Foto: REGINALDO PUPO/AGÊNCIA ESTADO
ENVOLVIDOS NA MORTE DA PEQUENA GRAZIELLY, ATROPELADA POR UM JET SKI, SERÃO INTERROGADOS NA QUINTA-FEIRA, 23
247 - O adolescente não estava pilotando o jet ski. Ele deu a partida, mas a embarcação foi para frente sozinha. “[Ela] projetou para a praia, sem piloto”, resumiu o advogado Maurimar Bosco Chiasso, contratado pela família do menor. Ou seja, a morte de Grazielly Almeida Lames, de três anos, não foi um homicídio culposo, como registrou a Polícia Civil de São Paulo. Foi um “fatídico acidente” provocado por um jet ski, segundo defende Chiasso.
“Ele deu a partida inadvertidamente, sem conhecimento do funcionamento da máquina”, explica o advogado. Faltou ele rebater apenas um detalhe crucial do caso: os depoimentos das testemunhas que viram o rapaz no comando do jet ski, inclusive usando colete salva-vidas.
“Pode ter havido um dano mecânico”, justifica Chiasso sobre a manobra da embarcação, que avançou rumo à praia e, pouco depois, atingiu fatalmente Grazi, que brincava na areia. Na hora do “fatídico acidente”, o garoto estava com um amigo e sem a presença de um adulto. “O jet ski foi colocado na água por um funcionário”, completa o advogado, poupando o pai do rapaz – que estava em Mogi das Cruzes, a mãe e os padrinhos, com quem o menino estava no condomínio de luxo de Bertioga, no litoral norte de São Paulo. Sobra para o funcionário – de quem mesmo, Chiasso? – mas não para a família nobre envolvida no caso.
A delegacia sede de Bertioga informa que as investigações já começaram. Na quinta-feira, prestam depoimento o adolescente, os pais e padrinhos. “Ainda é precipitado ter uma conclusão concreta porque as provas são iniciais”, avalia o delegado Marcelo Rodrigues. “O responsável [pelo crime] é o dono do jet ski. O adolescente não tinha idade nem condições para pilotar”, completa o delegado, mais lúcido e sensato em relação à morte de Grazielly.
Será que a pressão do Ministério Público Estadual de São Paulo e da sociedade vai garantir a punição dos responsáveis pela morte da criança? Ou, mais uma vez, a cultura da impunidade sairá ganhando no Brasil?
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