sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Jobs: o Ayrton Senna da Internet



Coluna Econômica - 07/10/2011
Morto antes de ontem, Steve Jobs entra para a história como o maior empreendedor da moderna economia norte-americana.
A história econômica dos Estados Unidos identifica claramente dois tipos de vitoriosos: o empresário que se impõe pelos métodos de produção, visão de futuro, postura estratégica; e aqueles que se prevalecem de uma situação transitória de monopólio e/ou cartel.
No primeiro caso enquadra-se Henry Ford que, com seu modelo T, revolucionou não apenas a indústria automobilística mas criou um modo de produção em série. No segundo, John Dwight Rockefeller, que construiu um império com a Standard Oil e o manteve por décadas, desenvolvendo um padrão de cartelização até então inédito no capitalismo mundial.
Bill Gates foi o Rockefeller da era moderna, conseguindo manter por décadas o predomínio do Windows nos desktops. A partir dessa base, avançou sobre as redes de micro, bancos de dados, aplicativos de escritório (através do Office), browsers (Internet Explorer), sistemas de e-mails e de mensagens (Hotmail).
Utilizou o controle sobre o sistema operacional para afastar concorrentes em todas as frentes, dos primeiros editores de texto e planilhas até o pioneiro navegador Netscape. Recorreu a uma ampliação desmedida do sistema de patentes.
Essa aventura terminou quando a União Europeia condenou a Microsoft por abuso de poder econômico.
Com Jobs ocorreu o oposto.
Primeiro, revolucionou as interfaces dos micros, criando as janelas e o mouse. Depois, desentendeu-se com a Apple e revolucionou o sistema de desenhos animados. Nesse ínterim, desenvolveu um novo sistema operacional que foi essencial para trazê-lo de volta para a Apple, salvando-a de uma bancarrota certa.
Finalmente, deu início à maior revolução da era da Internet, colocando peças, uma a uma, no tabuleiro.  Quando a estratégia se completou, foi possível vislumbrar o jogo completo. Mas, àquela altura, a Apple já tinha vencido o maior concorrente, a Microsoft.
A estratégia consistiu em juntar em um mesmo ambiente a Internet, entretenimento, música, vídeos etc.
O início do jogo foi a recuperação dos desktops, através do lançamento do iMac. Os Macbooks (notebooks) já tinham presença consolidada no mercado.
Em seguida, procedeu-se ao lançamento do iPod que em pouco tempo dominou o mercado de reprodução de música. Paralelamente foi lançada a loja iTunes, de venda de música online – por US$ 0,99 a faixa.
Enquanto isto, a empresa ia desenvolvendo seu browser, preparando-o para o mercado de celulares. O lançamento do iPhone foi uma revolução, conferindo uma inteligência inédita ao celular.  Tinha-se, no mesmo ambiente, o celular, a Internet, a calculadora financeira etc.
O lance final foi o iPad, e sua biblioteca de aplicativos, que significou o fim do domínio absoluto dos PCs.
Assim como Ayrton Senna – que morreu no início do reinado de Schumacher, Jobs morre quando o adversário Microsoft já estava batido, mas novos campeões se apresentavam para disputar-lhe o cetro.
Mas, assim como Senna, entra para a história como o maior de todos os empreendedores da era da microinformática e na passagem definitiva para a Internet.

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