domingo, 11 de março de 2012

Braço direito de Silvio abre baú do PanAmericano



Braço direito de Silvio abre baú do PanAmericanoFoto: Divulgação

NA SUA PRIMEIRA ENTREVISTA, À FOLHA, LUÍS SANDOVAL CONTA TUDO SOBRE A QUEBRA DO BANCO. ELE DISSE QUE O GRUPO SILVIO SANTOS VENDEU “GATO POR LEBRE” À CAIXA; QUE O INTERESSE DO GOVERNO SE DEU EM FUNÇÃO DO SBT E QUE O APRESENTADOR, QUE NÃO COLOCOU DINHEIRO PARA SALVAR A INSTITUIÇÃO, FOI ROUBADO POR DIRETORES

11 de Março de 2012 às 08:49
247 – Durante muitos anos, Luiz Sebastião Sandoval foi o braço direito de Silvio Santos, dono do SBT e um dos homens mais ricos do Brasil. Acompanhou o ex-camelô em todos os seus altos e baixos, mas deixou o grupo no auge do escândalo do PanAmericano. O banco quebrou em 2010, deixando um rombo de R$ 4,2 bilhões no mercado, depois de ter vendido uma participação de 49% para a Caixa Econômica Federal.
Na edição deste domingo da Folha de S. Paulo, que na capital paulista circula aos sábados, há uma entrevista com Sandoval. Foi a primeira vez em que ele falou sobre a crise. E o depoimento é constrangedor para todos os envolvidos – do ex-presidente Lula ao apresentador Silvio Santos, passando pelo ministro Guido Mantega, pelo diretor Marcio Percival, da Caixa, e pelo ex-presidente do PanAmericano, Rafael Palladino. Confira alguns trechos:
Sobre a quebra e a recusa de Silvio Santos em capitalizar o banco
“No auge da crise de 2008, o PanAmericano correu o risco de quebrar e precisava de R$ 300 milhões. Quando fiquei sabendo, liguei para o Silvio, expliquei que o banco não pode ter caixa nem patrimônio negativos e pedi que aplicasse, pessoalmente, R$ 300 milhões. Ele recusou. Se o banco quebrasse, o grupo quebraria junto.”
Sobre a negociação com a Caixa e a participação do ministro Guido Mantega
“O Silvio pediu para eu procurar o Lázaro Brandão, do Bradesco. Mas o banco não se interessou. Aí fui à Caixa. Demorou mais do que o Silvio gostaria. Ele tinha pressa e me pressionava. Para tranquilizá-lo, o Marcio Percival marcou um encontro com o ministro Guido Mantega. O ministro garantiu que o negócio interessava ao governo e que iria sair.”
Sobre o interesse da Caixa
“Muitos bancos menores tentaram ter a Caixa como sócia. Mas que banco tinha Silvio Santos como dono?”
Sobre as fraudes e a entrega de “gato por lebre”
“Quando descobri, liguei no mesmo dia para o Márcio Percival. Ele ficou atordoado. “E agora?”, disse. Tínhamos vendido gato por lebre para a Caixa.”
Sobre a reação de Silvio Santos
“Fomos até o SBT. O Silvio não entendeu nada e perguntou: “Eu fui roubado?” Respondi que sim e, surpreendentemente, o Rafael Palladino (ex-presidente do PanAmericano) ficou calado. Só sei que hoje ele é chamado de Judas pela família. Antes, era o queridinho.”
Sobre o encontro de Silvio Santos com Lula
“A conversa de que o Silvio tinha ido até lá para pedir uma participação dele no Teleton foi um discurso para a imprensa. Ele foi lá pedir a ajuda do presidente.”
Sobre o socorro do governo
“Quando cheguei lá no Fundo Garantidor de Crédito, tive a sensação de que o acordo já estava pronto. Só negociei as condições.”

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