quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Dilma:“aqui não é Roma antiga”; casal 20 poupado

 

 

Ministra Gleisi Hoffmann acusada de receber indevidamente saldo de seu FGTS na Itaipu; Paulo Bernardo, das Comunicações, não convence ao negar ter voado nas asas de empreiteira; mas presidente diz que não vai jogar cristãos aos leões; ufa!


247 – Não é nada, ao menos ainda, que se possa comparar com os indícios de superfaturamentos milionários no Ministério dos Transportes ou com a desorganização generalizada do Ministério da Agricultura, onde um lobista distribuidor de dinheiro agia à solta bem perto do ex-ministro. Mas, à sua maneira, o mais novo casal 20 da República – a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo – acaba de entrar na alça de mira das denúncias que rodeiam o governo. Um assédio que deve prosseguir, tanto mais que Gleisi, mesmo que não tenha manifestado a intenção, é vista como candidata a governadora do Paraná em 2014 – e quanto mais for fustigada desde logo, melhor para seus adversários.

Hoje, Brasília amanheceu com a informação de que Gleisi recebera R$ 41 mil de indenização trabalhista ao deixar o cargo de diretora financeira da companhia de energia Itaipu Binacional, Essa quantia incluiu o resgate do FGTS acumulado no período de 2003 a 2006, quando ela exerceu o cargo com salário aproximado de R$ 30 mil. Sua saída da empresa se deu para que ela se candidatasse pela primeira vez ao Senado. Teria sido, assim, um caso de pedido de demissão, o que, segundo a legislação, não daria a ela o direito de receber o dinheiro depositado no Fundo. “Para mim, isso não é algo moral”, reverberou o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno, que também foi diretor de Itaipu. “Eu pedi para sair e não iria usar o serviço público para ganhar dinheiro”. Na edição do Diário Oficial que publicou a exoneração dele está a informação de que a saída ocorreu “a pedido”, como registra reportagem do jornal Folha de S. Paulo de hoje.

Acredita-se que, na ocasião de sua saída, Gleisi também teria pedido para deixar a empresa, preparando-se para ser candidata ao Senado. Nesse caso, ela teria tido um tratamento privilegiado. Porém, como gata escaldada, a ministra agiu rápido ao rebater a denúncia. A pedido da Folha, a assessoria da Casa Civil registrou que a ministra “foi exonerada”, o que lhe deu direito, naquele momento, ao dinheiro do Fundo de Garantia. Procurada pelo jornal, a Itaipu Binacional alegou que informações sobre funcionários “são consideradas restritas” e, por isso, não poderia confirmar se a hoje ministra saíra a pedido.

Diante da ação rápida nas respostas negativas, é mais provável que o caso não siga adiante. Mesmo assim, a presidente Dilma Rousseff fez questão, ainda ontem, de usar uma imagem forte para negar que irá prosseguir rifando ministros ao sabor de informações que os desabonem.

“Essa pauta de demissões em que fazem ranking não é adequada para um governo”, disse Dilma, que parecia irritaeda, ao ser abordada por jornalistas num dos saguões do Palácio do Planalto. “Essa pauta eu não vou assumir jamais. Não se demite nem se fez escala de demissão, nem sequer demissões todos os dias”. E fechou com uma imagem histórica, de modo a não deixar mais dúvidas: “Isso aqui não é a Roma antiga”. Com isso, a presidente quis dizer que, a exemplo do que acontecia com os cristãos no tempo do Império Romano, ela não jogará os seus ministros numa arena cheia de leões.

Em audiência na Câmara dos Deputados, na véspera, o ministro Paulo Bernardo arrancou risos entre os parlamentares ao dizer que não se lembrava de ter viajado no avião de uma grande empreiteira, a Sanches Tripoloni, em seus tempos de ministro Planejamento e candidato a deputado federal. "Eu não conheço o avião.

Eu falei que em outras ocasiões, quando fui deputado, por exemplo, em algumas ocasiões eu pedi carona em aviões. Eu não posso descartar. Eu não conheço o avião”, repetiu Bernardo aos deputados. O certo é que, durante a sua gestão no Planejamento, a Triopoli aumentou em 600% o volume de seus negócios com o governo federal. Houve, por isso, quem visse no ministro o próximo a entrar na linha de tiro da presidente – e cair. No entanto, Dilma ontem fez questão de encarar os jornalistas para dizer que não será nesse ritmo de tragédias sucessivas que seu governo vai atuar. O casal 20, ao menos por enquanto, pode respirar aliviado: Gleisi e Bernardo não serão jogados aos leões.

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