terça-feira, 16 de agosto de 2011

Crises fortalecem Temer como articulador

                           

Crises fortalecem Temer como articulador
 
Foto: AGÊNCIA ESTADO

Vice-presidente, que vinha sendo excluído das decisões do governo, foi convidado por Dilma para atuar junto com Ideli Salvatti na articulação política; ele já participou de reunião entre PT e PMDB promovida pela presidente na segunda-feira


Evam Sena_247, de Brasília – Já são oito meses de governo. Mas foi necessário que a crise na base aliada tomasse proporções ameaçadoras e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhasse para que a presidente Dilma Rousseff cedesse e convidasse o vice Michel Temer para atuar na articulação política de seu governo junto com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais).

A série de denúncias nos ministérios dos Transportes, Agricultura e Turismo, que abalou a relação do governo com o PR e o PMDB, fortaleceram Temer dentro do governo. O convite foi feito por Dilma na última sexta-feira, 12. Ontem, a presidente anunciou para ministros e aliados que ele passará a ajudar na articulação, e o vice já participou de reunião com Dilma, Ideli e líderes do PMDB e do PT.
Dilma e Lula se reuniram na base aérea de São Paulo, na semana passada, e o ex-presidente aconselhou sua sucessora a se aproximar do PMDB e trazer Temer para o centro das decisões do Planalto, até para “dividir as responsabilidades”. E não foi só Lula quem alertou. Dilma escuta isso de interlocutores desde o início de seu mandato.

Até ontem, Temer vinha sendo excluído das decisões do governo. O vice havia ganhado força durante votação do salário mínimo na Câmara, quando o PMDB votou unânime com o governo, mas durante votação do Código Florestal na Câmara, recebeu ligação do então ministro Antônio Palocci (Casa Civil) e ameaça de demissões de ministros peemedebistas caso a bancada não fechasse com o Planalto.
Na troca de Palocci por Gleisi Hoffmann na Casa Civil, Temer só ficou sabendo depois que todas as decisões e conversas haviam sido feitas. Na saída de Luiz Sérgio da Secretaria de Relações Institucionais, Temer manifestou simpatia ao nome do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), mas Dilma indicou Ideli Salvatti.

Já na saída de Nelson Jobim do Ministério da Defesa, que, apesar de ser do PMDB, era tido como “da cota da presidente”, Temer foi cogitado como substituto. A proposta, no entanto, não teve ressonância no partido, justamente pelo temor de que, acumulando a vice-presidência e o ministério, Temer se afastasse ainda mais da articulação política. Foi escolhido o petista Celso Amorim.

Pontos da carreira política de Temer contribuem para seu fortalecimento neste momento. Apesar de estar licenciado da presidência do PMDB, ele controla o maior partido da base de Dilma, de quem ela tem se tornado mais dependente com a crise política. Temer já foi três vezes presidente da Câmara dos Deputados, onde a insatisfação dos partidos aliados se mostra mais evidente, com a paralisação de votações.

Não foi só o fogo amigo que aproximou Dilma de Temer. A presidente demorou, mas entendeu também que a exclusão do vice das decisões políticas favorece somente à oposição ou à ala peemedebista contra o governo. Ao aconselhar Dilma, Lula não pensou só na necessidade de acalmar a base, mas também na garantia de alianças políticas para 2014, seja quem for o candidato petista.

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