quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Dilma: perdas e ganhos

 

Segundo pesquisa Ibope, aprovação do governo segue positiva para a maioria dos brasileiros mesmo com queda de 6% no índice. Presidente aproveitou reunião do Conselho Político para amenizar clima entre aliados


AE e Terra


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A aprovação do modo como a presidente Dilma Rousseff (PT) está governando o Brasil caiu de 73% para 67% em julho deste ano, segundo divulgou nesta quarta-feira a pesquisa Ibope da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A primeira pesquisa do governo Dilma havia mostrado aprovação de 73% da população. A segunda avaliação foi feita entre 28 e 31 de julho, após a crise no Ministério dos Transportes e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com 2.002 pessoas de 141 municípios brasileiros.

Apesar da queda, a presidente continua com avaliação favorável: 48% dos entrevistados consideram o governo ótimo ou bom, contra 12% de pessoas que avaliaram como péssimo. A confiança em Dilma continua com patamar considerado elevado pela CNI, em 65%, mas o percentual é menor que o observado na primeira pesquisa, em março, que foi de 74%. Aumentou, ainda, o número de pessoas que desaprovam (25%) e que não confiam (29%) em Dilma. A aprovação da presidente é mais elevada no Nordeste (70%) e menor no Sul (61%).

Mesmo com a queda na avaliação geral do governo, Dilma Rousseff vem conseguindo desvencilhar a imagem do seu antecessor, Lula. A maioria dos entrevistados (57%) ainda acredita que o governo Dilma está sendo igual ao do ex-presidente, contra 64% medidos na pesquisa de março. No entanto, o percentual de pessoas que acreditam que o governo atual está sendo pior que a gestão Lula mais do que dobrou: passou de 13% em março para 28% em julho. O número de pessoas que acredita num governo Dilma melhor que Lula é praticamente o mesmo em julho e março: 11% e 12%, respectivamente.

Em reunião, Dilma cita os EUA para pedir maturidade a aliados

No momento em que a relação da base parlamentar governista com a presidente Dilma Rousseff atingiu o ponto de maior tensão em oito meses de governo, a crise do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com o Congresso americano foi usada de exemplo na reunião do Conselho Político realizada hoje pela manhã no Palácio do Planalto com a presidente, marcada com o objetivo de discutir a crise econômica internacional.

Segundo relato de um participante do encontro, partiu da própria presidente a comparação. Dilma disse aos líderes e presidentes partidários que o exemplo americano é de impasse político, mas que acredita "na maturidade de nossos políticos para enfrentar a crise", relatou o aliado. Segundo afirmou um deputado da base, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) alertou para o perigo político na base e para a necessidade de se ter cuidado com "intrigas" entre os aliados. A presidente ouviu também cobranças. De acordo com um deputado também presente à reunião, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) lembrou a importância da liberação das emendas parlamentares incluídas no Orçamento da União e as pendências de orçamentos anteriores, o chamado restos a pagar.

No encontro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, citou a proposta de emenda constitucional que cria o piso salarial nacional, conhecida por PEC 300, como exemplo de gasto público que não deve ser criado neste momento de crise internacional. Na Câmara, há pressão de policiais e bombeiros para a conclusão da votação da proposta.

Presidente tenta amenizar clima com aliados

A presidente Dilma Rousseff também aproveitou a reunião do Conselho Político para se aproximar de seus aliados, que vivem um clima de beligerância com o governo depois da "faxina" em órgãos e ministérios comandados pelos partidos políticos que apoiam o Planalto. A situação foi agravada pela ação da Polícia Federal (PF) no ministério do Turismo, ontem, que resultou na prisão de mais de 30 pessoas. Compõem o Conselho Político o presidente e líderes partidários da base aliada.

"Temos ministros competentes, temos um vice-presidente com grande capacidade política, temos uma base aliada ampla, mas precisamos estreitar nossas relações", disse a presidente, segundo informou o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). Segundo o líder, Dilma disse que a liderança de um país como Brasil é da presidente da República, mas que ela tem consciência de que essa liderança é exercida em conjunto com os agentes políticos.

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