sábado, 25 de junho de 2011

Brasil e Colômbia assinam acordo de vigilância nas fronteiras

"A cooperação com a Colômbia é uma demonstração ao mundo de que a bacia amazônica é sul-americana e que tem a liderança dos países que participam dela. Nós vamos cuidá-la para nossos povos e para o mundo", afirmou Nelson Jobim.

Redação ÉPOCA, com agências

Fernando Vergara
DEFESA NACIONAL Os ministros da Defesa do Brasil, Nelson Jobim (esquerda), cumprimenta seu colega colombiano, Rodrigo Rivera, após o anúncio do plano binacional de vigilância de fronteiras.
Os ministros da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, e da Colômbia, Rodrigo Rivera, negociaram nesta sexta-feira (24) um acordo especial de vigilância de fronteiras. Ambos os países deverão investir em projetos de fortalecimento na zona de fronteira comum para proteger os recursos naturais, a biodiversidade e as povoações residentes na região, respeitando os princípios da soberania e da reciprocidade.

Para cumprir essas metas, os dois ministros iniciaram na capital colombiana a negociação de um programa bilateral de segurança nas fronteiras. Também participa da reunião o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Leandro Daiello Coimbra

"A cooperação com a Colômbia é uma demonstração ao mundo de que a bacia amazônica é sul-americana e que tem a liderança dos países que participam dela. Nós vamos cuidá-la para nossos povos e para o mundo", afirmou o ministro Jobim.

Os governos dos dois países querem adaptar o controle das fronteiras ao fato de que o crime organizado é transnacional e usa os territórios sem nenhuma preocupação com a soberania. Ele afirmou que o Brasil antecipa um plano para fortalecer a proteção das fronteiras e manifestou a intenção de que a cooperação com a Colômbia seja um modelo para se aproximar com outros países.

"Queremos fazer do entendimento com a Colômbia um modelo de entendimento com os demais países. Que a fronteira não seja um instrumento de proteção dos criminosos, mas um instrumento para que os países fronteiriços possam combatê-los", disse Jobim.

Na prática, os dois países querem "transportar" para a fronteira terrestre o acordo em vigor sobre vigilância aérea. Nesse acerto, as forças aéreas brasileira e colombiana estabeleceram que numa faixa de 150 quilômetros para cada lado elas praticariam uma cooperação especial. No ar, esses 300 quilômetros formam uma "zona de vigilância comum".

O ministro brasileiro destacou a necessidade de fortalecer a colaboração em defesa entre os países sul-americanos. "Temos riquezas importantíssimas. É claro que na América do Sul temos de desenvolver uma política de cooperação entre todos os países para que o subcontinente tenha uma estratégia de dissuasão destinada a preservar suas riquezas".

Já o ministro colombiano ressaltou os impactos positivos dessa cooperação para a integração bilateral. Para ele, os planos bilaterais representam "uma espécie de blindagem fronteiriça que permita ao mesmo tempo em que as comunidades (...) se integrem social e culturalmente, mas também que os criminosos encontrem um muro de contenção para impedir que se possam movimentar com liberdade".

"Vamos começar a negociação de um plano binacional de segurança fronteiriça que garanta que nesses 1.645 quilômetros de fronteira entre Colômbia e Brasil tenhamos as melhores condições de segurança", afirmou Rivera.

O acordo vai ter de contornar uma peculiaridade: ao longo dos 1.644 quilômetros de fronteira, principalmente na região da "cabeça do cachorro", a linha de fronteira não é uma "terra seca", mas uma malha formada por centenas de "rios entrantes". Por isso, o acordo em negociação vai estabelecer uma faixa de rios que os militares brasileiros e colombianos poderão percorrer dentro de um e de outro país.

Os dois ministros fizeram também uma homenagem às forças de segurança colombianas, ao deixarem flores no Monumento aos Caídos, que lembra a memória dos membros da Polícia colombiana mortos no cumprimento do dever.
LH

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