segunda-feira, 30 de abril de 2012

Em Uberlândia, clipe de Alexandre Pires é denunciado pelo MP


Em Uberlândia, clipe de Alexandre Pires é denunciado pelo MPFoto: Reprodução

VÍDEO KONG, QUE CONTA COM A PARTICIPAÇÃO DE NEYMAR, TERIA CONTEÚDO RACISTA E SEXISTA. CANTOR VAI TER DE PRESTAR ESCLARECIMENTOS À PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO TRIÂNGULO MINEIRO. VEJA O CLIPE E AVALIE VOCÊ MESMO

30 de Abril de 2012 às 18:18
Minas 247 - O cantor Alexandre Pires, que faz sucesso no Brasil e na América Latina - chegou a cantar na Casa Branca para o então presidente americano George W. Bush -, vai ter de prestar esclarecimentos à Justiça. O alvo é o clipe Kong, denunciado por vários ativistas do movimento negro - mas não apenas por eles - como racista. O vídeo, que está no Youtube (veja abaixo), também é acusado de sexismo e rebaixar as mulheres. O procedimento administrativo foi instaurado pelo Ministério Público Federal na Procuradoria da República de Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
O tema é polêmico. Mas é difícil não constatar que o vídeo é, no mínimo, infeliz. Reproduz, de fato, velhos estereótipos e preconceitos, com mulheres de fio dental, bundas e a figura do macaco, ainda que a letra pouco diga a respeito. Participam do clipe, além do cantor, o jogador de futebol Neymar e o cantor de funk Mr. Catra. Ah, claro, e as mulheres de biquíni e os macacos…
Na internet, há já vários debates em que pessoas negras se sentem atingidas, já que a associação macaco/negro ainda é estupidamente usada no cotidiano. Em um post sobre o assunto, a blogueira Maria Frô publicou uma carta de Guellwaar Adún ao cantor. Um trecho:
“Meu caro, extremamente reprovável esse vídeo Kong que vocês chamam de música. Não sei se tem noção do que essa associação do homem negro ao macaco tem acarretado em nossas comunidades. Tampouco me iludo que seja ingênuo em relação a essa questão, mas sua contribuição para legitimar a animalização de nossa gente, dando eco e alimento às ridicularizações racistas que cotidianamente vivenciamos, sem dúvida alguma é tão daninha quanto qualquer ato racista.”
Além do Ministério Público, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) oficiou a gravadora Sony Music. De acordo com o Ouvidor da Seppir, Carlos Alberto Júnior, o MP foi acionado em função de denúncias oriundas de várias entidades entre as quais o Observatório do Racismo Virtual, que acusa a postagem do vídeo no site youtube, com “conteúdo racista e sexista, comprometendo as lutas do movimento negro na superação do racismo, e das mulheres na superação do sexismo. Combinando artistas e atletas, o vídeo utiliza clichês e estereótipos contra a população negra”.
Veja abaixo o clipe e avalie você mesmo:



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