quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

“O problema de São Paulo é de gestão”

Em entrevista, o professor Júlio Cerqueira César Neto, que durante 30 anos deu aulas na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e foi o primeiro presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, diz que cabe ao governador paulista reorganizar a gestão da região metropolitana de forma a enfrentar os graves problemas de saneamento básico enfrentados pela população.



Ele diz que a região tem uma característica singular no mundo: é a única situada no alto de uma bacia hidrográfica, ou seja, onde a vazão do rio (no caso, o Tietê) é baixa. Por isso, é maior o impacto sanitário de transformar os córregos e rios em canais de esgoto a céu aberto, que atravessam áreas densamente povoadas. “Cada um faz aqui o que quer, quando quer, como quer”, diz o professor, que acredita em uma solução integrada para os problemas, envolvendo a oferta de moradias, a manutenção da calha para evitar enchentes, o acesso a novos mananciais de água e o tratamento do esgoto.



Isso exige uma ação política que os governadores de São Paulo, pelo menos os mais recentes, não tiveram a coragem de assumir.



O professor também acredita que, por falta de investimento, a Sabesp está praticando uma espécie de “racionamento branco” em São Paulo, com cortes periódicos do fornecimento de água.



Cerqueira, que é engenheiro civil, foi uma das fontes da repórter Conceição Lemes na reportagem em que ela demonstra como o esgoto produzido nas casas de São Paulo é atirado nos córregos e rios da cidade pela Sabesp, a empresa que se diz “de saúde”. Para ler o texto, clique aqui.



Durante a entrevista, informei ao professor ter testemunhado pessoalmente um trabalho acelerado de limpeza da calha do Tietê, recentemente. Em reportagem anterior publicada no Viomundo, também de Conceição Lemes, este site denunciou que o governo paulista ficou três anos sem limpar a calha do rio.

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