terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O teste olímpico



Como o desempenho da delegação brasileira nos Jogos de Londres irá balizar a atuação do País na Rio-2016

Luciani Gomes
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PREPARAÇÃO
Eles estarão em Londres (da esq. à dir.): Seleção Masculina de Basquete,
César Cielo, Diego Hypólito, Ana Claudia Lemos e Seleção Feminina de Vôlei
Em pouco mais de seis meses, o Brasil será testado na Olimpíada de Londres, em julho. Em jogo, a eficácia dos investimentos feitos em nossos atletas e em que medida seremos capazes de competir bem e buscar medalhas nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.  Atletas, técnicos e profissionais do esporte não escondem a empolgação. Afinal, sede dos Jogos Olímpicos e da Copa de 2014, o Brasil tem uma excelente oportunidade de se desenvolver na área. Mas, a quatro anos de ser sede do evento, há o consenso de que o País precisa agir mais rápido para não decepcionar sua torcida dentro de casa. Para formar um atleta, são necessários anos de preparação e muito treino.  Especialistas e esportistas são unânimes em dizer que, na maioria dos esportes, ainda falta investimento. Esforços, no entanto, vêm sendo feitos. “Talvez, não na velocidade que precisamos, mas estamos preenchendo as lacunas”, diz Ricardo de Moura, supervisor técnico da Confederação Brasileira de Natação (CBN).

Dois ciclos olímpicos são necessários, em média, para a formação de um atleta olímpico. Por causa disso, os competidores que sonham em se destacar em 2016 já treinam desde 2009, quando foi anunciado que o Rio tinha vencido a disputa para abrigar a Olimpíada.  E a estrutura de preparação de atletas, dizem os especialistas, vem melhorando desde então. Eles reconhecem o esforço tanto do Ministério do Esporte quanto do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para melhorar o treinamento, a infraestrutura e o incentivo a novos talentos. 

Para Londres-2012, o COB levará 16 jovens com chance de se classificarem para a disputa sediada aqui. “Chamamos essa operação de ‘quebra-gelo’, e serve para eles vivenciarem desde já o clima olímpico”, diz Marcus Vinícius Freire, superintendente-executivo de esportes do COB. “Com essa melhora geral nas condições do esporte, esperamos que os atletas consigam se desenvolver a ponto de termos nossa melhor participação olímpica na história”, diz Moura. A preo­cupação de amparar também os atletas de  alto nível antes e durante a Olimpíada ainda fará com que os competidores brasileiros tenham à sua disposição, pela primeira vez, um centro de treinamento exclusivo em Londres durante os Jogos.

Se a situação parece estar melhor em treinamento, faltam ainda reformas estruturais. Para Moura, falta, por exemplo, uma gestão mais profissional dos clubes. “Em vez de trabalhar com uma variedade enorme de modalidades, eles deveriam focar em um ou outro esporte”, diz. Para Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô, o desafio é manter o bom nível das equipes principais a partir de um treinamento de base. A questão não chega a ser um problema no judô, mas no atletismo emperra a formação de atletas.  Os clubes não dão atenção ao esporte, que depende da criação de novas equipes para crescer. Para a atleta do salto com vara Fabiana Murer, 30 anos, existem poucas grandes equipes no País. “Precisamos envolver mais crianças e jovens e dar condições de treinamento para que eles cheguem ao alto nível.” 

Há quem diga que a expectativa em torno dos Jogos esteja ajudando a atrair patrocinadores. “Temos convicção de que o apoio, público e privado, só tende a aumentar”, diz Freire, do COB. Os programas do governo federal, como o Bolsa Atleta, e iniciativas locais também ganharam espaço. “Ainda são insuficientes, mas fundamentais para que os esportistas que não chegaram ao alto rendimento continuem trabalhando”, afirma Nélio Moura, da Confederação Brasileira de Atletismo. Maior investimento em atletas e infraestrutura devem ter efeito no resultado final, a começar por 2012. Será a partir da performance em Londres que o Brasil poderá conferir o que es­tá dando certo. E consertar o que for necessário.
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