quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cameron diz que políticos não devem influenciar fusões de mídia

Cameron diz que políticos não devem influenciar fusões de mídia



DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS



O premiê britânico, David Cameron, afirmou nesta quarta-feira que os políticos deveriam ser removidos das decisões sobre futuras fusões de empresas de mídia.



David Cameron reage a uma das 136 perguntas feitas por parlamentares em sessão de emergência



A declaração veio em meio a duras perguntas dos legisladores sobre reuniões de Cameron com executivos da News Corporation e sua real influência na tentativa do conglomerado de Rupert Murdoch comprar os outros 61% da BSkyB que ainda não tem. A compra foi cancelada diante da pressão do Parlamento.



Reuters



David Cameron reage a uma das 136 perguntas feitas por parlamentares em sessão de emergência



Cameron se recusou a negar que tenha discutido o tema com Murdoch ou sua ex-presidente executiva Rebekah Brooks, mas afirmou que não feriu o código ministerial no tema.



"Talvez seja o caso de, quando se trata de fusões de mídia, tentar remover os políticos", disse Cameron ao Parlamento, onde respondeu dezenas de perguntas sobre o escândalo das escutas ilegais e propina a policiais alegadamente utilizadas pelo tabloide "News of the World", pertencente ao News Corp..



"Está certo que há processos legais bons e apropriados para considerar fusões de mídia, mas nós deveríamos perguntar se os políticos deveriam ser retirados deles", completou o premiê, em sessão de emergência do Parlamento.



Pressionado diversas vezes sobre se conversou sobre a compra da BSkyB com os executivos da News Corp., Cameron repetia apenas: "Eu nunca tive uma conversa inapropriada".



Em um momento, Cameron decidiu devolver o fogo e criticou o líder trabalhista, Ed Milliband, por criar teorias conspiratórias. "Comece a levar a questão ao nível necessário", disse.



O premiê afirmou ainda que, na véspera, o próprio Murdoch compareceu diante do Parlamento britânico e disse que o político do qual foi mais próximo foi o antecessor de Cameron, Gordon Brown.





Cameron aproveitou a deixa e lembrou os parlamentares da declaração, complementando: "E quem foi o conselheiro de Brown quando ele foi chanceler? Foi Milliband."



"Eu fui totalmente transparente e continuarei sendo transparente", disse Cameron.



Cameron disse ainda que Miliband é o único líder de partido com um ex-jornalista da News International, braço britânico da News Corp., "com uma nuvem sobre sua cabeça", sentado em seu escritório --uma referência a Tom Baldwin, diretor de comunicações dos trabalhistas.



BROOKS



Na véspera, a ex-presidente-executiva da News Corporation Rebekah Brooks disse aos parlamentares britânico, demonstrando dúvida e impaciência, que se encontrou com Cameron 26 vezes, mas nenhuma delas ocorreu na Downing Street, a residência oficial.



Em depoimento na comissão sobre as práticas de escutas ilegais realizadas pelo tabloide "News of the World", ela negou que o relacionamento próximo tivesse a intenção de facilitar a compra da BSkyB, da qual a News Corp desistiu diante da pressão do Parlamento britânico.



A resposta foi concedida após ser questionada a respeito da frequência que se encontrava com os vários primeiros-ministros dos últimos anos. Na Downing Street, revelou que se reunia regularmente com os ex-premiês Gordon Brown e Tony Blair.



Brooks disse que chegou a ver Brown "seis vezes no ano talvez". O mesmo aconteceu com Blair. Quando perguntada se Gordon Brown chegou a influenciar no noticiário do "News of the World", afirmou que não consegue se lembrar de que algum político tenha pedido para o jornal escrever determinada história.



Questionado sobre sua relação amigável com Brooks, Cameron afirmou que publicou detalhes de todas as visitas de Brooks à sede do governo.



"O grande contraste é que eu declarei todos os encontros e contatos que fiz, em contraste com o partido opositor. Eu nunca fiz uma festa ou a vi em seus pijamas", disse Cameron.

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