quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Argélia diz que acolheu família de Kadhafi por razões humanitárias

 

Aisha, filha do coronel líbio, deu à luz uma menina nesta terça-feira; embaixador argelino na ONU afirma que grupo que fugiu para o país era composto de várias crianças

AFP

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A Argélia assegurou nesta terça-feira (30) que acolheu por razões estritamente humanitárias os três filhos e a esposa do ex-líder líbio Muamar Kadhafi, cuja filha Aisha deu à luz no sudeste do país. O bebê, uma menina, foi batizado Safia, nome de sua avó paterna, que assistiu ao nascimento, indicaram fontes seguras ao Ennahar, jornal de língua árabe.
Aisha, seus irmãos Hannibal e Mohamed, Safia, segunda esposa de Muamar Kadhafi, chegaram na segunda-feira pela manhã à Argélia, anunciou na véspera o ministério das Relações Exteriores. O jornal Ennahar havia informado que eles tinham entraram no território argelino pelo posto fronteiriço de Tinkarine, no extremo sul, de onde eles foram levados de avião para Djanet, mais de 400 km a noroeste e onde Aisha foi hospitalizada.
"Ela deu à luz no início desta manhã (terça). Ela teve uma menina. Mãe e filha passam muito bem no hospital", acrescentou uma fonte, que pediu para não ser identificada e que se recusou a fornecer maiores detalhes. Essas são as primeiras notícias concretas fornecidas sobre a família Kadhafi. Muamar Kadhafi ainda não foi encontrado, sete dias após a entrada das forças do Conselho Nacional de Transição (CNT), em Trípoli. Os combatentes rebeldes estão determinados a encontrar o ex-homem forte líbio para consagrar sua vitória. No momento, lutam para tomar o último bastião de Kadhafi: sua cidade natal de Sirte.
Exílio
De acordo com o embaixador da Argélia nas Nações Unidas, Murad Benmehidi, os cônjuges dos Kadhafi e seus filhos os acompanharam à Argélia. "Há muitas crianças", indicou ao New York Times sem dar o número de pessoas no grupo. A família Kadhafi, junto com cerca de trinta pessoas, muitas delas feridas, segundo o jornal de língua árabe argelino, estaria hospedada em uma residência oficial cercada por um forte aparato de segurança nas imediações de Djanet, cidade turística do Sahel, 2.300 km a sudeste de Argel.
Esta cidade serve de base para a Al-Qaeda do Magreb Islâmico (Aqmi), que sequestrou em fevereiro uma turista italiana, ainda está em poder do grupo. As linhas telefônicas com esta região estão com problemas desde o início da manhã, impedindo um contato com o hospital ou com alguém na área.
A fronteira terrestre do extremo-sul da Argélia com a Líbia foi fechada, anunciou na segunda-feira o jornal El-Watan em sua edição on-line, citando fontes diplomáticas argelinas, pouco depois do cerco a Sirte. O objetivo, segundo o jornal, é evitar qualquer incursão líbia em território argelino que possa causar uma degradação ainda maior das relações com a CNT, que denuncia o apoio da Argélia a Kadhafi.
"Os membros da família Kadhafi foram recebidos na Argélia por razões estritamente humanitárias", declarou nesta terça-feira de manhã à AFP o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Amar Belani. Informamos isso ao secretário-geral das Nações Unidas, ao presidente do Conselho de Segurança e ao presidente do Conselho Executivo do CNT", indicou.
Após o anúncio feito pelo Ministério das Relações Exteriores argelino na segunda-feira da chegada da família Kadhafi à Argélia, Mohammed al-Allagy, membro do Executivo do CNT, pediu a sua volta. O porta-voz do governo rebelde, Mahmud Shammam, disse, em seguida, que o CNT havia sido informado por Argel de sua chegada. "A Argélia disse que tinha oferecido uma passagem (para a família de Kadhafi) para que fossem para um terceiro país, não podemos confirmar, mas eles disseram que tinham recebido por razões humanitárias", declarou.
O CNT em seguida classificou de "muito imprudente" a atitude do governo da Argélia, a quem acusou de cometer "um ato de agressão" contra o povo líbio ao acolher a família de Kadhafi. "O governo argelino é muito imprudente ao trabalhar contra os interesses do povo da Líbia. Deveria pensar no futuro. Kadhafi e seus filhos estão acabados. São parte do passado", declarou o representante da rebelião líbia, Guma al Gamati, ao canal Sky News de Londres.

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