quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ex-assessor de Agnelo nega relação com Cachoeira e autoriza quebra de sigilos


O ex-chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz (PT) Claudio Monteiro negou nesta quinta-feira, durante depoimento na CPI do Cachoeira , que conhecesse o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Monteiro também disponibilizou à comissão a quebra dos seus sigilos fiscal, bancário e telefônico e de seus filhos. "Carlos Cachoeira nunca promoveu sequer um telefonema para o governo do Distrito Federal", afirmou Monteiro. O ex-assessor chegou a chorar durante seu depoimento quando o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) elogiou sua postura diante da CPI.

Agência Brasil
Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, chora ao falar à CPI

Ele afirmou que, em abril, foi indagado por um jornalista sobre um rádio que havia recebido e que utilizava para se comunicar com um determinado grupo, em referência aos aparelhos telefônicos distribuídos por Cachoeira aos integrantes da sua rede de negócios. "Eu pergunto: onde está o rádio? Qual a gravação em que minha voz aparece utilizando esse rádio?"
Monteiro é citado em interceptações telefônicas da Polícia Federal como possível facilitados do esquema de Cachoeira no governo do Distrito Federal. Em depoimento à CPI, em 13 de junho, Agnelo defendeu o seu ex-assessor e disse não ter conhecimento sobre ligações de Monteiro com Cachoeira. À CPI, ele disse que tudo não passa de mera ilação envolvendo seu nome. "Não se pega a vida de alguém e se rasga. São 22 anos de vida pública. Suposta fraude, suposta propina e suposto tráfico de influência... Pelo amor de Deus. Nenhum cidadão merece receber 'suposta', 'provável'... Que é isso? Não é comigo, é com todo cidadão comum", afirmou. 

Cachoeira está preso desde 29 de fevereiro, acusado de comandar um esquema de jogos ilegais, que envolvia servidores públicos e privados.

Em relação a Idalberto Matias, o Dadá, ex-sargento da Aeronáutica apontado como "espião" do grupo controlado por Cachoeira, Monteiro admitiu ter estado com ele em um evento durante a campanha de Agnelo Queiroz ao governo, em 2010. "Eu conheci no curso da campanha, quando ele promoveu uma feijoada em Vicente Pires. E eu fui convidado", afirmou.O ex-assessor, que presta depoimento à CPI na condição de testemunha afirmou que falas de terceiros não são prova "muito menos indício. Não servem sequer para abrir um inquérito". Ele atribiu às citações de seu nome nas gravações a "venda de prestígio. "Não existe uma única manifestação minha, uma única fala que eu esteja me dirigindo a essas pessoas. Eu acredito que isso se deu por venda de prestígio."
Ele também disse ter se reunido por duas vezes com Cláudio Abreu, diretor do braço da Delta no Centro-Oeste. Segundo ele, os encontros foram em função do cargo que exercia no governo distrital. "Quem em sã consciência poderia dizer que a Delta era inidônea? Quem poderia dizer que havia uma relação entre a Delta e o senhor Carlos Ramos? Que isso existia no mundo real?"
Choro
Monteiro chegou às lágrimas no momento em que o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) elogiou sua postura. "Hoje, eu diria que Vossa Senhoria sai daqui com a cabeça erguida, que a postura de Vossa Senhoria é a que se espera de alguém que tenha caráter", afirmou o parlamentar tucano. Neste momento, o ex-chefe de gabinete de Agnelo se emocionou. 
Além de Monteiro, estão previstos para esta quinta-feira os depoimentos de Marcello de Oliveira Lopes, o Marcelão, ex-assessor da Casa Militar da capital, e João Carlos Feitoza, o Zunga, ex-subsecretário de Esportes de Agnelo. Ambos entraram com pedido de habeas corpus no STF para permanecer em silêncio na CPI. Marcelão é suspeito de dar aval para que o grupo de Cachoeira explorasse linhas de ônibus em Brasília antes de a licitação ficar pronta.
Também é investigado por interceptar ilegalmente e-mails de adversários do govenador petista entre 2011 e 2012, quando teria tratado do assunto em conversas com Dadá. Já Zunga é suspeito de receber dinheiro do esquema do bicheiro e de ser uma espécie de intermediário entre o governador e Cachoeira.

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