segunda-feira, 7 de julho de 2014

Deixe de ser cara-de-pau, Aécio Neves! Quem fez “uso político” da Copa?!




Você jamais será eleito presidente da República, Aécio Neves. Sabe por que? Porque se acha mais esperto do que a esperteza e, por isso, trata os brasileiros como idiotas. Você despreza a inteligência de um país inteiro. E é isso o que irá derrotá-lo

Repercutiu com força a sua acusação infame – e covardemente velada – à presidente Dilma Rousseff, de que ela estaria tentando fazer “uso político” da Copa.

O jornal Valor Econômico, por exemplo, relata que “No primeiro dia de campanha eleitoral, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, acusou o governo de usar politicamente a Copa do Mundo (…)”.

Ora, respeite o povo brasileiro. Respeite seu mandato de senador.

Será que você não enxerga a ironia suprema que reside no que acaba de dizer? Quando poderia imaginar que o evento que você e a mídia diziam afundaria no “caos” se converteria em “risco” de sua principal adversária lucrar politicamente?

Dilma praticamente não falou da Copa nem quando a sua versão e dos órgãos de imprensa seus amigos prevalecia nem agora, quando vocês caíram do cavalo. Como é que Dilma está usando politicamente a Copa?

Quem fez tal uso político, foi você. Para ilustrar essa afirmação, este Blog recorre ao blog “Amigos do Aécio”, que reproduziu parte da politicagem barata que você, surfando nas ondas da mídia amiga, edificou em torno das versões de que o Brasil “passaria vergonha” na Copa.



Abaixo, trecho da matéria.

Para o senador Aécio Neves, presidente do PSDB e potencial candidato à presidência da república este ano,o atraso nas obras reflete a ineficiência e a incapacidade do governo de planejar e gerir obras. “Mais uma vez é a incapacidade gerencial do governo prevalecendo. Portanto aquilo que se esperava que pudesse ser o grande legado pós copa do mundo simplesmente não acontecerá na dimensão que nós esperamos”, disse.

Aécio alertou ainda para as consequências financeiras da falta de planejamento. “O que nós estamos assistindo aqui, infelizmente em todas as regiões do país, é um conjunto enorme de atrasos em razão da inoperância do governo federal, da incapacidade de tocar essas obras. Tanto em relação a copa do mundo quanto em outras áreas. O Brasil virou hoje um grande cemitério de obras inacabadas. E com sobre preço, com preços muito além dos inicialmente previstos”, completou (…)”

Você e seu partido vêm dizendo essas coisas há muito tempo. No site do PSDB, aliás, suas acusações infundadas de que a organização da Copa seria um fiasco está até gravada. Ou você vai negar que é a sua voz que está lá?



Naquela oportunidade, você disse aos brasileiros que “75% de todas as obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo” estavam atrasadas e “alertou que 25%” não ficariam prontas “até o evento”.
Mas o pior mesmo foi você, em uma de suas crises de oportunismo galopante, espalhar pela mídia foto com seu aliado político “Ronaldo Fenômeno”, que afirmou, para quem quis ouvir, que tinha “vergonha” de uma organização da Copa da qual ele mesmo fazia parte.

Aquilo, por acaso, não foi uso político da Copa?

Então, Aécio Neves, é por essas e por outras que você vai ser derrotado, porque trata o público como idiota. Conforme revela matéria da Folha de São Paulo desta segunda-feira (7/7), você acha que todo mundo vai esquecer do que disse e, agora, desdiz.



O grande problema do PSDB, a conduta que faz seu partido perder uma eleição presidencial após a outra há mais de uma década é justamente esse: vocês não respeitam o povo brasileiro. Assim como a mídia que os serve, ou que se serve de vocês. Tanto faz.

É por isso que o sucesso de organização que está sendo a Copa do Mundo de 2014 já até gerou efeitos políticos favoráveis à sua adversária sem que ela tenha feito qualquer coisa que justifique dizer que está fazendo “uso político” do que você previu que seria um desastre.

O povo brasileiro pegou você, seu partido e a vossa mídia no pulo, Aécio Neves. Foram pegos na mentira. Você pode até tentar atribuir a Dilma o que quem fez foi você, pode renegar suas palavras, mas será o único prejudicado por agir assim.

Escreva aí, Aécio Neves: você não será eleito porque despreza o povo que quer governar. Não demora e irá constatar isso. Talvez até lhe sirva de lição, mas este blog duvida muito. O escorpião não consegue mudar sua natureza.

http://www.blogdacidadania.com.br/2014/07/deixe-de-ser-cara-de-pau-aecio-neves-quem-fez-uso-politico-da-copa/

Quer dizer que o “padrão Fifa” é o do Fofana trambiqueiro e dos cartolas corruptos?



7 de julho de 2014 | 11:47 Autor: Fernando Brito
ingressos

Nesta vergonhosa história  do “cambismo oficial” dos ingressos de cortesia da Fifa está uma boa lição para a sabujice da mídia brasileira.

Então era aqui a “corrupção desenfreada”  nas obras da Copa, enquanto, nas barbas da mídia, corria solto, há quatro Copas, um esquema fraudulento de comercialização da montanha de ingressos distribuídos pela Fifa a seus dirigentes, amigos, a empresários e – como se vê agora  -  para cambistas  ganharem – e é claro que não sozinhos – centenas de milhares- talvez milhões – de dólares?
Imaginem se é do filho de um ministro brasileiro o ingresso encontrado nas mãos de um cambista?
Imaginem se é o governo brasileiro quem se recusa a colaborar com a investigação policial fornecendo a lista das pessoas que trabalham na organização da Copa e de seus telefones funcionais, para saber quem é que ficava em contato permanente com o franco-argelino Lamine Fofana, gerente e relações-públicas do tráfico de entradas para os jogos.

E, se fazem isso com uma “xepa” feito mercadejar ingressos de cortesia, imaginem o que se faz com a venda de direitos de transmissão pela TV, de patrocínio, nos contratos de serviços e outras atividades exponencialmente mais rentáveis?

Mas não era a Fifa o padrão de eficiência e qualidade na organização da Copa, enquanto nós-  com nossas licitações, Ministério Público, fiscais do Trabalho, exigências disso e daquilo – éramos o sinônimo da ineficiência, da roubalheira, dos atrasos que, segundo o impoluto Jerôme Valcke, mereceríamos o famoso “chute no traseiro” para “tomarmos jeito”.?

A imprensa brasileira – que está careca de saber dos esquemas sombrios que a envolvem a Fifa – e que, por isso,  deveria estar mais do que ciente do cuidado e da prudência de nosso Governo ao tratar com ela – foi quem endeusou a entidade ao ponto de criar, no imaginário popular, o “padrão Fifa” como sinônimo de perfeição.

Eles eram o máximo e os dirigentes públicos brasileiros pouco mais que bocós e bandidos, não é?
Nem na organização o tal Padrão Fifa foi mais que pífio: fizeram uma festa com um Brasil de matéria plástica, detonaram o som do Beira-Rio, levaram olé de torcedores que invadiram estádios e olhem lá se, no caso de um Brasil e Argentina na final, devemos “largar” na mão deles a segurança – mesmo interna – do Maracanã…

O episódio é, talvez, o mais emblemático do “viralatismo” mental de nossa imprensa, que levou um “banho de bola” de um simples delegado de bairro que trouxe à tona o esquema “fifal” de desvio e comercialização criminosa de ingressos, mais preocupada investigar o “escândalo” de R$ 8 de um ministro imprudente que pagou uma tapioca com o cartão de crédito funcional.

O que tem de ser dito – e vão fugir até o inferno antes de dizê-lo – é que a Copa do Mundo no Brasil tem dois responsáveis pelo sucesso com que se deu: o povo brasileiro, que saber receber, ser amistoso, alegre e fraterno com todos os que vieram ao nosso país e, sim, o Governo brasileiro, que organizou tudo com imensa dedicação e capacidade, frustrando todas as previsões sombrias que se fez sobre o evento.

E que não entrou – e isso era fácil – no “Padrão Fifa” de maracutaias que, há muito tempo, domina a cúpula da cartolagem mundial do futebol, com a participação de figuras pátrias de péssima fama e “ótimos amigos” por aqui.

http://tijolaco.com.br/blog/?p=19002

Sobre Zúñiga, Neymar e “macacos”, por Eliane Brum






Do Geledes

Os xingamentos ao colombiano que tirou da Copa a estrela da seleção revelam o Brasil em que a abolição da escravatura jamais foi completada

O zagueiro Juan Camilo Zúñiga entrou bruto com o joelho nas costas de Neymar. Era um jogo duro e a seleção brasileira também já tinha protagonizado entradas fortes sobre membros adversários. De lado a lado, se acertava mais do que a bola, como não é raro acontecer em partidas decisivas. Se pode criticar a arbitragem, reivindicar que a Fifa dê uma punição ao jogador colombiano, sentir fundo a tragédia de Neymar, que passa a ser a de um país inteiro. O que não deveria poder é o que aconteceu na sequência. Pelas redes sociais, brasileiros chamaram Zúñiga de “preto safado”, pediram sua morte e xingaram sua filha pequena de “puta”. Nos últimos anos, vários jogadores brasileiros foram chamados de “macacos” por torcidas de outras nacionalidades. Na sexta-feira (4), eram brasileiros aqueles que, na internet, colaram num colombiano a expressão racista.

Não deveria acontecer, mas aconteceu. E aconteceu no dia em que os capitães dos times que disputaram uma vaga para a semifinal leram um manifesto da campanha contra o racismo: “Rejeitamos qualquer tipo de discriminação de raça, orientação sexual, origem ou religião. Através do poder do futebol, podemos ajudar e livrar o nosso esporte e a nossa sociedade do racismo. Assumimos o compromisso de perseguir esse objetivo e contamos com você para nos ajudar nesta luta”. Depois do hino, brasileiros e colombianos posaram para fotógrafos e cinegrafistas com uma faixa: “Say no to racism” (“Diga não ao racismo”).

E então a jogada bruta do campo expôs a brutalidade infinitamente maior fora do campo, aquela que trespassa a sociedade brasileira há séculos – e atravessa o futebol que encantou o mundo. O futebol é fascinante também porque, ao mesmo tempo em que suspende as tensões ao criar sua própria linguagem, as revela pela mesma razão. De repente, a “Copa das Copas” expôs o Brasil dos linchamentos, o Brasil que botou a polícia militar para barrar a entrada de jovens das periferias nos shoppings na virada do ano, o Brasil em que um adolescente negro foi preso a um poste pelo pescoço com uma trava de bicicleta.

Não tenho instrumentos para medir o alcance dessa reação racista. Torço para que seja minoritária. Mas é significativo que se destaque nos sistemas de busca. A palavra que se escolhe para agredir alguém não é casual, ela sempre diz muito mais de seu autor do que daquele que ele pretende ofender.
A certa altura, na noite após o jogo, pessoas no Twitter começaram a postar: “Por favor, não coloquem as palavras ‘Zúñiga’ e ‘preto’ no buscador. É pelo bem de vocês”. Ao escrever as duas palavras, aparecia o pior. Em uma foto postada no Instagram do jogador, sua filha pequena escreve na areia: “Papi te amo”. A menina e sua mãe são ofendidas, até de estupro se fala, como costuma acontecer com as mulheres.

Esses torcedores parecem esquecer dos tantos negros da seleção brasileira, assim como do maior de todos eles, Pelé. Ou mesmo de Neymar, já que, se a questão é de “cor”, o herói abatido está longe de ser branco. Parecem esquecer de olhar para si mesmos. Para eles, possivelmente, seja difícil ver. Ver e reconhecer-se.

Quem chama Zúñiga de “macaco” nas redes sociais demonstra uma enorme ignorância, em todos os sentidos do que é ignorância – e também sobre o futebol do Brasil. Em seu belíssimo livro, “Veneno Remédio – o Futebol e o Brasil (Companhia das Letras)”, José Miguel Wisnik recorda que, ainda nos anos 30 do século 20, Gilberto Freyre dizia que o modo brasileiro de jogar convertia o “jogo britanicamente apolíneo” em “dança dionisíaca”, incorporando à sua técnica “o pé ágil mas delicado” do capoeira e do dançarino de samba. Freyre disse também que o futebol europeu, reto e anguloso, ganhou, no Brasil, contornos sinuosos e curvilíneos que arredondam e adoçam o jogo. Era a celebração da mestiçagem do país que ganhava – talvez – sua melhor expressão na linguagem dos pés.

O futebol começou no Brasil com os brancos, em clubes de elite. Sobrava aos negros as bolas de meia ou de qualquer material que se arredondasse, nos campinhos e nas ruas, nas margens. E foram nestas sobras que se agigantaram, subverteram o futebol dos ingleses, criaram uma poética. Demoraram a ser primeiro recebidos pelas portas dos fundos, depois tolerados e por fim aceitos e aclamados. Mas a tensão persiste apesar das décadas. Expressa-se como um corte no momento em que, seja na arquibancada ou na arena de vale-tudo das redes sociais, um jogador negro é chamado de “macaco”.

Então, por um rasgo no tempo, lembramos que o racismo ainda é uma marca terrível, escavando abismos na sociedade brasileira. Abismos que também se desvelam na brancura da torcida dentro dos estádios da Copa, contrastando com os negros que recolhem as latinhas na parte externa, restos de uma festa em que sobram nas margens. Ou limitam-se a assistir ao desfile da elite de seu país pelos portões das “arenas”, reafirmando o seu lugar no lado de fora.

É cheia de drama e de vergonhas a entrada dos negros nos clubes de futebol do Brasil. Alguns, como o grande Friedenreich, o mulato com sobrenome alemão, esticava o cabelo, usava gorros. Esbarrou sempre no preconceito da elite, preocupada com a imagem do país no exterior, empreendendo grandes esforços para esconder os negros do futebol brasileiro. Em 1920, quando a seleção visitou Buenos Aires, um jornal local provocou o elenco brasileiro chamando os jogadores de “macaquitos”. É possível, mas não há certeza, que esta tenha sido a primeira vez que a palavra foi usada para expressar a discriminação racial no campo do futebol brasileiro.

Outro que demonstrava a força dessa violência era o mulato Carlos Alberto, ao encher a cara de pó-de-arroz. “Não podia enganar ninguém, chamava até mais atenção”, descreve o cronista Mario Filho. “O cabelo de escadinha ficava mais escadinha, emoldurando o rosto, cinzento de tanto pó-de-arroz. Quando o Fluminense ia jogar com o América, a torcida de Campos Sales caía em cima de Carlos Alberto: ‘Pó de arroz! Pó de arroz!’”.

Depois que os negros passaram a jogar nos clubes, pela razão irremovível de que eram melhores, tinham espaço no campo, mas não na vida construída ao redor do futebol, como os saraus dançantes das casas finas. A certa altura, os negros eram chamados na crônica esportiva de “colored”, porque “preto” era um palavrão. A palavra inglesa buscava escamotear o que ainda envergonhava os brancos chiques: depender de negros para colecionar vitórias.

Toda essa saga de resistência, invenção e talento está lindamente contada no livro seminal de Mario Filho, “O negro no futebol brasileiro (Mauad X)”, que todos os brasileiros deveriam ler, assim como qualquer pessoa que se interesse pelo país ou pelo futebol ou por ambos.

Quando Leônidas da Silva, o famoso Diamante Negro, e Domingos da Guia se tornaram fenômenos de popularidade, carregavam com eles toda uma história brutal e fascinante que, ainda hoje, está longe de acabar. E que ficaria marcada depois no “Maracanazo”, o suposto trauma que ainda persistiria no Brasil atual, por ter perdido a Copa para o Uruguai, em 1950. Jogadores negros e especialmente Barbosa, o goleiro, foram escolhidos como culpados pela derrota, numa vitória que foi comemorada antes do jogo. Pagaram uma enormidade por algo que avançava muito além deles e do Maracanã. Com a vida para sempre assinalada, Barbosa apontado na feira, na praia, na rua como aquele que “tinha feito o Brasil chorar”.

O futebol festejado nesta Copa do Mundo de 2014 no Brasil é este, em grande parte moldado por negros que “roubaram” a bola e subverteram a narrativa. É também por este futebol que parte do país suspira, ansioso para tê-lo de volta. O futebol da ginga e do encantamento que também nos fez quem somos – mas sem saber hoje se ainda somos. Para Mario Filho, Pelé completou a obra da Princesa Isabel, (que assinou a abolição da escravatura). Mas a cada dia a realidade insiste em reeditar a certeza de que a abolição no Brasil jamais foi completada.

É o que acontece quando Zúñiga é chamado de “macaco” ou de “preto safado” por torcedores brasileiros porque entrou forte em Neymar, numa partida toda ela forte. Aqui, aparece ainda mais ignorância, sobre uma outra narrativa brutal, a do futebol na Colômbia. Essa geração, a de James Rodríguez, Cuadrado e Zúñiga, assinala uma travessia em curso no seu país, ainda com imensas fraturas. O presidente recém reeleito, Juan Manuel Santos, que estava no Castelão para assistir ao jogo, ganhou apertado com a bandeira de continuar negociando com as Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). A geração anterior de futebolistas entrava em campo sob os gritos das torcidas, que os chamavam de “narcotraficantes”.

James, Cuadrado e mesmo Zúñiga encarnam uma possibilidade, um novo, na simbologia em construção de uma Colômbia que tenta fazer do futuro um presente. Quando ignorantes pedem a morte de Zúñiga – ou “a ele o mesmo destino de Escobar” – estão incitando um crime. Há 20 anos Andrés Escobar foi assassinado em Medellín dias depois de ter feito um gol contra na Copa do Mundo nos Estados Unidos. Vomitar a ignorância, também de um processo histórico, clamando pela morte de Zúñiga nas redes sociais – esta sim, uma maldade explícita – é uma covardia monumental.
Talvez não saibam o que fazem, mas deveriam saber. Está na hora de a “pátria de chuteiras” entender mais de futebol.

Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficçãoColuna Prestes – o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas.
Publicado originalmente no El País

http://jornalggn.com.br/noticia/sobre-o-linchamento-do-colombiano-zuniga-apos-a-entrada-em-neymar

Por que escolhemos Dilma Rousseff




Queiram ou não, Aécio Neves e Eduardo Campos serão tragados pelo apoio da mídia nativa e da chamada elite. Ou seja, da reação

por Mino Carta

Começa oficialmente a campanha eleitoral e CartaCapital define desde já a sua preferência em relação às candidaturas à Presidência da República: escolhemos a presidenta Dilma Rousseff para a reeleição.

Este é o momento certo para as definições, ainda mais porque falta chão a ser percorrido e o comprometimento imediato evita equívocos. Em contrapartida, estamos preparados para o costumeiro desempenho da mídia nativa, a alegar isenção e equidistância enquanto confirma o automatismo da escolha de sempre contra qualquer risco de mudança. Qual seria, antes de mais nada, o começo da obra de demolição da casa-grande e da senzala.

O apoio de CartaCapital à candidatura de Dilma Rousseff decorre exatamente da percepção de que o risco de uns é a esperança de outros. Algo novo se deu em 12 anos de um governo fustigado diária e ferozmente pelos porta-vozes da casa-grande, no combate que desfechou contra o monstruoso desequilíbrio social, a tolher o Brasil da conquista da maioridade.

CartaCapital respeita Aécio Neves e Eduardo Campos, personagens de relevo da política nacional. Permite-se observar, porém, que ambos estão destinados inexoravelmente a representar, mesmo à sua própria revelia, a pior direita, a reação na sua acepção mais trágica. A direita nas nossas latitudes transcende os padrões da contemporaneidade, é medieval. Aécio Neves e Eduardo Campos serão tragados pelo apoio da mídia e de uma pretensa elite, retrógrada e ignorante.

A operação funcionou a contento a bem da desejada imobilidade nas eleições de 1989, 1994 e 1998. A partir de 2002 foi como se o eleitorado tivesse entendido que o desequilíbrio social precipita a polarização cada vez mais nítida e, possivelmente, acirrada. Por este caminho, desde a primeira vitória de Lula, os pleitos ganham importância crescente na perspectiva do futuro.

CartaCapital não poupou críticas aos governos nascidos do contubérnio do PT com o PMDB. No caso do primeiro mandato de Dilma Rousseff, vale acentuar que a presidenta sofreu as consequências de uma crise econômica global, sem falar das injunções, até hoje inescapáveis, da governabilidade à brasileira, a forçar alianças incômodas, quando não daninhas. Feita a ressalva, o governo foi incompetente em termos de comunicação e, por causa de uma concepção às vezes precipitada da função presidencial, ineficaz no relacionamento com o Legislativo.

A equipe ministerial de Dilma, numerosa em excesso, apresenta lacunas mais evidentes do que aquela de Lula. Tirante alguns ministros de inegável valor, como Celso Amorim e Gilberto Carvalho, outros mostraram não merecer seus cargos com atuações desastradas ou nulas. A própria Copa, embora resulte em uma inesperada e extraordinária promoção do Brasil, foi precedida por graves falhas de organização e decisões obscuras e injustificadas (por que, por exemplo, 12 estádios?), de sorte a alimentar o pessimismo mais ou menos generalizado.

Críticas cabem, e tanto mais ao PT, que no poder portou-se como todos os demais partidos. Certo é que o empenho social do governo de Lula não arrefeceu com Dilma, e até avançou. Por isso, a esperança se estabelece é deste lado. Queiram, ou não, Aécio e Eduardo terão o pronto, maciço, às vezes delirante sustentáculo da reação, dos barões midiáticos e dos seus sabujos, e este custa caro.


http://www.cartacapital.com.br/revista/807/por-que-escolhemos-dilma-rousseff-131.html

O Brasil ganhou a Copa Lula a inventou e Dilma a realizou com inesperado êxito, a promover o Brasil no mundo

No início de 2012, esta coluna propunha que avaliássemos de dois pontos de vista as possíveis consequências da Copa de 2014 na eleição presidencial. Para ficar no jargão futebolístico, o primeiro teria a ver com o que aconteceria dentro das quatro linhas, se a Seleção Brasileira terminaria campeã ou não. O segundo seria extracampo, referindo-se a tudo o que poderia ocorrer antes e depois que a bola rolasse.

Há quem pense, do alto de pretensa superioridade intelectual, que o típico eleitor brasileiro vota com o predomínio das partes menos nobres do organismo. Que vota com a barriga, o bolso ou o coração, nunca com o cérebro. Que é levado para cá e para lá por emoções superficiais.

São os que acham, desde 1994, que o desempenho da Seleção nas Copas do Mundo impacta o resultado das eleições presidenciais coincidentes. Têm até um teorema: “Se a Seleção ganha a Copa, vence o governo; se perde, quem lucra é a oposição”. Nada o demonstra, mas os bem-pensantes gostam de repeti-lo, aproveitando o ensejo para lamentar a incultura e o primitivismo do eleitor comum.

Já fizemos cinco eleições em ano de Copa do Mundo. O conjunto não é grande, mas é suficiente para deixar claro que os dois fenômenos não guardam relação de mútua determinação. Quem, por exemplo, achar que Fernando Henrique Cardoso venceu a eleição de 1994 porque o povo estava feliz com o sucesso na Copa nos Estados Unidos deve morar em Marte. Não percebeu que o Plano Real elegeria qualquer um.

Em 1998, o mesmo FHC voltou a vencer. Só que a Seleção Brasileira havia recém-tropeçado nos gramados franceses. A decepção no futebol não fez com que o oposicionismo crescesse.
Em 2002, a equipe nacional venceu a Copa e José Serra, o candidato do governo, foi derrotado. Mais uma vez, uma coisa não levou a outra. Como na reeleição de Lula em 2006, quando a fraca performance da Seleção na Alemanha não levou as pessoas a desistir de votar no governo. Como em 2010, em que um cenário parecido se repetiu: a Seleção foi mal, mas a candidatura que representava a continuidade foi bem. Dilma Rousseff ganhou, apesar do fracasso no futebol nas canchas sul-africanas.

Trocando em miúdos: em nenhuma dessas cinco eleições o tal teorema se sustenta. Em matéria de bobagens a respeito da política brasileira, a hipotética relação entre Copa e eleição é das maiores.
Mas não é apenas nos gramados que esta Copa acontece. Existe outra, esta sim, significativa e que poderia ter sérias repercussões na eleição. Ela ocorre fora dos gramados e é a Copa que o Brasil já ganhou.

Nos últimos anos, as pesquisas, especialmente qualitativas, mostraram o temor das pessoas de que a Copa no Brasil viesse a ser um vexame aos olhos do mundo. A desconfiança de que a infraestrutura do torneio funcionasse, a incerteza de que tudo ficasse pronto à hora, o medo de que houvesse uma falência múltipla de aeroportos, comunicações e transportes urbanos se somaram ao receio do aumento da violência e, quem sabe, de epidemias.

A isso agregava-se a convicção de que as famosas “manifestações” voltariam, com seu séquito de quebra-quebras, sangue e brigas com a polícia. A Copa tinha tudo para ser péssima. Mesmo se, no campo, o futebol brasileiro até fosse bem.

De onde teria saído uma expectativa tão negativa? Por que era tão generalizado o sentimento de que a Copa talvez viesse a ser motivo de vergonha para o País?

Com o mesmo afã com que pinta a economia como à beira do precipício, a política como um covil de ladrões e a administração pública como falida, nossa imprensa conservadora esmerou-se na caracterização desta Copa como exemplo máximo de incompetência, descalabro e falsas promessas. Levou o pessimismo da população às alturas e alimentou a imprensa internacional com seu negativismo.

Só que nada do que previa (ou desejava que ocorresse) se confirmou. A vasta maioria do povo chega à reta final do torneio orgulhosa e convencida de que, independentemente do campeão, a Copa foi um sucesso.

Honra a quem merece. Se Lula e Dilma seriam impiedosamente crucificados como os responsáveis pelo fracasso, devem ser homenageados como os grandes artífices do êxito. Ele, que “inventou” a Copa no Brasil, e ela, que tomou as providências para que acontecesse, merecem o reconhecimento dos que estão hoje satisfeitos. Incluindo os turistas estrangeiros, que se revelam encantados com a experiência de visitar o Brasil.

Isso não significa que, quando terminar a Copa no gramado, Dilma poderá ser considerada a vencedora da eleição de outubro. Mas que o resultado da Copa extracampo foi uma vitória para ela, disso não há dúvidas. Nem que seja apenas por ter ultrapassado com garbo algo que poderia ter se tornado um grave problema.

Com esse saldo positivo para Dilma das primeiras semanas do torneio, encerra-se a fase do calendário eleitoral que a legislação chama  de pré-campanha. Seus adversários têm pouquíssimo o que festejar. Aécio Neves e Eduardo Campos não estavam bem quando o ano começou e assim permanecem.

Vai depender do desempenho da Seleção se a campanha propriamente dita começará logo ou apenas depois do dia 13 de julho. Não que isso mude muito o quadro, pois o eleitor é perfeitamente capaz de fazer duas coisas ao mesmo tempo, festejar (ou lamentar) o resultado do futebol e resolver como votar na eleição. E a propaganda eleitoral na televisão só se iniciará em 15 de agosto. Quando lá chegarmos, a Copa do Mundo já será uma lembrança.

Tomara que boa.

http://www.cartacapital.com.br/revista/807/o-brasil-ganhou-a-copa-7799.html

Criam o alarmismo para tirar proveito político “O Brasil vai se tornar uma economia de petróleo”. (Por isso é preciso destruir a Petrobras ! – PHA)

O Conversa Afiada reproduz trechos de importante entrevista de Fernando Nogueira Costa, Doutor em Ciência Econômica e professor da Unicamp, a Ana Paula Grabois, na edição dessa segunda feira (7) do Brasil Econômico:

“Crescimento de 2% do PIB é padrão normal”, diz Fernando Nogueira Costa



Já em 2018, no máximo em 2020, a Petrobras já produzirá 4 milhões de barris/dia. Com os outros produtores, chegará a 5,2 milhões de barris/dia. O Brasil vai caminhar nesse investimento desde agora, na próxima década e na década dos anos 30 deste século, e se tornará o sexto maior produtor de petróleo do mundo. Qualquer pessoa que tomar decisão econômica, seja pessoa física ou jurídica, tem que olhar o longo prazo. Não pode ficar olhando a campanha eleitoral, o curto prazo, que não vai tomar decisões para a frente. Esse é um período em que o mercado enxerga com miopia, vê de perto, mas não vê longe. O mercado precifica mal as ações da Petrobras. Para os assalariados, que não são especuladores profissionais, está na hora de comprar essas ações para ter resultado na próxima década, quando terminar o ciclo de vida profissional. Outro investimento fundamental a maturar em 2018, em 2020, é Belo Monte, a terceira maior hidrelétrica do mundo, que dará conforto ao crescimento sustentado sem carência de energia. E tem as concessões em curso na logística. Foi muito importante a Copa para ter um pacote de abrangência nacional, como a reforma dos aeroportos. Foi uma oportunidade histórica muita mal compreendida por quem tem visão de curto prazo e politiza excessivamente a economia. Nem politiza, partidariza no mal sentido. Criaram um alarmismo para tirar proveito político.


A Copa deu gás às obras de infraestrutura?
Não tenho a menor dúvida. Reformar e construir estádios em escala nacional dá um sentido de unidade. O Maracanã não tinha uma reforma como essa há 60 anos. O Mineirão também não tinha há muito tempo. No fim de semana, você ficava vendo futebol, o maior evento brasileiro, e admirando os outros países. O custo é relativamente muito baixo, ao contrário do alarmado. O BNDES financiou R$ 3,5 bilhões. Em termos relativos, é muito pouco face ao benefício. E o BNDES financiou R$ 8,5 bilhões em mobilidade urbana. É positivo para sinalizar uma nova fase, existe uma visão de estadista da presidenta Dilma. O resultado não será no mandato dela, será a partir de 2018.

O sr. fala dos resultados desses investimentos?
Sim, são decisões de longo prazo. Os economistas brasileiros e os homens de negócios ficaram muito acostumados com essa visão de conjuntura. Em termos históricos, é um alarmismo falso porque se você observar com isenção, a taxa de inflação está sob controle. Nos últimos quatro anos, ficou dentro da meta e totalmente sob controle. E aí se faz um carnaval político em torno disso.

(…)​



O pessimismo, que o sr. diz ter fundo eleitoral, contaminou os empresários?
Sim, contaminou. As pessoas não têm coragem de falar. Um aspecto extremamente importante do livro do Thomas Piketty (“O capital no século 21”) é que ele mostra, em série históricas, que os países capitalistas maduros crescem muito pouco. O crescimento no mundo, historicamente, é muito baixo. Ter um crescimento do PIB de 2% ao ano é o padrão normal. Só que é desonestidade intelectual, em muitos casos, comparar com China ou Índia.


Qual seria o nosso parâmetro de comparação?
Estamos muito mais próximos de capitalismos maduros, Europa e Estados Unidos, do que dos países emergentes. O Brasil já passou desse patamar da indústria nascente. O Brasil foi o país que, até 1980, mais cresceu no século 20. Pela taxa média, foi mais de 10% ao ano. Desde então, foram duas décadas perdidas. Depois, teve algum período de taxas maiores após de anos de recessão. Foi a 7,5% em 2010, mas houve uma recessão em 2009. Em 2004, estava tendendo a 6% e o Banco Central freou e acabou crescendo 5,71%. Em 2003, tinha ocorrido a freada para arrumação e foi de 1,5%. O crescimento da renda per capita no mundo foi menor que 2% ao ano, segundo o Piketty. Isso com concentração da riqueza. Ele diz que a renda do capital cresce muito mais do que a renda das pessoas, cerca de seis ou sete vezes mais. Porque o crescimento da renda do trabalho é muito baixo.


O sr. acha que essa é uma questão esquecida na discussão econômica?
O debate no Brasil está há vários anos extremamente pobre porque essa coisa do tripé é uma bobagem. Qualquer manual de macroeconomia fala que há quatro instrumentos de política econômica. Então, qualquer política econômica de qualquer ideologia vai usar os quatro: política monetária, política cambial, política fiscal e controle de capital. Não tem mais o que fazer. Se você reduzir o debate a isso, ter que subir mais um pouco os juros ou ter que baixar mais o câmbio, é de uma pobreza intelectual tremenda e que perde essa perspectiva histórica, que é estratégica.


O crescimento baixo de hoje não tem nada de anormal?
É um padrão de crescimento que vai se sustentar no longo prazo. Não voltaremos a ter as taxas dos anos 50, ou do milagre econômico. Se forçar a economia a ir nesse ritmo de maior crescimento, de 5%, 7% ao ano, provavelmente vai ter inflação. E aí vai frear. A opção, adotada nos outros países, é manter a economia estabilizada, sem inflação, com taxa de desemprego baixo. Por que crescer muito? Qual é a lógica de demanda, de crescimento, de rendas altas? Geralmente é porque se quer taxa de desemprego baixa.

E já estamos com essa taxa baixa.
As mudanças estruturais, que o país está construindo com efeitos extremamente benéficos para a qualidade de vida, vão se consolidar na próxima década. E se faz esse alarmismo de curto prazo — se faz agora e vão fazer em 2018. Em toda época eleitoral, se faz um alarmismo ilusório.

Quais mudanças estruturais?
A diversificação setorial. Com a industrialização anterior, no pós-guerra, o Brasil se tornou uma economia altamente diversificada entre os países emergentes, com uma estrutura muito mais sofisticada do que a grande maioria desses países. E o Brasil está caminhando para se tornar um capitalismo maduro. A grande mudança estrutural que vai pegar na próxima década e nas seguintes é que o Brasil vai se tornar uma economia de petróleo. Um produtor e exportador de petróleo. Bem administrado, isso tende a resolver os problemas de balanço de pagamentos. Com a legislação já aprovada, vai se criar um fundo social com a riqueza soberana, com base nesse petróleo, e vai se dar uma oportunidade de melhorar a qualidade da educação e da saúde, não é só a quantidade. A quantidade, já estamos enfrentando. Isso tudo não se resolve em um governo, mas terá condição de se resolver a longo prazo. E com a continuidade dos programas de financiamento, o déficit habitacional deve acabar até 2030.

(…)



O mercado reage negativamente à reeleição de Dilma. (Clique aqui para ler “Dias: a burguesia é contra a Dilma ? ” – PHA) Há algo que constitua um risco em um eventual segundo mandato?
Isso é pura ideologia. Conheço os meus colegas, a minha corporação. Também convivi com banqueiros durante quatro anos e meio na Febraban. Os economistas-chefe são os bobos da corte, são mais realistas que o próprio rei, eles vendem muito mais ideologia do que o silêncio, eles são os mais ideólogos. E chega nessa época, eles ficam fomentando o alarmismo. É uma coisa puramente ideológica porque eles protegem a escola deles. Eles querem derrubar a Dilma porque a Dilma não é da escola deles. Fui professor da Dilma no Doutorado da Unicamp. Claramente, eles estão derrubando uma escola de pensamento. O problema é que não é só ideologia. Os empregadores e a mídia ficam muito impressionados com as opiniões deles e passa a ser uma profecia que se autorrealiza. Isso é o mais grave: tomar decisões equivocadas baseadas em ideologia.

http://www.conversaafiada.com.br/economia/2014/07/07/%E2%80%8Bcriam-o-alarmismo-para-tirar-proveito-politico/