sábado, 28 de abril de 2012

Para deputado tucano, Dilma imita Aécio



Para deputado tucano, Dilma imita AécioFoto: Divulgação

RÔMULO VIEGAS (PSDB-MG) DEFENDE A TESE QUE A PRESIDENTA COPIA TÉCNICAS DE GESTÃO JÁ USADAS PELO EX-GOVERNADOR. ELE ACUSA OS PETISTAS DE VEREM QUALIDADE, EM DILMA, NO QUE ANTES ERA VISTO COMO DEFEITO, EM AÉCIO. “SE HOUVESSE UM ESPELHO DAS VIRTUDES, NO LUGAR DA PRESIDENTE, SURGIRIA O SENADOR AÉCIO NEVES”

28 de Abril de 2012 às 15:17
Minas 247 - O deputado estadual Rômulo Viegas (PSDB-MG) é um dos mais fiéis defensores do senador mineiro Aécio Neves. Com base eleitoral em São João del-Rei, no sudeste do estado (terra da família Neves), Viegas marca seus artigos e pronunciamentos na Assembleia com duas características: a defesa do governo mineiro e o ataque implacável ao governo federal.
Agora, o deputado estadual tucano quer emplacar a tese de que o governo de Dilma Rousseff, na prática, apenas tenta imitar ações executadas, com sucesso, por Aécio em Minas. Em artigo publicado hoje no jornal O Tempo, Viegas diz que, se houve um “imaginário espelho das virtudes”, o petista teria um susto ao ver, no lugar da face de Dilma Rousseff, a “figura do seu oponente, o senador Aécio Neves”. Ele acusa o PT de ver qualidade, nas ações do governo federal, no que antes era visto como defeito, no governo tucano em Minas Gerais.
Em outro trecho, Viegas cita o empresário Jorge Gerdau, que colabora com os programas de gestão de Dilma, mas que fez isso antes no chamado choque de gestão executado no primeiro mandato de Aécio como governador. E critica a postura de petistas em relação às concessões de rodovias e aeroportos: “Quando é Dilma que faz, só elogios. Quando é Aécio, é entreguismo”.
Engenheiro Civil e professor da Universidade Federal de São João del-Rei, o deputado estadual pelo PSDB começou a carreira política como vereador, na terra natal. Chegou à presidência da Câmara Municipal em 1985 e 1986. A relação com Aécio ficou mais estreita quando o então governador o convidou para ser subsecretário do Trabalho e Ação Social em Minas, no primeiro mandato (2003-2006). Em 2006, tentou chegar à Assembleia, mas não teve êxito. Assumiu a Subsecretaria de Desenvolvimento Regional e Urbano no segundo mandato de Aécio (2007-2010). Elegeu-se deputado estadual com 57.691 votos.
Leia abaixo o artigo de Rômulo Viegas no jornal O Tempo
Dilma e Aécio
Se o PT pudesse se olhar hoje num imaginário espelho das virtudes, certamente teria um susto. No lugar da face da presidente Dilma Rousseff surgiria, na verdade, a figura de seu oponente, o senador Aécio Neves. O que é qualidade em Dilma aparece como defeito em Aécio entre os militantes e entusiastas do governo federal.
O poderoso marketing oficial procura vender a imagem de Dilma Rousseff como uma mulher sintonizada com as modernas técnicas de gestão. Já o Choque de Gestão, o programa de Aécio que virou referência nacional e é recomendado pelo Banco Mundial para aplicação em muitos países em desenvolvimento, não passa de deplorável manifestação do neoliberalismo para enfraquecer o Estado.
Quando Aécio governou Minas Gerais por sete anos, com uma ampla base partidária de apoio, resultante de sua capacidade de aglutinação política, ele foi acusado de tentar acabar com a oposição. Já a base aliada de Dilma, que representa mais de 70% do Congresso Nacional, é alardeada pelos petistas como um atributo positivo - e não como o rolo compressor que de fato é.
Quando Aécio anunciava, como governador, que não prejudicaria prefeitos de outros partidos na distribuição de verbas, era cooptação de adversários com dinheiro público, no linguajar agressivo dos petistas. Se Dilma tenta mostrar que faz o mesmo, ela está sendo republicana.
A postura diante das concessões para execução e manutenção de determinados serviços públicos, como as rodovias e os aeroportos, quando é Dilma que faz, só elogios. Quando é Aécio, foi mais um ato de entreguismo do patrimônio público para as mãos privadas.
Ter nascido em Minas é uma qualidade em Dilma, mesmo tendo morado a maior parte da sua vida no Rio Grande do Sul. Em Aécio, tenta-se colar o rótulo de carioca, já que viveu no Rio a sua juventude e lá vive sua filha, na tentativa de negar a mineiridade que lhe é de direito, por nascimento, moradia e pertencimento a uma família fortemente enraizada no Estado.
Os petistas apostam na eventual memória curta da humanidade. Por exemplo, quem se tornou guru para o programa de gestão de Dilma é o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, que colaborou com o Choque de Gestão de Aécio logo no início do seu primeiro governo, há quase uma década.
Contra a crítica de adesão ao neoliberalismo, tratado como ofensa, é melhor entregar a palavra aos especialistas. Estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo federal, revelou: a redução da pobreza em Minas Gerais supera a média nacional.
O PT lustra a biografia de seus líderes tentando amplificar o que considera feitos e virtudes. E, se essas características também se fazem presentes em adversários, o melhor a fazer é desqualificá-las, como se mazelas fossem. Parafraseando uma brincadeira das redes sociais, coerência é para os fracos.

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