terça-feira, 30 de setembro de 2014

SEM ÉTICA, BARBOSA TEM REGISTRO NEGADO PELA OAB

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Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa teve seu registro de advogado negado pela seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, do Distrito Federal; presidente da entidade, Ibaneis Rocha alegou que ele feriu a ética profissional quando exerceu a magistratura; durante seu estrelato, Barbosa ofendeu advogados e fez até com que o defensor de José Genoino, Luiz Fernando Pacheco, fosse retirado do plenário do STF por seguranças da casa – fato inédito na história do Judiciário; agora, veio o troco; leia a íntegra do despacho do presidente da OAB-DF
247 – O ex-presidente do STF Joaquim Barbosa colheu nesta segunda-feira 30, na seção do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, uma parte do que semeou no exercício do cargo. Ele teve seu pedido de registro profissional como advogado recusado pela OAB-DF, sob a justificativa, registrada pelo presidente da entidade, Ibaneis Rocha, de ter "ferido a ética profissional".
Barbosa destratou dois advogados, Maurício Corrêa, já falecido, e José Gerardo Grossi, durante seu período como ministro do Supremo. A OAB, em cada uma das ocasiões, realizou atos de desagravo aos profissionais.
Em junho, durante uma de suas últimas sessões no STF e numa cena que foi transmitida ao vivo pela TV Justiça, Barbosa mandou que seguranças retirassem da corte o advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende o ex-presidente do PT José Genoíno. O gesto despertou indignação em diferentes setores da Justiça.
Agora, Barbosa terá de recorrer à comissão de seleção da OAB se quiser pertencer à classe que, nitidamente, não o quer. Ele foi comunicado do indeferimento de seu pedido nesta segunda 30.
Barbosa também pode recorrer à Justiça para ter direito ao registro da Ordem. Ele é formado em Direito e antes de ser ministro do STF era procurador da República concursado. O problema é o risco de ser humilhado novamente, com outras recusas.
Leia, abaixo, a íntegra do despacho do presidente da OAB-DF:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SELEÇÃO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, CONSELHO SECCIONAL DO DISTRITO FEDERAL

“O desapreço do Excelentíssimo Sr. Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal pela advocacia já foi externado diversas vezes e é de conhecimento público e notório.”
Márcio Thomaz Bastos, Membro Honorário Vitalício do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, por ocasião do desagravo realizado em 10.06.2014 de que foi o orador.

IBANEIS ROCHA BARROS JUNIOR, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/DF sob o n.º 11.555, vem à presença de V. Exa. propor IMPUGNAÇÃO ao pedido de inscrição originária formulado pelo Sr. Ministro aposentado JOAQUIM BENEDITO BARBOSA GOMES, constante do Edital de Inscrição de 19 de setembro de 2014, pelos fatos a seguir aduzidos.

Em 23 de novembro de 2006 o Requerente, na condição de Ministro do Supremo Tribunal Federal, atacou a honra de Membro Honorário desta Seccional, o advogado Maurício Corrêa, a quem imputou a prática do crime previsto no art. 332 do Código Penal, verbis : “Se o ex-presidente desta Casa, Ministro Maurício Corrêa não é o advogado da causa, então, trata-se de um caso de tráfico de influência que precisa ser apurado”, o que resultou na concessão de desagravo público pelo Conselho Seccional da OAB-DF (Protocolo nº 06127/2006, cópia em anexo).
Quando o Requerente ocupou a Presidência do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal seus atos e suas declarações contra a classe dos advogados subiram de tom e ganharam grande repercussão nacional. Vejamos, segundo o clipping em anexo:

a)​Em 19 de março de 2013, durante sessão do CNJ, generalizou suas críticas afirmando a existência de “conluio” entre advogados e juízes, verbis: “Há muitos [juízes] para colocar para fora. Esse conluio entre juízes e advogados é o que há de mais pernicioso. Nós sabemos que há decisões graciosas, condescendentes, absolutamente fora das regras”, o que resultou em manifestação conjunta do Conselho Federal da OAB, da Associação dos Juízes Federais (Ajufe) e Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB);

b)​Em 08 de abril de 2013, sobre a criação de novos Tribunais Regionais Federais aprovada pela Proposta de Emenda Constituição nº 544, de 2002, apoiada institucionalmente pela Ordem dos Advogados do Brasil, afirmou o seguinte: “Os Tribunais vão servir para dar emprego para advogados...”; “e vão ser criados em resorts, em alguma grande praia...”; “foi uma negociação na surdina, sorrateira”; o que redundou em nota oficial à imprensa aprovada à unanimidade pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

c)​Em 14 de maio de 2013, também em sessão do CNJ, o então Ministro-Presidente afirmou, em tom jocoso, que: “Mas a maioria dos advogados não acorda lá pelas 11h mesmo?” e “A Constituição não outorga direito absoluto a nenhuma categoria. Essa norma fere o dispositivo legal, ou são os advogados que gozam de direito absoluto no país?”, o que foi firmemente repudiado por diversas entidades da advocacia, notadamente pelo Instituto dos Advogados de São Paulo, pelo Movimento de Defesa da Advocacia, pela Associação dos Advogados de São Paulo e pela Diretoria do Conselho Federal da OAB;

d)​Em 11 de março de 2014 o Requerente votou vencido no Conselho Nacional de Justiça contra a isenção de despesas relativas à manutenção das salas dos advogados nos fóruns. Na oportunidade, criticou duramente a Ordem dos Advogados: “Precisa separar o público do privado. Que pague proporcionalmente pela ocupação dos espaços. Não ter essa postura ambígua de ora é entidade de caráter público, para receber dinheiro público, ora atua como entidade privada cuida dos seus próprios interesses e não presta contas a ninguém. Quem não presta contas não deve receber nenhum tipo de vantagem pública”; o que também resultou em nota da Diretoria do Conselho Federal da OAB; e,

e)​Em 11 de junho de 2014, numa das últimas sessões do Supremo Tribunal Federal que presidiu, o Requerente “expulsou da tribuna do tribunal e pôs para fora da sessão mediante coação por seguranças o advogado Luiz Fernando Pacheco, que apresentava uma questão de ordem, no limite de sua atuação profissional, nos termos da Lei 8.906”, conforme nota de repúdio subscrita pela diretoria do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

Por fim, em 10 de junho de 2014, este Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal concedeu novo desagravo público, desta feita ao advogado José Gerardo Grossi, atingido em suas prerrogativas profissionais pelo então Min. Joaquim Barbosa em decisão judicial assim lançada: “No caso sob exame, além do mais, é lícito vislumbrar na oferta de trabalho em causa mera action de complaisance entre copains, absolutamente incompatível com a execução de uma sentença penal. (...) É de se indagar: o direito de punir indivíduos devidamente condenados pela prática de crimes, que é uma prerrogativa típica de Estado, compatibiliza-se com esse inaceitável trade-off entre proprietários de escritórios de advocacia criminal? Harmoniza-se tudo isso com o interesse público, com o direito da sociedade de ver os condenados cumprirem rigorosamente as penas que lhes foram impostas? O exercício da advocacia é atividade nobre, revestida de inúmeras prerrogativas. Não se presta a arranjos visivelmente voltados a contornar a necessidade e o dever de observância estrita das leis e das decisões da Justiça” (Processo nº 07.0000.2014.012285-2, cópia em anexo).

Diante disso, venho pela presente apresentar impugnação ao pedido de inscrição originária formulado pelo Sr. Ministro aposentado JOAQUIM BENEDITO BARBOSA GOMES, constante do Edital de Inscrição de 19 de setembro de 2014, pugnando pelo indeferimento de seu pleito, que não atende aos ditames do art. 8º da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e OAB), notadamente a seu inciso VI, pelos fundamentos já expostos.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Brasília/DF, 26 de setembro de 2014.

IBANEIS ROCHA BARROS JUNIOR
OAB/DF n.º 11.5554 
http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/155277/Sem-%C3%A9tica-Barbosa-tem-registro-negado-pela-OAB.htm

MÍDIA PROTEGE MARINA E OMITE O ÓBVIO: ELA MENTIU


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Por que será que é tão difícil dizer que a candidata Marina Silva, do PSB, mentiu quando disse, no debate da Band, que votou favoravelmente à CPMF; na Folha de S. Paulo, ela, a vítima, alvo do PT, "se contradiz"; no Valor, ela votou contra a CPMF quatro vezes no governo FHC, mas fez isso "sob orientação do PT"; no Globo, de novo vitimizada, "após ataque", Marina tenta explicar sua posição; a verdade é uma só: a candidata disse uma coisa e fez outra, ou seja, mentiu; no entanto, em Caruaru (PE), Marina tentou culpar a presidente Dilma Rousseff pela própria mentira, ao dizer que ela não tem experiência parlamentar e não sabe como funciona o Congresso; na verdade, é Marina quem enfrenta problemas de memória

247 - No primeiro debate entre os presidenciáveis, na Rede Bandeirantes, Marina tentou vender uma imagem de si própria que não correspondia à realidade. Disse que não fazia "oposição pela oposição", dando como exemplo o fato de ter votado a favor da CPMF, quando seu partido – na época, o PT – era contra.
Marina mentiu. Como foi demonstrado ontem pelo 247, nas quatro ocasiões em que teve a oportunidade de votar em relação ao imposto do cheque, criado para financiar a saúde, ela votou contra (leia mais aqui). E a mentira foi desmascarada no debate da Record, no último domingo, quando a presidente Dilma Rousseff a confrontou com dados do próprio Senado.
Pega numa situação desconfortável, Marina ontem soltou uma nota. Mais uma vez mentirosa. Disse que foi favorável à CPMF quando o assunto tramitou numa comissão do Senado. Nesta ocasião, houve apenas uma votação simbólica e quem representou o PT foi a liderança do partido no Senado – e não Marina Silva.
O fato de Marina ter sido pega na mentira foi, sem dúvida, um dos pontos altos do último debate. No entanto, chega a ser comovente o esforço dos jornais brasileiros para proteger a candidata do PSB das suas próprias fragilidades.
Na Folha, Marina foi vitimizada. Na manchete, ela, "alvo do PT", se contradiz sobre CPMF. No Globo, também vitimizada, Marina, "após ataque", "tenta explicar posição sobre CPMF". No Valor, joint-venture dos grupos Folha e Globo, mais uma tentativa de proteção. A manchete informa que ela votou quatro vezes contra a CPMF, mas "sob orientação do PT".
Ora, mas o discurso de Marina era justamente o de "não fazer oposição pela oposição" e de ter desafiado seu próprio partido.
Protegida pelos meios de comunicação familiares, Marina continua à vontade para alimentar mitos e inverdades. Ontem, em Caruaru, tentou culpar a presidente Dilma Rousseff por sua própria mentira. Disse que ela, por não conhecer os meandros do parlamento, teria "feito confusão".
“A CPMF tramita desde 1993. Entrei no Senado em 95. No processo da comissão, o senador Antônio Carlos Magalhães (DEM, já falecido) propôs um fundo de combate. Eu propus estudar medidas de combate à pobreza. Fizemos o bom combate na comissão. Aprovamos a proposta e no plenário houve mudança no texto e os recursos foram reduzidos pela metade. Aí sim votamos contrários”, disse a candidata. “Fico tranquila porque sei o que fiz. Obviamente, uma pessoa como a presidente Dilma, que nunca foi vereadora, deputada, que não teve qualquer mandato político, tem uma certa dificuldade de entender o trâmite legislativo de uma proposta”.
Na comissão, Marina, quem se manifestou foi a liderança do PT. E no plenário, em quatro ocasiões, você votou contra. O resto é apenas conversa mole.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/155248/M%C3%ADdia-protege-Marina-e-omite-o-%C3%B3bvio-ela-mentiu.htm

Folha “descobre” que SP terá racionamento pós-eleição. Alckmin e Marina ainda não.


30 de setembro de 2014 | 10:17 Autor: Fernando Brito
cantar
Na entrevista – em geral cínica – que o governador Geraldo Alckmin dá à Folha hoje, uma verdade, ao menos, há.
Todas as informações sobre a crise hídrica de São Paulo estavam – e estão – publicadas na internet, ao alcance de todo e qualquer um que queira analisar a gravidade do problema.
É, aliás, a única verdade nesta história toda, cuja mais recente mistificação é a de que haverá água, mesmo que não chova, para atravessar o resto do ano.
Este blog, a centenas de quilômetros do drama vivido  pelos paulistas – que só entra aqui em casa quando meu filho, que vive lá – me conta dos cortes noturnos do abastecimento – deu, desde o início do ano, acompanhamento sistemático ao desastre paulistano.
Os grandes veículos de comunicação, porém, viveram de “releases” e garantias de que tudo estava “sob controle”.
Sempre foi e ainda é, numa palavra, mentira.
Não se fala nos números chocantes que estão à disposição, como disse Alckmin, de todos.
Por exemplo, que o reservatório do Atibainha, de onde está vindo toda a água retirada hoje do Sistema Cantareira, tem míseros 60 centímetros – três palmos! – de água, até que seja atingida a cota mínima – já com todo o bombeamento – de 777 metros sobre o nível do mar. Nove bilhões de litros, água para seis dias, no ritmo atual de retirada.
Ou que o Jacareí, o maior dos reservatórios, cujas comportas foram completamente fechadas há dez dias, só conseguiu acumular, neste período, meros 4 bilhões de litros, pouco mais de dois dias do consumo da Grande São Paulo.
Os 60 bilhões de litros de água que ainda se diz ter como disponíveis são, neste momento, virtuais, porque dependem da escavação frenética de canais que liguem as “poças” que formam hoje o reservatório seco deste reservatório.
Folha “descobriu” hoje um documento - elaborado por técnicos da Agência Nacional de Águas e pelo Departamento de Águas e Esgotos do Governo paulista que, enfim, implanta o racionamento que vem sendo criminosamente adiado há sete meses, por razões político-eleitorais.
Não é um “furo” de reportagem, é a confissão de uma omissão jornalística.
Pior, de um estelionato jornalístico, porque o estelionato eleitoral foi legitimado pela imprensa, a mesma imprensa que agitou, o quanto pôde, o fantasma de um “apagão” elétrico que podia render frutos políticos contra o Governo Federal.
Dois estelionatos, aliás, porque a candidata que se diz “ambientalista” calou criminosamente sobre o tema, de olho na conveniência de amealhar votos em sua aliança envergonhada com Geraldo Alckmin.
Embora estejamos vivendo, de fato, uma das piores estiagens que este país já enfrentou, há algo que tem faltado mais que água.
Vergonha.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=21648

A canastrice dos sete dispositivos da propaganda


"Mera coincidência" (Wag The Dog, 1997)
Em 1940 um artigo denunciava os chamados “sete dispositivos da Propaganda” e exortava os leitores a detectá-los por ser uma necessidade absolutamente vital para não serem enganados. Setenta e três anos depois esses dispositivos continuam ativos apesar da absoluta obviedade, exagero, “overacting” e, principalmente, canastrice dos intérpretes desses verdadeiros scripts que são reeditados sob uma roupagem moderna e descolada por marqueteiros e publicitários. Como é possível que depois de tanto tempo esses dispositivos continuem na linguagem da mídia, da Política, do Marketing e da Publicidade? E, apesar da explícita natureza fake e não-espontânea desses dispositivos, continuam a pautar a sociedade e conquistar corações e mentes. Qual a causa dessa invasão da canastrice na política e na esfera pública?

Nesse final de semana um amigo mostrou-me um antigo exemplar de uma revista de artes gráficas norte-americana chamada “Print - A Quartely Journal of the Graphic Arts” de setembro de 1940. É muito mais do que uma revista, pois combina delícias visuais e belíssimas fotografias com textos pesados e com foco sério.

A revista abre com um ensaio intitulado “Propaganda e Artes Gráficas – a influência na opinião pública para a Unidade Nacional” de William E. Rudge. O texto nos oferece diversos exemplos de “mensagens positivas”, abordando como o design gráfico pode ser uma ferramenta para “condicionar o comportamento humano”. Rudge escreve: “é absolutamente vital distinguir, através da compreensão e análise, a boa e a má propaganda. Não se deixe enganar!”.


O mais notável é uma lista que o autor faz dos “Sete Dispositivos de Propaganda para os quais devemos estar atentos”.

“Print - A Quartely Journal of the
Graphic Arts” de setembro de 1940
Os sete dispositivos descritos pelo autor parecem ser um tanto óbvios. Mas o incrível para mim é que, ainda em 2013, esses dispositivos clichês, exagerados, óbvios, saturados ou “overacting” (essa expressão inglesa parece ser a que melhor define-os) ainda são as principais ferramentas de engenharia de opinião pública. Vemos esses dispositivos o tempo todo sendo usados por políticos, relações públicas de empresas e “front groups”, reportagens em telejornais, discursos de porta-vozes de governos e peças publicitárias. A cada crise, eleições ou intervalos publicitários, lá encontramos esses mesmos dispositivos, reeditados em formatos modernos, descolados e antenados.

Por que tais dispositivos ainda continuam mobilizando pessoas, moldando a opinião pública e agendando a pauta de discussões das mídias e entre as pessoas? Como é possível que táticas tão caricatas, antigas e surradas ainda têm credibilidade e ressonância na sociedade?

Para tentar encontrar uma resposta, em primeiro lugar vamos enumerar e atualizar esses sete dispositivos explicados por Rudger.

1. Dispositivo de Estereotipagem

Incita as pessoas a criarem um julgamento sem examinar a evidência no qual o objeto possa estar baseado. Os propagandistas apelam para os nosso ódio e medo. Isso é feito ao aplicar “xingamentos” a indivíduos, grupos, nações, raças, políticas, práticas ou crenças. Em telejornais, qualquer show popular na periferia onde ocorreu um crime, chacina ou desordem é rotulado como “baile funk”. Qualquer culto afro-brasileiro é associado a “macumba”. “Terrorista”, “radicais”, xiitas ou “muçulmanos” são rótulos genéricos que dão nomes aos nossos temores mais irracionais. Suas fotografias são caricatas e exageradas – barbas mal aparadas, olhos esbugalhados ou ferinos, enfim, rostos de “maus”. A estereotipagem é evidente por si mesma, não são necessárias provas ou evidências. Por exemplo, em um “baile funk” só pode ocorrer coisas ruins. Ou pessoas com aquelas caras só podem ser terroristas.

2. Dispositivo das Generalidades Brilhantes

Propagandistas criam a identidade de um programa através de “palavras virtuosas”. Aqui se encontra o apelo a emoções como amor, generosidade e amizade. Usam-se palavras genéricas contra as quais ninguém pode se contra: liberdade, verdade, honra, justiça social, interesse público, direito ao trabalho, lealdade, progresso, democracia, defesa da Constituição etc. Se um artista como Bono Vox faz uma turnê com sua banda U2 pelo “fim da fome e da pobreza na África”, quem poderá se insurgir contra um desejo tão virtuoso? Afinal, Bono Vox está fazendo a “sua parte”. Essas palavras sugerem brilhantes desejos de “homens de boa vontade”. Mas, concretamente, o “como” realizar tais ideais é colocado entre parêntesis. Afinal, cada um faz “a sua parte”. Outra pessoa que ponha em prática. A tática da estereotipagem nos influencia a criar um julgamento para rejeitar e condenar sem provas. A tática das generalidades brilhantes nos faz aceitar e aprovar sem nenhum exame crítico dos possíveis meios para alcançar o ideal divulgado.

3. Dispositivo de Transferência

Propagandistas transferem algum tipo de autoridade, sanção ou prestígio de alguma coisa que nós respeitamos ou reverenciamos para algum programa que querem que aceitemos. Alguém se torna “presidente de honra” de uma empresa para que transfira seu prestígio ao novo presidente que o substituirá. Um jovem candidato é fotografado ao lado de uma lenda da política. Ou um cientista com pesquisas no exterior se deixa fotografar com a camisa aberta para que vejamos uma outra verde-amarela para conseguir a sanção nacionalista da opinião pública. Símbolos são constantemente usados: a cruz, a bandeira, combinações de cores etc.

4. Dispositivo do Testemunhal:

Aceitamos qualquer coisa, de uma patente médica ou um cigarro a um programa de política pública. O propagandista lança mão de testemunhos. Um recurso metomínico da parte substituir um todo. Um depoimento de um só médico, de uma só celebridade ou de um popular garante a aceitação do programa ou produto. A evidência está na visibilidade do testemunho. (Visibilidade x fama = Credibilidade). Essa fórmula resolve o problema lógico de um só exemplar representar a totalidade de um gênero.

5. Dispositivo da Pessoa Simples

O mito da “pessoa simples” é o dispositivo usado por líderes políticos, homens de negócios, ministros, cientistas ou celebridades para ganhar nossa confidencia e parecerem “pessoas como nós”. Candidatos mostram sua devoção com crianças no colo de potenciais eleitores; um emérito cientista torce por determinado time de futebol no twitter. À época da ascensão dos Nazistas ao poder nos anos 1930, a imprensa divulgava fotos de Hitler na sua vida privada ao lado de seus cães. Na revista “Life” Mussolini posava em uma foto com seus filhos e netos nessa mesma época.

6. Dispositivo das "Cartas Empilhadas"

Propagandistas contam uma única parte da verdade. Mas é como empilhasse cartas sobre a verdade, de tal maneira que um lado ou fator será mais enfatizado do que o outro. Dados estatísticos, gráficos e tabelas nada dizem, a não ser criar uma espiral de interpretações: números absolutos são tomados como verdade, esquecendo-se dos números relativos. A inflação caiu, mas por outro lado, podemos dizer que ela subiu, porém em um ritmo menor... Propagandas de pasta de dentes são hábeis em contar meias verdades: uma tem “flúor garde”; outra diz ser “antitártaro”, como qualidades únicas e exclusivas. Omitem que todas as pastas têm flúor e são antitártaros.

Uma variação desse dispositivo é o doublespeak (dupla fala) onde alterações de palavras podem alterar a resposta emocional do público. Por exemplo, a utilização do jargão pode contaminar a compreensão, obscurecendo o verdadeiro significado que seria passado com palavras diretas. A expressão “artilharia aérea” substitui a palavra “bomba”. “Defesa” é colocada no lugar de “Guerra”. Enchentes viram “pontos de alagamento” e quebras em composições de trem e metrô tornam-se “falhas pontuais no sistema”.

7. Dispositivo do “Carro de Propaganda”

Esse dispositivo nos faz seguir a multidão, aquilo que supostamente a maioria pensa e faz. Ou, pelo menos, o que a gente pensa que a maioria pensa e faz. O tema aqui é “todos estão fazendo isso”. Como ninguém quer ser deixado para trás por temer a solidão, exclusão ou esquecimento, queremos seguir a tendência majoritária. Está associado ao conceito de “Espiral do Silêncio” de Elizabeth Noelle-Neumann onde a criação de um “clima de opinião” pode isolar grupos discordantes até a extinção pela sua autopercepção do isolamento. “Havaianas: todo mundo usa!”. Poderíamos responder, “todo mundo quem, cara pálida!” O slogan quer criar o clima de opinião onde pessoas isoladas, temendo ficarem de fora da “onda”, embarquem em uma mera percepção psicológica sem fundamento real, o “carro da propaganda”. Claramente esse dispositivo baseia-se no medo de ficar excluído e no ódio daqueles que estejam fora do grupo, da massa, da maioria ou da nação.

A Canastrice na Propaganda

Lendo esses sete dispositivos de propaganda é nítido que eles se baseiam nos instintos mais básicos humanos: medo, ansiedade e sexo – este último latente no dispositivo do testemunhal onde sex appeal reforça a conexão retórica entre “celebridade” e causa, programa ou produto.

Mas apenas isso não explica a longevidade dessas táticas.

Há algo na estética de tudo isso que incomoda pela previsibilidade e canastrice dos atores que representam os scripts elaborados por publicitários, relações públicas e marqueteiros.

Em postagem anterior (veja links abaixo) analisávamos o filme “Mera Coincidência” (Wag The Dog, 1997) onde um presidente concorrendo à reeleição nos EUA é envolvido em um escândalo sexual. Com a ajuda de um produtor de Hollywood e um relações públicas cria uma guerra fictícia com a Albânia como estratégia de desvio da atenção. Um suposto vídeo real (na verdade produzido em estúdio) é exibido pelas emissoras de TV: vemos uma jovem albanesa com um gatinho branco nos braços fugindo de terroristas estupradores em meio ao fogo cruzado de bombas e incêndios. Tudo muito melodramático, “over”, kitsch, estereotipado e com o “appeal” e “look” semelhante às produções medianas de Hollywood e “sitcons” do horário nobre. Apesar disso, jornalistas e a opinião pública mordem a isca do suposto vídeo “vazado” como fosse um vídeo documental.  

Gerações de cultura pop visual
moldaram nossa percepção do real
Fica a questão: como ninguém percebe a evidente natureza ficcional do vídeo, feito com recursos estéticos manjadissimos do pior do cinema e TV? A opinião pública não percebe a natureza “fake” ou “forçada” destes pseudoeventos porque própria estrutura de percepção do real já foi alterada anteriormente por décadas de cultura pop: tomar o real não a partir dele mesmo, mas a partir dos seus simulacros.

Depois de décadas de cultura pop visual nossa percepção para o real foi invertida pelo hiperrealismo das imagens: tomamos o real não mais por ele mesmo, mas a partir de imagens anteriormente feitas dele. Olhamos nossos filhos a partir das suas fotos e vídeos caseiros, vamos a pontos turísticos esperando que eles confirmem as fotos dos folders promocionais do pacote de viagem.

Se observarmos as fotos de momentos íntimos e afetivos postadas no Facebook perceberemos um grande número de imagens que reproduzem os clichês de composição visual dos filmes hollywoodianos – amantes se beijando tendo o sol poente em contraluz, namorados correndo para se abraçarem com o mar azul ao fundo etc.

Ou seja, toda a canastrice dos intérpretes desses dispositivos de propaganda e a obviedade dos scripts não são percebidos como fakes, forçados ou não-espontâneos, pois a nossa percepção do real já está há muito tempo invertida por gerações de vivência em ambientes midiáticos e, principalmente visuais.


Apesar de toda obviedade e “overacting” esses sete dispositivos da propaganda ainda continuam conquistando corações e mentes. A canastrice dominou a Política.

http://cinegnose.blogspot.com.br/2013/03/a-canastrice-dos-sete-dispositivos-da.html

A canastrice de Marina Silva e o DNA hollywoodiano

Muitas teorias conspiratórias veem a candidata Marina Silva como um “instrumento de Washington”, “a nova direita” etc. Se isso for verdade, não seria tanto pelas teses neoliberais que seu programa de governo defende. Seu DNA não está em Washington, mas em Hollywood. Marina Silva se filia a uma lista de personagens políticos construídos a partir do imaginário coletivo cinematográfico como Hitler e Mussolini (o cinema mudo), Jânio Quadros (Jacques Tati) e Collor de Mello (Gordon Gekko de “Wall Street”). É a “canastrice” na propaganda, noção que a ciência política deveria levar mais à sério: políticos tornam-se verossímeis quando se reconhecem neles elementos de uma certa mitologia pop ou cinematográfica. Mas por que eleitores não percebem o artificialismo das performances exageradas, melodramáticas e esteticamente kitschs, características da canastrice? Talvez porque um século de Hollywood não apenas tenha afetado nossos corações e mentes, mas a própria percepção.

Era 1997. Em plena crise de um escândalo sexual envolvendo o então presidente dos EUA Bill Clinton e uma estagiária da Casa Branca, era lançado o filmeMera Coincidência (Wag The Dog). O Título em português não poderia ter sido mais feliz pela ironia. No filme, um presidente concorrendo à reeleição nos EUA é envolvido em um escândalo sexual. Com a ajuda de um produtor de Hollywood e um relações públicas cria uma guerra fictícia com a Albânia como estratégia de desvio da atenção.

Um suposto vídeo documental (na verdade produzido em estúdio como tática diversionista) é exibido pelas emissoras de TV: vemos uma jovem albanesa com um gatinho branco nos braços fugindo de terroristas estupradores em meio ao fogo cruzado de bombas e incêndios. Tudo muito melodramático, overkitsch, estereotipado e com o appeal e look semelhante às produções medianas de Hollywood e “sitcons” do horário nobre. Apesar disso, jornalistas e a opinião pública mordem a isca do suposto vídeo “vazado” como fosse um vídeo realista.  


"Mera Coincidência", 1997
A cada eleição é sempre necessário assistirmos novamente a esse filme, não apenas pelo tema da manipulação da opinião pública através da mídia, mas como o filme nos mostra a canastrice como a própria essência da propaganda política: as pessoas parecem sempre acreditar em personagens, cenas ou histórias estereotipadas, mal produzidas e, principalmente, repetitivas e clichês.   Assim como as pessoas acreditaram no personagem da menina-albanesa-indefesa-com-gatinho-no-colo.

Mera Coincidência nos ensinou que a propaganda política é mal produzida e esteticamente brega, mas, mesmo assim, é crível aos eleitores. Por que? Talvez alguns subsídios para uma possível resposta estejam no caso Marina Silva e a forma como a construção da sua personagem aproximou-se dos cânones hollywoodianos, tornando-os reconhecíveis e, portanto, fazendo a candidata verossímel para seus eleitores.   Na propaganda política não existe a realidade, mas apenas a verossimilhança.

Marina Silva, Washington, Hollywood


Em reportagem especial sobre a campanha eleitoral brasileira, o jornal francês L’Humanité Dimanche definiu a candidata Marina Silva como “instrumento de Washington” e “a nova direita brasileira”. E o episódio da visita da candidata aos EUA“em busca de novas parcerias”, como afirmou, em plena reta final da campanha eleitoral apenas reforçou essa teoria conspiratória.

Marina Silva: a "nova direita" com
DNA hollywoodiano?
Mas para esse blog a evidência de que a candidata seria teleguiada pelos EUA não estaria tanto nas teses neoliberais que o seu programa de governo defende - Banco Central independente, recuperação do “tripé econômico” ao custo do sacrifício dos programas sociais para alcançar metas de superávit primário etc.

Para nós, a principal evidência estaria no inconfundível DNA hollywoodiano da construção da personagem Marina Silva: a filha de seringueiros que emergiu da floresta para salvar a Amazônia (ou a “rainforest”, expressão com a qual os americanos costumam se referir à florestas tropicais) e, portanto, todo o planeta. A marca indelével da linguagem midiática da indústria do entretenimento norte-americano estaria na canastrice da sua personagem, que repete o mesmo padrão de uma certa mitologia pop.

Canastrice e a Ciência Política


O poder da canastrice é uma noção que deveria ser levada mais a sério pela ciência política. Walter Benjamin afirmava que a estetização da política era a principal estratégia do fascismo: tanto os astros como os ditadores se dirigiram às massas através do cinema. 

Walter Benjamin: astros e ditadores se dirigiram
às massas através do cinema
“A humanidade preparou-se séculos para Victor Mature e Mickey Rooney”, também disse outro frankfurtiano, Theodor Adorno, sobre o poder hipnótico dos atores canastrões. Astros do cinema mudo como Chaplin, Max Linder, O Gordo e o Magro e os Keystone Cops prepararam o terreno para as performances caricatas dos ditadores do século XX. Exatamente nesse ponto reside a canastrice na política: certamente Hitler e Mussolini se inspiraram nas gags visuais dos gênios do cinema mudo. Mais tarde, de forma overact, exagerada, kitsch e artificial (características da canastrice) trouxeram para a realidade o que viram nas telas. E com trágicas consequências que foram bem além do entretenimento.

Marina Silva é mais um exemplar dessa espécie de hiper-populismo baseado na canastrice política, assim como foi Jânio Quadros (uma versão canastrona de Monsieur Hulot do cineasta francês Jacques Tati) ou Collor de Mello (a reedição canastrona dos yuppies que povoaram as telas do cinema nos anos 1980, como o personagem Gordon Gekko do filme Wall Street, 1987).

A construção de uma personagem


Marina possui o que se chama physique du role para exercer o papel: magra, olhos fundos, levemente arqueada, com um xale sobre a cabeça e olhar vindo de baixo para cima como um contra-plogee no cinema, sugerindo uma estudada humildade e resignação diante da sua suposta predestinação. A humildade humana diante dos misteriosos caminhos de Deus...

Marina Silva tem o "physique du role"  
para o papel
Ela é a reedição de toda uma galeria de santos, heróis, salvadores ou sobreviventes enaltecidos pelo inconsciente coletivo midiático: a foto da menina Sharbat na capa da National Geographic, com uma túnica cobrindo a cabeça conferindo um ar beatífico de pureza e resistência; a naturalizada indiana Madre Tereza de Calcutá, beatificada muito tempo antes da Igreja pela mídia...

É a personagem perfeita, porque veio da floresta intocada, pura. Mais uma amostra do DNA midiático norte-americano, chave do novo puritanismo neopentecostal daquele país que criou um fundamentalismo religioso baseado no pensamento ecologicamente correto, como pode ser visto em ação no filme O Mistério da Rua 7 (Vanishing on 7th Street, 2010 – um mix de demônios indígenas, colonização norte-americana e o ideário místico-ecológico da Teoria Gaia – sobre o filme clique aqui).

Um personagem puro e intocado não pode se sujar com a “velha política”. Por isso ela deve falar em “nova política” e que vai formar o governo por um conjunto de “notáveis”, isto é, aqueles que não foram ainda maculados pela velha política.

Jânio Quadros e Marina Silva: a força da
canastrice está no cinema
Por isso essa nova canastrice política não dá para ser aplicada em Lula, Dilma ou Aécio. Eles são muito “hard” para o DNA hollywoodiano: são produtos do mundo das relações de produção, da política dos confrontos sangrentos ou dos jogos parlamentares. Ao contrário, Marina é“soft”, uma figura fortemente icônica, assim como foram Jânio Quadros e Collor de Mello. Tipos físicos perfeitos para desempenharem o papel criado para eles.

Ao mesmo tempo piadas e memes nas redes sociais que apresentam comparações de Marina com o personagem ET do filme homônimo de Spielberg são reveladoras por serem verdadeiros atos falhos: involuntariamente revelam esse secreto DNA hollywoodiano que comanda sua canastrice: solitária e melancólica, como se fosse a mensageira de uma importante mensagem para nós, assim como o foi o pequeno alien do filme.

Canastrice é uma hiper-realidade?


Em postagem passada, discutíamos os chamados “Sete Dispositivos da Propaganda”, denunciados em 1940 mas ainda ativos no marketing político e publicidade – sobre isso clique aqui.

A questão que levantávamos naquela oportunidade é a mesma dessa postagem: por que ninguém percebe o artificialismo e a canastrice de dispositivos retóricos e estéticos manjadíssimos baseado na imagerie do pior que o cinema pode produzir? Por que a opinião pública vê a cada eleição a repetição da canastrice como uma novidade? Por que o reconhecimento de elementos do imaginário cinematográfico em um candidato torna-o verossímel, apesar de toda artificialidade e exagero próprios do ator canastrão?

Gordon Gekko deu verossimilhança ao
ator canastrão Collor de Mello
Um século de cultura visual e do espetáculo fizeram a nossa percepção da realidade ficar invertida. Tomamos o real não a partir dele mesmo, mas tomando como referencia imagens anteriormente feitas do próprio real.

Em uma feira de rua vemos uma linda maçã vermelha, brilhante e suculenta. Tão perfeita que não nos conformamos de ser real. “Que maçã linda. Parece até de plástico!” E temos a necessidade de tocá-la para nos certificarmos da sua existência. É a inversão perceptiva pós-moderna. Não percebemos que é o plástico que imita a perfeição da natureza, mas invertemos os referenciais: parece que é a maçã real que imita a sua cópia de plástico. A esta inversão os estudiosos pós-modernos chamam de hiper-realidade.

O artificialismo canastrão de Marina Silva é a resultante dessa cultura audiovisual irradiada para todo o mundo por meio de Hollywood. Vemos fatos reais e os achamos verossímeis por reconhecermos nele ícones do imaginário cinematográfico. Marina, Jânio Quadros, Collor de Mello foram encarnações neo-platônicas do ET, Monsieur Hulot e Gordon Gekko, assim como Chaplin e os Keystone Cops deram vida a Hitler e Mussolini.


Hollywood não apenas atingiu nossos corações e mentes: alterou também a nossa percepção.

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