disse que se reuniu recentemente com um alto executivo das Organizações Globo e encontrou um primeiro ponto em comum para o debate que seria a proibição de que políticos tenham concessões de rádio e TV.

Ainda de acordo com o petista, a discussão deve acontecer no Congresso. O partido não vai tomar a iniciativa porque defende que o projeto deve partir do Executivo, ou seja da presidenta Dilma Rousseff. No entanto, Falcão disse que ainda não conversou com a presidente sobre o assunto. Ele lembrou que Lula, quando estava no governo, tinha um projeto do ex-ministro Franklin Martins, mas que foi engavetado. Ainda de acordo com o presidente do PT, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, elabora outra proposta do gênero, mas esse é um ponto de divergência entre o PT e o governo.

Num balanço prévio das eleições, Falcão avaliou que a oposição saiu enfraquecida das urnas, mas alertou que hoje existe uma outra oposição ao PT e disse que a oposição mais forte não é partidária. “O resultado enfraquece a oposição partidária, a oposição parlamentar, mas existe ainda uma outra oposição que não é a partidária”, afirmou. Questionado se a oposição estaria na mídia, ele não quis responder.

http://www.novojornal.com/politica/noticia/presidente-do-pt-diz-que-stf-se-recusa-a-julgar-mensalao-do-psdb-29-10-2012.html

EM NOTA, PT DIZ QUE URNAS ABAFAM JULGAMENTO NO STF


Carta de leitor a Merval Pereira

Na foto, os 18'. O jornalismo independente da Globo

Não deixe de ler também “18′: Roberto Irineu, manda o Ali Kamel embora, Irineu. Ele está dilapidando teu patrimônio”.

O Conversa Afiada reproduz e-mail enviado pelo amigo navegante Carlos Torres Moura:


Além Paraíba, 27 de outubro de 2012

Prezado Merval Pereira,


“O candidato do bolso do colete de Lula, o ex-ministro Fernando Haddad, continua sendo apenas isso, mais uma invenção do ex-presidente… Se juntarmos a redução da influência de Lula no eleitorado com a incapacidade demonstrada até agora por Fernando Haddad de ser um candidato minimamente competitivo, teremos uma eleição que sugere ser muito mais difícil para o PT do que parecia meses atrás”.



Foi você quem escreveu isso, não foi, meu caro Merval? Como é que, com tantos anos de colunato, ocupando um importante espaço em seu jornal, você ainda consegue errar tão grosseiramente nas análises e previsões?


Perdeu mais uma vez, Merval. Que você e seus patrões não gostem do Lula e do PT é absolutamente compreensível. Afinal, eles nunca vos paparicaram, como fizeram os seus antecessores no poder.


Mas que venham apoiando veladamente um candidato tão ruim como José Serra, por duas vezes seguidas, faz-me perplexo. Será pela falta de opção ou porque Serra atende a todos os anseios da grande imprensa? Será que ele representa realmente o projeto anti-Lula, anti-PT, anti-inclusão social, anti-fim das desigualdades e, last but, ainda seria um títere a ser pautado à vontade, na defesa dos interesses dela?


Vocês nunca temeram que Serra no poder pudesse tirar o jaleco do Dr. Jeckyl e vestir a pele de lobo do Mr. Hyde? Feito o Collor fez?


Não sei. O que me estranha é que essa imprensa que você representa seja incapaz de levantar um editorial para condenar a campanha do tão querido José, quando ela parte para o obscurantismo deslavado, ao introduzir aborto ou kit gay na agenda. Se fosse o PT, coitado, a fogueira se estenderia da Washington Luís até a Barão de Limeira,  queimando  todo o “lulismo” que fosse encontrado na Via Dutra e arredores.


Perderam de novo, Merval.


Que desperdício de velas foram esses intermináveis dias de “mensalão”. De que adiantou a pressão de vocês sobre o STF e a venda ao público do “maior esquema de corrupção da história”, quando você sabe que não foi bem assim? Nada obstante, venderam a imagem de que um grupo de políticos saqueou os cofres públicos quando, na verdade, o “mensalão” não foi mais do que uma prática de caixa dois, com o dinheiro da legenda partidária,  de resto erradamente corriqueira no País. Apimentada pela ideia de que consciências foram vendidas, para dar ao governo do PT uma maioria que ele já tinha. E tudo isso sem provas concretas.


Mas há que respeitarmos as decisões do Tribunal.  Triste é saber que o julgamento de nada adiantou para os propósitos mediáticos imediatos. A principal eleição, desta vez, a da prefeitura de S. Paulo, está irremediavelmente perdida. E o PT cresceu pelo país a fora.


Para que serviu então o “mensalão”? Para jogar gente na cadeia. Para liquidar com o universal princípio do “in dubio pro reo”. Para desmoralizar os políticos. Para aterrorizar familiares.  Para a vingança a um projeto que não atende à vontade das seis famílias que dominam a informação no Brasil.


Para o que vocês queriam que servisse, não serviu. Perderam, mais uma vez.


Vamos esperar para ver se o “mensalão tucano”, a ser julgado no ano que vem, vai merecer as mesmas colunas, arquitraves, frisos e cornijas dos nossos jornalões e da rede de Tv de maior audiência.


Eu duvido.


Atenciosamente,



Carlos Torres Moura

Além Paraíba – MG


http://www.conversaafiada.com.br/pig/2012/10/29/singelo-e-mail-enviado-ao-incitatus-mervalis/

O destino do "in dubio pro reo"

Antônio Cláudio Mariz de Oliveira
ANTÔNIO CLÁUDIO MARIZ DE OLIVEIRA 
Não pode passar sem registro um outro aspecto extraído ou confirmado pelo julgamento do mensalão: o poder da mídia para capturar a vaidade humana e torná-la sua refém
Alvo de televisionamento, contendo o envolvimento de figuras proeminentes do mundo político, financeiro e publicitário. Colocado como um julgamento do comportamento ético de um partido político e dos seus governos. Posto como teste da imparcialidade do STF, pois a maioria dos seus integrantes foi nomeada pelos dois últimos governos. Envolvendo a sedimentada ideia de que no país as classes privilegiadas não são punidas.

O julgamento do chamado mensalão, com tudo isso, deixará marcas profundas no comportamento dos que operam o direito, como nos tribunais inferiores, e no próprio (in)consciente coletivo. Assim, certos aspectos de maior repercussão podem ser apontados, sem embargo de outros e dos efeitos do julgamento que só o futuro mostrará.

Para alguns ministros, nos crimes de difícil comprovação, o juiz não precisa de provas cabais, bastando indícios ou até a sua percepção pessoal para proferir uma condenação.

Em outras palavras, permite-se que o magistrado julgue por ouvir dizer, com base na verdade tida como sabida, mas não provada. Estará assim, na verdade, julgando com os sentidos e não com as provas.
É da tradição do direito penal dos povos civilizados a necessidade da certeza para uma condenação. Caso o juiz não tenha a convicção plena da responsabilidade do acusado, deverá absolve-lo. Trata-se do consagrado "in dubio pro reo" -na dúvida, absolve-se. Mais do que jurídica, essa máxima atende ao anseio natural de liberdade e de justiça. Não é justo punir-se com dúvida.

Alguns ministros, porém, pregaram a responsabilidade objetiva, com desprezo ao comportamento e à vontade do acusado.

Autoria criminal implica em um comportamento comissivo ou omissivo e na vontade dirigida à prática criminosa. Exemplificando para explicar: a condição pessoal, digamos, do dirigente de uma empresa, por si só, não o torna culpado por crimes cometidos em prol de tal empresa.

Utilizou-se a teoria já antiga do domínio do fato para justificar punições incabíveis. No entanto, ao contrário do propalado, essa teoria exige justamente que o autor vincule-se ao crime pela ação e pela vontade de agir criminosamente.

Alguns pronunciamentos trouxeram preocupante imprecisão ao conceito de lavagem de dinheiro. Consiste na conduta utilizada para emprestar aparente licitude ao produto de um crime, ocultando e dissimulando a sua origem. Há a necessidade de uma ação concreta, diversa do crime anterior.
No entanto, alguns julgadores, de forma imprecisa, parecem querer considerar lavagem a mera utilização do produto do outro delito.

Usar o dinheiro sem a simulação de sua origem não é lavagem, mas natural decorrência do crime patrimonial. Considerar o mero uso como outra figura penal é admitir crime sem conduta própria e permitir dupla punição a só uma ação.

A sociedade não ficou inerte e nem apática. Reagiu ao julgamento, em regra aplaudindo condenações e criticando absolvições. Conclui-se que a expectativa é pela culpa e não pela inocência. Isso é fruto da disseminação de uma cultura punitiva, de intolerância raivosa e vingativa, que tomou conta da nossa sociedade, fazendo-a apenas clamar por punição, sem pensar em prevenir o crime, combater suas causas.
Não pode passar sem registro um outro aspecto extraído ou confirmado pelo julgamento do mensalão: o poder da mídia para capturar a vaidade humana e torná-la sua refém.

Nesse sentido, um alerta: todos nós, integrantes da cena judiciária, deveremos administrar as nossas vaidades, para que ela não se sobreponha às responsabilidades que temos para com o seu principal protagonista, o cidadão jurisdicionado.

http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/84098/O-destino-do-in-dubio-pro-reo.htm

Barões da mídia já temem o monstro que criaram no STF

Marcus  Vinícius
MARCUS VINÍCIUS
Já pensou se o STF pega gosto e faz os personagens da Lista de Furnas e do mensalão tucano passarem uma temporada no xilindró?
As elites já temem seu efeito no ordenamento jurídico do país dos excessos no julgamento da Ação 470. Não é para menos. O rol de barbaridades cometidas com a nossa Constituição põe a perigo garantias individuais. E a principal vítima, foi princípio da “presunção da inocência”. Agora, perante o STF, são todos culpados, sem provas em contrário.

Talvez seja por isso que os barões da mídia, através da Folha de São Paulo, Valor Econômico e O Globo, começaram a reconhecer excessos cometidos pelo seu “herói”, o ministro Joaquim Barbosa, na dosimetria das penas dos réus do dito “mensalão petista”  (outros, mensalões, como o do PSDB e o do DEM um dia, quem sabe, podem baixar naquela Corte).

Começa assim o editorial “Para quem precisa”, publicado no dia 25/10 na Folha: “Penas de prisão deveriam, em tese, caber a criminosos violentos, para os demais, como no mensalão, conviriam severas penas alternativas”. Mas à frente, novo alerta: “As punições hão de ser drásticas, e seu efeito, exemplar, mas sem a predisposição vingadora que parece governar certas decisões (e equívocos) do ministro Joaquim Barbosa”.

Na mesma linha, e o dia seguinte (26/10), matéria do Valor, com o título “Pena de Valério é maior que de Chico Picadinho”, alerta o Supremo Tribunal Federal para os exageros cometidos no julgamento do “mensalão”, ressaltando que a punição ao publicitário Marcos Valério equivale àquelas de criminosos que cometeram crimes hediondos como “Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos de prisão por planejar o assassinato de seus pais a pauladas em 2002, enquanto dormiam, e do famigerado Chico Picadinho, condenado a 30 anos de prisão pelo homicídio e esquartejamento de duas mulheres nas décadas de 60 e 70”.  ( http://migre.me/bnksB ).



Finalmente, em O Globo de hoje(27/10), Merval Pereira, escreve em sua coluna o artigo: “O Voluntarismo de Barbosa” (http://migre.me/bnkL8 ), em que critica a sanha condenatória do ministro.  “Quando ele (Barbosa) critica nosso sistema penal e se põe claramente a favor de penas mais duras, dá margem a que acusados vejam nele um carrasco e não um juiz”.

Ficção e realidade

O um dos diálogos que compõe uma das cenas do filme “A Casa dos Espíritos”, de Isabel Allende, expõe parte do temor das elites, de perda do controle sobre os verdugos.  Na cena o ator Jeromy Irons interpreta o senador Esteban Trueba. A conversa se dá na sede do Ministério da Justiça, entre Esteban e um coronel nos primeiros dias da ditadura de Augusto Pinochet. Esteban é um rico proprietário de terras, senador pelo Partido Conservador, ele apoiou o golpe, mas foi supreendido com a prisão da filha, Blanca Trueba (Winona Ryder), por seu romance com o líder de esquerda, Pedro Segundo (Antônio Banderas).

Por que minha filha foi presa ontem a noite?

-       Responda! Onde está minha filha?

-       Dê-me a chave do seu carro.

-       Fechamos o Congresso. Fim dos privilégios dos congressistas.

-       Vocês estão todos loucos!

-       Quem acha que estabeleceu contatos com seus generais?

-       Quem estabeleceu o elo com os americanos?

-       Que dinheiro e reputação garantiu armas para vocês?

-       Sabe quem sou eu?

-       E você prende minha filha… e quer confiscar o meu carro?

-       Quero falar com o ministro.

-       Fale comigo.

-       O ministro!

-       Não há mais ministro!

-       Agora você fala comigo.

-       Entendeu?

-       Quer encontrar sua filha?

-       Preencha o formulário.

-       Você e seus amigos ainda têm o poder econômico.

-       Mas nós governamos o país.

-       Agora… dê-me a chave do carro.


As elites do Chile que apoiaram o golpe contra o presidente Salvador Allende em 11 de setembro de 1973 talvez não acreditassem que o regime de Pinochet fizesse da brutalidade sua regra de governo. Números oficiais dão conta de 60 mil vítimas do regime, sendo 3.227 mortos. No Brasil as elites abriram a caixa de Pandora nove anos antes, em 1964.  As consequências ainda estão em discussão através da Comissão da Verdade. A tortura ainda persiste como regra em nosso sistema policial e os números da violência em São Paulo demonstraram a falência da Polícia Militar (outra herança da ditadura), no combate à criminalidade.
Mas, tal e qual o persongem Esteban Trueba, do romance de Isabel Allende, o que espanta mesmo as elites é a possibilidade de que um de seus filhos seja vítima do monstro que soltaram nas ruas para reprimir a plebe.

Já pensou o STF pega gosto, e com apoio da opinião publica, engata uma quinta marcha e faz os personagens da “Lista de Furnas”,  aqueles citados  no livro “Privataria Tucana”, de Amaury Júnior, e também os envolvidos no “Mensalão do PSDB” e no “Mensalão do DEM”, passarem uma temporada no xilindró?

Marcus Vinícius é jornalista, edita o jornal Onze de Maio, o blog: www.marcusvinicius.blog.br

http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/84081/Bar%C3%B5es-da-m%C3%ADdia-j%C3%A1-temem-o-monstro-que-criaram-no-STF.htm


A retórica do ódio na mídia




Do Brasil de Fato

A retórica do ódio na mídia  

A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite ‘sudestina’ ao Palácio do Planalto

Jaime Amparo Alves*

Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio - São Paulo.  Com seus gatekeepersescolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.

Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídiaGlobo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais.  O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerecência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.

Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão.  Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.

Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?

Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.

O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja“se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite ‘sudestina’ ao Palácio do Planalto.

Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.

Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.

Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.

Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia.Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?

* Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin - amparoalves@gmail.com