segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Regime de Gaddafi se aproxima do fim na Líbia, diz Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um discurso nesta segunda-feira em apoio ao povo líbio no momento em que os conflitos pela saída do ditador Muammar Gaddafi do poder entram em sua reta final.

Obama reforçou que a situação no país ainda é incerta e os combates continuam, apesar de estar "claro que o regime de Gaddafi tenha chegado ao fim". Gaddafi deve renunciar "explicitamente" ao poder, disse.

Sergey Ponomarev/Associated Press
Rebeldes são vistos durante confrontos em Tripoli; Obama diz que era do Gaddafi se aproxima do fim
Rebeldes em confrontos em Tripoli; Obama diz que era do Gaddafi se aproxima do fim

Depois de uma campanha de bombardeio cinco meses da Otan, a aliança militar do Ocidente, Obama disse que a situação chegou a um "ponto de virada" nos últimos dias. No entanto, segundo ele, há elementos do regime que continuam a ser uma ameaça.

Obama ressaltou que a coragem da população da Líbia foi imbatível e que a revolução no país pertence ao povo líbio. "Seus sacrifícios foram extraordinários", disse.

Segundo o presidente, os avanços dos opositores de Gadddafi mostram que a busca por "dignidade humana é muito mais forte que qualquer ditador".

Um porta-voz da Casa Branca afirmou que o presidente continua se opondo à presença de tropas terrestres americanas na Líbia. "[Esta posição] não mudou", disse Josh Earnest a jornalistas em Massachusetts, onde Obama está de férias.

Sergey Ponomarev/Associated Press
Moradores cumprimentam rebeldes nos arredores de Trípoli; Obama diz que Gaddafi precisa "deixar explicitamente" o poder
Moradores cumprimentam rebeldes; Obama diz que Gaddafi precisa "deixar explicitamente" o poder

Segundo Earnest, Obama se reuniu com seu conselheiro de segurança John Brennan nesta segunda-feira para se atualizar sobre os avanços rebeldes em Trípoli.

O porta-voz ressaltou que as autoridades dos Estados Unidos acreditam que o ditador Muammar Gaddafi continua na Líbia e que "não há informações" de que ele tenha deixado o país.

No domingo, Obama disse que o regime de Gaddafi chegou ao seu "momento decisivo" e que o "tirano" líbio deve partir para evitar um banho de sangue. O presidente também pediu em comunicado que os rebeldes respeitem os Direitos Humanos, preservem as instituições do Estado e sigam para a democracia.

"O regime de Gaddafi apresenta sinais de colapso. O povo da Líbia prova que a busca universal pela dignidade e pela liberdade é muito mais forte do que o punho de ferro de um ditador".

Está prevista para hoje uma reunião de Obama com sua equipe de segurança nacional em caráter de urgência para tratar da situação no país árabe, já que os rebeldes controlam boa parte da capital, Trípoli.

CASA BRANCA

Também nesta segunda-feira, o governo americano anunciou que não há evidências de que Gaddafi tenha deixado Trípoli após a chegada das tropas rebeldes, reiterando parcialmente informações divulgadas mais cedo pelo Pentágono.

"Esta é a melhor informação que temos", disse o porta-voz Josh Earnest a jornalistas. "Não há evidências que indiquem que ele se foi", acrescentou.

Gaddafi, que enfrenta a chegada das tropas rebeldes à capital, ainda está na Líbia, afirmou mais cedo o porta-voz do Pentágono, coronel David Lapan.

"Acreditamos que tenham permanecido no país. Não temos informações de que tenha deixado o país", disse Lapan a jornalistas.

As forças leais a Gaddafi controlam apenas uma parte da capital, onde os rebeldes entraram na noite de sábado (20), embora os enfrentamentos continuem hoje.

Os combates se concentraram claramente nos arredores da casa do ditador líbio, em Bab al-Aziziya, constatou um jornalista da AFP.

Gaddafi ainda estaria em sua residência, disse uma fonte diplomática à France Presse.

PARADEIRO DE GADDAFI

O líder do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião na Líbia, afirmou nesta segunda-feira que espera que Gaddafi seja capturado vivo.

Louafi Larbi/Reuters
Ditador Muammar Gaddafi passeia de carro no complexo Bab Al Azizia em abril; rebeldes cercaram o local
Ditador Muammar Gaddafi passeia de carro no complexo Bab Al Azizia em abril; rebeldes cercaram o local

Ele pediu ainda aos combatentes rebeldes que respeitem a lei e prometeu um julgamento justo para os membros do regime de Gaddafi. "Eu peço a todos os líbios que exerçam autocontrole e respeitem a propriedade e a vida de outros e que não queiram aplicar a lei com as próprias mãos", disse Mustafah Abdeljalil.

Jalil, contudo, não quis especular sobre o destino de um dos filhos de Gaddafi, Saif al Islam, capturado na tarde de domingo, e se seria entregue à corte internacional. Ele disse apenas que ele "está em mãos dos rebeldes e em um lugar seguro".

Apesar de existir uma ordem de busca e captura a nível internacional contra ele, o Tribunal Penal Internacional só pode atuar quando a Justiça do país envolvido não o faz ou renuncia de maneira explícita a julgar o acusado.

Hoje, a rede de TV Al Jazeera informou que dois corpos encontrados podem ser de Khamis, "[outro dos filhos do ditador líbio]:http://www1.folha.uol.com.br/mundo/963424-filho-de-gaddafi-e-chefe-da-inteligencia-podem-ter-morrido-diz-tv.shtml, e do chefe de inteligência do regime, Abdallah Senussi.

OFENSIVA REBELDE

Os rebeldes oposicionistas recuaram na tarde desta segunda-feira (horário local) de uma área próxima à Praça Verde, em Trípoli, para coordenar a ofensiva na capital da Líbia, segundo a agência de notícias Reuters.

Não está claro exatamente qual a estratégia dos rebeldes, que já controlam cerca de 80% a 90% da cidade. Segundo a correspondente da rede americana CNN, os rebeldes estão trabalhando em um esforço "sistemático e coordenado" para garantir o controle de toda a capital. Há muitos rebeldes nos arredores da cidade, todos armados e a expectativa, ainda segundo a CNN, é que eles entrem na cidade e falam uma "varredura rua a rua".

O jornal espanhol "El Pais" também fala em uma estratégia rebelde de conquistar "casa a casa" em Trípoli.

Funcionários da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e do governo americano estão preocupados com um possível ataque final contra os civis líbios.

A Otan, segundo a rede de TV CNN, está alerta para qualquer sinal de concentração de tropas e armas. Mais cedo, a aliança disse que não encerrará a operação no país até que todas as forças de Gaddafi tenham se rendido.

O temor é que, em caso de um ataque massivo, não há como separar rebeldes das forças leais e dos civis na capital, uma área densamente povoada.

Por enquanto, contudo, os rebeldes dizem estar surpresos com a reação tímida das tropas do regime. Todos esperavam, segundo a rede CNN, um grande número de tropas e tanques nas ruas.

As agências de notícias relatam apenas batalhas esparsas na cidade e o paradeiro desconhecido de Gaddafi, que na véspera prometera ficar em Trípoli e lutar até o fim.

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