segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Nova safra de recordes

 

Ao quebrar marcas antigas no atletismo, esportistas mostram que o Brasil evoluiu no preparo individual e tem tudo para brilhar nos jogos Pan-Americanos

Francisco Alves Filho

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"Espero chegar na final do revezamento no
Campeonato Mundial de Daegu, na Coreia do Sul"

Ana Claudia Lemos, que bateu o recorde sul-americano
dos 200 metros rasos, que já durava 12 anos
A nova geração do atletismo brasileiro mostrou nas últimas provas que sua especialidade é quebrar tabus. Alguns competidores classificados para representar o País nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara conseguiram no Troféu Brasil, realizado de 3 a 7 de agosto, superar marcas que permaneciam intactas há décadas, surpreendendo os torcedores. “Isso mostra que o trabalho está sendo muito benfeito”, elogia o ex-corredor Robson Caetano, atualmente comentarista de tevê. “Antes, tínhamos foco no trabalho de grupo, no revezamento. Agora passamos a ter um melhor preparo individual”, diz. O próprio Caetano era detentor de um recorde estabelecido em 1989 (20s32 nos 200 metros) que acabou caindo graças ao incrível desempenho do corredor alagoano Bruno Lins, com a marca de 20s16. “É uma honra superar esse tempo, algo que não acontecia há 22 anos”, disse Bruno à ISTOÉ. O paulista Kleberson Davide derrubou o recorde mais antigo do Troféu Brasil, nos 800 metros, com 1m44s20. A marca anterior era de Zequinha Barbosa, conseguida em 1983, dois anos antes de Davide nascer. “Foi o melhor resultado da minha vida”, disse o atleta de 26 anos, que acredita ainda ter muito a progredir.

A atual safra de atletas promete novas – e boas – surpresas, como o feito da corredora Ana Claudia Lemos, que se tornou a mulher mais rápida do País ao bater o recorde sul-americano dos 200 metros rasos, com o tempo de 22s48. Caía, assim, a marca de Lucimar Moura, que já durava 12 anos. A velocista tem um estilo vigoroso, uma arrancada potente que a fez ficar bem à frente da segunda colocada. Agora, Ana Claudia está focada em alcançar o pódio no Campeonato Mundial de Daegu, na Coreia do Sul, que começa no fim deste mês. “Espero ao menos chegar na final do revezamento”, diz ela. A marca no Troféu Brasil garantiu sua participação no Pan de Guadalajara, no qual ela planeja um desempenho ainda melhor.
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MARCA
O corredor Bruno Lins superou um recorde de 22 anos,
marcado por Robson Caetano nos 200 metros:

“É uma honra superar esse tempo”
A quebra coletiva de antigos recordes dos craques do atletismo serve para levantar o astral de uma modalidade que ficou marcada nos últimos anos por tristes notícias de doping. Bruno Lins havia ficado dois anos longe das pistas, assim como Lucimara Silvestre, do heptatlo, penalizada com uma suspensão de igual período. Ela voltou a competir este ano e também brilhou no Troféu Brasil, derrubando o recorde sul-americano que ela mesma tinha estabelecido em 2007, quando desbancou a marca que vigorava havia 25 anos, de Conceição Geremias. Com a autoconfiança em alta, a torcida pode esperar novas vitórias. “Estava sem clube e sem patrocínio, treinando por minha conta. Depois desse recorde, já surgiu o interesse de um patrocinador e vou passar a treinar com um técnico holandês, em melhores condições”, comemora Lucimara. Para marcar essa volta por cima, a atleta usou um uniforme ousado, com uma das pernas totalmente coberta e a outra à mostra, marcando bem suas curvas.
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SUPERAÇÃO
Lucimara Silvestre derrubou o recorde sul-americano do heptatlo que ela
mesma tinha estabelecido em 2007, quando desbancou uma marca de 25 anos
Além dos novos recordistas, o Troféu Brasil serviu para confirmar as boas fases de atletas experientes como Sandro Viana, corredor dos 200 metros rasos, e a saltadora Maureen Maggi. Mas o assunto predominante do torneio foi mesmo a atuação daqueles que estabeleceram novos tempos de referência para suas provas. A derrubada em sequência de recordes que perduravam tantos anos é consequência direta da mudança de estratégia da Confederação Brasileira de Atletismo. Antes, mesmo atletas que não iam tão bem em provas individuais acabavam por integrar a equipe dos Jogos Olímpicos ou do Pan, por conta da esperança de um bom desempenho nas competições de revezamento. Hoje, a performance pessoal faz a diferença. “O esporte olímpico brasileiro está evoluindo e vamos confirmar isso no Pan”, prevê o ex-atleta Claudinei Quirino. Resta torcer para que seu prognóstico se cumpra.
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