terça-feira, 6 de março de 2012

Líder do DEM nega que tenha concedido favores a Carlos Cachoeira




GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), subiu nesta terça-feira (6) à tribuna da Casa para rebater as acusações de que concedeu favores ao empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Demóstenes disse que "não há motivos" para se defender porque mantinha uma relação de amizade com o bicheiro --sem qualquer vínculo com suas atividades.

"O contato social não significa participação em seus afazeres ocultos. Nesta Casa, sempre me opus ao jogo. Atuei às claras no combate às causas costumeiramente tratadas nos subterrâneos. Apesar dos relacionamentos de amizade, nunca tive negócios com Carlos Cachoeira", afirmou.

As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal que levaram à prisão, na semana passada, do empresário Carlinhos Cachoeira, revelam que ele encaminhava pedidos e tinha contatos com os principais políticos de Goiás --entre eles o senador Demóstenes. Ele seria um dos principais contatos de Cachoeira na política. Amigos, costumavam jantar juntos.

As informações surgiram na Operação Monte Carlo, que desarticulou quadrilha que explorava máquinas de caça-níquel em quatro Estados e no Distrito Federal.
Demóstenes pediu que seja investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para comprovar que não tem envolvimento com os negócios de Cachoeira.

"Eu exijo ser investigado pelo foro legal, o STF. Minha vida sempre foi um livro aberto e continuará sendo."

O líder disse que não é investigado pelo Ministério Público Federal, nem pelo STF, que seriam as instâncias responsáveis por apurar ilícitos contra parlamentares. Por esse motivo, afirmou que eventuais inquéritos em instâncias inferiores que envolvam o seu nome sobre esse caso são ilegais.

"Uma investigação iniciada há mais de um ano, somente agora concluída e enviada à Justiça Federal de primeiro grau não pode ter o nome de um senador investigado. Se tivesse, a operação estaria com vícios, declarada nula e jogada por terra. Não há a menor possibilidade do meu envolvimento ou qualquer parlamentar no assunto."

Demóstenes disse que não conhece ninguém que tenha tido acesso às gravações da Operação da PF em que teria sido flagrado em conversas com Cachoeira.

"Não sou investigado no fato, não sou acusado de nada. Portanto, não estou aqui para me defender, até porque não existe do quê. Não há motivo. Tentam macular a minha dignidade e minha família usando os expedientes mais grosseiros, como vazamentos de diálogos."

AMIZADE

O senador afirmou que Cachoeira também foi "participante ativo" em outros setores da economia antes de entrar no ramo de jogos. "Eram negócios considerados lícitos, inclusive laboratórios de Goiás. Frequentava a sociedade e convivia com pessoas que nem por isso estão envolvidos em suas atitudes."

Sobre um fogão e uma geladeira que recebeu de presente de Cachoeira, Demóstenes disse que foram dados em seu segundo casamento. "No ano passado, quando segundo a imprensa ocorria a dita operação, houve meu casamento. Recebemos diversos presentes, inclusive fogão e geladeira do casal de amigos. A boa educação recomenda não perguntar o preço, nem recusá-los."

O senador desafiou seus "inimigos" a tentarem encontrar irregularidades que envolvam o seu nome. "Podem grampear à vontade, não vão encontrar nada, isso não vai me intimidar. As escutas legais se revelam excelente objeto de investigação. Isso não dá o direito a ninguém de violar o sigilo telefônico."

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