domingo, 31 de julho de 2011

Cartolas orbitam em torno de Dilma no 1º evento da Copa-14

MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
RODRIGO RÖTZSCH
SÉRGIO RANGEL
DO RIO


Primeiro evento oficial do Mundial no Brasil, o Sorteio Preliminar da Copa-2014 serviu para a Fifa e para o COL (Comitê Organizador Local) adularem a presidente da República, Dilma Rousseff.



    A presidente aceitou conversar com os cartolas, mas mostrou, em discurso, que o governo federal terá atuação independente das duas entidades. E não fez elogios a elas em suas declarações.

    Fifa e COL tentam uma reaproximação após se distanciarem do governo federal desde que Dilma chegou ao poder. Nesse período, cartolas das duas entidades se viram envolvidos em denúncias de corrupção, enquanto a petista quer se distanciar de casos de irregularidades.

    Felipe Dana/Associated Press
    Da esquerda para a direita: João Havelange, Joseph Blatter, Dilma Rousser, Pelé, Ricardo Teixeira e Sérgio Cabral
    Da esquerda para a direita: João Havelange, Joseph Blatter, Dilma Rousser, Pelé, Ricardo Teixeira e Sérgio Cabral

    Assim, Dilma nomeou Pelé para ser embaixador do Brasil para o Mundial e se tornar um contraponto aos dirigentes da Fifa e do COL. Foi o que a presidente deixou claro em seu discurso no sorteio.

    "Aqui nasceram muitos dos maiores craques de todos os tempos, a começar pelo maior deles, o nosso querido Pelé, que fizemos questão de nomear embaixador honorário do Brasil para a Copa do Mundo Fifa 2014", afirmou.

    Antes, Dilma só citara os presidentes do COL, Ricardo Teixeira, e da Fifa, Joseph Blatter, de forma protocolar.

    Mas é justamente Pelé que a Fifa usará para agradar à presidente. Um projeto da entidade prevê que o Rei, juntamente com outros ex-jogadores, passe a receber remuneração para atuar no Mundial. O COL não participa dessa proposta.

    Pelé, que criticou Teixeira antes do sorteio, mostrou-se mais conciliador. "São 190 milhões de brasileiros trabalhando para dar certo."

    Blatter pediu apoio do governo e, "mais importante", de todo o povo brasileiro.

    Antes dos discursos, Dilma se encontrou com Teixeira e Blatter por 20 minutos. Falaram amenidades. A petista vem recusando audiência com os dois desde sua eleição. Blatter lhe deu uma flâmula, como já tinha feito com outros políticos no Rio.

    Na cerimônia, a presidente ficou sentada perto dos cartolas, com Pelé entre eles. E conversava com Teixeira.

    Essa abertura de Dilma à Fifa e ao COL, porém, não tornará sua relação com os cartolas igual à do ex-presidente Lula, que recebia os dirigentes com frequência.

    A presidente conduz o Mundial de forma mais técnica, como já mostrou em cobranças e pedidos de relatórios sobre obras de estádios.

    Ontem, viu um evento caro e sem falhas, só atrapalhado pelo vento. Antes do sorteio, o teto provisório do auditório rasgou, o que assustou membros do COL. Foi feito um reparo. Resta saber se será possível, de fato, consertar a relação com o governo federal.

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