segunda-feira, 25 de abril de 2011

O último a sair por favor apague a luz.


O inusitado neste inicio de governo Dilma é a distensão política, o clima mais arejado e respirável que permite a presidenta nos poucos mais de 100 dias que está à frente do cargo de maior importância da república tocar em silêncio estratégico a continuidade a que se propôs imprimir a administração que sucedeu, impulsionando os projetos gestados ainda no governo Lula ao tempo que define um estilo pessoal que a diferencia do ex-presidente, muito mais afeito a uma interlocução direta com o destinatário das ações que desenvolveu enquanto liderava a nação em busca de um país mais justo, capaz de permitir oportunidades a tantos quantos fosse possível. Um ideal que precisa ser perseguido com tenacidade e que está além de um horizonte imediato.



A maior obra de Lula não foi eleger Dilma. Teria colocado um sucessor no lugar que ocupou por 8 anos independentemente do nome que apontasse, desde Marina a Ciro Gomes, Eduardo Campos, Mercadante, Marta ou Eduardo Suplicy. Uns com mais outros com menos dificuldades.

Passadas as eleições presidenciais que entrarão definitivamente na história como as mais sujas já disputadas no Brasil, fica a percepção de que a escolha que Lula fez foi quase um tiro no próprio pé, apesar das qualidades técnicas que o nome de Dilma reune,

reiteradamente desconstruido na tentativa de desqualificá-la pelo passado político militante de uma organização que combateu a ditadura, mulher, divorciada, sem jamais haver disputado uma eleição e dona de opiniões próprias que chocaram parte da sociedade brasileira,

por natureza conservadora e de perfil religioso, confrontado pelas idiossincrásias de um candidato extremamente duro e desleal que fez aflorar o sentimento de repulsa em segmentos relevantes que formam uma significativa parcela da opinião pública.



A obra maior de Lula foi deixar a oposição em frangalhos, sem bandeiras, esfacelada e brigando entre si. Desde que assumiu o governo de São Paulo, Alckmin não tem feito outra coisa que não seja eliminar qualquer vestígio do governo Serra,

acabando com programas criados pelo ex-governador, negando espaços a aliados e vazando informações sensíveis a imprensa amiga que comprometem a imagem de bom gestor de José Serra,

tais como a divulgação de que as enchentes que castigaram a capital paulista no ano em curso foi resultado direto da falta de investimentos na limpeza da calha do rio Tietê, bem como a interrupção das obras dos piçinões.



Alckmin também mandou fazer uma devassa em todos contratos celebrados pelo governo Serra e se empenhou pessoalmente em tomar para a si o controle do PSDB de São Paulo em retaliação ao apoio dado por Serra a Kassab, o que culminou com a saida do partido de seis vereadores, além de Walter Feldman um dos fundadores do PSDB que saiu disparando pra todos os lados.



A nau da oposição está desgovernada. Prova disso é a criação do PSD pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab que esminliguiu os já definhados DEM e PPS dos quais vários deputados ensaiam uma debandada em direção a nova sigla, cuja orientação ideológica é o adesismo oportunista à base do governo Dilma. Até a estriônica Kátia Abreu uma das opositoras mais aguerridas ao governo Lula no senado federal ao lado de Marisa Serrano, agora muda o discurso e sinaliza que acompanhará Kassab em sua nova legenda.



E não fica por aí. Pelo menos 4 vices governadores e o governador de Santa Catarina estão definindo seu futuro político em direção ao partido de Kassab. Partido que segundo o próprio fundador não é nem de direita, nem de esquerda e nem de centro. Um bom entendedor definiria o partido de Kassab como adesista e fisiológico. Quem os elegeu o fez para que ficassem na oposição, fiscalizando o governo Dilma, fazendo o contraponto, apresentando alternativa.



O Brasil não precisa de uma oposição virulenta, incendiária e golpista do tipo que existiu durante todo o governo Lula. Mas um governo sem oposição, enfraquece a democracia, relaxa o governante e leva alguns a confundirem o público com o privado. Precisamos urgentemente de uma reforma política que dê consistência programática aos partidos e que acabe com essa indecência que desrespeita o eleitor, o menos que importa para essa corja de políticos oportunistas.

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