sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O problema de Serra é a sua biografia: nada fecha, nada bate com nada.




De um comentário no blog do Nassif:
Por Sanzio
Francisco e Daniel,
Francisco e Daniel,
Grato por comentarem em cima de meu comentário tardio.
O problema de Serra é a sua biografia: nada fecha, nada bate com nada. O sujeito se elege presidente da UNE apoiado pela AP, da qual é um dos fundadores, e pelo PCB. Na primeira oportunidade - homenagem a Getúlio Vargas, onde o presidente João Goulart seria o último a discursar - Serra faz um discurso criticando quem? Justamente Jango, o primeiro presidente "de esquerda" do país.
A segunda oportunidade foi o famoso comício da Central do Brasil, em 13/3/1964, em que Jango defendeu as assim chamadas reformas de base. Jango sabia dos movimentos dos militares para derrubá-lo através de um golpe (aliás, até meu cachorro sabia) e tratou de ser diplomático em seu discurso. E o que faz Serra? Radicaliza o discurso, incendiando o ambiente de tal maneira que até os mais radicais da esquerda começam a suspeitar que aquele moleque de 21 anos não passa de um provocador.

Na sequência vem o golpe de 1º de abril e os episódios que eu relatei acima, o asilo na Embaixada da Bolívia, com a fala dura do futuro ditador de plantão Costa e Silva, então Ministro da Guerra, que não se sustenta, pois Serra é liberado menos de 48 horas depois do gorila de ray-ban ter dito que ele não escaparia jamais.
Em seguida, o asilo na França, o retorno clandestino ao Brasil, sem ter que se submeter a uma plástica (como fez o Zé Dirceu) naquela cara que até meu cachorro é capaz de reconhecer no meio da torcida do Palmeiras, indo morar não no meio do cu-do-mundo do Piauí, mas em São Paulo, na casa super-vigiada da atriz Beatriz Segall.
Ali acontece o terceiro e mais importante episódio da carreira de Serra: segundo sua biografia, Serra escapa de ser preso com uma multidão de militantes da esquerda por ter sido previamente informado de que a polícia política, o DOPS, sabia da reunião. CARALHO!!! O cara ficou sabendo que a casa ia cair e ainda assim não avisou ninguém, deixou todo mundo ser apanhado e ir para a tortura, mas ele se safou! Isso é uma puta duma mentira oficial da biografia desse safado, no mínimo ele era um alcaguete da repressão.
Quem quiser desmentir esse fato terá que contestar a biografia da asquerosa figura e questionar as razões que o levaram a não participar da reunião em que caíram todos os seus companheiros.
Logo em seguida o homem mais perigoso aos olhos dos golpistas de fardas, acoitado numa casa altamente vigiada, escapa miraculosamente e vai para o Chile, onde vive sabe-se lá com que recursos, até o golpe contra Allende, quando é preso a caminho do aeroporto com sua mulher e dois filhos. A partir de então destes nada se sabe, apenas sobre Serra existem informações: teria sido preso no Estádio Nacional, palco de uma carnificina do sanguinário ditador Pinochet que, entre outras barbaridades, mandou cortar as mãos do compositor e violonista Victor Jara.
Quarto nebuloso e inverossímil episódio: compadecido das agruras de Serra, um coronel do exército chileno resolve ajudar aquele desconhecido, um entre centenas de milhares de prisioneiros no Estádio Nacional, e o solta, com a preciosa ajuda de outro brasileiro, ninguém menos que Aloysio Nunes Ferreira, atual senador pelo PSDB, assaltante do trem-pagador da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí e do carro forte da Massey-Ferguson, cujo fruto do assalto nunca ficou bem esclarecido: há quem assegure que Aloysio ficou com a maior parte do dinheiro, com o qual viveu uma vida nababesca em Paris, ainda que sando apoio logístico a outros exilados políticos.
Voltando ao coronel chileno, esse sujeito nunca existiu oficialmente, nunca teve seu nome revelado e, segundo a ditadura chilena, foi morto pelos orgãos de repressão e enterrado como indigente!
Bem, daí para a frente a história é mais ou menos de conhecimento geral: a suspeitíssima ida aos EUA, apesar de ser membro destacado de um grupo "terrorista", com direito a bolsa de estudo, casa, comida e roupa lavada. De lá, a volta ao Brasil para fazer a brilhante carreira de privata-mor do governo FHC. Mete-se em todo tipo de falcatrua, participa ativamentge da montagem da privataria tucan, conforme denunciado pelo Amaury Jr. em seu livro, mete-se com bandidos de carteirinha quando Ministro da Saude (Vedoins et caterva, máfia das sanguessugas, máfia das ambulâncias, etc.).
Isso tudo consta das inúmeras mini-biografias do indigitado cidadão, algumas coisas estão disponíveis na internet, no site Wikipedia, nos papéis do Wikileaks, muitas estão no livro do Amaury Ribeiro, mas há muita coisa ainda apenas na memória de algumas pessoas.
Seria importante que essas pessoas aparecessem e dessem seus testemunhos, pois as histórias são tão cabeludas que somente a credibilidade acumulada por algumas dessas pessoas pode sustentá-las sem que haja um final trágico para elas.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/como-serra-nao-enfrenta-as-pressoes#more

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